O cerco se aperta. O pai do coronel Mauro Cid, general Mauro César Lourena Cid, fez corretagem das joias sauditas em Miami. Já precificadas – a tal “cotação sem mal nenhum” de Bolsonaro -, teriam gerado lucro de R$ 1 milhão aos vendedores, R$ 600 mil a parte de Jair Bolsonaro, que as recebeu como presente ao governo brasileiro. O general é amigo e foi colega de Jair Bolsonaro desde a escola militar. Segundo o Uol, o Exército acompanha com “preocupação” o desenrolar das investigações sobre a família Cid. Essa preocupação significa receio de manchar a corporação. Essa mancha não é gratuita e é a prova de fogo da instituição.
A mancha vem da tinta espalhada por Jair Bolsonaro e à qual se submeteram muitos militares que aderiram ao Mito desde a campanha, a começar pelo general Villas Bôas, que pressionou o STF a frustrar a candidatura de Lula em 2018, até o ministro da Defesa, general Paulo César Nogueira de Oliveira, que tentou obrigar o presidente do TSE a aceitar a perícia das urnas eletrônicas por técnicos do Exército – que deu em nada, mas mesmo assim sem obter o reconhecimento da lisura do equipamento pelo general. Sem contar o aliciamento de altas patentes da reserva para cargos no governo. Bolsonaro fez o que pôde para cooptar os militares. Um milagre que não realizou.
Foi um milagre acidental, só possível pela incapacidade de Jair Bolsonaro, e pela valiosa, vigilante e corajosa ação do ministro Alexandre de Moraes, apoiado por seus pares do STF, que o Brasil não descambou para – mais – uma ditadura. Sim, porque Bolsonaro não queria o poder no estilo Getúlio Vargas ou Ernesto Geisel. Ele queria o poder apenas para ganhar dinheiro para si mesmo e os filhos, mais as sobras para seus cúmplices, os corretores de joias sauditas em Miami. O preço da nossa liberdade, até para o gado que muge para o Mito, foi a eterna vigilância do STF, que resgatou sua dívida histórica pela complacência com a ditadura militar.