Tampouco se sabe o que o Google classifica como “aumentar a confusão”. Ficou confuso. Quer dizer então que a empresa reconhece que existe uma “confusão”? Bom, se existe uma confusão (e essa confusão pode ser aumentada), o Google é responsável sim por viabilizar soluções. Ou fica parecendo que a empresa quer apenas aumentar a confusão com um posicionamento como esse.
Não se sabe sequer se é verdade ou mentira que “O PL das Fake News pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil”.
O que se sabe é que o algoritmo do Google contribui pra “aumentar a confusão”. Quem coloca “Garota de Ipanema” no YouTube em busca de uma playlist de Bossa Nova vai acabar caindo num vídeo escandaloso que acusa Tom Jobim de manipular porquinhos-da-índia geneticamente para financiar a Ursal e torturar crianças quatemaltecas. Isso é “verdade” no Brasil e no mundo.
A treta move as redes sociais, desde que as redes sociais não sejam o alvo da treta.
Em abril, Eduardo Bolsonaro partiu pra cima do deputado Marcon (PT-RS) quando o petista insinuou que a facada de Jair Bolsonaro foi fake. Depois de apartada a briga, Eduardo gritou “Tu acha que tu tá na internet?”.
Na internet sem lei, tudo pode. Eduardo sabe disso.
Na internet com lei, é justo que se remunere quem produz os programas de TV, filmes, músicas e reportagens que as redes sociais exibem (e lucram). E que alguém se responsabilize pelas fake news.
O Google jogou uma cartada política contra a aprovação de uma lei que aumenta seus custos e responsabilidades. É legítimo, claro, ampliar o debate.
O que ficou evidente foi a disparidade entre a engenharia técnica e a engenharia política do Google. Faltou tato humano.
É preciso melhorar o debate para que os avanços apareçam. E rapidamente.