O povão é grande mas não é dois?

França e Leprevost, vocês estão me devendo um
livro há 3 anos, canalhas

Músicos tocam juntos, poetas escrevem e como poesia pode ser qualquer coisa, até conversa entre pessoas inteligentes, o França e o Leprevost resolveram levar alguns leros. Olhem bem, os dois iconoclastinhas são aqueles ali no fundo do bar. Estão ali há horas, bebendo e fumando. Só param pra rir. E pra mijar. O magro e o gordo, asterisco e obelisco, duas antenas captando, raptando idéias, conceitos, ícones, delírios, fantasias, pequenas epopéias do cotidiano e colocando no papel. Flashs, eles não perdem um. Parece que estão ligados a tudo e a todos. Epa!… essa frase é minha … ladrões… ah…então é assim?!

Remixar a vida, cortes, edição, a contribuição milionária de todos os erros? A genialidade que soma o que somos e faz a multiplicação dos milagres? A vida reinventada, o perfil inédito através do que é fútil? Pode ser, mas pode ser também que seja mais do que pó de ser. O que eu sei é que eles se apropriaram do discurso simbolista de Curitiba e como bons iconoclastinhas partiram pra destruição das imagens.

Sim, foram eles, você não sabia? As provas? Estão todas aqui reunidas. E cada poema deste livro deve ir a julgamento popular. Afinal, eles estão falando de nós. Sim, não há dúvidas. Atentem para o coloquial dos versos, é nosso esse tom, é isso que dizemos todos os dias. Esses dois incorporaram o povão, meteram o bedelho na nossa vida e cutucaram a ferida com vara curta e grossa. Nossos segredos, fraquezas, mesquinharias, pequenas hipocrisias, para esses poetas não passam de matéria-prima. Isso não pode ficar assim. Ou pode e deve?

Leia com atenção, cada detalhe, minúcia, delícia, lágrima, riso, toda maravilha, miséria, é uma imagem do nosso espelho, que eles, sem dó nem piedade, estão quebrando. E não adianta colar os cacos, se você fizer isso, vai dançar; e eles, rindo da tua cara, certeza, vão requebrar.

Antonio Thadeu Wojciechowski

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Sem categoria. Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.