Demorei a abrir este Criptógrafo Amador, de Marcelo Sandman (Medusa, 2006). (Na verdade, recebo mais livros do que consigo ler, mas alguns me atraem especialmente. Neste caso foi a renitência do autor que já tinha nos apresentado os versos de Lírico Renitente, na sua estréia bem cuidada.) O texto da orelha, assinado por Cristovão Tezza, destaca uma poesia que se insere na “nossa forte tradição coloquial”. Por isso mesmo, Sandman nos traz algum estimulo com sua poesia sensível e consciente. Uma boa (e rápida) leitura.
Veja este poema com ares de predestinação:
Nada nesta mão,
nada nesta outra.
Agora um gesto rápido
(movimento insidioso do braço).
E extraio, entre os dedos,
do espaço abstrato,
Um pássaro, que se desata,
ascende e se desbarata:
magnífica elisão
de todo este cenário!