O Solda nosso de cada dia

peguei um livro
para ler um pouco
e dormir
 mas comecei a sonhar
 
(thadeu wojciechowski)
 
o arqueiro mira e esquece
centauro lança flashs
 
(marcos prado)
 
santa sílaba saliente
tanta vírgula silente
nessa véspera entre amigos
minha santa ceia
 
(roberto prado)

Solda, poeta de muitas artes, um verdadeiro mestre, sempre assombra Curitiba e o Brasil com o seu talento multimídia. Cartum, caricatura, texto de humor, planejamento gráfico editorial; texto publicitário, direção de arte e produção eletrônica em propaganda, jornalismo, programação visual de carnaval de rua, enfim, o cara é demais mesmo.

Com a sensibilidade inquieta e criativa própria dos que têm muito a dizer, Solda é, antes de mais nada, um poeta da imagem. Exata. Enxuta. E engraçada, por mais desgraçado, dramático, profundo e pungente que seja o tema. Solda desenha como se risse, escreve como se a vida fosse feita apenas de textos geniais. Há ainda o Solda dos palcos, compositor, músico e letrista, o Solda ator, dramaturgo, na vanguarda, fazendo um teatro que, hoje em dia, até parece normal.

Solda, cartunista multipremiado, citado aqui e no mundo, de Nova Iorque até por detrás da falecida cortina-de-ferro. Solda do traço, da graça, do capricho, louvado até pelo Santo Ziraldo, em rede nacional, a cores e ao vivo, como um expoente das décadas de 70 e 80.

Solda, o cartazista preferido por 9 entre 10 estrelas do teatro que estiveram e estão em cartaz.

Solda, que começou na propaganda em Curitiba quando ainda se amarrava pacote de carne com linguiça. Solda foi da geração heróica que lutou para introduzir na propaganda de Curitiba o bisturi da sutileza, do respeito ao consumidor, dos códigos avançados que somam com os demais códigos à procura de uma civilização melhor.

Solda, o único do mundo capaz de colorir um longa-metragem à mão, para o cineasta S¡lvio Back. Solda da presença pessoal inesquecível, marcante, inimitável, da mímica brilhante e do discurso desconcertante e vigoroso, que, com raríssimas aparições públicas, é hoje uma figura mitológica, cercado de lendas e folclores.

Solda citado, copiado, plagiado, multiplicado, dividido, fracionado, mas sempre soldado novamente por seus fiéis e incondicionais amigos e admiradores.

Agora, vem ele de novo, ressuscitado, pronto para detonar o mais elementar dos raciocínios, com três obras primas de uma vez: Kamikase do Espanto, o tão esperado Almanaque do Prof. Thimpor e uma coleção de cartuns. Um passeio maravilhos sobre os trabalhos realizados entre 1975 e 2001. Leia, você vai ver o quanto a vida pode ser generosa e como o mundo é cheio de graça.

Antonio Thadeu Wojciechowski, (primavera, 2001)

Crazy people: posto estes textos dos meus amigos Roberto e Marcos Prado e Thadeu Wojciechowski, em agradecimento pelas flores que me deram em vida, num momento em que eu passava por uma situação muito difícil, que me possibilitaram sair do bico do urubu e continuar correndo o risco. Solda.

Academia Paranaense de Letras: Requiescat in pace

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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