A polícia eleitoral descobriu o vírus no computador de Sérgio Moro ao fazer busca no comitê-residência do candidato: o programa que aplica o caps lock, ou caixa alta, grafando em maiúsculas todo e qualquer texto com o nome do ex-juiz da Lava Jato. Fosse isso, seria pouco, mero cacoete de magistrados, viciados em escrever o nome com maiúsculas, efeito colateral do tratamento de ‘excelência’ e ‘meritíssimo’. A justiça atirou no que viu e acertou no que não viu: atirou na violação da lei e acertou na megalomania judicial agravada pela megalomania política.
Novo na malandragem, Moro não aprendeu que todos os políticos são megalomaníacos, mas disfarçam o atributo para o eleitor não perceber o quanto é por eles desprezado e usado. O candidato Moro ainda não despiu a toga para fumigar a prepotência, mas mantém, como qualquer juiz – só os normais, esclareço – o complexo de semideus. Isso é ilegal na propaganda eleitoral, pois confunde o eleitor com suplentes em letras menores (absurdo da lei, pois ninguém vota em suplente). A polícia encontrou apenas o vírus no computador, nada mais que comprometa o candidato.
Outros objetos foram também apreendidos na busca, mas quanto a estes a polícia eleitoral requisitou perícia para identificar eventuais violações da lei. É o caso de um conjunto de aros imitando madeira, grossos e trabalhados, com panos enrolados nos orifícios. Com estes, no mesmo gavetão da copa do comitê-residência, pratos de sopa acoplados a pratos comuns, apoiados em pequenas toalhas imitando cortiça. Nesse material, estranho para os agentes, gente simples, havia o mesmo monograma, as duas letras ‘S&R’, mais a inscrição “Bolsonaro e Moro, a mesma coisa”.