“Demorei além do habitual a me pronunciar sobre o livro ‘Com todo respeito, excelências’, de Célio Heitor Guimarães, trabalho que considero imprescindível na estante de quem queira rever, analisar e pesquisar os últimos dez anos da política brasileira. E paranaense, de modo especial.
“TEMPOS DE UH – Conheço Célio desde os tempos em que ele trabalhava em Última Hora, em Curitiba, e aprofundei meu conhecimento de sua competência e capacidade crítica quando ele passou a ser capital na primeira revista brasileira importante dedicada à televisão, a TV Programas, anos 1970/80, criada por Luiz Renato Ribas, outro heroico sobrevivente de nossos meios de comunicação.
“JORNALÍSTICO – Nunca entendi porque gente do perfil jornalístico de Célio nunca se aprofundou mais em nossos jornais, com colaboração diária. Mas, mesmo assim, ele fez um bom papel de analista da sociedade abrangente em O Estado do Paraná, quando se colocou sob a melhor orientação que alguém poderia ter – Mussa José de Assis.
“CASTIGANDO O ERRO – No livro, que não está disponível na web, Célio distribui cutucões e olhares de reprovação a todos os que, na vida pública, ferem a ética.
“Nesse exercício não perdoou nem alguns magistrados. E ele passou 30 anos como advogado, funcionário do TJPR…
“PREMONIÇÃO – Algumas das crônicas de Célio têm sentido premonitório, indicando seu feeling sobre ‘roubadas’ em que os brasileiros iriam cair. Também faz o seu ‘confiteor’, ao mostrar arrependimento em ter, num momento, apoiado e votado no PT.
“NÃO É TURISTA – O texto de Célio é jornalístico, sinal de que as lições de Mussa ficaram. Poderia ter-se traído pelo tom bacharelesco. Não caiu nessa.
“Resumo: ler o livro e guardá-lo, para consultas oportunas, é obrigação de quem queira manter-se atualizado com o país dos últimos anos.
“O talento de Célio habita um universo raro: o dos cidadãos que nasceram para não passar pela vida como turistas. Por isso mesmo, e também por incomodar as excelências, é obra de todo essencial.”
Aroldo Murá é um dos monstros sagrados do jornalismo paranaense ainda em plena atividade. É professor da PUC/PR, preside o Instituto Ciência e Fé, de Curitiba, mantém coluna diária no DI&C, integra o conselho editorial da revista Ideias e é coordenador do projeto Memória Paranaense, do grupo educacional Uninter. Já integrou a Fundação Cultural de Curitiba e foi o restaurador e editor do jornal católico Voz do Paraná. Desde 2008, publica a série de livros “Vozes do Paraná – Retratos Paranaenses”, com 11 volumes já lançados.
Eu já conhecia o talento, a competência e a inteligência de Murá. A generosidade, fiquei conhecendo agora. Parafraseando o sempre lembrado amigo, o pensador Rubem Alves, a inteligência nos dá os meios para viver, mas somente a generosidade é capaz de nos dar razões para viver.
Estive com Aroldo Murá, por um tempo, na TV Programas, de Luiz Renato Ribas e Rubens Hoffmann, mas nem sempre caminhamos juntos. Seguimos caminhos diversos ideologicamente, ainda que eu, à distância, admirasse a sua postura e a sua coerência.
No entanto, ao referir-se aos meus escritos, Murá relevou toda a diferença eventualmente existente e elevou-me a um patamar que eu não tenho, comparando-me ao que melhor possa ter existido na imprensa paranaense, um exagero evidentemente.
Em um ponto, porém, Murá e eu somos iguais: somos ambos homens de fé. E sabemos que não poderíamos passar por este mundo sem deixar rastros. Afinal, como ele bem diz, não estamos aqui como turistas.
Murá captou como poucos o espírito da coisa. O objetivo do livro foi oferecer o retrato de uma época, segundo a ótica do autor, exposto em artigos jornalísticos publicados em uma imprensa costumeiramente sem opinião.
A minha gratidão e o meu abraço ao gaúcho Aroldo Murá Haygert, que o Paraná em boa hora acolheu. Saúde, paz e sucesso a ele.