Na verdade são 61 as aparições de Occam no Catatau. Fiz e refiz essas contas manualmente depois de revisar a saída dos scripts python, pois tudo indicava que esse número tinha que ser 64, já que era tão próximo e um número importante por sua relação com I-Ching e outras criptonumerologias (é uma potencia de dois, um número binário redondo, portanto também essencial na cibernética).
O que me deixa a suspeita de que esse “erro” foi planejado é o fato de que existe uma óbvia intervenção na aparição do Occam número 33 que deixa pistas muito fortes de que a contagem toda foi planejada para ter uma relação íntima com o algarismo 3 (Occam, Cartesius e Archewski – os 3 personagens explícitos) , e que esses 3 números que faltam para chegar em 64 também não estão “faltando” por acaso.
Cito:
“Durei aqui, o lugar A B C, sendo B a diagonal, A — uma incógnita dia e noite disfarçada em primo princípio de um bom número, — no fundo, curtindo o báratro de uma dízima periódica, pântano de mercúrio onde o C se desperdista como batráquio que é, queimando etapas e pestanas, coaxando: Occam, Occam, Occam, por que me abandonam?” (pg.150 da 3a.edição, grifo meu)
Ou seja – a menção a importância do algarismo 3 no universo numérico fica aqui explícita, pois uma das dízimas periódicas primas (“primo princípio de um bom número”) é aquela obtida pela divisão de 10/3 = 3.33333333…
Na 3a. edição há também a publicação de algumas notas do Leminski com o título de “Plano do Catatau” (pg.358) onde ele faz uma contagem de argumentos curiosa, que começa no número 29.
Interessante conferir algumas coisas a partir deste mapa:
a) o Occam número 29 está associado a “descoberta de Occam”. Suspeito que isso esteja ali pois também pode estar associado a virada de idade do Leminski dos 29 aos 30 anos, próxima a publicação do livro.
b) O número 35 indica uma espécie de “revelação” dizendo que ali entram os “UFOS/VIP” da cifragem. O Occam 36 (33+3) é exatamente o Occam que segue-se aos 3 occams seguidos (33,34,35) … e ali descobre-se o “Occam I, o Outro”
Cito:
“Raridade corriqueira — e cartão de visita — entre profetas sofistas, os cautos encaram com sumo ceticismo as novas do seu regresso em Flandres: Occam I o Outro a quem aprouve servir-se deste nome para engodar uns e nós embora o primeiro, não tendo tido a sorte do epígono ora presente, contentou-se com a fantasia de um principato irreconhecível a um palmo diante do nariz! Sombras destituídas de contrastes, almas, formas! Toda desáspora cerca seus messias: confere, mas conforme teoria a que falta sanção pragmática, a compensação da lei.” (pg.152, grifo meu)
c) há portanto uma óbvia brincadeira de colocar o Occam como o “Messias” bíblico – primeiro com a frase Occam, Occam, Occam, por que me abandonam? após as 3 invocações (e/ou seria também menção das derradeiras 3 negações de seu apóstolo número 1?) –
d) 61) “O jogo dos dois arqueiros, mensagem, flecha” (pg.360)
e) 64) “Descrição do anel: bola de cristal Artyx=Occam o monstro”(pg.361)
f) 93) “É IMPOSSÍVEL QUE NÃO ESTEJAM ME VENDO AQUI” {Thelema? “Faça o que tu queres pois é tudo da lei”}
g) O livro inicia com dois Artyx gêmeos (“Abrir meu coração a Artyczewski. Virá Artyczewski”) e finaliza com outros dois gêmeos da mesma grafia (“AUMENTO o telescópio: na subida, lá vem ARTYSCHEWSKY. E como! Sãojoãobatavista! Vem bêbado, Artyschewsky bêbado…) -> Mas vale lembrar que em nenhum momento aparece o sobrenome grafado da forma “Arciszewski” que é o original de Crestofle d’Artischau Arciszewski (1592 – 1656) da Cia. das Índias Ocidentais e um dos responsáveis pela construção do Forte de Iamaracá em Recife. Reafirmando a metamorfose de Artyx em Occam (nota 64 do “Plano do Catatau”).
Portanto, ou seja, ENFIM – considero a citação dos “64 occams” um catalisador da procura pelos “3 que faltam”.
© Glerm Soares