Eu, o Marcos Prado, o Thadeu Wojciechowski, o Bira Oliveira e o Roberto Jubainski editamos dois números de um jornal chamado Odiário. Um dos colaboradores era o Paulo Leminski, entre criaturas do quilate de Luís Cláudio Oliveira, Aníbal Marques, Luiz Rettamozo, Solda, Rodrigão Barros, Sérgio Viralobos, José Buffo, Vicente Meneghetti Jr (mais conhecido como O China), Arnaldo Cezar Machado, Alberto Centurião, Plínio Gonzaga e outras estrelas deste e de outros firmamentos. Pois é. Relendo o número 2 do Odiário me deparei com um poema do Leminski que, até onde eu sei, só tem esta publicação. Então, lá vai ele, para ver se os arqueólogos, exegetas, historiadores e fãs o incluem nas suas obras completas. Roberto Prado
(Ode como é que pode ao país
da redundância)
Um vice país governado por um vice
presidente que vice manda e desmanda
sobre um vice bando de vice gentes,
hoje, se diz constituinte.
Na Magna Assembleia, ainda não
apareceu nenhuma ideia.
Discute-se a propriedade da terra,
os meios de conter a CUT e os
interesses dos bancos, que,
nesta terra de brancos
todos os gatos são mansos.
A um povo que só diz sim, uma
elite com alma de pedinte oferece
a comédia de uma constituinte.
Esta pergunta, porém, é eterna:
quem contraiu a nossa dívida externa?
Quem sabe no ano dois mil
chegaremos ao século vinte.
Sim, senhores, o Brasil é o seguinte.
p. leminski 1987
Sobre Solda
Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido
não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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