Odebrecht diz que valores a Lula superam os marcados em planilha

Segundo empresário, propinas vão além das lançadas sobre o codinome “Amigo”; conta, administrada por Palocci, chegou a ter R$ 300 milhões disponíveis

O empresário Marcelo Odebrecht destacou em novos depoimentos prestados à Polícia Federal (PF), em Curitiba, em 8 e 21 de agosto, que os pagamentos a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acertados com seu pai e patriarca do grupo, Emílio Odebrecht, não se limitaram aos registrados no codinome “Amigo” da planilha de propinas “Italiano”, que era gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci.  Segundo o empresário, a conta chegou a ter 300 milhões de reais à disposição do ex-presidente e do PT.

“Reitera que houve outros pagamentos a Lula, acertados por Emílio, que não transitaram pela conta ‘Italiano’ e nem tiveram o envolvimento do colaborador”, registra a PF, no termo de depoimento de Marcelo, do dia 8. Delator desde janeiro e preso desde junho de 2015, o empresário foi novamente ouvido pela PF, desta vez, no inquérito que apura propinas em doações ao Instituto Lula e pagamentos de palestras via Lils Palestras e Eventos.

Marcelo pontuou que na conta “Italiano” houve “dois créditos decorrentes de pedidos de contrapartida específica: valores ‘LM’ e ‘BK’ que totalizaram 114 milhões de reais”. E que além destes, “houve outros créditos que somados a estes totalizaram cerca de 300 milhões de reais”. “Mas que fazia parte de uma agenda mais ampla, sem vinculação específica, ou seja, sem contrapartida específica”.

Para investigadores da força-tarefa, a distinção feita pelo empresário, entre créditos condicionados a contratos específicos e os que entraram em espécie de “conta geral” em troca de benefícios no governo, é retórica, tratando-se tudo de corrupção.

Amigo

Nos termos de sua delação premiada e nos dois novos depoimentos à PF, Marcelo explicou a planilha de 2013 apreendida pela Lava Jato e os valores registrados nela. Segundo o empresário, havia nesse acerto em que ele participou diretamente um crédito de  15 milhões de reais para o ‘Amigo’.

“Nessa planilha constam retiradas que foram abatidas da subconta ‘Amigo’”, afirmou. “Seguramente, pode afirmar que as do ‘Programa’ B4, B5, B6 e também a do registro ‘Doação Instituto 2014’ foram abatidas da subconta.”

O empresário diz que as “retiradas foram solicitadas por Palocci que solicitou que fossem abatidas da referida subconta ‘Amigo’”. Para ele, a destinação de 12,4 milhões de reias destinados à compra de um terreno para o Instituto Lula debitada dessa subconta também confirma que Lula era o “Amigo”.

Veja.com

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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