Isso é que é o bolsolavismo. Em matéria de definição política soa até pesadamente como ironia do destino, pela marca inapagável fixada na obra de um sujeito que passou a vida acusando os outros de burros, os “analfabetos funcionais” de que tanto fala este Maquiavel às avessas, na falta do equilíbrio e da sabedoria, do estilo, sem aquela elegância com que o sábio filósofo tratava dos temas mais ásperos e fazendo o contrário do que ele ensinava, sendo desse modo um “maquiavélico” no sentido pejorativo e de leitura equivocada da existência e da obra do admirável florentino.
Olavo de Carvalho deve ficar conhecido como um mentor que pegou um “príncipe” muito ruim e conseguiu piorá-lo. Temos desse modo o termo “bolsolavismo” incluído no dicionário político brasileiro, onde deverá emparelhar-se com referências qualitativas em palabras como “ademarismo”, “malufismo”, “petismo”, dentre o rebotalho criado por políticos clientelistas, desonestos e incompetentes, acostumados ao aproveitamento dos cofres públicos como objetos de uso pessoal.
Que coisa: o mestre de tantos e tão exaltados discípulos, o furibundo guru que professou com tamanha ênfase e de forma reiterada sobre os males da burrice coletiva dá um fecho à sua carreira intelectual legando seu pensamento a um analfabeto funcional como Jair Bolsonaro, que além de tudo ainda governa com uma tropinha de filhos tão estúpidos quanto o pai.