Nos dois casos alegava-se que a presença de manifestantes impedia o livre curso das deliberações, já que sindicalistas haviam invadido suas instalações e praticado depredações. O fato é que não houve aquele mínimo de abertura para debates com as corporações interessadas e tudo permaneceu como se vivêssemos numa ordem tecnocrática.
E havia muita coisa a discutir, como a alteração previdenciária de 2015 que redundou num massacre em pleno Centro Cívico que feriu mais de duzentas pessoas e se consumou numa perda anual de R$ 2 bi do capital da Paranaprevidência, para desafogar dispêndios do Tesouro estadual com servidores aposentados, algo que mexia com o horizonte atuarial do fundo de pensão. Houve agora, justamente por parte do líder oposicionista, Tadeu Veneri, esse enfoque sobre a questão atuarial.
A pressa em mostrar serviço ao governo central com a aprovação da matéria ainda este ano, mostrou que atos institucionais nada têm de incomuns em nossas práticas, ainda que o funcionalismo do Executivo, que não tem reajustes há três anos, perca mais 3% com o aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14%.
Emerge disso tudo, como um símbolo forte de estranha democracia sem povo, essa metamorfose da Ópera de Arame, agora devidamente farpado e com saturante cerco de policiais militares para impedir a presença incômoda de pessoas interessadas no debate da matéria. Tudo como na operação de guerra de quatro anos passados, para evidenciar que atos institucionais tem variações surpreendentes, inclusive, com a presença dos legisladores, o que não lhe retira o traço forte do autoritarismo expresso no arame farpado, próprio das guerras de trincheiras.