Na verdade, não há clima para defesas antecipadas ou tentativas de sair ileso de tantos relatos com seus detalhes escabrosos e documentos tão evidentes. O ex-governador Beto Richa, a figura central das duas últimas operações do Ministério Público Federal, não tem a menor condição, nestas alturas, de vir a público alegar perseguição ou trama diabólica contra ele e sua família.
É um momento de desesperança para a família Richa como um todo e um assombro para os milhões de paranaenses que se submeteram ao pagamento de taxas abusivas nas praças do pedágio, durante 21 longos anos, para irrigar caixas de campanha e contas bancárias pessoais.
Nem mesmo o candidato-líder nas pesquisas, o deputado Ratinho Jr, se animou a emitir qualquer opinião sobre a hecatombe que desabou na esfera política do estado. É que, mesmo indiretamente, fez parte da trama enredada no Palácio Iguaçu por ter trabalhado como secretário de Desenvolvimento Urbano, cargo de primeiro escalão, no segundo governo de Beto Richa.
O próprio candidato do MDB, João Arruda, sobrinho do senador Roberto Requião, que sempre se apresentou como o EL Cid Campeador contra o Pedágio e nada resolveu, está constrangido. Seu sogro, Joel Malucelli, é citado e investigado como empreiteiro de obras no setor.
Apenas a governadora Cida Borghetti tomou posição imediata e tenta, como este Contraponto já detectou, tirar o melhor proveito eleitoral possível da situação calamitosa do seu ex-companheiro de chapa e de Governo, Beto Richa. Não é uma esperança. É um perigo.
Às vésperas da votação, o eleitor deve se lembrar das histórias do santo que desconfia de esmola demais e do frango gratuito dado aos pobres, quase sempre doente.