Ora Veja, Ou Toque De Mídia.

Mídia bem tocada tem também o toque de Midas. Não falo do rei da Frígia, mas dos herdeiros da chamada grande imprensa, onde (e quando) quer que ela exista; os faraós das telinhas, dos quilos e das tintas – folclorizados picas-grossas da imprensa escrita, falada e televisada – que, na era global, tende a fazer parte, também, dos oligopólios internacionais gutemberguianos.

Em nota não opinativa, mas seguindo pistas seguras, Joelmir Betting, no jornal das 19h20 (terça, nov. 28), da Band, denuncia de onde vem o rastilho de pólvora esticado em direção à Rede Bandeirantes. Segundo ele, o fogo parte da Editora Abril, que usa o poderio da revista Veja. É briga de cachorro grande – vacinado e sem focinheira – envolvendo a MTV, comprada pelo grupo que controla a Abril, cujo capital predominante procede dos bolsos do Tio Sam. Sem problemas, se o tio não metesse tanto o bedelho trópicos a baixo, como acontece.

Nos gabinetes das sombras do quarto poder, a disputa por audiência hoje equivale, resguardado o patamar dos desmandos, (desculpe a comparação) aos entreveros por pontos de mendicância em nossas megalópoles: briga de foice, vale tudo. Mas, jamais, não é um autêntico “vale tudo”, como o de uma luta-livre clássica. Pior, é tipicamente o caso em que os fins (se) justificam (pelos) meios – de comunicação, aqui. As regras são ditadas pelas leis de um discutível livre mercado. As armas – com munição pesada – são as exposições das próprias programações, sem nenhum apego à verdade ou ao bom-gosto, o que é mais triste.

Essa tristeza pode-se ver nas páginas desse magazine (Veja) que já teve, não faz tanto tempo, altíssima credibilidade, com tiragens – mantêm-se ainda altas – dignas de um Guiness (prefiro a cerveja ou o Alec) Books. Particularmente, sobre o ex-prodígio da Abril (e pensar que é criatura do Mino Carta – chamava-se Veja e Leia, lembra?), acho definitiva a explicação que a infame revista deu – a grande imprensa cala e as eleições já sepultaram – sobre envio de dinheiro ao exterior por notáveis (ou notórios) senhores do atual Governo. São figuras “da República”, como disse Alberto Dines, em artigo no site Observatório da Imprensa (nº 381, maio), ao desvelar uma (há mais de um acusado) calúnia sem precedentes na imprensa brasileira, feita pelo semanário Veja, da Abril; depois de publicar a relação de nomes dos supostos criminosos, a revista encerrou a matéria com esta confissão: “Veja usou de todos os seus meios para comprovar a veracidade dos dados. Não foi possível chegar a nenhuma conclusão – positiva ou negativa”. (revista Veja, edição nº 1956, págs. 40-45) Sem comentários.

Se para nós a Veja acabou – e faz tempo – ainda falta muito para que o último fiel apague a luz; este poderia ser o “polêmico” Diogo Mainardi, ou um de seus colegas jornalistas perversos (pervertidos?), ou algum infeliz retardatário dentre dezenas de milhares dos seus incautos leitores. Na guerra da concorrência por público (venda de espaço publicitário a preço de ouro), o motivo é o controle de mercado – dinheiro, claro – além do poder de interferir politicamente no País. Os lucros auferidos pelos investidores estrangeiros, estes sim, naturalmente, vão para o exterior. E não precisa ser nenhum paraíso fiscal, passando por alguma ilha no Caribe.

O embate Rede Bandeirantes x Editora Abril ainda nem começou a render – render a quem? – e já sabemos bem que um dos lados (o visitante) opera sem alma e sem lei, inclusive violando sem pudor a lei penal, sem falar em lei de imprensa. A questão primordial é a absoluta falta de provas ou fundamento contra os tais “peixes grandes”, agredidos pela Veja, que agora ataca a Bandeirantes, gratuitamente, até onde?

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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