Ordem de largada

Bem simpática a fotografia de Gleisi Hoffmann flanando de bicicleta cinza num boulevard de Paris. Bem na foto e mal nas primeiras sondagens eleitorais. Os números sugerem que a candidata do PT à Prefeitura de Curitiba guarde a bicicleta e arrume uma moto Harley Davidson para alcançar o prefeito Beto Richa.

É o que dizem as pesquisas: montado numa reluzente Harley Davidson, Beto Richa é o prefeito mais bem avaliado do País. No alto do podium, recebeu nota 7,4.

Já o governador Roberto Requião, colecionador de carros antigos, surge também no Datafolha como o quinto do podium nacional. Ao que parece, montado numa viatura, e num discurso, do tempo da vetusta UDN.

Não que um Simca Chambord do tempo do Jânio Quadros ainda não renda votos. Os modelos são outros, a moderna Haley Davidson de Beto Richa está fazendo proezas nas pistas de barro da periferia da cidade, antes um circuito exclusivo dos calhambeques da oposição.

Assim pedala a humanidade, diria Fábio Campana. Quando Gleisi Hoffmann entrar com sua bicicleta no Bairro Novo, a Harley Davidson já estará voltando para a garagem do Palácio 29 de Março, onde há três anos é abastecida aquela silenciosa e poderosa máquina.

Jovem e saudável, a dieta do motoqueiro Beto Richa é um assombro: quando acorda, toma um cafezinho no Mossunguê. Um pouco mais tarde, faz um reforçado desjejum no Boqueirão. No almoço, se serve do bom e do melhor na Linha Verde. A sobremesa é na Vila Hauer. No meio da tarde, divide um lanche na Cidade Industrial. Às 6h, um aperitivo no Capão Raso. Em Santa Felicidade janta com os correligionários e, antes de ir ao leito, toma um copo de leite quente no Batel.

Com toda essa saúde do motoqueiro nas pesquisas, deve ser por tal motivo que Gleisi Hoffmann tem como prioridade de campanha a realização de ciclovias em todos os bairros de Curitiba e, ainda mais, criar na cidade um sistema de aluguel de bicicletas semelhante ao de Paris. Pois sim, é uma necessária forma de pavimentar e dar mobilidade à sua campanha. Contudo, apenas pedalar não basta. É preciso turbinar o veículo, dizem os especialistas em ciclismo. No caso de uma atleta iniciante, o ideal é fazer uso de um triciclo: Lula na frente, a candidata no meio e, na retaguarda, um vice de peso para suar em bicas. Rafael Greca, por exemplo, ficaria bem feliz em perder peso na garupa do PT.

Greca só teria uma objeção: para Doático Santos, presidente do PMDB da capital, o gordo seria um peso morto. Além de não saber andar de bicicleta, imaginaria o reitor Carlos Augusto Moreira Jr.

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Esta será a provável ordem de largada: Beto Richa sai na frente montado numa Harley Davidson, Gleisi Hoffmann vem atrás numa bicicleta, ou quem sabe um triciclo motorizado, e o público vai aplaudir aquele que chegar de metrô.

Dante Mendonça [18/12/2007]O Estado do Paraná.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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