A revista “Rolling Stone” soltou sua lista dos “100 maiores compositores de todos os tempos”. Não sei que critérios usaram para a seleção nem quem votou. Deu Bob Dylan na cabeça, com Paul McCartney em 2º lugar e John Lennon em 3º. Seguem-se 97 roqueiros americanos e ingleses, incluindo um sujeito chamado Babyface, a dupla Timbaland e Missy Elliott e um tipo em andrajos, Kanye West.
Vejamos. A revista diz que eles são “os 100 maiores compositores de todos os tempos”. Populares, claro. Não os 100 maiores compositores de rock, folk ou pop –o que daria margem a que outros gêneros de música tivessem direito a existir–, mas de todas as categorias. Significa que compositores de jazz, como Duke Ellington, de samba, como Ary Barroso, ou de bolero, como Ernesto Lecuona, foram até considerados, mas não tiveram votos para ficar entre os 100, é isso?
Pela lista da “Rolling Stone”, depreende-se também que a música popular –ou o mundo– só começou a existir de 1950 para cá. Dos cem eleitos, apenas três ou quatro trabalharam antes disso, e são os suspeitos de sempre: Chuck Berry, Fats Domino, Robert Johnson. Devo então deduzir que Johann Strauss, Franz Lehar, Alfredo Le Pera, Cole Porter e Noel Rosa nunca existiram?
O rock é anglocêntrico, já sabemos, e, pelo visto, em escala sideral. Para a revista, só há música nos EUA e na Inglaterra. Nenhum roqueiro japonês, alemão ou africano foi citado –brasileiro, nem pensar. Quer dizer que, na opinião da “Rolling Stone”, nunca produzimos rock que prestasse por aqui? E a Wanderléa? A Martinha? A Meire Pavão?
E por que Bob Dylan em 1º? Sua música é pobre, óbvia, sem interesse melódico ou harmônico. Serve apenas para carregar a letra, e olhe lá. Mas eu o poria em 1º também –na lista dos 100 maiores chatos de todos os tempos.