Os donos da Camisaria Colombo, Álvaro e Paulo Jabor Maluf, entraram com uma ação na Justiça para que a Gávea Investimentos seja responsabilizada pelas dívidas do grupo. A Colombo entrou com um pedido de recuperação judicial em 2020. O passivo chega a 1,89 bilhão de reais.
Na ação, a que o Bastidor teve acesso, os representantes da Colombo dizem que a participação da Gávea na administração do grupo, que durou de 2011 a 2015, resultou em dívidas decorrentes do plano de expansão supostamente acordado entre as partes. A Gávea foi fundada por Arminio Fraga e Luiz Henrique Fraga.
A relação entre os grupos teve início quando o banco HSBC demonstrou interesse em participar da Colombo e convidou a Gávea, já reconhecida no mercado por operações semelhantes.
A carta de intenções previa que os investidores fariam uma operação estruturada com dois aportes: o primeiro de 60 milhões de reais e o segundo de 100 milhões.
Em contrapartida, a Gávea ingressaria na coadministração da Colombo, com a promessa de expansão do negócio para abertura de capital.
A Gávea fez novos investimentos na Colombo, além dos previstos na carta de intenções, e chegou a adquirir 49,9% do grupo parceiro.
Os donos da Colombo alegam que foi a Gávea a responsável por definir o plano de negócios, além do diretor financeiro. O cargo foi ocupado por Olavo Rodrigues e Denis Piovizan.
Álvaro e Paulo Jabor Maluf acusam a Gávea de ter “amplos poderes e influência nas deliberações do Conselho de Administração”.
Nos documentos enviados à 1ª Vara Cível especializada em falências e recuperação judicial de Cuiabá (MT), os representantes da Colombo pedem que a Gávea seja responsabilizada “na proporção da sua participação à época dos fatos, pelas dívidas que contraiu na gestão do Grupo Colombo”.
O Bastidor procurou nesta segunda-feira (9) a Gávea Investimentos, mas não obteve retorno.
A saída da Gávea foi concretizada em 2015, quando Álvaro e Paulo Jabur Maluf recompraram as ações da gestora. Como pagamento, os representantes da Colombo dizem ter transferido mais de 70 imóveis da família para uma empresa chamada Mirador, pertencente aos sócios da Gávea.
Representantes da gestora, em entrevista à época da separação, diziam discordar da gestão dos irmãos Maluf ao acusá-los de usar o caixa da empresa para pagar despesas pessoais. O aumento na participação em dado momento seria uma forma de tomar as rédeas da administração da Colombo.
No período, um dos sócios da Gávea era o atual secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto. Ao Bastidor, ele disse não ser o responsável pelo investimento na Colombo.