À noite o silêncio é total. Faz-me falta ouvir vozes, mesmo que não possa entender o que falam. Mas, me condenam ao silêncio e isso é intolerável. Bato bumbo na madrugada: “Acordem, vagabundos, eu sei que vocês estão aí”.
Teve a noite que eu me matei. Chacoalhava a gaveta dos talheres e gritava: “Para com isso, Isaura. Largue essa faca…Isaura, nãããão…”. Em seguida deixava cair a gaveta, me jogava no chão, gemia um pouco e ficava esperando que viessem me dar o Oscar.
O vizinho é militar. Toco o Hino Nacional na alta da madruga. Parece que estou vendo o danadinho pular da cama e batendo continência feito um idiota.