Padrelladas

Diário da Pandemia

Tem dias que sou artista. Hoje, por exemplo. Disse aos berros: “Só tenho arroz pra comer”. Vizinho responde: “Olha o cara se exibindo. Tivesse eu arroz”.

Eles chegam todos os dias nos fins de tardes, alegres, felizes. Cantam o parabéns pra você como se alguém entre nós estivesse de aniversário. Finda a festa, não vão embora. Ficam por aí, escondidos em gavetas, misturados às gravatas no guarda-roupas. Chega o fim da tarde, agarram-se a mim, me dizem que precisam de minha companhia, esses bobos.

Nunca sei qual dos sentimentos vestir pela manhã. As esperanças estão rotas. As alegrias, sem sola. Ás vezes não tenho nada para vestir. Vou andar nu pela casa. Ou visto sobre a pele o sentimento misto de medo e horror.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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