Padrelladas

Diário da Pandemia

Esse aqui é o Mimoso, aquele é o Valente, aquele outro que está sentado na sombra do pinheiro – tá vendo? – é o Boizebú. A voz do meu vizinho passa pela parede. “O que você está fazendo, rapaz?” Respondo: “Dando nomes aos bois”.

O quarto lotado de cabras e seus cabritos. Descubro no chão um punhado de azeitonas. “Qual foi o porco que sujou no tapete?”. Não ouço um único balido. Isso significa que são todos bons cabritos.

Tem um cachorro a latir e não sei onde. Às vezes, a voz de um cavalo chega do fundo do tempo, de alguma campina que não sei. Isso será realidade ou o castigo do recolhimento inventa animais que devem ter existido em minha vida quando tudo nessa vida ainda era criança?

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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