Diário da gripezinha
Acabou. Não se diz mais população brasileira. Agora se diz sobreviventes. “Como vai fulano? Vai sobrevivendo. O que, cá entre nós, é exagero dizer sobreviventes. Prefiro dizer subviventes. Abaixo da linha da pobreza. Levando a vida, como se diz. Levando sempre. Isso não é nem subviver. Já Monsieur Crorroquine, gozando férias. O que fez durante a vida inteira. Entre uma e outra gozada, vamos descansar que ninguém é de ferro. Do alto do seu albornoz, seja lá o que isso signifique, vê seu povo faminto, desempregado, morrendo como moscas, se bem que moscas morrendo não significa nada.
Brasileiros morrendo também não: por isso morrem como moscas. O que é que eu posso fazer? Não posso fazer nada.