Vamos fazer um documentário sobre a trajetória do jornalista Luiz Geraldo Mazza, o decano da imprensa paranaense, ainda em atividade aos 87 anos. Voz combativa e influente desde os anos 50, Mazza tem memória privilegiada e fazer um filme sobre ele significa contar um pouco da história do Paraná e de Curitiba, seus personagens e suas lutas.
Luiz Geraldo Mazza perdeu o cargo de Procurador do Estado por sua luta contra a ditadura militar, mas nunca se calou. Hoje é uma voz (na CBN) e uma pena (no jornal Folha de Londrina) das mais temidas pelas autoridades de plantão.
Transpor essa história para as telas é garantir a preservação da memória para as futuras gerações, especialmente nestes tempos de tão grandes mudanças no jornalismo e transformações sociais.
Como jornalista que teve a felicidade de encontrar Mazza no começo da carreira, gostaria de ser a porta-voz dessa história das mais relevantes. Já realizei uma série de documentários para televisão, vídeos institucionais e desenvolvi estudos em cinema na Escola de Comunicação e Artes (ECA), da USP, e na Faculdade de Artes do Paraná (Unespar).
O famoso quadro primitivista de Picasso retrata cinco prostitutas nuas que trabalhariam num bordel de Barcelona. Com formas femininas pouco convencionais e olhares implacáveis, o quadro é uma versão da erotica proto-cubista.
De todos os jogadores da Copa do Mundo, não existe um que tenha nome tão feio para os russos como o goleiro de Portugal, Rui Patrício. Por isso mesmo, na TV, costumam a se referir a ele apenas como Patrício e até a grafia de seu primeiro nome é alterada para publicação em jornais, de Хуй (RRui – som de dois erres) para Руй (Rui, som de erre entre vogais).
É mais ou menos a situação do técnico da seleção austríaca no Brasil, que se chama Franco Foda. Isso acontece pois a palavra Хуй é um dos termos mais chulos do vocabulário russo, um palavrão dos bravos.
É tão feio que em 2014 o presidente Vladimir Putin instituiu um lei que quem for pego falando esta palavra em público pode receber até 2.500 rublos de multa (aproximadamente R$ 150).
Foi também decretada uma proibição para que aparecesse em obras de cinema, teatro e literatura. Mas você deve estar curioso. O que significa Хуй?
É o termo chulo para se referir ao pênis. Algo como “cara…” Dependendo do contexto pode ser também entendido como “vai se f…”. Portanto, se você se chamar Rui e estiver ou for para a Rússia tome cuidado para pronunciar seu nome para não ofender alguém e criar um incidente.
Outras palavrões que não devem ser falados.
Пизда (Pizda é o jeito vulgar de referir à vagina) Ебать (Ebat significa f…-se) блядь (Bliad é o jeito vulgar de se referir a uma prostituta)
Fabio Aleixo – Folha de São Paulo
Publicado emSem categoria|Comentários desativados em Rui? Nome de goleiro português é palavrão dos fortes na Rússia
Nenhuma outra data traduz nossa indecência intelectual tão bem
Terça passada foi Dia dos Namorados, aquela data maravilhosa (criada pelo pai do Doria) em que fica bastante claro que os brasileiros não leem livros. Sou uma grande incentivadora das declarações de amor. Mais do que isso: vira e mexe, as cometo. As atropeladas, rabiscadas, sem jeito, embriagadas, fora de hora ou endereçadas a quem não merece tendem a ser minhas preferidas.
Contudo, que desgraça ler a maioria das homenagens no Instagram e no Facebook. Amigos, vocês já passaram dos 30 anos, não dá mais para escrever como num bilhetinho de quermesse! “A tempestade que só nos deixou mais fortes”, “a distância que nos uniu”, “o instante daquele abraço”, “o sorriso mais lindo do mundo”, “obrigada por ser assim do jeitinho que você é”, “sou todo dela”, “eternos namorados”. Apenas parem. Nem pagodeiro consegue ir tão fundo no fundo do poço.
O mais chocante é a seriedade com que as pessoas escrevem essas baboseiras. Qualquer ser humano com três livros na estante ou o mínimo de neurônios necessário para uma autocrítica riria de si mesmo. Mas não, os Baudelaires do Dia dos Namorados acham mesmo que estão arrasando. E estão, mas é com a língua portuguesa.
Logo cedo, ainda na cama, já li a primeira afronta a nosso lindo idioma: “Você é a luz que ilumina meus caminhos”. Luz que ilumina! Ah, que misteriosa e diferentona essa luz que sai por aí iluminando! E caminhos, só conheço os que o Waze me narra. O resto é a ordinária claridade do computador do mozão (vendo besteira na madrugada) alumiando a rota quarto-cozinha.
A gente já sofre o ano inteiro com o povo da firma e seus happy hours em bares de Moema, insistindo nas fotos de cerveja acompanhadas da insuportável tiradinha “abrindo os trabalhos”. Já padecemos com os “looks cheios de bossa” de todas as mortais que se decidem it girl só porque compraram uma bota com franja. E a moda de escrever textão para o aniversariante queridão? O “todo dia é seu dia, mas hoje blá-blá-blá” confirma a minha tese de que os piores escritos emergem dos seres que mais perdem tempo sendo boas criaturas.
Mas tem um tipo que é o campeão da incapacidade cognitiva. São aqueles que começam todo post com “não tenho palavras”. Ou as versões pioradas: “ah, você me deixa sem saber o que dizer!”, “você sabe, não preciso falar nada!”, “o que escrever sobre você?” e o fatal “amo tanto que sei lá”. Oi, amigo, você aprendeu a se expressar com que organismo do reino animal? Se você não sabe articular, constatar e tampouco refletir, por favor, procure ajuda especializada! Isso não é amor, isso é grave! Isso não é uma explosão de sentimentos maravilhosos, mas talvez tenha algo prestes a romper no seu cérebro.
Qualquer um desses cursos-enganação sobre técnicas para ser mais criativo ensina que ninguém chega a lugar nenhum ser ler. E pelo menos nisso eles estão certos. Ler matérias, entrevistas, reportagens. Ler crônicas, contos, romances, poesia, cartas. Até bula de remédio é melhor do que nada.
Se se lembrassem do ódio de Bentinho por Capitu, se suportassem a vertigem da “Insustentável Leveza do Ser”, se recordassem as humilhações impostas por Lily a Ricardo em “Travessuras da Menina Má”, se tivessem chorado quando o amor de Paulo Mendes Campos acabou, se soubessem que a menina com uma flor de Vinicius se desesperou ao ver as malas partindo na estação de Roma, se pudessem sentir a última sílaba de Lolita nos dentes, como fez o Humbert de Nabokov…
Mas, infelizmente, o brasileiro não lê nem aviso de “faltará energia” e fica no escuro sem saber o motivo. Era pra ser romântico, mas nenhuma outra data do ano traduz nossa indecência intelectual tão bem quanto o Dia dos Namorados. Feliz Dia dos iletrados!
Brasil velho de guerra está longe de ser derrotado
Por 77 longos anos, os últimos 33 sob a vigência da atual Constituição, foi possível à Justiça decretar a condução coercitiva para depor de alguém investigado por crime. Assim obrigava-se a depor quem não queria fazê-lo. Ou quem inventava desculpas para adiar o depoimento. Ou quem procurava ganhar tempo para destruir provas.
Não será mais assim. A condução coercitiva foi sepultada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que por um voto de diferença considerou-a “incompatível” com a Constituição. O ministro Luiz Roberto Barroso oferece uma passagem com destino a qualquer paraíso fiscal a quem adivinhar por que o STF mudou seu entendimento a respeito só agora.
A resposta é fácil. Porque nos últimos 77 anos, a condução coercitiva jamais havia incomodado tanto o andar de cima como passou a incomodar desde o advento da Lava Jato. Condução coercitiva era coisa para pobre. Ninguém dava a mínima. Passou-se a dar quando Lula foi levado para depor no aeroporto de Congonhas em 4 de março de 2016.
O mundo então quase veio abaixo. Sem que viesse, até aquele dia a Lava Jato já se valera da condução coercitiva mais de 100 vezes, mas sempre contra peixes miúdos. Foi também para que peixes graúdos ficassem em paz que o Supremo passou a entender que a mulheres presas mães de filhos ainda dependentes delas deveriam ir para casa.
A primeira mulher a ser solta foi Adriana Ancelmo, casada com o ex-governador Sérgio Cabral, e sua parceira no assalto ao dinheiro público do Rio de Janeiro. O fim da condução coercitiva dará lugar ao aumento do número de prisões temporárias, medida mais gravosa. Mas a tempo e a hora, o Supremo saberá dar um jeito nisso.
O Brasil velho de guerra estrebucha na maca e faz tudo para sobreviver.
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional
Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos.O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.