Como diria a Tati Quebra Barraco, ser poderoso é bom. Ser ex-poderoso, não. Nessa imagem recente, e de rotina no Palácio Iguaçu, a expressão de desalento do ex-governador Beto Richa diz tudo. Era mais um no grupo para acompanhar a governadora-candidata, Cida Borghetti, na entrega de recurso carimbado ao prefeito de Jacarezinho, Sérgio de Faria.
Depois de 16 anos, como bi-prefeito e bi-governador, o papel de segundo na solenidade é, claramente, desconfortável para Beto Richa. E ele tem suas razões.
Além das facilidades e mordomias que um cargo de mando concede a qualquer cidadão, a entrada triunfal no salão é um alento geladinho, que sobe pela espinha e perdura no organismo como um Revotril na hora do aperto. O frisson subsequente faz parte.
O ex-governador Mário Pereira, como catarinense que é, definia melhor o poder, lembrando a sensação inédita de se contar a mesma piada mil vezes e todo mundo rir. Doutor Ulisses Guimarães, do tempo em que vinho de Catuaba exercia, sem muita esperança, a digna função do Viagra, era mais fino e satisfatório em sua voz cavernosa: “o poder é afrodisíaco”. Detalhes divinos, autossuficientes.
Para murchar ainda mais a bola, a percepção recém-descoberta, mas em escala ascendente, de que o aliado Rafael Greca já mudou de alvo e despeja seus salamaleques habituais na ungida da hora. O celular já não toca com a frequência de antes suplicando presença nos atos oficiais da Prefeitura.
O fato é que, e a imagem não mente, Beto Richa, em segundo plano, está de farol baixo. Não podemos especular aqui se este fenômeno desanimado se estende por outras áreas da vida do ex-governador, porque isso se dá em foro íntimo e pessoal.
Beto Richa sabe, por vivência na política, que só a urna aberta, recheada de votos, pode lhe restituir o poder de fogo. E lhe dará, ato contínuo, o domínio do uso das próprias mãos – nas fotos atuais, desenxabidas, ora segurando a aba do paletó, ora cruzadas sobre o bigolin, sem convicção.
E só se for eleito, poderá socar o peito e urrar como o Rei das Selvas. Bóra caçar votos, Beto Richa!
A qualidade da política brasileira se mede por malas de quinhentos mil reais…
Vejam o caso do nosso presidente, Michel Miguel Elias Temer Lulia: está sempre balançando no cargo porque não consegue explicar o que o seu mais dileto assessor, o curitibano Rodrigo da Rocha Loures, iria fazer com a mala recheada com quinhentos mil reais que carregava ao sair de uma pizzaria em São Paulo como se fosse normal uma pessoa comer pizza acompanhado de uma carga tão valiosa….
Até agora, o presidente também não explicou porque um de seus mais diletos ministros, que teve de ser defenestrado do governo e preso em seguida, o baiano Geddel Vieira Lima, tinha o estranho hábito de colecionar malas e malas de dinheiro num de seus apartamentos em Salvador. Só ali, no apartamento de Geddel, a PF apreendeu o equivalente a 108 malas de quinhentos mil…
Na verdade, se fosse colocada em malas de quinhentos mil reais toda a dinheirama que o Ministério desse governo roubou ou desviou, teria de ser requisitada boa parte da frota de caminhões do Brasil para o transporte…que se apressem, antes que os caminhoneiros voltem a parar…
A CHANCELA DAS MALAS ENTRE CANDIDATOS
Nada indica que o intensivo trânsito de malas de quinhentos vá acabar com as eleições presidenciais deste ano.
O Brasil é um país bem esquisito, não?
Começa que o candidato que, segundo as pesquisas, lidera a preferência do eleitor neste 2018 é justamente o Rei da Mala, hoje apenas um presidiário, com direito a mordomias presidenciais…se fossem postas em fila, de São Bernardo do Campo, onde ele nasceu para a política, a Curitiba, onde ele se encontra engaiolado, as carretas necessárias pra transportar, em malas de 500 mil, o dinheiro que o líder das pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio, roubou, a BR-116 assistiria ao maior congestionamento da sua história!
Depois vem o segundo colocado nas pesquisas, o capitão da reserva REMUNERADA do Exército, o também deputado federal Jair Messias Bolsonaro!
MAIS E MAIS ESQUISITICES
E põe esquisitice neste país!
Pode-se dizer hoje que o pré-candidato que se coloca em segundo lugar nas pesquisas, Messias Bolsonaro, apoiado por teóricos do liberalismo econômico (esquisitíssimo, não?), é um homem que viveu os últimos 30 anos mamando nas tetas do Estado e usufruindo, silenciosa, mansa e desavergonhadamente, das benesses do poder, em Brasília. Cheguei a achar que ele, ao conquistar, em 1988, seu primeiro mandato parlamentar, abriria mão, por desnecessário, do soldo militar, hoje equivalente a 10 mil reais mensais…
Só que não! Ele veio acumulando dupla remuneração…e que remuneração! Precisaríamos de pelo menos 200 carretas – daquelas com truque – para carregar as malas de dinheiro que Bolsonaro recebeu do Exército e da Câmara Federal durante estas três décadas de muito ócio e muito blá-blá-blá – como se nós, os contribuintes, precisássemos de um porta-voz para falar mal do PT, exaltar a tortura e adotar a mesma prática que tanto diz condenar…
MALAS E MAIS MALAS
Depois de Messias Bolsonaro, vem Geraldo Alckmin, o pré-candidato Tucano. Entra na corrida eleitoral assombrado pelas dezenas de malas de 500 mil que seu dileto assessor e amigo no governo de São Paulo, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, acumulou durante anos de intermediação de obras a serviço de governos do PSDB.
Só na Suiça, Paulo Preto guardava nada menos 226 malas de 500 mil, ou, 113 milhões de reais…Em menos de três meses, Paulo Preto foi preso em São Paulo e solto por Gilmar Mendes duas vezes (aliás, uma hora o Brasil descobrirá quantas malas de 500 mil o magistrado deve ter angariado com essa prática de soltar bandidos).
Se engatássemos numa só composição todos vagões ferroviários e de metrô do Estado de São Paulo, não conseguiríamos transportar todas as malas de quinhentos os tucanos roubaram e desviaram nesse período em que de certo modo deram sustentação ao PT…
MALAS NORDESTINAS
E há ainda o inefável Ciro Gomes e, digamos, o enrustido Álvaro Dias… Ciro deve se incumbir do transporte de um grande lote das malas de 500 mil acumuladas por seu ídolo e parceiro Luiz Inácio… Corremos o risco, portanto, de eleger um homem de moral tão flácida que nunca viu nada de grave na carreira de seu ídolo, tanto que, não faz muito tempo, prometeu sequestrar Luiz Inácio e entregá-lo numa Embaixada para evitar sua prisão….Ciro e Luiz Inácio têm afinidades que por certo vão muito além da naturalidade em terras nordestinas. São, eu diria, farinha da mesma fornada ou dinheiro da mesma mala…
MALAS SULINAS
Por último vem Álvaro Dias…chamo-o de “enrustido” porque sempre soube esconder sua grande semelhança com a média dos políticos brasileiros…só quem não o conhece poderá comprá-lo…
Como governador do Paraná (1986/1990), além da mandar a PM espancar professores em greve, pegava toda a receita do Estado e aplicava no Open; ao devolver a dinheirama ao tesouro, separava os juros do período para gastar com publicidade e corromper jornalistas…A coleção de malas de quinhentos de Álvaro Dias tem, portanto, o tamanho da receita do Paraná…
Deve também ter recebido algumas malas de 500 para desistir de sua candidatura ao governo do Paraná, por duas vezes, para favorecer Jaime Lerner…
Já Marina Silva, outra pretendente ao Palácio do Planalto, deve encher suas malas apenas de incompetência, mas isso é assunto para outro artigo….
Calças jeans e camisas da Marinha para os garotos da festiva
Parece outro dia, mas 1968, um dos anos mais eletrizantes do século 20, já está fazendo 50 anos. A imprensa vem sendo pródiga em artigos a respeito, embora alguns de nós, seus sobreviventes, não reconheçamos o 1968 que eles mostram. Uma reportagem recente numa revista sobre “a moda de 1968” faz pensar que os rapazes e moças adquiriam suas roupas em butiques e já saíam delas uniformizados, prontos para a guerra.
Não era assim. Cada turma tinha um estilo. Os garotos da esquerda festiva e intelectualizada, como eu, torcíamos pelos vietcongues na guerra do Vietnã, mas não abríamos mão dos jeans americanos, marca Lee, comprados nas galerias de Copacabana a preço de contrabando. As camisas cáqui ou azuis, como as dos grumetes, só se achavam numa loja de artigos da Marinha, na praça Mauá, e se usavam com as mangas arregaçadas e fraldas para fora. Tênis, bonés e camisetas não existiam.
As meninas iam para as passeatas com blusas de malha sanfonada e minissaias de lã, tipo kilt, presas por um alfinete também de fralda, com as pernas expostas aos estilhaços das bombas de “efeito moral” jogadas pela polícia. O risco só não era maior porque suas minissaias eram complementadas por meias três quartos, que chegavam quase ao joelho. Nós, os rapazes, estávamos a salvo dos estilhaços porque aqueles jeans, justos nas pernas, tinham uma consistência quase de couro.
Mas, como eu disse, esse era o estilo dos que viveram 1968 como se ele fosse, por mais excitante, um playground. Naquele mesmo ano, outros rapazes e moças, estes com roupas comuns –eles, de camisa branca e calça escura, sociais, e elas, com vestidinhos feitos por suas mães–, muitos deles discretos moradores dos subúrbios, preparavam-se em silêncio para algo mais sério e suicida, e que só começaria a partir de 1969: a luta armada.
E assim você tem 1968, como se diz, numa casca de noz.
Do Goela de Ouro – Tem gente graúda com nome escrito na Quadro Negro que está desafiando o Ministério Público do Paraná a apresentar provas concretas sobre o envolvimento no caso. Diz que depois de quatro anos de investigações, com o nome dele sendo exposto quase toda semana como se fosse bandido, está na hora de os procuradores mostrarem o que descobriram.
“Eu me apaixonei pelo que inventei de você”… É o que diz a música da Rainha da Sofrência, a goianense de apenas 22 anos, Marília Mendonça… ela mesma não deve saber que definiu com uma frase um dos fenômenos mais instigantes da política brasileira – essa paixão doentia que uma cada vez menor legião de pessoas dedica ao PT e ao seu líder supremo, o presidiário Luiz Inácio da Silva…
Todas negam as evidências e se deixam apaixonar pelo que elas mesmas inventam a respeito dessas duas entidades malévolas. Não restou mais nenhuma gota de inocência nessa paixão, feita hoje de muito fisiologismo, má fé e mistificação.
Na verdade, essa década e meia (de 2002 a 2016) que a quadrilha se manteve no topo do poder no Brasil será lembrada pela história como a “Era das Fraudes”, um período quase medieval em que toda a realidade foi escamoteada, torcida, invertida…Quando os problemas se acumularam de tal modo que não era possível mais escondê-los, uma presidente foi deposta e a realidade, soberana, emergiu…
Então, todos puderam enxergar que o Partido dos Trabalhadores não passava de um antro de ladrões, capitaneado por um falso líder sindical…Até as manobras escusas do Poderoso Chefão enquanto líder sindical emergiram em delações de empresários à Lava Jato: o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo cortava dos dois lados, ou seja, fingia que defendia a sua classe mas na surdina negociava vantagens pessoais, propinas e pixulecos com os patrões…
FRAUDE ABRIU A ERA PT
Não esqueçamos que ambos assumiram o poder, em 2003, negando tudo aquilo que o partido pregava em sua Carta de Princípios (leia aqui: http://www.pt.org.br/carta-de- principios-do-partido-dos- trabalhadores/), redigida no nascedouro, em 1979.
Embora a bandeira partidária continue vermelha, suas lideranças mudam de cor ao sabor das circunstâncias. Estas indicavam, aliás, que o partido dificilmente chegaria ao poder em 2002 caso não “amainasse” seus “princípios” esquerdizantes e explosivos…
Não houve problema…o camaleão mudou de cor, apresentou à nação a adocicada “Carta ao povo brasileiro” e abriu alas para a entrada em cena do Lulinha Paz e Amor, uma primeira e sintomática fraude…
TUDO FOI MUITO PREVISÍVEL
Digo sintomática porque quem se der ao trabalho de ler a Carta ao Povo Brasileiro poderia até prever o tipo de governo que surgiria sob comando de Luiz Inácio e depois sob Dilma Rousseff: nela, o PT se comprometia com um projeto inorgânico, mal desenhado, contraditório, meio sem pé nem cabeça….(leia aqui: http://www1.folha.uol.com.br/ folha/brasil/ult96u33908. shtml)…a única coisa que ficou suficientemente clara é que o novo governo iria respeitar os contratos, uma sinalização oportunista ao mercado financeiro que até então via o PT como um partido incendiário…
Não que a Carta de Princípios contivesse coisa que preste, mas ela era orgânica e representativa do pensamento da base partidária…nas eleições de 2002, que levaram Luiz Inácio ao topo do poder, o eleitor comprou o que viu e recebeu o que não viu…
E o mais grave já estava lá bem demarcado:“A questão de fundo – diz a Carta de 2002 – é que, para nós, o equilíbrio fiscal não é um fim, mas um meio. Queremos equilíbrio fiscal para crescer e não apenas para prestar contas aos nossos credores”.
A frase “queremos equilíbrio fiscal para crescer” deveria ter deixado todos os brasileiros de cabelo em pé….ficava explícito o desprezo dos governos petistas pelo controle fiscal e a paixão pela gastança sem limite e sem sustentação….Deu no que deu….
GOVERNO CENTRAL É ESPELHO
O grande problema do sistema federativo é que o poder central tem uma imensa capacidade de irradiar comportamentos por todas as unidades.
Quando se rouba muito no topo da pirâmide, roubarão também muito nos estados e municípios; grandes desobediências ao controle fiscal no topo da pirâmide produzirão também forte indisciplina na base… E o resultado é isso que se vê: um país na antessala da falência…
O jornalista Ênio Mainardi escreveu ainda esta semana no site A Reunião: “Não há Democracia com o povo mantido na ignorância”.
Esta é uma lei que se impõe com a modernidade, mas que o PT tentou corromper: seus líderes fingiram o tempo todo que investiam em educação, mas também esta semana o jurista Eduardo Virmond, de Curitiba, derrubou a falácia ao apresentar uma estatística divulgada pelo Spectators Index . Nela, o Brasil é colocado em 119º lugar em qualidade de educação no ano 2017. Ficamos atrás da Turquia, da África do Sul e até do Paquistão…
IDH CAMINHOU PARA TRÁS
Outra empulhação que tentam nos impor é que Lula e Dilma promoveram forte distribuição de renda. Uma análise do desempenho do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) no período iniciado em 2003 e encerrado em 2016 mostra que houve involução.
Para quem não sabe, o IDH é um índice definido pela ONU desde 1993 para medir o desenvolvimento dos povos….Baseia-se em três aferições: as condições da saúde, medidas pela expectativa de vida, o que leva em conta o índice de mortalidade infantil; o acesso ao conhecimento, medido pelo índice de alfabetização a contar dos 15 anos e o número de matrículas escolares; e evolução de renda…
Pois bem: Luiz Inácio pegou o país de FHC em 63º lugar no ranking de IDH (0,792) e Dilma Rousseff o entregou (2016), em 79º lugar (0.754)…
Nesse período de quase 15 anos, enquanto o Brasil caminhou perigosamente para trás, a Rússia evoluiu da 62ª posição para a 49ª posição. É difícil conter o desejo de associar essa excepcional prosperidade russa ao fim do regime comunista (1991) e o atraso brasileiro, ao bolivarianismo dos governos Luiz Inácio/Dilma…
Agitaram o tema da reforma agrária, mas Luiz Inácio e Dilma assentaram em 14 anos quase a mesma quantidade de agricultores que FHC assentou em oito anos…E além disso, transformaram o MST num grupo armado de sustentação do poder com práticas nazi-fascistas….
Tudo agora faz sentido: para se apaixonar por coisas tão feias, só mesmo inventando muitas coisas bonitas pra por no lugar.
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