Tchans!

Heather Mills McCartney. © TaxiDriver

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Mural da História

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Guerra dos canudos

Ruy Castro – Folha de São Paulo

Para a natureza, eles não são descartáveis

No começo do ano, ao dar meu expediente matinal em certo quiosque de Ipanema, calculei que, a uma média de 300 cocos servidos diariamente em cada um dos 300 quiosques da orla atlântica do Rio, estávamos contribuindo com 90.000 cocos por dia para o prazer da humanidade. Supondo que tal média se mantivesse pelo resto do ano —e este verão, pelo visto, tende a se eternizar—, seriam 32.850.000 cocos por ano. Tudo bem. Mas seriam também 32.850.000 inúteis, degradantes e assassinos canudos de plástico. Tudo mal.

Chamar os canudos de “descartáveis” é uma ironia contra nós mesmos. Nós os descartamos —ao acabar de usá-los, costumamos deixá-los no próprio coco ou os largamos com displicência sobre a mesa ou no chão. Mas a natureza levará séculos para se livrar deles, no que terão tempo de sobra para contaminar rios e mares e ameaçar espécies marinhas ou fluviais. Para a natureza, eles não são “descartáveis”.

Os americanos, que despejam 500 milhões de canudos por dia no ambiente, começam a se perguntar quem lucra com isso, exceto seus fabricantes. Os quais impuseram aos garçons e empregados de bares e lanchonetes a cultura de enfiar —sem perguntar— um canudo em qualquer milk-shake ou lata de refrigerante servido em suas mesas. Curiosamente, em suas próprias casas, as pessoas usam copos —por sinal, de vidro—, e não canudos, para consumir suas beberagens.

Em alguns países, já há campanhas em andamento para abolir o canudo. Basta, na verdade, conscientizar os usuários a recusá-los para levar os proprietários de bares e garçons a deixar de oferecê-los.

E, claro, sempre poderemos sair com nossos próprios canudos não descartáveis, feitos de algum material resistente, aptos a ser lavados e reusados. A natureza agradecerá.

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Nós de pinho

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Nunca antes na história desse país

Antonio Prata- Folha de São Paulo

Tom Jobim disse que o Brasil não era para principiantes. A realidade, de 2013 para cá, prova que o Brasil não é nem sequer para iniciados. Vamos levar alguns anos, talvez muitos, para entender o sentido do que está se passando.Os acontecimentos são ambivalentes, polivalentes, contraditórios. Lula foi de longe o melhor presidente que este país já teve e foi condenado porque de fato recebeu de presente um apartamento de uma empreiteira que desviou rios de dinheiro público e despejou parte desta fortuna nos cofres do PT.

A Lava Jato é um avanço indiscutível num país em que a impunidade é a regra e a Lava Jato é parcial e atropela direitos. É preciso ser um avestruz e enfiar a cabeça na própria bolha do Facebook para não aceitar todas essas afirmações como verdadeiras.

A eleição do Lula foi um sopro de esperança num país que, desde sempre, foi governado pela mesma meia dúzia, para a mesma meia dúzia. Houve um momento na década passada em que todos, mesmo aquela meia dúzia (que, aliás, continuou governando ao lado do Lula), acreditamos que o Brasil ia dar certo. Que éramos como Mané Garrincha, apesar das nossas pernas tortas, por causa de nossas pernas tortas, sairíamos driblando como ninguém. Lula era o protótipo do sonho brasileiro, o self-made-man tupiniquim vindo da miséria em Garanhuns e eleito presidente, o personagem mais brasileirissimamente hollywoodiano que este país já produziu. E milhões saíram da miséria. E milhares conseguiram bolsas em faculdades. E a economia cresceu. E roubou-se a torto e a direito.

Roubou-se como “nunca antes na história deste país”? Impossível saber, porque antes não se investigava. Veja como é contraditório: Lula só foi preso porque deixou que o Ministério Público e a Polícia Federal agissem sem amarras, como “nunca antes na história deste país”. Mas o fato de que sempre se roubou não legitima a roubalheira do PT. E haver roubalheira no PT não deslegitima tudo de bom que o PT fez. Não foi pouco —nem o que fez de bom, nem a roubalheira. O Brasil não é para principiantes. Nem para iniciados.

Logo após vencer as eleições de 2002, Lula disse que “A esperança venceu o medo”. Com toda a corrupção revelada pela Lava Jato, com o desastre econômico do governo Dilma e a hábil orquestração dos abutres que agora estão no poder, lavando todos os seus pecados nas águas do antipetismo, o medo está de volta. A prisão do Lula é a prova definitiva de que aquela esperança morreu. Viva a esperança!

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Mural da História

5 de julho, 2016 – República dos Bananas

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Mural da História

24 de dezembro, 2010 – O Ex-tado do Paraná

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Mural da História

30 de julho, 2016 – República dos Bananas

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Mural da História

10 de novembro, 2010 – O Ex-tado do Paraná

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Mural da História

1º de janeiro, 2011 – O Ex-tado do Paraná

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Mural da História

2 de novembro, 2010 – O Ex-tado do Paraná

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Joelmir Beting (1936|2012)

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Mural da História

13 de setembro, 2017 – República dos Bananas

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PT, saudações…

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Um mártir para a pátria

Rogério Distéfano – O Insulto Diário

Em nota o PT classifica a condenação de Lula como “um dia trágico para a democracia no Brasil”.  De acordo; em gênero, número e propina. Mas uma tragédia não é algo que cai do céu, que vem do nada. Ela germina e um dia eclode. A condenação de Lula foi uma tragédia, para ele, sem dúvida, para o PT, igualmente. Porém uma tragédia maior para o Brasil: não pela condenação de um ex-presidente, ou pela anterior destituição da presidente – e até pela eventual reeleição do atual presidente, a morte anunciada para futuro próximo.

Tragédia para o Brasil porque a cada quatro anos se repete como praga do Egito, sempre resultado da insistência congênita das elites em manter o país a serviço de sua cupidez e de sua falta de patriotismo. A condenação de Lula não surgiu do nada, é efeito cumulativo de malfeitos, dele, dos que o antecederam e daqueles com quem ele se aliou. Lula jogou, como é o espelho de sua vida, apostando na imunidade, que não tinha, no seu halo de santidade, que é falso. Calhou de Lula ser colhido como exemplo.

O habeas corpus negado a Lula deveria ser negado a tantos aliados seus, hoje convenientemente refugiados no foro privilegiados e nas alianças de compadrio e autoproteção próprias de Brasília e elites adjacentes. Não foi uma tragédia; a condenação de Lula foi a exaltação da democracia no Brasil, uma epifania. Malgrado o dissabor que causa aos cegos, fanáticos ou utilitários, que dizem acreditar na santidade – e no calvário – de Lula. Se Lula foi sacrificado, não foi pelo Brasil, que cabem muitos outros em sua cela.

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