Bom dia, do Plural Curitiba

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Ivan Mizanzuk. Foto de Fernando Cavazotti Coelho/Plural.

Eu lembro quando encontrei o Ivan Mizanzuk e ele me disse que ia fazer um podcast sobre o caso Evandro. Achei que ele ia recontar a mesma história (que a gente já conhecia tanto, infelizmente). E afinal ele nem tinha muito a manha de fazer investigação, não era jornalista…

Ontem, depois de o podcast virar um hit, dar origem a livro, série e tudo mais, Ivan conseguiu algo que parecia quase inimaginável: mudou a história de um crime. Por causa das fitas que ele levou ao ar, revelando a tortura dos réus, todas as condenações foram anuladas. Eis o poder de um bom trabalho jornalístico.

Tem duas coisas tristes nessa história nova, porém. Uma é ver que a polícia operou do pior jeito possível. Outra é que a morte horrível de um garoto de sete anos voltou a ser um mistério. Porque se todos os suspeitos originais são inocentes, seria preciso descobrir quem cometeu o crime. O Ivan continua trabalhando no caso. Será que vem mais coisa por aí?

Clica aqui pra saber mais.

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O irritante guru do Méier

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Nasce o lulonazismo

O EX-CHANCELER Celso Amorim, agora emissário internacional de Lula, acusa Israel de genocídio em Gaza. Não diz se o genocídio é pelo que foi feito ou pelo que se pretende fazer. O ex-chanceler está míope ou cego de um olho, pois quando diz que há genocídio de Israel contra palestinos finge ignorar o que levou ao genocídio de que acusa Israel e fecha aos olhos ao ato terrorista que matou e sequestrou israelenses. A frase do ministro está dentro do usual nos conflitos internacionais com mortes massivas: cada lado acusa outro de atrocidades, querendo convencer que as atrocidades foram unilaterais; do outro lado – como diria um genocida brasileiro – tratou-se apenas de uma gripezinha. Um diplomata deveria saber o que conceitualmente é genocídio, a saber, o dizimar populações e extinguir um povo, como o falado genocídio armênio, obra da Turquia (hoje cheia de razões contra Israel).

Acusar Israel de genocídio é costurar a carapuça nazista sobre os israelenses – e por extensão contra os judeus em geral, pois Israel é o porto seguro dos judeus para tantos genocídios que sofreram – e irresponsavelmente a estimular o antissemitismo interno. Neste momento só os que estão comprometidos com pauta política acusam Israel e Hamas de genocídio. Se genocídio houve, ele aconteceu dos dois lados, a começar pelo Hamas, pelo ataque, sequestros e assassinatos de israelenses. Sim, houve retaliação sucessiva de Israel, sem que fosse cumprida a regra invisível e falsamente comutativa que ao que parece esperava-se existir: matar tantos palestinos quanto os israelenses e estrangeiros judeus mortos, seviciados, estuprados e sequestrados. Não existe esse peso, essa dosimetria nos conflitos, que são historicamente regulados pelo poder do mais forte. Então, falar de genocídio de um lado ignorando o outro lado é mais uma das falsificações próprias dos conflitos armados.

Portanto, Celso Amorim requenta o esquerdismo petista, até há pouco camuflado sob a geleia que esconde as alianças de Lula à direita para se eleger e para governar (se é que podemos chamar assim o negaceio trôpego e ébrio de Lula para agir). Mas o esquerdismo petista ainda vende na América Latina, África e no Oriente não alinhado, onde Lula investiu a fundo perdido seu protagonismo e culto à personalidade que ora requenta. Como os EUA e a União Europeia condenam o terrorismo palestino, e o protagonismo de Lula na ONU esboroou-se diante de disputa de cachorros grandes (EUA e Rússia/China), o lulopetismo requenta o esquerdismo de sempre, aquele vindo da esquerda estudantil dos tempos da ditadura militar. Esse lulopetismo de agora segue o padrão dos ternos do Lula pós Janja: surgiu na fatiota de lulonazismo. Se o esquerdismo era a doença infantil do comunismo, esse lulonazismo é a fimose do petismo.

O lulonazismo apresenta-se como um nazismo requentado, pós-moderno, mas envergonhado da impostura, que nega um genocídio para ver outro, – até fraudando o conceito de genocídio. Um genocídio que a intelligentsia lulista poupou-se convenientemente de acusar Bolsonaro, pois que aliou-se a seus expoentes do Centrão. O genocídio de Bolsonaro, que deliberadamente ignora, acusa na autodefesa de Israel. O primeiro zurrar vem de Paris e logo ecoará na voz demagógica de Gleisi Hoffmann, José Dirceu e dos hierarcas petistas de Brasília, que deixam seus feudos nos grotões subdesenvolvidos para cantar em Brasília apenas para sua militância ouvir e aplaudir – uma militância tão ignara e desinformada quanto a dos antípodas bolsonaristas. Talvez a aliança do PCC com o Hezbollah traga luz à mente dos esquerdófilos do PT. Mas o Hezbollah só quer o discurso debiloide dessa gente.

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Flagrantes da vida real

Refletindo. © Maringas Maciel

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O escritor escreve

Vem aí a edição de novembro da revista Piauí, trazendo uma matéria de impacto para as almas mais sensíveis. O veterano jornalista Roberto Muggiati, meu amigo e conterrâneo, descreve, de próprio punho, a experiência dolorosa que suportou ao passar num hospital 20 NOITES SEM DORMIR. Aos 85 anos, ele quebrara o fêmur, mesmo sem cair ou sem que houvesse algum impacto físico. Aconteceu. Muggiati transforma a experiência dramática em algo culturalmente importante, descrevendo em detalhes, o ambiente hospitalar e sobretudo, o lado humano desta decorrência.

Posso adiantar que o Muggiati se safou desta, já está em casa e se preparando para a próxima. Matéria, claro.

Toninho Vaz/Facebook

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A base clandestina do Irã em São Paulo

A República Islâmica do Irã mantém uma base clandestina de operações em São Paulo com indícios de atividades de inteligência estatal, indica uma investigação especial do Bastidor conduzida nos últimos três meses. A reportagem monitorou o endereço e outros associados à rede iraniana em São Paulo. Obteve documentos comerciais, imobiliários e diplomáticos, além de cópias de processos cíveis e criminais contra os iranianos suspeitos. Teve acesso a relatórios reservados de inteligência de agências ocidentais e entrevistou, sob anonimato, fontes com conhecimento das atividades de inteligência de Teerã. A investigação também envolveu o rastreamento, em fontes abertas, das atividades digitais dos iranianos suspeitos de pertencer ao aparato de inteligência dos aiatolás xiitas e de seus laranjas brasileiros.

Desse conjunto de informações, emergem evidências fortes da existência de uma base clandestina do governo iraniano numa casa fortificada no bairro do Morumbi, em São Paulo. A suspeita da presença de agentes e ativos a serviço do aparato de inteligência do Irã na capital paulista é escamoteada por uma rede de empresas de fachada, com uso de laranjas e endereços falsos – uma rede da qual participam iranianos que detêm cobertura diplomática concedida pelo Itamaraty.

Essa rede funciona há, ao menos, dez anos, sob a aparente leniência do Ministério das Relações Exteriores e da Receita Federal. Até mesmo a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, não emprega esforços para monitorar as atividades do serviço de inteligência do Irã em São Paulo – prefere concentrar seus recursos em Foz do Iguaçu, onde a atividade extremista de grupos como o libanês Hezbollah é antiga e notória.

A base iraniana em São Paulo é estratégica em termos logísticos e operacionais, sobretudo após a deflagração da guerra entre Hamas e Israel. Tanto Hamas quanto Hezbollah, apesar de suas diferenças, são grupos terroristas apoiados, em larga medida, pelo regime teocrático dos aiatolás iranianos. (O Brasil não considera os dois grupos organizações terroristas, ao contrário dos Estados Unidos e da maioria dos países europeus.) Hamas e Hezbollah não são meros títeres do Irã, mas a parceria estreita entre eles é inegável.

Conforme o conflito em Gaza se agrava, aumentam as chances de que Hamas, Hezbollah e Irã ataquem, ou ameacem reservadamente atacar, alvos israelenses fora da região. Por isso não houve surpresa com a operação da Polícia Federal ontem, na qual foram presas pessoas, segundo as investigações dos serviços de inteligência de Israel, recrutadas pelo Hezbollah para planejar e, eventualmente, conduzir ataques terroristas contra alvos judeus no Brasil.

Na América Latina, há uma antiga e sólida rede operacional compartilhada por Hezbollah e Irã. Por rede operacional, entenda-se endereços, empresas, veículos e estruturas de lavagem e remessa de dinheiro, armas e drogas. Essa relação foi fartamente documentada nas últimas décadas, notadamente depois dos atentados terroristas na Argentina, especificamente contra judeus, no começo dos anos 1990. Em 1992, o Hezbollah conduziu um ataque terrorista que destruiu a Embaixada de Israel em Buenos Aires, causando 29 mortes. Dois anos depois, sobreveio um atentado ainda mais grave, quando um carro-bomba adentrou a sede da Associação Mutual Israelita Argentina, a Amia. Os terroristas mataram 85 pessoas.

As investigações subsequentes produziram provas de que agentes do Hezbollah foram os autores dos ataques. Não há consenso sobre a extensão da participação do Irã nos atentados na Argentina, mas é indiscutível que o Hezbollah, para executar os ataques, usou a estrutura operacional e logística do Irã na América Latina, incluindo o Brasil e, mais especificamente, São Paulo. Como é de praxe no continente, os atentados tornaram-se uma questão política e ideológica. Ninguém foi punido por eles, e os familiares das vítimas esperam por Justiça há décadas, em vão.

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Amigas do peito

© Tânia Buchmann

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A pena perpétua por ser investigado

A Constituição Federal prevê que não haverá penas de caráter perpétuo (art. 5º, inciso XLVII, b), mas isto está sendo observado?

Atentemos que se alguém é investigado e tem seu nome lançado nos meios de comunicação ou em redes sociais, essa pessoa ficará gravada para sempre na mente de milhões de pessoas. A honra, o bom nome e a respeitabilidade ficarão maculados para sempre.

Há investigações que geram essa pena perpétua, baseadas em juízo probabilístico, sem provas cabais e, por vezes, por razões político-eleitorais ou lawfare, que consiste na manipulação das leis e procedimentos legais como instrumento de combate e intimação de oponentes.

E a responsabilidade civil e penal dos autores desses atos investigatórios levados às mídias, que culminam, depois de anos, em absolvições ou em arquivamentos? Ficam impunes?

A lei do abuso de autoridade não resolveu esse drama. Não temos lei a respeito.

Em Portugal, o ex-ministro da Administração Interno, Eduardo Cabrita, foi acusado pelo crime de homicídio negligente, em dezembro de 2021, por um atropelamento. Demitiu-se naquela ocasião, contudo, recentemente, foi despronunciado.

O mesmo aconteceu com: Miguel Macedo, ex-ministro da Administração Interna; com Manuel Jarmela Palos, ex-diretor nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras; com Azeredo Lopes, ex-ministro da Defesa; com o Deputado Paulo Pedroso, porta-voz do partido socialista português, todos, posteriormente, inocentados (Diário de Notícias).

Nesta semana, um terremoto político em Portugal; o primeiro-ministro António Costa, demitiu-se, diante de uma teia de investigações contra si e de autoridades próximas. Foram localizados 75.800€ em dinheiro vivo na sala do chefe de Gabinete, Vítor Escária, em gavetas, livros e dentro de caixas de vinhos.

E o primeiro-ministro demissionário, António Costa, é culpado? O processo durará pelo menos cinco anos; se fosse no Brasil duraria, no mínimo, 10 anos. Justicialismo?

Na verdade, não está resolvido o problema legal da análise das provas, para o afastamento de pessoas dos seus cargos, empregos e profissões que seguem aniquilados, diante da divulgação, feitas, às vezes, em conta gotas para a imprensa, sem contraditório, sem ampla defesa, sem nenhuma garantia legal ou constitucional.

No item das provas sem base legal contam-se: reconhecimento e identificações incorretos, falsos testemunhos, uso de provas ilícitas e confissões sob tortura.

No Brasil, o artista plástico Eugênio Fiuza foi preso acusado de ser o estuprador conhecido como “maníaco do Anchieta”, em 1995, em Belo Horizonte. Cumpriu 17 anos preso injustamente. Foi detido quando conversava com a namorada em uma praça, após ser reconhecido na rua por uma vítima de estupro, oito vítimas o reconheceram na ocasião. Ele relata ter sido torturado vários dias para confessar o crime: “Me bateram, me penduram em pau de arara, colocaram saco plástico na cabeça”, disse à Folha de São Paulo. Em 2012, uma vítima reconheceu outro homem, Pedro Meyer, na rua, e o caso foi reaberto. Fiuza foi inocentado.

O político paranaense Alceni Guerra, então ministro da saúde, no início dos anos 1990, foi acusado de uma suposta compra superfaturada nas Lojas do Pedro, mas somente 15 anos após, foi totalmente inocentado das acusações.

A operação Lava-Jato tornou-se um clássico disto tudo e muito mais, assim como outras operações cotidianas da cena criminal midiática brasileira.

As autoridades públicas devem ter total publicidade de seus atos, lícitos ou ilícitos, contudo, uma investigação, quando divulgada, é suficiente para marcar a honra e a dignidade da pessoa, outras duas garantias constitucionais, que seguem descumpridas.

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Elas

A jornalista e atriz Cristina Prochaska viu seu sobrenome virar sinônimo de xoxota em uma malfadada transmissão de Carnaval, que se tornou um clássico televisivo dos anos 1980.  © João Raposo|Abril

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Mural da História – Solidariedade

Em 1983, devido a um acidente de carro, desloquei duas vértebras da coluna, no chamado “chicote” e tive que usar colar cervical durante um bom tempo. Fui afastado do trabalho, para recuperação. Um dia, recebo em meu apartamento, no Bacacheri, a visita de Glauco e Paulo Caruso. Passamos a tarde conversando, jogando conversa fora em meu estúdio, trocamos figurinhas (nos conhecemos em Piracicaba, 1974, por aí).

Glauco era uma pessoa rara — são poucas as que praticam a humildade — esse dia foi marcante; confesso que não sei o que eles estavam fazendo em Curitiba. Talvez o Paulo Caruso saiba. Glauco, obrigado, onde quer que você esteja.

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Fraga

© Tânia Meinerz

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Sinais de fumaça

© Ziraldo

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Flagrantes da vida real

Maringas Maciel por Maringas Maciel, craro, cróvis!

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