O HC tinha sido protocolado um dia depois da derrota no Superior Tribunal de Justiça (STJ). De acordo com o despacho do ministro do STF, “segundo jurisprudência consolidada deste Tribunal, não tendo sido a questão objeto de exame definitivo pelo Superior Tribunal de Justiça ou inexistindo prévia manifestação das demais instâncias inferiores, a apreciação do pedido da defesa implica supressão de instância, o que não é admitido”.
“Ante o exposto, nego seguimento ao presente habeas corpus, por ser manifestamente incabível”, concluiu Gilmar Mendes.
No STF, os advogados de Carli Filho repetiram os argumentos que já tinham sido oferecidos ao STJ. Para a defesa, o júri popular não deveria ocorrer em Curitiba, pois “há fundadas dúvidas sobre a imparcialidade dos jurados e indicativos concretos de comoção social e intranquilidade local”. Assim, pediam a transferência do júri popular para outra comarca do Paraná.
Ainda conforme trecho do pedido feito pela defesa de Carli Filho, “a campanha negativa contra o paciente [Carli Filho] foi tão vitoriosa que a senhora Christiane Yared foi a deputada federal mais votada do Estado do Paraná em 2014”. Christiane Yared (PR-PR) é mãe de um dos mortos no acidente de carro que teria sido provocado por Carli Filho – réu por duplo homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar).
A colisão ocorreu na madrugada de 7 de maio de 2009, na capital paranaense, e gerou a morte de Gilmar Rafael de Souza Yared e de Carlos Murilo de Souza. Carli Filho havia ingerido bebida alcoólica antes de conduzir o veículo e dirigia em alta velocidade.
Lula, que é católico, acostumou os brasileiros a se comparar com a figura de Jesus. Quando era presidente da República, tinha na parede, atrás de sua mesa de trabalho, um enorme crucifixo de madeira que desapareceu quando Dilma chegou. Em 2010, o ex- presidente carismático afirmou que tinha sido mais flagelado do que Jesus antes de ser crucificado: “Se eu pudesse dar uma imagem das punhaladas que levei e pudesse tirar a camisa, meu corpo apareceria mais destroçado do que o de Jesus Cristo”. No Brasil, “só Jesus ganha de mim em honradez”, disse em outra ocasião. E perante o juiz Moro explicou que aqueles que o delatam e acusam “deveriam ler melhor a Bíblia, onde se condena nomear o nome de Deus em vão”.
Nunca, no entanto, Lula tinha se atrevido a tanto como fez dias atrás em Belo Horizonte, quando disse aos seus seguidores, aludindo sem dúvida aos juízes: “Estão lutando com um ser humano diferente. Eu não sou eu. Sou a encarnação de um pedaço de células de cada um de vocês”. E acrescentou, no melhor estilo evangélico: “Prendam minha carne, mas minhas ideias continuarão livres”.
Ao elevar o tom de suas identificações religiosas, Lula, que é o melhor publicitário de si mesmo, chegou a flertar com o dogma cristão da encarnação. De acordo com os Evangelhos, Deus “se encarnou em Jesus Cristo”. Desse modo, todos os que creem nele e o seguem se tornam deuses como ele.
A mensagem simbólica de reencarnação enviada por Lula aos juízes e magistrados é clara: é inútil tentar condená-lo ou impedi-lo de disputar as eleições para que, como ele propõe, “o Brasil volte a ser o que era” e não o esfarrapado no qual o transformaram aqueles que tentam encurralá-lo. É inútil, porque, segundo Lula, quem estão perseguindo não é ele, que não é uma pessoa normal, mas “um ser humano diferente”, que não tem por que se submeter às leis dos seres comuns. Por isso, diz que não se sente obrigado a acatar nenhuma sentença de condenação contra ele. Se Lula não é Lula, mas a encarnação dos milhões que o seguem, se ele não é feito como todos nós de nossas próprias células, mas das células de cada um dos pobres, dos sem-terra e dos sem-teto, é inútil acusá-lo de algo porque “ele não é ele”. São os pobres que se transubstanciaram em Lula. Persegui-lo, condená-lo, é condenar milhões de pessoas que confiam nele.
Segundo essa imagem bíblica da encarnação, de nada serviu, por exemplo, que Jesus Cristo tenha sido crucificado, porque ele não era mais um profeta, era a encarnação de tudo quilo que as elites desprezavam. Podiam arrancar-lhe a vida, mas não matar sua mensagem. Curiosamente, é o que afirmou Lula em Minas: “Prendam minha carne, mas minhas ideias continuarão livres”.
Não deve ser fácil para os juízes e magistrados a sutil e simbólica linguagem teológica de Lula, aos quais manda dizer, evocando os livros sagrados do cristianismo: “Se me encarcerais, se me fechais as urnas, não o estais fazendo ao Lula político, que já não existe, porque se encarnou nos pobres com quem compartilhou suas células”. Encarcerá-lo, condená-lo ao ostracismo, seria como condenar esses milhões de brasileiros, em sua grande maioria pobres e analfabetos que o seguem e querem votar nele, e nos que ele se encarnou e até mesmo se transubstanciou.
Lula deveria dispensar todos os seus advogados. Ninguém sabe defendê-lo melhor do que ele. E faz isso usando parábolas e símbolos sagrados que tocam a sensibilidade de um povo profundamente religioso como o brasileiro. E isso sem necessidade de recorrer aos livros da jurisprudência humana. Para Lula, para se defender, basta-lhe a Bíblia. Bastará também aos juízes e magistrados?
O ex-diretor regional do Sesc Júlio César Gomes Pedro disse que “os valores astronômicos” gastos por Orlando Diniz com escritórios de advocacia “começaram com a contratação do escritório de Roberto Teixeira”. Ao corroborar o depoimento de Danielle Paraíso, Gomes disse ainda que Teixeira prometeu resolver o “problema político de Orlando, como um acordão”.
Segundo ele, o advogado e compadre de Lula não conseguiu resolver o problema em 15 dias e passou a “exigir que fossem contratados outros escritórios”. Quando Gomes deixou o cargo, “o contrato com Roberto Teixeira já havia gerado pagamentos de mais de R$ 32 milhões”.
ANOS 60/70, político promissor, jovem, bonito, bem nascido, rico, advogado que se dava ao luxo de só fazer inventários e processos de despejo de imóveis próprios. Por tradição de família educado na cartilha de Getúlio Vargas, o trabalhismo. Olhando para trás diria hoje que é o avatar do deputado Ney Leprevost – noves fora o trabalhismo.
Tinha tudo para subir, senador quantas vezes quisesse, governador quatro vezes, até vice-presidente de um FHC. Com os ternos príncipe de Gales bem cortados pelo alfaiate paulista, o céu era seu limite. Quase um Jânio Quadros, que se vestia, fazia o bigode e passava brilhantina para ficar parecido com Anthony Eden, primeiro ministro inglês.
Imbatível na zona eleitoral do Country, muitíssimo querido pelo povão – Joãozinho Trinta unca disse o que o levou ao exílio dos inventários e dos processos de despejo. Teria siexplicou que povo gosta de riqueza e quem gosta de pobreza é o intelectual. Assim como subiu, a carreira despencou. Ndo o baile na sociedade de bairro, ele convidado de honra?
O cerimonial dava-lhe a prerrogativa da primeira dança com a rainha do clube. Dançou uma valsa, devolveu a moça e voltou para a política com o presidente do clube: “O que achou da moça”, perguntou-lhe o presidente. “Dança bem, mas tem um cheiro de sovaco!” A moça era noiva do presidente.
Lou Jean Poplin (Goldie Hawn) é uma mulher que ajuda o marido a escapar da prisão, para que juntos possam ir até Sugarland na intenção de recuperar o filho, que foi adotado por um casal local. A fuga de ambos provoca uma caçada policial sem precedentes na história do Texas. Direção de Steven Spielberg, 1974, The Sugarland Express, 1h 48m. Baseado em fatos ocorridos no Texas, em 1969.
A Louca Escapada – O jovem Steven. Para alguns, o Rei Midas de Hollywood, o homem mais poderoso da indústria cinematográfica, um herdeiro dos grandes cineastas americanos do passado. Para outros, o responsável pela infantilização do cinema após a metade dos anos 1970, um eterno meninão que não consegue tratar de forma adulta temas sérios como o Holocausto ou a Segunda Guerra Mundial, um manipulador. Mesmo seus mais ferrenhos críticos, que não toleram o uso excessivo da música grandiosa de John Williams, a fotografia edulcorada e solar de Allen Daviau, Douglas Slocombe ou de Dean Cundey, e de determinadas sequências que parecem ter a nítida intenção de fazer o público chorar, é difícil negar o enorme talento de Spielberg para filmar, seu senso de espetáculo e sua habilidade de guiar o olhar e as emoções do espectador.
Por isso mesmo é curioso voltar ao primeiro de seus filmes (ao menos o primeiro feito para cinema) e observar o nascimento de um cineasta. Rever ALouca Escapada (The Sugarland Express, 1974) serve para isso. Se está longe dos grandes espetáculos que o diretor realizaria no futuro e, aos olhos do espectador que se acostumou com a marca Spielberg, o filme pareça tímido demais, ainda assim é um entretenimento digno e honesto. Continue lendo →
Parem as máquinas! Gleisi Hoffmann, presidente do PT, escreveu no Facebook que “em reconhecimento à boa administração do governo do PT na Bahia”, o cantor Léo Santana, do alto de um trio-elétrico em Salvador, cumprimentou o governador Rui Costa (PT) e puxou a música “Vai dar PT”. O mais provável é Gleisi ignorasse que o hit “Vai dar PT” nada tem a ver com seu partido. PT, no caso, é “Perda Total”. A composição conta a história de uma moça de 18 anos que “foi pro baile muito louca a fim de se envolver”. Bebe todas. No fim, “vai dar PT, vai dar PT”.
A série de mancadas de Gleisi parece inesgotável. Ela já falou que para prender Lula será preciso “matar mais gente”. Outro dia, postou nas redes sociais uma foto onde, segundo ela, torcedores do Bayern de Munique levantavam uma faixa onde estaria escrito “Forza Lula”. Na verdade, a faixa dizia “Forza Luca” e homenageava um torcedor italiano que entrou em coma após uma briga.
Mesmo assim, o PT não deixa de ter sorte. Em breve, a senadora será julgada pelo Supremo Tribunal Federal, acusada de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. E caso seja condenada, é razoável imaginar que ela se afastará da presidência do partido. De longe, Gleisi é o mais desastrado presidente que o PT já teve desde que foi fundado há 38 anos. Culpa de Lula, que a escolheu e a empurrou goela abaixo do partido.
Andei por Salvador visitando mosteiros, templos e terreiros para um programa de tevê. Encontrei o carnaval duas vezes, em Ondina e no Rio Vermelho. Entrei na multidão para documentá-lo, mas não podia deixar de refletir. Não sou especialista em carval, nem mesmo fui um observador atento da festa nos últimos anos. Meditei um pouco sobre ele não no sentido que os budistas dão à meditação: um processo que esvazia a mente. Aliás, tenho dificuldade de alcançar esse estado de concentração e o mais perto que consigo chegar dele é quando estou boiando de costas. Meditação no meu caso é dar voltas sobre o tema.
Os entendidos dizem que o carnaval libera sentimentos reprimidos durante o ano de trabalho. Pensei: mas o que falta mais ser liberado? Na medida em que os costumes tornam-se mais ousados, o que restará aos foliões nos dias de festa?
Homem vestido de mulher, por exemplo, pode ser considerado um tipo de liberação num tempo em que isto é feito com profissionalismo e sucesso pelos artistas? Já vi poucos homens vestidos de mulher, mas prevejo uma certa decadência dessa fantasia de carnaval. Com o feminismo em ofensiva, as mulheres podem duvidar se certo modo de travestir é mais uma zombaria do que propriamente imitação.
No que me parecia um bem policiado carnaval, com PMs e guardas municipais em movimento entre os foliões, pensei no carnaval do Rio. Um motorista de táxi me disse: um estrangeiro deve achar estranho que num país em crise e o Rio em guerra civil, tanta gente saia para o carnaval. Mas um estrangeiro não sabe da força que impulsiona as pessoas, uma alegria que precisa sobreviver nas mais duras circunstâncias.
Mas há algo que me preocupa no carnaval em nosso esforço de fazer uma grande festa, apesar de tudo. No meio da semana, três vias importantes foram interditadas: Avenida Brasil, Linha Vermelha e Linha Amarela. De repente, minha reação foi pensar que alternativas teria caso tivesse de entrar ou sair da cidade. É assim que a gente começa a se acostumar.
Muitos já consultam o aplicativo “Onde tem Tiroteio” antes de se deslocar. Certos lugares, certas horas tornam-se proibidos. E a gente vai se adaptando.
Com o tempo, descobrimos que a vida está mudada e nosso comportamento é o mais ou menos clássico das populações que vivem em longos conflitos: tocar a vida com alguma normalidade apesar do caos em torno.
Há uma sabedoria nisso, mas também uma certa resignação. E se for a única opção, continuamos com o carnaval apesar de tudo, com nossa vida “normal” apesar de tudo, e as coisas podem piorar.
Claro que a situação e os movimentos do governo, o principal responsável pela segurança pública, são desalentadores. Falou-se num plano de segurança no ano passado e até agora não só saiu do papel como sequer o próprio papel saiu. O governador Pezão disse que o recebeu no meio da semana e não teve tempo de lê-lo. É de se esperar pelo menos que o leia nesse feriado de quatro dias.
Tecnicamente, com um método adequado, suponho que seja um tempo suficiente até para se aprender a ler, quanto mais folhear algumas páginas. Apenas uma fração dessa exuberante energia popular no carnaval seria suficiente para forçar os governos a buscar algo menos reativo, a parar de enxugar gelo.
No momento, as autoridades estão meditando em público sobre a crise. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirma, com razão, que o sistema de segurança está falido. O governador, por sua vez, diz que na Rocinha os policiais são mortos como se mata galinha. O problema é que estão na linha de frente. “Quem mói no aspro não fantaseia”, dizia Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa. Continue lendo →
O Palácio do Planalto está preocupadíssimo com o depoimento de Fernando Segovia ao ministro Luís Roberto Barroso, previsto para o dia 19. O diretor-geral da PF, que se notabilizou por falar mais do que deve, deverá ser questionado sobre as conversas secretas que teve com Michel Temer.
Vera Solda com uma das camisetas que fiz para o Bazar do Act (Ateliê de Criação Teatral), curadoria de Luis Melo. Em algum lugar do passado.Foto do cartunista que vos digita.
CHEGOU AO LIMITE, não dá para esperar: temos que correr um abaixo assinado para a senadora Gleisi Hoffmann voltar à cor natural dos cabelos. Ela desabona as loiras. Não demora começa a dar bom dia a burro e a conversar com poste (outro, não a posta de Lula). Começou com a história de ver apoio a Lula na faixa de apoio a Luca, no jogo de futebol. Agora tem isso de louvar apoio ao PT em música de Carnaval. E quem quiser, venha para o meu partido, o MDL Movimento de Defesa das Loiras. Das normais, autênticas.
Enfim, uma afirmação de Rafael Greca com que a maior parte da população da cidade concorda: “o carnaval de Curitiba é um horror”. Foi isto que escreveu no Facebook para justificar sua ausência (e de Margarita) no Zombie Walk – a festa do domingo de carnaval que leva animais foliões à rua fantasiados de mortos-vivos. Segundo o prefeito, como ficaram até o fim dos desfiles das escolas de samba, na madrugada de sábado para domingo, viraram “zumbis de travesseiro”.
Mandaram representá-los a servidora da Fundação Cultural Ana Cristina de Castro, que escolheu bem sua turma de zumbis. E “porque o Carnaval de Curitiba também é um horror”, arrematou Rafael antes de dar boa noite aos seus seguidores.
O poeta e acadêmico Antonio Carlos Secchin, habituado a descobrir livros impossíveis e reincorporá-los à cultura brasileira, acaba de nos apresentar outra maravilha: um exemplar da terceira edição de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, de 1905 (o livro é de 1902), com anotações a lápis feitas por seu antigo proprietário. O importante é esse proprietário: Dilermando de Assis, o homem que matou Euclides em legítima defesa, no dia 15 de agosto de 1909.
“Os Sertões” já foi esmiuçado de todo jeito. Mas esse exemplar pode contribuir para uma discussão sobre a acuidade de Euclides como narrador de procedimentos militares. Segundo artigo de Secchin no “Globo”, Dilermando tenta ser neutro, mas discorda de Euclides na descrição de várias passagens da guerra de Canudos, eixo da obra. Tinha autoridade para isso —era militar, talvez tenente ao ler o livro, e nem a tragédia que os envolveu impediria sua brilhante carreira no Exército.
Livros ou manuscritos com anotações são leitura sempre fascinante. O exemplo clássico é o original de “The Waste Land”, o poema de T.S. Eliot brutalmente canetado em 1922 pelo próprio Eliot e por seu amigo e mentor Ezra Pound antes da publicação. O fac-símile do original rabiscado saiu em 1971 numa edição da inglesa Faber. Grande copidesque, Pound.
E muita gente daria tudo para folhear a Bíblia anotada por um de seus mais exigentes leitores: o compositor e poeta carioca Jayme Ovalle (1894-1955). Mas não se sabe o destino desse Evangelho segundo Ovalle.
Já uma hilariante aventura deve ser um mergulho na biblioteca de João do Rio, doada ao Real Gabinete Português de Leitura na sua morte, em 1921. Nas margens daqueles milhares de livros, estão as anotações em que ele dizia o que realmente pensava dos escritores cuja vaidade alisava nos cafés do Rio.
OS RESTAURANTES deram de confundir comer bem e comer bastante. Você chega, começa a olhar o cardápio e vem o garçom, só blandícia e cumplicidade, e informa: “nossos pratos são bem servidos”. Esse ‘bem servido’ não é qualidade do garçom; é atributo do prato, transbordante de comida. Comer bem é o mesmo que comer bastante. Bastante, aqui, não no sentido de suficiente, mas de muito, excessivo, demasiado. Dizem médicos e gurmês que comer bem não é se empanturrar. Antonio Houaiss, o do dicionário, dizia de sua dieta: “não como até enfartar”. Conhecido gurmê – meu pai levou-o certa vez para comer sopa de tartaruga em Curitiba -, parava antes de se sentir farto.
A informação não solicitada não estaca no ‘bem servido’. Tem complementos indispensáveis: “dá para duas pessoas” e “pode levar o resto para casa”. Aí começam os problemas. No mínimo quatro, não duas, pessoas enfartam com aquele prato ‘bem servido’. O costume de levar para casa está difundido no ethos e no pathos alimentar. Nem fomos os brasileiros os criadores, vem dos EUA. Porém para os brasileiros com um pé na Europa e outro na cozinha é um doloroso constrangimento sair do restaurante carregando uma quentinha; para isso existe o delíveri e a porta ao lado, onde se compra a comida-para-levar.
O garçom, antes gentil e mesuroso, agora mercenário indiferente, joga a quentinha sobre a mesa. Nessa hora o cliente sensível visualiza um cara na cozinha raspando os pratos e jogando na quentinha com um misto de nojo e desprezo; lembra da mãe, que limpava os pratos na mesa e ali mesmo os empilhava para levar à pia. À injúria segue-se o insulto: se você recusa a quentinha, tem xingamento da mulher – ‘estamos numa república, senhor barone del culo sporco’, barão da bunda suja, dizia meu avô. O máximo que o cliente consegue é o compromisso de não carregar, tarefa do filho emburrado. E sair antes da família, a pretexto de buscar o carro.
Tudo indica que a mala cheia de dinheiro carregada às pressas pelo ex-deputado Rocha Loures, assessor especial do presidente Michel e Temer à época, não era para ele, Rocha Loures. Não era mesmo. Tudo indica que era para… Deixa pra lá.
Tudo indica que a reforma da Previdência Social não será aprovada pela Câmara dos Deputados na data desejada pelo governo. Em data nenhuma. Ficará para o próximo presidente.
Uma vez que a maioria dos juízes recebe muito mais do que é pago aos ministros do Supremo Tribunal Federal, tudo indica que eles encontraram uma maneira de desrespeitar o que manda a Constituição.
Para quem não quiser se valer o tempo todo do verbo “indicar”, ofereço outros: sugerir, insinuar, induzir, apontar. Eu, por exemplo, sugiro que todos os indícios recolhidos até aqui apontam para a culpa de Lula em vários processos que ele responde.
Marcelo Odebrecht entregou à Lava Jato uma nota fiscal de R$ 250 mil referente a apoio financeiro para o filme “Lula, o filho do Brasil”. A NF 2930, reproduzida pelo Estadão, foi emitida em 4 de maio de 2009, em nome da produtora Filmes do Equador, de Luiz Carlos Barreto. A descrição dos serviços é a seguinte: “Cota de patrocínio da obra intitulada ‘Lula, o filho do Brasil’. Conforme contrato.”
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