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À espera de Lula
Quando o sol se descortina no horizonte, o ar cortante e álgido da manhã dá lugar a uma atmosfera densa de expectativa. É inegável para quem por lá atravessa: o Complexo Médico Penal de Pinhais, a 40 minutos do centro de Curitiba, já respira diferente. O presídio, com 8,406 metros quadrados de área construída e que hoje abriga 697 presos, entre os quais 11 da Operação Lava Jato, será o provável destino do ex-presidente Lula, tão logo os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) decretem sua prisão. Na última semana, a reportagem de ISTOÉ visitou a penitenciária – em fase final de preparação para receber o petista. Já foram definidos os esquemas de segurança, o local em que o líder do PT irá ficar e até sua rotina no cárcere – incluindo o que ele poderá ou não fazer no futuro lar.
Por decisão do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), foi reservada a Lula uma das dez celas da galeria 6 do Complexo, situada no segundo piso. Lá estão acomodados exclusivamente presos da Lava Jato e outros condenados pelo crime de colarinho branco. Os mais ilustres são o ex-governador Sérgio Cabral, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Cada cela da galeria 6, como a que já está separada para Lula, tem 12 metros quadrados, e é destinada a 3 presos. A unidade é composta por três camas de solteiro, construídas em alvenaria, com direito a um colchão de densidade 28. Se o petista precisar de colchão especial, um médico deverá atestar que ele sofre da coluna, por exemplo. Nesse caso, caberá à família providenciar outro colchão, nas medidas fornecidas pela direção do presídio. A cela, com uma janela e porta em aço, conta com um vaso sanitário no chão (o chamado boi), com pouca privacidade, e um tanque com torneira. Os agentes penitenciários asseguram que é possível bebê-la sem sobressaltos – a água, fornecida pela Sanepar, esclarecem, é potável. Mas se Lula exagerar no consumo, não tem conversa: a água será cortada. O tanque também servirá para o futuro detento lavar as quatro cuecas e quatro pares de meias, autorizados a carregar para a cela. Toalhas e roupas de cama são fornecidas pela prisão, incluindo um cobertor. Como o inverno de Curitiba é gelado, alcançando até temperaturas negativas, a família poderá mandar cobertores mais quentes. Detalhe: a movimentação de familiares no presídio é restrita. Só podem entrar dois parentes por vez, devidamente cadastrados. E não são permitidas visitas íntimas. Já os advogados podem falar com os presos a qualquer hora e dia, mas através de um parlatório, por meio de interfone, protegido por resistente vidro de policarbonato.
Uniforme obrigatório
Como todos os demais presos, Lula será obrigado a usar uniforme – calça de moletom cinza e camisa branca, com detalhe em azul, as cores da bandeira do Depen –, mas não precisará mexer no bolso para receber o novo figurino. A indumentária será fornecida pelo presídio. Os uniformes são lavados uma vez por semana na lavanderia da cadeia, onde trabalham dois detentos, devidamente remunerados. Se o ex-presidente necessitar de remédios, a penitenciária fornece genéricos de graça. Médicos e enfermeiros também prestam atendimento gratuitamente. São eles que controlam a ingestão de eventuais medicamentos, que não ficam nas celas em hipótese alguma para evitar que algum deles se intoxique. Continue lendo
Publicado em Operação Lava Jato
Com a tag curitiba, luiz inácio lula da silva, Operação Lava Jato
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Evo Morales e os ‘logros’ do PT
Evo Morales, aquele que rasgou uma consulta popular para se conceder reeleição eterna na Bolívia, tuitou hoje em homenagem aos “companheiros de luta” Lula e Dilma Rousseff. O boliviano chamou o condenado por corrupção e lavagem de dinheiro e o seu poste de “vítimas de perseguição” e parabenizou o PT “por sus logros” –em espanhol, “por seus sucessos”.
Nesse caso, a tradução errada seria a correta. É um especialista em logro –engano– cumprimentando outros. Boi preto conhece boi preto.
Novas sindicâncias podem trazer obstáculos para dois presidenciáveis
Elio Gaspari – Folha de São Paulo
Uma trata do cartel metroferroviário de SP e envolve Alckmin, a outra, Jaques Wagner
Chegaram ao STJ e estão nas mãos do ministro Benedito Gonçalves duas novas sindicâncias envolvendo governadores. Uma trata das traficâncias do cartel metroferroviário de São Paulo, envolve o governador Geraldo Alckmin e pode vir a ser um cisco no olho de sua candidatura.
A outra envolve o governador da Bahia, Rui Costa, e seu antecessor, Jaques Wagner. Quando Wagner afastou-se da possibilidade de vir a ser o poste de Lula, sabia que algo viria por aí.
MÉRITO DE CABRAL
Sérgio Cabral está na carceragem de Curitiba pagando seus penares enquanto milhões de brasileiros estão nas ruas com seus blocos carnavalescos.
Os deuses da alegria pedem que se reconheça: ele foi um dos principais entusiastas do renascimento do Carnaval de rua. Herdou essa paixão do pai.
BOA NOTÍCIA
Os historiadores Herbert Klein e Francisco Vidal Luna entregam no próximos meses à editora da universidade de Cambridge os originais de seu livro “Feeding the World” (Alimentando o Mundo). Se tudo der certo, o volume sai no ano que vem.
É um retrato do progresso da agricultura brasileira.
Até agora, o agronegócio sofre o peso do oportunismo e da insensibilidade de alguns empresários, amarrados a práticas retrógradas. Seus avanços e o progresso ficam num estado de semiclandestinidade.
Existe um livro magnífico, porém pouco conhecido fora de uma parte do mundo acadêmico. É “Economia e Organização da Agricultura Brasileira”, do professor Fábio Chaddad. Mostra um setor vitorioso, com retratos de vencedores.
VÍDEOS SUPREMOS
Há ministros do Supremo Tribunal que se fazem acompanhar por corpulentos guarda-costas. Diante dos esculachos sofridos pelo doutor Gilmar Mendes (um em Portugal e outro num avião), seria útil equipar as escoltas com câmeras. Esculachou, é filmado. Simples assim.
MARAMBAIA HOJE
Michel Temer está pegando um solzinho na base naval da restinga da Marambaia. Viajou acompanhado pelo mínimo indispensável de pessoas para servi-lo e protegê-lo. São 38, inclusive cozinheiro e arrumadeira.
A Marinha tem um eficiente serviço de taifa e em seus quartéis a comida é boa. Não há taifeiro incapaz de arrumar um quarto. Durante seu repouso o doutor poderia refletir sobre a história da Marambaia e o país que governa.
No século 19 aquela fazenda foi um viveiro de escravos contrabandeados pelo comendador José Joaquim Breves, um dos homens mais ricos do Brasil. Ele e irmão tiveram cerca de seis mil escravos e em suas terras o governo não mandava. Em 1851 foram capturados por lá 199 negros contrabandeados e seu advogado (Teixeira de Freitas) protestou: “Se isto continua, não vacila o reclamante em declarar que a vida e fortuna de numerosos cidadãos, assim como a paz e a tranquilidade do Império, correm iminente perigo.”
A abolição só veio em 1888 e, aos poucos, a fortuna dos Breves definhou. Seus bisnetos trabalhavam para viver. Como dizem os juristas e os gatos gordos apanhados pela Lava Jato: “Se isto continua…”
Publicado em Elio Gaspari - Folha de São Paulo
Com a tag Elio Gaspari - Folha de São Paulo
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Fino traço…
Segovia: “eu não disse que o inquérito será arquivado”
Fernando Segovia entrou em contato com O Antagonista para dizer que suas declarações foram distorcidas pela Reuters. “É um absurdo essa distorção. Eu não disse que o inquérito será arquivado. O delegado Cleyber Lopes tem total independência na investigação e está fazendo as diligências necessárias para total elucidação dos fatos.”
O diretor-geral da PF prepara uma nota à imprensa (sempre culpada, claro…) com a sua versão dos fatos.
Mural da História
Publicado em Charge Solda Mural
Com a tag Charge Solda Mural, o ex-tado do paraná
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Tempo
Licença poética
Rogério Distéfano – O Insulto Diário
SEMPRE INOVADOR, o Brasil pode ter o primeiro presidente com a primeira filha de braços amputados. Melhor – ou pior: por ela mesma, sem ao menos deixar um deles para escrever a história. O primeiro presidente é Michel Temer. A primeira filha é a primeira filha dele, Luciana, doutora e professora de Direito na mesma matéria na mesma universidade onde o pai fez carreira.
Luciana declara que ficará braceta (o maneta mais acima) se ficar provado que o pai falou “tem que continuar isso aí, viu?” na conversa com Joesley Batista. Lembram? Aquele grampo do encontro noturno no Palácio do Jaburu onde se teria discutido propina da Friboi ao deputado Eduardo Cunha. A quase futura biamputada defende o pai, como fazem os filhos em geral, até o nosso conhecido João Sem Braço.
Perdão, o João em questão é o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, na época assessor de Michel Temer. Fiquem tranquilos, Luciana nunca podará os braços. Trata-se de licença poética da filha que se orgulha do pai que em viagens para o sítio declamava inteiro o ‘Navio Negreiro’, de Castro Alves. Rodrigo, de seu lado, apenas imitou o João da lenda urbana: entregou os anéis, o conseguinte do “isso aí”, e conservou os dedos. E os braços.
Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
Com a tag michel temer, Rogério Distéfano - O Insulto Diário
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Evoé Momo!
© Myskiciewicz
Don Suelda, estou indignado com seu blog. Sinto-me vítima de grossa conspiração. Eis que leio ter sido descoberto fantasiado de índio em um bloco curitibano (nossas escolas não são mais que blocos). Em outra foto esfalfo-me (gostou, papudo?) a empurrar um carro alegoríco.
Nossa imprensa continua mal informada, caro Guru. Não tem olhos para a verdade que neles saltam, pois que ninguém até agora viu o óbvio: eu era o carro alegórico. Imenso, 100 quilos de vida sedentária. Mal decorado como sempre, que combinar roupa nunca foi o forte da casa. E, pior, com dificuldade de locomoção, exigindo que me empurrassem para andar, segurassem para sentar. E um munck para, ao final, levantar.
Escrevo esta mensagem para colocar os pingos nos ii. Há alguns anos o Glauco Souza Lobo saiu de Ernani Buchmann num carnaval. Todo vestido de preto, cheio de olheiras, com uma placa no peito: Odeio carnaval.
Pois eu amo o carná. Mandarei ainda esta semana fotos verdadeiras da minha participação na folia ora terminada. Fui um arraso. Basta dizer que “Deus grego” esteve entre os comentários mais modestos. Abaixo a maledicência, atrás da qual esconde-se seu cunhado e meu parceiro de travessuras purunãs Beto Bruel, o injurioso! A verdade triunfará, irmão!
Ernani Buchmann [2 de março, 2006]
Culpas e desculpas
Ruy Castro – Folha de São Paulo
Estou esperando um pedido público de desculpas de Mia Farrow
Em 1968, um filme consagrou mundialmente seu diretor e sua atriz: “O Bebê de Rosemary”. O diretor era Roman Polanski, 35. A atriz, Mia Farrow, 23. Em 1977, Polanski foi acusado pela polícia de Los Angeles de abuso sexual da menina Samantha Gailey, 13, durante uma sessão de fotografias que ele lhe propusera. Julgado, Polanski foi condenado por estupro, perversão e sodomia com uso de drogas (o sedativo Mandrix) contra uma menor. Admitiu a culpa, mas, antes de ser preso, fugiu para Paris. Está foragido até hoje. Nos últimos anos, surgiram contra ele mais quatro acusações de sedução e estupro de menores, todas referentes aos anos 70.
Em 1995, outro filme, “Poderosa Afrodite”, do já consagrado diretor Woody Allen, revelou outra atriz, Mira Sorvino, 28, e rendeu a ela o Oscar de melhor coadjuvante do ano. Em fins de 2017, Mira Sorvino pediu publicamente desculpas à garota Dylan Farrow, filha adotiva de Mia, por ter trabalhado num filme com o ex-padrasto dela, Woody Allen, a quem Dylan acusa de abuso sexual quando tinha sete anos, em 1992, e Woody mantinha uma relação estável, não conjugal, com Mia.
Estou esperando —sentado, claro— um pedido público de desculpas de Mia Farrow a Samantha Gailey, hoje com 53 anos, por ter trabalhado com um diretor que drogou e estuprou Samantha em criança.
Eu sei, são coisas diferentes: Mira Sorvino trabalhou com Woody três anos depois do alegado abuso, já ciente de tudo, ao passo que Mia trabalhou com Polanski sete anos antes que ele atacasse a garota, donde não teria do que se desculpar. É verdade. Mas, em 2005, num processo envolvendo Polanski e a revista “Vanity Fair” por outro assunto, Mia foi a Londres expressamente para depor em defesa dele.
Proponho que Mira Sorvino derreta seu Oscar e doe o ouro para caridade.
Publicado em Ruy Castro - Folha de São Paulo
Com a tag Ruy Castro- Folha de São Paulo
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