Radiografia de um fracasso

Hélio Schwartsman – Folha de São Paulo

A pequena radiografia do caso Romero Jucá, que o repórter Reynaldo Turollo  Jr. apresentou na edição desta quinta-feira (8) da Folha, é a crônica de por que o Brasil não dá certo.

Um inquérito sobre a participação do senador Romero Jucá (MDB-RR) num esquema de desvio de recursos que tramitava no STF foi arquivado na semana passada por uma combinação de prescrições com falta de provas. Jucá pode ser culpado ou inocente das imputações que lhe foram feitas, mas é inadmissível que a investigação tenha se arrastado por 14 anos, levando a prescrições, e, mesmo assim, tenha se mostrado inconclusiva, determinando o arquivamento.

No festival de barbaridades cometidas, encontramos culpas para distribuir por todas as esferas. O mais chocante, para mim, foi constatar que o inquérito ficou paralisado por mais de cinco anos por dois pedidos de vista de ministros. O primeiro, de Joaquim Barbosa, segurou a papelada por oito meses; o segundo, de Gilmar Mendes, por cinco anos e um mês.

O assustador aqui é que o regimento do STF estabelece que o prazo de devolução dos autos no caso de vista é de duas sessões ordinárias. Estamos, portanto, falando de semanas, um ou dois meses se houver um recesso no meio, mas jamais de semestres e anos. Quando juízes são os primeiros a desrespeitar as normas, não podemos ter muitas esperanças.

E o problema não é só do Judiciário. Também foi determinante para o fracasso da investigação a incompletude de dados enviados por Receita Federal, Banco do Brasil e Suframa. Custa crer que, em plena era digital, possa haver grande dificuldade em reunir informações fiscais ou sobre movimentações financeiras.

Como não há sinal de que tenha havido grandes mudanças no “statu quo”, os políticos com foro privilegiado envolvidos na Lava Jato podem se alegrar. A maioria deles provavelmente escapará de qualquer punição. Isso é o Brasil.

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Mural da História

Setembro, 2010.

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Nova proposta

Fernandes

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Está chegando a hora e a vez de Gleisi

A presidente do PT será julgada por corrupção e lavagem de dinheiro

Se o ministro Celso de Mello não demorar além da conta a revisar o voto do seu colega Edson Fachin, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julgará até o final de março a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e seu marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Os dois são acusados de receber R$ 1 milhão desviado de contratos da Petrobras para pagar despesas da campanha de Gleisi em 2010. O parecer da Procuradoria Geral da República foi favorável à condenação do casal, e também ao pagamento de multa de R$ 4 milhões. Será o primeiro processo da Lava Jato a ser julgado pelo STF.

A fidelidade canina de Gleisi a Lula, além de sua estridência em defesa dele e da ex-presidente Dilma Rousseff, garantiram à senadora a vaga de presidente do partido. Podendo ter escolhido um nome ficha limpa para presidir o PT, Lula preferiu Gleisi mesmo sabendo que ela responde a sete ações penais e a mais três de indenização aos cofres públicos.

Além de Mello e de Fachin, integram a 2ª Turma do STF os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. Toffoli foi advogado do PT e assessor do ex-ministro José Dirceu antes de ser nomeado ministro por Lula. Lewandowski ganhou a vaga de ministro com o apoio de Marisa Letícia, ex-mulher de Lula.

Se condenada, Gleisi ficará impedida de disputar eleições pelos próximos oito anos, assim como Lula.

Ricardo Noblat

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“Lula não poderá ser candidato e ainda terá de dormir no xilindró”

“Tudo considerado”, diz a Veja, “é cada vez mais remota a possibilidade de que o STF reformule sua decisão de decretar a execução da pena para condenados em segunda instância”. A reportagem arremata: “Somadas a posição do STF sobre prisão e a interpretação do TSE sobre os fichas-sujas, são cada vez mais fortes os sinais de que Lula não poderá ser candidato e ainda terá de dormir no xilindró”.

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Tapassexo

Rogério Distéfano – O Insulto Diário

TAPA-SEXO, tapa-sexo, só se fala em tapa-sexo neste carnaval. Aquele paninho que as mulheres que desfilam usam para mal-e-mal esconder o que a literatura antiga chamava de “suas vergonhas”. Agora, nesta época de pouca vergonha, a falta de vergonha é questão de grau, variando da muito pouca vergonha das garotas de roupas reduzidas, que deixam pouco à imaginação, até a nenhuma pouca vergonha das vedetes, socialetes, periguetes e outras etes que não deixam nada à imaginação. Concorrência ao tapa-sexo? Nem as esquálidas estrelinhas grudadas nos mamilos das carnavalescas: o espectador sempre empaca na região abaixo da linha do Equador. 

Não pensem que o tapa-sexo seja o último e definitivo estágio da nenhuma pouca vergonha, dessa auto-degradação pseudo artística das mulheres. Depois do tapa-sexo que cobre o sexo, virá o rolha-sexo. Sim, funcional e eficaz como seu arquétipo artesanal, a rolha de pia. Quando acontecer, a História completará seu percurso circular, chegando próximo daquilo que no tempo das “vergonhas” era o genuíno, clássico, eficiente, prazeroso, mutuamente compartilhado e biológico tapa-sexo. O implemento está tão difundido que é melhor, enquanto é tempo, mudar-lhe a grafia para ‘tapassexo’. Antes que o pessoal do homossexo se aproprie tanto do instrumento quanto do conceito. 

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Homens ‘admiráveis’ e seus pênis

Tati Bernardi – Folha de São Paulo

Passei a vida amando Woody Allen sobre todas as coisas, vi todos os filmes milhares de vezes, decorei os diálogos (sempre repito aquele “meu único exercício são as crises de ansiedade”) e sonhei trocar todos os homens da minha família por um único parente com 0,2% de sua genialidade. Imagina ter o Woody Allen no Natal? Tudo bem que ele é judeu e não viria. E não viria mesmo que não fosse judeu (adoro aquela história que ele passou anos reformando e decorando uma casa na praia e, na hora que ficou prontinha, simplesmente preferiu não sair de Nova York). Busquei uma fagulha Woody Allen em todos os meus amigos, namorados, colegas de trabalho. Encontrar um quê dele nas pessoas era o que as fazia suportáveis. Quando alguém falava algo como “ah, não vejo nada demais em seus filmes” eu automaticamente fechava uma cortina de vedação completa entre meus interesses sociais e aquela vida inútil à minha frente. O mundo, pra mim, sempre foi dividido entre os que tinham entendido tudo e os que não se importavam com seu novo trabalho. Agora, acaba de se dividir entre “antes de ler o artigo da sua filha adotiva que o acusou de abuso e depois”.

Nos últimos anos, Louis C.K. se tornou uma bandeira que eu hasteava pra tentar ganhar as discussões chatíssimas dos limites do humor. Confesso, tinha o maior tesão nele. Gordinho, sardento, suado, errado… mas incomodamente sexy por saber transformar em arte e riqueza sua muito particular e perspicaz, e provavelmente cansativa e sofrida, sensibilidade para reparar cada milímetro do que há de mais ridículo escondido em cada fala e atitude humana. Quem diria que a cena mais vexatória de todas ocorreria, propositalmente, longe das câmeras. Se masturbar na frente de colegas de trabalho, constrangendo-as, apenas porque está embevecido demais pela própria existência? Que triste, Louis.

Mais recentemente, me encantei pelo comediante e ator Aziz Ansari. Assisti ao seriado “Master of None” desejando demais que o Brasil (e eu) pudesse fazer algo tão bom, atual, bem dirigido e despretensioso. O que vemos nas produções nacionais, e me incluo fortemente, é que sobra pretensão, sobram dezenas de histórias histriônicas e complicadas (e enfadonhas) e falta o que dizer, faltam experiência e liberdade de criar.

Grace, a menina que não quis dar o nome real e nem a xoxota, alterna em seu depoimento (que acusa Aziz de assédio) momentos de coitadice besta (“eu queria vinho tinto e ele me serviu branco”) com outros em que me solidarizei e reconheci. Quando, num date, o cara força a barra, dá mesmo um vazio horrível e um nojinho eterno. É mesmo confuso se queremos socar-lhe a face ou esperar pra entender o que está acontecendo. Não foi abuso, estupro e nem assédio. Mas certamente foi horrível.

Ainda bem que o mesmo mercado nos presenteia (espero que cada vez mais e ganhando melhores salários) com mulheres geniais como Lena Dunhan, Tina Fey, Tatá Werneck, Greta Gerwig… Nos casos de Allen e Aziz, paira uma esperançazinha no ar: será mesmo? Ou será que só o Louis teve coragem de assumir e, por isso, merece uma chance em nossos corações defeituosos e doentes? Só sei que está puxado admirar tantos admiráveis homens e que toda essa explosão feminista (sim, às vezes exagerada e chata, mas mais que isso urgente e necessária) precisava mesmo ter esse tamanho, essa demasia, esse pé violento numa porta emperrada há séculos, e irritar e inquietar e, se Deus quiser, transformar esse mundo em um lugar mais seguro e bonito para a minha filha.

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PTB finalmente desistiu de Cristiane Brasil?

O PTB deve anunciar o deputado Alex Canziani, do Paraná, como indicação para o Ministério do Trabalho –no lugar de Cristiane Brasil– depois do Carnaval, diz o site Poder 360. Ao que parece, o partido enfim admitiu o desgaste da deputada, impedida de tomar posse na Justiça há mais de um mês por suas condenações trabalhistas.

Segundo o pai de Cristiane, Roberto Jefferson, Canziani é um “excelente nome”. E, segundo o site, pode manter na pasta o atual ministro interino, Helton Yomura, amigo da deputada.

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O barquinho de Atibaia e outros objetos pessoais de Lula

© João Bittar

A semana começa com mais complicações para o ex-presidente Lula. O marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, abrem os serviços sobre o sítio de Atibaia, com seu depoimento ao juiz federal Sérgio Moro. Os dois assinaram acordos de delação e são testemunhas de acusação. É providencial simbolicamente a presença de Santana nesta abertura. Ele foi o substituto de Duda Mendonça, quando o marqueteiro da primeira vitória de Lula caiu em desgraça com o mensalão.

A ilustração ideal para mais este processo contra Lula por corrupção é a imagem do barco com os nomes dele e da ex-primeira dama, a falecida Marisa Letícia. Não deixa de ser uma forma de aparelhar até o romantismo. Para reforçar o simbolismo, pode-se também cantarolar uma música. Na minha cabeça vem aquela do “e o barquinho vai, a tardinha cai”. Mas dá pra pensar também em alguma coisa de Bruno e Marrone, musos de Lula, de cantorias em particular em Brasília quando ele estava no poder. É questão de gosto.

Os remanescentes do petismo, ridículos gatos pingados que não falam coisa com coisa, vão dizer que foi “gópi”, que não existem provas, mas tem que entender o lado deles: é tudo gente que costuma ir para o sítio de amigos e pegar o melhor quarto para eles, espalhar seus objetos pessoais pela casa de veraneio, mandar uma empreiteira fazer melhorias de graça, inclusive caríssima cozinha planejada, além de colocarem no lago barco com o seus nomes e pedalinhos com os nomes dos netos.

Este é o mesmo pessoal que costuma visitar apartamentos para venda e mandam a empreiteira fazer cozinha planejada, elevador privativo e outras benfeitorias, para depois não fechar negócio. Bem, como o mercado imobiliário não funciona desse modo para qualquer um, fica muito estranho que os petistas, sempre tão rigorosos com os outros, estejam tão enraivecidos com as suspeitas da maioria dos brasileiros por este tratamento privilegiado de empreiteiras com um ex-presidente da República.

Nos próximos dias esses gatos pingados vão tentar forçar debates. E até isso os petistas estão com dificuldade de conseguir, pois ninguém tem mais paciência com tanto argumento vazio. Com certeza, do mesmo jeito que falavam do triplex do Guarujá, vão dizer que não existem provas de que o sítio de Atibaia é do Lula. Isto é diversionismo tolinho. O chefão petista não é acusado de ser o proprietário oculto. Na denúncia, Lula é acusado de ser usufrutuário das reformas do sítio. As benfeitorias na propriedade, segundo o MPF, eram uma forma de repassar ao ex-presidente “valores oriundos do esquema criminoso”. Como se diz na esgrima, touché.

E o MPF juntou muitas provas para apontar Lula como “usufrutuário”. Mostram o intenso interesse de Lula pelo sítio (entre 2011 e 2016, veículos de utilização do ex-presidente foram 270 vezes ao local), inclusive na preocupação com uma “pirua” que esmagou três filhotes de pavão. O aviso foi mandado pelo caseiro por e-mail ao Instituto Lula. Vale ler a denúncia do MPF. É textão, como se diz hoje em dia sobre qualquer coisa com mais de três frases, mas a vida não é feita só de KKKKK. Um trecho interessante da denúncia é sobre os itens de uso pessoal de Lula e Marisa. O casal ocupava a suíte principal e tinha o hábito de colocar suas iniciais nos objetos. Foi nesta suíte que a Polícia Federal encontrou também o documento sobre o imóvel adquirido pela Odebrecht para a construção do Instituto Lula. E estava lá também, em Atibaia, o romântico barquinho com o nome de Lula.

José Pires – Brasil Limpeza

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A chicana de Lula é uma forma de burlar a lei

Luiz Fux desmontou a chicana de Lula. Entrevistado por O Globo, ele disse, em primeiro lugar, que a candidatura do condenado é “irregistrável”. Em seguida, ele explicou que, por ser irregistrável, ela nem chegará ao STF:

“Uma candidatura sub judice não pode receber esta categorização se o político inelegível provocar a Justiça. Esta seria uma forma de burlar a lei. Desta forma, teríamos o próprio candidato já inelegível provocando para que a sua candidatura fique sub judice.”

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Caretiba

Nadja Naira.  © Mirella Marcon

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Pum pela boca

Rogério Distéfano – O Insulto Diário

O PT AMEAÇA não reconhecer a eleição para presidente se Lula não puder participar dela. Assim tipo o menino riquinho dono da bola e das camisas do time: se não for escalado não tem jogo, vai embora, se puder leva o campo com ele. Acontece que o PT não está com essa bola toda. Aliás, está sem a bola. Quanto às camisas, perdoem lembrar, estas foram apreendidas no Sítio de Atibaia. Coisas que saem da cabecinha da senadora presidente, que aprendeu de ouvido o lance filosófico da ‘desobediência civil’.

Seria a desobediência civil pela metade esta do PT, a metade da metade, ou seja, só para a presidência da República. Nos governos dos estados não haverá desobediência nenhuma. Ao contrário, o partido fará alianças até com o diabo, no caso os partidos golpistas. A desobediência civil não chegará sequer ao Legislativo, que o PT disputará. Em suma, foi apenas mais um flatus vocis da senadora. E flatus vocis pode até aparentar, mas não é aquilo que vocês estão pensando. Significa falar sem dizer nada.

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A Polônia massacra a História

Elio Gaspari – Folha de São Paulo

Em retrato da intolerância europeia, lei pune com 3 anos de cadeia quem falar o que não deve

Na semana passada, o Senado polonês aprovou uma lei “protetora da reputação” do país, que pune com até três anos de prisão quem sustentar “publicamente, contrariando os fatos”, que “a nação polonesa ou a República da Polônia é responsável ou corresponsável pelos crimes cometidos pelo Terceiro Reich”. Simulando uma defesa da liberdade de expressão, excluiu do alcance da lei “atividades artísticas ou acadêmicas”.

A menos que a pressão internacional cresça, o presidente Andrzej  Duda sancionará o texto. Ele já declarou que o povo polonês “como nação” jamais participou do Holocausto. Isso não quer dizer nada. O que se vê é seu governo querendo calar uma discussão incômoda.

Poucas coisas seriam piores para a reputação da Polônia do que essa “Lei do Holocausto”. Até as pedras sabem que os campos de extermínio de Treblinka e Auschwitz foram concebidos, construídos e administrados pelos alemães. O problema está mais adiante: na atividade de poloneses que massacraram judeus e saquearam suas propriedades.

Em 1941, quando a Alemanha invadiu a parte do país ocupada pelos soviéticos desde 1939, poloneses mataram judeus sem a participação da tropa do Reich. Na cidade de Jedwabne, de 2.500 habitantes, seus 1.500 judeus foram massacrados nas ruas ou queimados vivos num celeiro. Metade dos homens adultos de Jedwabne participaram do massacre e foram nominalmente identificados. (Em outra cidade, o pai de Yitzhak Shamir, que veio a ser primeiro ministro de Israel no século passado, foi morto pelos vizinhos depois de fugir dos alemães.)

Atrás do antissemitismo, em Jedwabne, Varsóvia, Viena e Berlim, estava o poderoso fator da cobiça de seus bens. Poloneses que escondiam judeus pediam-lhes que não revelassem suas identidades, por medo de serem saqueados ou mortos. Quem viu o filme “Ida” aprendeu uma parte dessa história.

Terminada a guerra, as terras vizinhas ao campo de Treblinka viraram uma Serra Pelada, com centenas de poloneses escavando-as em busca de corpos de judeus. Quando alguém achava um crânio, levava-o escondido para casa e lá procurava por ouro nas arcadas dentárias. O livro “Golden Harvest (“Colheita Dourada”), de Jan Gross, está na rede, com sua capa estarrecedora.

Em maio de 1946, quando já havia sido instalado o tribunal de Nuremberg para julgar a cúpula do 3º Reich, 42 judeus foram mortos na cidade de Kielce. Entre julho e setembro, 63 mil judeus fugiram da Polônia para a Alemanha ocupada. No primeiro ano do pós-guerra, poloneses mataram perto  1.200 judeus.

O antissemitismo de uma parte considerável da nação polonesa conviveu com o regime comunista. Em 1969, a ditadura do proletariado forçou a saída de 20 mil dos 30 mil judeus que ainda viviam no país.

A Polônia não precisa ser marcada pela “Lei do Holocausto”. Sua história é maior que esse espasmo radical da xenofobia e do racismo europeu redivivo neste início de século. A resistência polonesa ao Reich foi maior, de longe, que a dos franceses e dos italianos, somados. A guerra custou ao país 20% de sua população, um terço dos moradores de suas cidades desapareceram. Metade dos advogados, 40% dos médicos e um terço dos professores universitários e padres católicos morreram. E três milhões de judeus.

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Para a sala de visitas

© Roberto José da Silva

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Flagrantes da vida real

No lançamento do livro “Curitiba no Tempo da Jazz Band”, Adélia Lopes, Adherbal Fortes  e Miriam Karam. © Maringas Maciel

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