A edição desta semana da revista “Economist” destaca o custo da corrupção sistêmica brasileira e a afirma que o empreiteiro Marcelo Odebrecht ocupará lugar único na história.
“Nos anais da democracia latino-americana, Marcelo Odebrecht, um magnata da construção civil, ocupará um lugar único na infâmia. Do México à Argentina, passando por uma série de outros países, sua empreiteira corrompeu presidentes, ministros e candidatos para que conseguisse contratos públicos, estabelecendo um padrão nefasto que acabou sendo seguido por seus concorrentes”, escreve a publicação.
“O dano causado pelos contratos corruptos ultrapassa os 3 bilhões de dólares. Mas o custo para a credibilidade da democracia não incalculáveis”
Acho que estava ocupada demais trabalhando 15 horas por dia, mas foi tirar férias (primeira vez em infinitos anos) para perceber um fenômeno que ocorre na minha casa e provavelmente na sua: os homens, esses seres tão especiais e “desatentos por natureza e não por culpa deles”, são tratados diariamente como tadinhos (e já acostumamos tanto que nem nos chocamos!).
Poxa, já basta “aturar uma mulher”. Eita, aceitou dividir o condomínio! Virge, não é que ele cedeu seu supremo esperma pra fazer nenê! E você ainda vai querer que ele não transforme a casa em uma área abandonada após tsunami? Custa você levantar do chão, depois de tropicar pela décima vez em um dos 20 pares de sapatos espalhados pela casa, e rir? Cuecas e meias nasceram para os cantinhos, você que é chata! Tadinhos deles!
Minha mãe labutou sem parar dos 15 anos até pouco tempo atrás. Dirigia mais de duas horas por dia, aos 60 anos, porque morava em Perdizes e trabalhava em Guarulhos. Me ajudou financeiramente no meu primeiro carro e no meu primeiro apartamento (já dei tudo em dobro, inspirada nos flanelinhas que me garantiram ser o que Deus fará por mim). Na época em que agências de publicidade, produtoras de cinema e emissoras de TV me recompensavam com valores ridículos (achando que “bastava o glamour de estar com eles”) mamy, com seu salário de secretária, nunca deixou de me socorrer. Apesar disso tudo, domingo era dia de receber o ex-marido, vulgo meu pai, pra almoçar, e cozinhar uma tonelada de macarronada (que ele levaria e comeria por alguns dias). “Nossa, tadinho, ninguém cozinha pra ele!”
A Maria, que trabalha pra mim há 15 anos, e pra quem dei, do meu esforçado bolso, dois aumentos merecidos só nesse primeiro semestre, esquece mais da metade do que lhe peço da feira, mas se acabar o ovinho que ela faz de café da manhã pro meu marido, fico aturando o “tadiiinho” ecoando pela casa. “Como ele vai sair pro trabalho sem o ovinho?”. Pensemos aqui na origem das palavras coitado e chocada, usadas no texto.
Nunca vou esquecer quando um ex-namorado inventou uma obra “simples” que duraria cinco meses. Tratei sozinha com empreiteiro, pedreiro, pintor, marceneiro, arquiteto. Negociei os valores, paguei a maior parte, enlouqueci com os atrasos e com os erros. Decidi o lugar de cada prego, de cada móvel, de cada luminária. No dia da mudança, me vi pegando caixas pesadas, subindo em escadas bambas para guardar roupas e objetos… ele se arrumou bonitinho para ir “a um churrasco da turma” e disse que na volta faria tudo, para eu descansar. Não topei, além de odiar caixas pela casa, havia cinco anos eu aguardava ansiosamente por este momento em que ele resolveria alguma coisa (qualquer coisa!). A mãe da criança de 40 anos, que estava por perto, saiu rapidamente em sua defesa: “Deixe ele ir, tadinho!”
Ontem fiquei das sete da manhã até uma da tarde no hospital, fazendo uma quantidade bem chata de exames “de grávida” que me invadiram, furaram e viraram do avesso. Meu marido ficou lá comigo, parceiro, olhando o Instagram. E o que todas as enfermeiras e médicas acharam disso? E o que eu e minhas amigas achamos disso! Que fofo! Tadinho!!! Alguém nos salve, por favor.
Queridos, vamos nós de novo para mais uma aventura! Durante 150 dias desenhei 150 gordinhas. Dessas, algo como 110 vão fazer parte de uma publicação que está em final de produção. 14×14 cm, 240 páginas, capa almofadada, projeto gráfico da premiada Raquel Matsushita e prefácio de Laerte Coutinho.
O Catarse tem se mostrado uma poderosa ferramenta para a produção de projetos independentes já que possibilita uma pré-venda além de oferecer outros pacotes de prendas. Confere lá!
A Gerência agradece e sempre vai achar vocês uns fofos. Orlando Pedroso
RIO DE JANEIRO – Há alguns anos, com seu histórico voto de “Cala a boca já morreu”, a ministra Cármen Lúcia, do STF, parecia ter encerrado a discussão sobre as biografias produzidas no Brasil, garantindo-lhes a independência. Pois eis que, de repente, as forças obscurantistas voltam ao ataque. Uma irmã do cantor e compositor cearense Belchior (1946-2017) insurge-se contra o livro do jornalista Jotabê Medeiros, “Apenas um Rapaz Latino-Americano”, biografia do artista lançada há pouco pela editora Todavia.
Como sempre, o livro de Medeiros é “mentiroso”, “cheio de erros” e “ofensivo à honra de Belchior e de sua família”. É normal —as famílias, que julgam saber tudo sobre seus parentes ilustres, sempre se surpreendem com as revelações levantadas pelos biógrafos. Até há pouco, a lei as autorizava a ir aos tribunais e tentar tirar um livro de circulação. Em 1995, conseguiram com que “Estrela Solitária”, minha biografia de Garrincha, passasse um ano proibida, e, em 2006, baniram para sempre “Roberto Carlos em Detalhes”, de Paulo Cesar Araújo.
Só que, do voto de Cármen Lúcia para cá, nenhum autor é obrigado mais a pedir a autorização de ninguém para biografar quem quer que seja e, se o biografado ou sua família não gostar do resultado, que processe o autor e tire-lhe as calças —mas o livro não poderá ser proibido de circular.
Ângela Belchior, a dita irmã, é socióloga, uma mulher instruída. Mas sua declaração, “Nosso objetivo é tirar o livro de circulação, estamos tomando providências”, não faz jus a seus títulos. Cármen Lúcia nela. Não por coincidência, Ângela está escrevendo seu próprio livro sobre o irmão, a sair em 2018.
Ótimo, e boa sorte para esse livro. Mas o de Jotabê Medeiros, que não li e já gostei, não pode ser tocado, a não ser por quem vá às livrarias e compre um exemplar.
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