O Bandido Que Sabia Latim

Desenho de Tiago Recchia

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Teatro do eu sozinho

O Grande Vazio da Alma Humana está na sala vendo televisão. A Fantasia Exótica Magistral volta da feira e encontra os Traços Primitivos fazendo algazarra no banheiro. O Grande Vazio pergunta pelo salsão. Não havia salsão na feira.

A Fantasia Exótica chama todo mundo e faz uma descrição do mundo tal como ele realmente é. Tolstoi, apavorado, foge de casa. O Compêndio de Gramática explica que o artigo é a parte da palavra que serve para exprimir a extensão em que o substantivo será tomado.

Pânico no palco. A omissão do Artigo Definido acaba incriminando a Formulação do Plural, que foge do país. O Grande Vazio da Alma Humana continua vendo televisão.

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Mais do que posso eu suportar

Escutava música com o corpo despachado na rede. Não estava só. Era protegida por seus soldados – seu exército mal assombrado; uma infantaria com mais de dois mil anjos e demônios prontos para qualquer guerra, desde que perdida. Ouvia Amy Winehouse em “Back to black”’. Amava de paixão aquele CD. A primeira faixa, “Rehab”, faz brincadeira com as idas e vindas da inglesinha a essas clínicas que prometem a salvação de viciados. Ria-se com a desgraça descrita numa levada meio funk, meio soul. Pensava, Essa Amy sabe o que é dor; parece até que canta para mim.

Ela também estava numa clínica. Também fora fichada contra sua vontade, também vivia a mesma rotina de desintoxicação, banhos gelados, caminhadas, frutas e legumes. E, pior, a visita dos parentes. Todos, sem exceção, portando aquele ar magnânimo de, Coitadinha, olha só esse estado, tomara que os remédios façam efeito.

Ninguém tinha sacado nada. Por que bebia, por que entrava em depressão assim do nada, por que cortava os pulsos, batia com a cabeça na parede até cair, ainda bem que, desmaiada, mergulhava em sono profundo por dias e dias e podia fugir da realidade.

Jamais seria compreendida. Quer ver? – perguntou a alguém da legião invisível. Acenou para um cara de jaleco e disse, Êi, você aí, por que estou aqui, pode me dizer o que estou fazendo neste asilo? Quando o homem respondeu, Olha, cuidado, lembre-se da solitária, te isolo de novo, ela se encolheu no canto, assustada.

Voltou ao iPod e a Amy. Foi à sua música favorita, “Love is a losing game”. Ofereceu o fone para o homem pôr no ouvido, na esperança de que a entendesse. Está lá, com todas as letras: “Que bagunça nós fizemos/O amor é um jogo perdido/Mais do que eu posso suportar”. É tão simples. Mas o homem nem quis saber. Nunca jogara seus vidros de perfume pela janela, nem depredara o carrinho de sorvete no parque de diversões. Não entendia nada de paixão, dependência. Não fazia a menor idéia do que era pirar de amor, essa insolúvel pendência que firmara com a própria demência, no ápice da carência.

Então misturou-se à multidão que havia nela e, mil pedaços, voltou para os achados e perdidos da sua alma, protegida por seu exército.

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No Bar do Edmundo (Bacacheri)

2016 – O cartunista que vos digita, Maringas Maciel, Giselle Hishida e Ademir Paixão. © Vinícius Comoti 

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Lloyd Knnibb

Lloyd Knnibb (1931|2011|, baterista dos Skatalites, show em Curitiba. ©  Gilson Camargo

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Flagrantes da vida real

© Maringas Maciel

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No tempo em que não fui Michael Jordan

Muitos anos antes de escrever um livro chamado O Homem com Dois Lados Esquerdos, fui por supuesto um rapaz com dois lados esquerdos.

Apaixonado por esportes, imaginei que pudesse praticar algum com relativo sucesso. Se as pernas não repetiam os comandos do cérebro, quem sabe os braços, por estarem mais perto da cabeça, pudessem fazê-lo.

Assim é que fui treinar basquete no ginásio do Sesc, hoje Sesc Centro, entre ruas José Loureiro e Pedro Ivo. Tínhamos uns 15 anos, estudantes do Colégio Estadual, Santa Maria, Bom Jesus. A entrada era franqueada mesmo a quem não tinha ligação familiar com o comércio.

O responsável era Renato Werneck, o Camundongo, professor de Educação Física, ex-jogador, mesmo com a altura imprópria para a atividade. O Camundongo gostou dos meus primeiros treinos, como ala que marcava com alguma eficiência.

Então vieram as férias e fui passar os 30 dias regulamentares em Santa Catarina. A cidade de Joinville recebia os Jogos Abertos do estado, evento que mobilizava toda a população. No Ginásio de Esportes, cada noite era uma emoção diferente, com jogos de vôlei, futebol de salão e basquete.

Foi em uma daquelas decisões memoráveis, entre Joinville e Blumenau ou Florianópolis, que vi um jogador de basquete de Joinville fazer marcação individual sobre um adversário, o craque do time de Blumenau. Eu não tinha sido, até então, apresentado à marcação individual. Aquilo me pareceu o futuro do basquete, algo digno dos Globe Trotters, trupe de ex-jogadores norte-americanos que divertia o mundo fazendo um misto de jogo e circo nos ginásios em que se apresentava. Bem, a gente nem sabia o que era NBA, desculpem aí.

Na volta das férias, apresentei-me ao treinador, trazendo na mente a arma secreta. Começa o treino e comecei a marcar individualmente o ala do time reserva. Camundongo viu e apitou:

– Pode me explicar o que é isso?

– Marcação individual, assim eu anulo o cara.

Com a pouca paciência que tinha, ele quis saber se onde eu tinha tirado aquilo. Didático como nunca fui, expliquei que tinha sido daquela maneira que Joinville tinha vencido os Jogos Abertos.

– Fique sabendo que sou técnico do Sesc, não de Joinville. Você está fazendo marcação individual sobre o pior jogador do outro time, não sobre o melhor. Quem sai perdendo somos nós. Vá descansar um pouco para ver se consegue enxergar o jogo.

Abandonei o basquete no Sesc uns tempos mais tarde, sem nunca ter jogado uma partida oficial, o que só aconteceu na faculdade, em uma partida no ginásio da Sociedade Thalia, contra Educação Física, pelos Jogos dos Calouros.

Perdemos de 65 x 12.

Entrei na metade do primeiro tempo, fiz três faltas seguidas e depois puxei um adversário. Saí desclassificado. O pior é que esqueci no vestiário o par de tênis que me tinha sido emprestado pelo futuro médico Mário Alice. Quando paguei o valor de uns tênis novos ao irredutível dono do par furtado, encerrei minha meteórica passagem pelo basquete.

Minhas estatísticas não mentem: dois pontos, uma marcação individual fajuta, uma desclassificação por falta técnica, um par de tênis perdidos. Resultado: zero à esquerda. Com os dois braços, ambos esquerdos. Zurdos, em castelhano.

Sinistros, em italiano. Faz sentido.

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Sessão da meia noite no Bacacheri – Gaza Mon Amour

Gaza, hoje. Issa, um pescador de 60 anos nutre uma paixão secreta por Siham, uma mulher que trabalha como costureira no mercado. Finalmente determinado a pedir a sua mão em casamento, Issa descobre uma antiga estátua de Apollo nas suas redes de pesca, que decide esconder em casa. Quando o Hamas descobre a existência deste tesouro misterioso, os problemas começam a suceder-se. Conseguirá Issa declararo seu amor por Siham? Um filme de Tarzan e Arab Nasser, 2020. Lançado no Festival de Cinema de Veneza, foi realizado pelos irmãos Tarzan e Arab Nasser, co-produzido pela Ukbar Filmes e parcialmente rodado no Algarve. A história inspira-se num evento real ocorrido em Gaza, em 2014, quando um pescador encontrou uma estátua do deus grego Apolo, no mar. 

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Mural da História – 2010

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© Ricardo Humberto

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Fraga

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Netanyahu afasta ministro após fala sobre bomba nuclear em Gaza

Amihai Eliyahu, do partido nacionalista Otzma Yehudit, disse que lançamento de bomba na região era uma opção para Israel.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, suspendeu o ministro do Patrimônio, Amihai Eliyahu, das reuniões de gabinete depois de ele ter dito que o lançamento de uma bomba nuclear em Gaza seria “uma das possibilidades”.

Em entrevista a uma rádio, Eliyahu, do partido nacionalista Otzma Yehudit, também se opôs à entrada de ajuda humanitária na região.

“Eles podem ir para a Irlanda ou para os desertos, os monstros em Gaza devem encontrar uma solução por si próprios”, disse, acrescentando que todas as pessoas que hasteiam a bandeira da Palestina ou do Hamas não deveriam “continuar a viver na face da Terra”.

Afirmou ainda que a ajuda humanitária deveria ser restrita.

“Não deveríamos entregar aos nazis ajuda humanitária. Não existem civis não envolvidos em Gaza.”

Depois da entrevista, Netanyahu disse nas redes sociais que as declarações do ministro não são “baseadas em realidade“ e acrescentou que Israel e as Forças de Defesa do país “estão operando de acordo com os mais altos padrões da lei internacional para evitar magoar inocentes”.

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O tamanho do déficit

O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) já começou a esboçar qual deve ser a meta de déficit do governo, após reunião do presidente Lula com lideranças da Câmara.

Parlamentares que participaram do encontro saíram convictos de que o plano do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de zerar o déficit em 2024 está morto. Isso ficou claro também pela declaração do presidente Lula um dia antes. Como mostrou o Bastidor, o PT nunca levou a sério a meta.

As discussões agora variam uma meta de déficit de 0,25% e 0,5% do Produto Interno Bruto, o que seria algo em torno de 50 bilhões de reais de rombo.

A partir das variáveis impostas pelo governo (não reduzir despesas, cumprir o gasto da lei orçamentária de 2024, não contingenciar e buscar novas fontes de arrecadação), Pedro Paulo estipula cenários que vão de um déficit de 0,52% a 1,01%do PIB. No pior dos cenários, o rombo seria de 114 bilhões de reais; no melhor, de 58,2 bilhões.

O deputado é o relator do projeto que estabelece a tributação de offshores e fundos fechados, que o governo quer votar ainda este ano.

O apelo pela mudança da meta não foi feito somente por petistas, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa, ou a bancada petista no Congresso. A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), já chegou esboçar uma porcentagem.

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