VEM AÍ o voto impresso: a cabina eleitoral funcionará como caixa eletrônico. A gente faz a operação, a máquina emite o comprovante. Da máquina do banco sai o nosso dinheiro. Da máquina da urna, o dinheiro do candidato em quem votamos: a gente combina antes, acerta o valor, vota nele e leva o recibo para pegar a grana. Já era tempo de o eleitor levar algum.
Hoje é o candidato quem pega o dinheiro no caixa dois; eleito, recebe os tubos como lucro da aplicação. E nada para o eleitor. Funcionava bem na República Velha, com o voto de cabresto, em que o eleitor era tangido até a seção eleitoral com a cédula na mão. Antes recebia um pé do sapato novo ou meia dentadura; candidato eleito, recebia o outro pé e o resto da perereca.
Um avanço, o voto impresso. O eleitor pega o dinheiro antes de sair o resultado da eleição. Ninguém segura este país, ensinava a ditadura Médici. Coisa boa para o fabricante da máquina e o produtor do papel-recibo, que vão se entupir de grana e recuperar o gasto no Congresso para aprovar a traquitana e o caixa dois da politicalha. O voto impresso é primo da tomada de três furos, legado de dona Dilma.
EIKE BATISTA vende sua Lamborghini para juntar o dinheiro da fiança. O carro deve valer uns R$ 2,5 mi. Se Lula tiver que vender sua jabiraca, a Ford F-l000 1976, também para a fiança, acaba recebendo mais que o valor do carro de Eike. É que a ‘Poderosa’ – termo carinhoso da família – tem valor sagrado para os petistas, algo como a túnica inconsútil de Cristo.
O GOVERNO FEDERAL suspende, por falta de recursos, a fiscalização do trabalho escravo e do trabalho infantil. Mas não faltam recursos para pagar deputados que impedem a fiscalização de Michel Temer. Governar é eleger prioridades, ensina a ciência política.
JOESLEY BATISTA, o cara da Friboi que entregou Michel Temer, Aécio Neves e Rodrigo Rocha Loures, declara que a “delação foi um renascimento” para ele, que assim mostra ser alguém de “carne e osso”. Isso de renascimento é papo furado; vai renascer vegetariano? Quanto à carne, ele caiu do mignon para o acém. Já o osso, só saberemos se a polícia vasculhar embaixo do angu.
SÃO PAULO – Uma das principais definições que o mundo político aguarda é se Luiz Inácio Lula da Silva poderá disputar a Presidência da República em 2018. Hoje ele aparece como favorito nas pesquisas de intenção de voto, mas, pela Lei da Ficha Limpa, perderá o direito de candidatar-se se o Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmar a condenação que já lhe foi imposta pelo juiz Sergio Moro.
Só que a Ficha Limpa não é a única ameaça à candidatura Lula. Como me fez ver o leitor Milton Córdova Júnior, advogado que milita em Brasília, a ADPF 402, aquele julgamento no Supremo em que se tentou tirar Renan Calheiros do comando do Senado no ano passado, também poderá impedir Lula de concorrer.
Esse foi um juízo particularmente confuso cujo acórdão ainda não saiu publicado. A única coisa que ficou clara por enquanto é que a maioria dos juízes entendeu que, por força do artigo 86, § 1º, I da Constituição, réus não podem assumir a Presidência da República. Os magistrados até permitiram que Calheiros continuasse comandando a Casa, desde que fosse excluído da linha sucessória.
Ora, se um réu em processo criminal não pode assumir a Presidência nem mesmo interinamente, dá para argumentar que tampouco poderia fazê-lo na condição de titular. Córdova e outros advogados que já escreveram sobre o assunto entendem que Lula, que é réu em cinco processos, não poderia tornar-se presidente, embora possa disputar e assumir qualquer outro cargo eletivo. Não é uma tese pacífica, mas também não dá para descartá-la de chofre. É muito provável que venha a ser discutida no TSE e no próprio Supremo.
De minha parte, preferiria ver Lula concorrendo e sendo derrotado nas urnas. O país que reelege o partido cujas políticas econômicas provocaram a pior recessão da história sem que a legenda tenha ao menos feito uma autocrítica provavelmente merece os dissabores que experimenta.
RIO DE JANEIRO – Não frequento missas, exceto as de sétimo dia, mas ouvi dizer que alguns padres, perigosamente afinados com o profano, estavam servindo hóstias sem glúten a seus fiéis. Enxerguei nisso o ápice da corrente campanha de desmoralização do glúten, uma inocente proteína presente na preparação de certos cereais e promovida a “bête noire” dos alimentos –daí tantos produtos ostentarem hoje na embalagem a frase “Não contém glúten”, como se isso garantisse a saúde e a vida eterna. Alimentarmente incorreto e banido até do altar, o que seria do glúten?
Por sorte, a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos –uma espécie de Comissão de Constituição e Justiça do Vaticano relativa à liturgia– chamou às falas esses padres mais afoitos. Para ela, o glúten está no trigo de que se fazem as hóstias desde os pródromos da Igreja e, por isso, é tão sagrado quanto a própria hóstia –que, afinal, representa o corpo de Cristo. E, que se saiba, Cristo não era intolerante ao glúten.
Que tempos. Eu me pergunto o que H. G. Wells e Aldous Huxley achariam se vivessem hoje e soubessem que a inteligência artificial está evoluindo tão depressa que, em breve, o ser humano não conseguirá programar os robôs na velocidade que eles exigirão. E que isso provocará uma depressão em massa –não nos humanos, mas nos robôs, que precisarão de terapia.
E o que estarão pensando aqueles para quem maconha era sinônimo de rebeldia, diante da atual oferta de produtos industriais derivados da cannabis? Espaguete, molho pesto, mostarda, brownie, barra de granola, chá para cólicas menstruais, sabonete, xampu, protetor solar, hidratante, creme antirrugas, remédio para calos, óculos, cachimbo, biquíni, tênis, chinelo de dedo –e tudo pelas grandes grifes.
A ideia de jerico do momento, mudar para o parlamentarismo. Seis por meia dúzia. Sai o presidente Ali Babá e o governo será tocado pelos quarenta ladrões.
Basta surgir a grande crise que vem a grande solução. A grande crise Michel Temer seria resolvida pelo parlamentarismo: fica o presidente como a rainha da Inglaterra e o governo é tocado pelo primeiro-ministro, chefe do gabinete sustentado pela maioria parlamentar. Mudou o sistema, muda tudo?
Gabinete parlamentar com os parlamentares que temos! Pode ser como queriam os militares, que impuseram dois partidos. Para imitar a Europa, não seriam o conservador e o liberal, mas o ladrão e o barraqueiro, cuja diferença será só o barulho, porque ambos roubam. Mudam os nomes, permanecem os (mesmos) homens.
Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, que deixou o ministério Dilma e a prefeitura com as mãos limpas, insiste em referendo, que o povo seja ouvido. Ele acredita no povo, bendito seja. Dê-se o desconto, Haddad é o único petista com credibilidade para disputar a presidência. Também sabe que o povo acredita em messias.
Nos acostumbraste
Aumento de impostos, Michel Temer diz que “a população se acostuma”. Tem alguma razão, afinal a população se acostumou com ele. Interessante isso de “população”: é a quantidade de carneirinhos a caminho da tosquia.
Mogadon
Henrique Meirelles caiu no sono durante discurso de Michel Temer, em Buenos Aires. Tem explicação; trabalha demais. Mas se não tivesse, estaria absolvido: não há quem aguente ouvir o presidente sem dormir.
Moro & Newton
O juiz Sérgio Moro pode ser, digamos, elástico na aplicação da lei criminal. Mas tem uma lei que com ele é rígida, a terceira lei de Newton. Vem aí, em agosto, o ‘tribunal’ das esquerdas, que irá julgá-lo pelas ‘maldades’ contra Lula. No dia seguinte – até no mesmo – haverá outro ‘tribunal’ para julgar Lula. Toda ação provoca reação igual, contrária e da mesma intensidade.
O rato roeu a cueca
O secretário Ratinho Júnior anuncia com pompa e circunstância que pavimentou mais de 5 mil km de calçadas no Paraná, distância entre Curitiba e Maceió. Não precisava: Curitiba já está perto de Maceió. Não pela calçada dos ratinhos, mas pelas ratoeiras dos ratões.
Na divulgação do feito o secretário recebe o espírito de Rafael Greca – sem sotaque, língua presa e ademanes – e se regozija com o conforto que as calçadas trarão “às mamães e seus carrinhos de bebê”. Como diria Ratinho Pai, isso é bolodório dos “cuecas de seda”.
Com amor se paga
O olhar aquoso, pastoso e embevecido da loira atrás do líder não é simples adoração, idolatria, interesse, gratidão. É amor. Amor à flor da unha.
Efeito colateral
O australiano transplantou o dedão de seu pé para substituir o polegar perdido em acidente. Se não tiver rejeição vai funcionar. Mas que pode causar um tremendo chulé na mão.
Alguns meses atrás, O Antagonista publicou que Lingbergh Farias, pego pela Lava Jato e sem a menor chance de se reeleger para o Senado, pretendia se candidatar a deputado federal, porque precisava manter o foro privilegiado.
A Veja, agora, diz que ele recuou ainda mais e cogita disputar uma vaga de deputado estadual.
Ofensivo, preconceituoso, de péssimo gosto, desnecessário: o gesto com as mãos abertas suprimindo metade do dedo mínimo para comemorar os nove anos de condenação de Lula. Diz mais sobre quem faz do que para quem é feita.
Farofa na mesa
Gleisi Hoffmann bem que quase convenceu na pose de executiva de Itaipu e ministra de Dilma. Bastou voltar ao Senado para cumprir a metade do mandato e surgiu a Gleisi real, até então encoberta na maquiagem e disfarçada pelas intervenções estéticas: a do ‘bora ocupar’ aos professores e às senadoras, quando vestiu o figurino ‘senadora farofeira’ ao transformar a mesa do Senado na toalha de praia, servindo gasosa e frango assado para as companheiras de excursão.
Estalinismo jeca
Lula reage à sentença de Sérgio Moro: “Só o povo pode acabar comigo”. Nem Cristo fez isso, preferiu dizer que dá-se a César o que é de César. A atitude petolulista é totalitária, de sobrepor o líder às instituições, mesmo que estas errem. Na democracia as instituições podem errar sem risco para o cidadão porque outras instituições restauram o equilíbrio, uma desfazendo o ato da outra. Basicamente é o sistema de freios e contrapesos, visto na amplitude da aplicação.
Lula et peterva não conhecem o sistema, melhor, desdenham o sistema, pois têm o monopólio da verdade e a exclusividade da boa intenção. Lula está solto, a sentença sequer foi publicada, o prazo para recurso não começou a correr e ninguém garante que a sentença será mantida pelo tribunal da apelação. Nada disso interessa ao pensamento totalitário, o líder sempre tem razão, nunca erra. Aliás, esse era o lema do nazismo, o Fuererprinzip.
Stálin inventava a verdade hoje para contrariar a sua verdade de ontem – que nem por isso se convertia em mentira. No Brasil todos podem ser julgados e condenados. Menos um, Lula, que tem inocência prévia e indulgência plenária. Ora, ele é um homem que se candidata a presidente ou é um deus temporariamente fora do altar? Petista cansa, mais ainda no Paraná, que carrega o ridículo de eleger o pastiche de Maria Madalena, que não para de enxugar a testa do Cristo do ABC.
Serginho do Posto
Ele foi bem como suplente de Gleisi, melhor que ela; vantagem nenhuma, dada a comparação; acima da encomenda, posto que entrou na chapa na cota pessoal de afilhado de Orlando Pessuti. Elegeu-se deputado, bom deputado, embora muito gastador de diárias e despesas de alimentação (deve ter uma lombriga gulosa, pois é magro que nem faquir). Adivinharam? Sérgio Souza, deputado federal, PMDB/PR.
Ah, que decepção. Primeiro teve o lance de sua intimidade com o chefe da Vigilância Sanitária do Paraná, o contubérnio usual de nossa política. Agora Sérgio Souza vem com a jogada mais manjada e perniciosa que os legisladores – presidentes da república na caçamba – nos impingem: a obrigatoriedade de comprar alguma coisa. Aquilo de inventar a necessidade para ganhar com a solução.
Sérgio Souza resgata o extintor de incêndio como equipamento obrigatório dos veículos. O extintor é bom para a empresa que o fabrica e melhor para o dono do posto de gasolina, cujo frentista nos enche o saco ao abastecer o carro: “o extintor está em dia?”. E contribuição excelente para as campanhas eleitorais. Na Alemanha, que produz carros seguros, os extintores estão abolidos há anos; Inglaterra, idem. Os carrões europeus que chegam ao Brasil precisam ser adaptados para receber o nosso extintor, obrigatório.
Não bastou o acinte da tomada de três furos, a grande, inútil e dispendiosa contribuição de Dilma. Quem não gastasse o dinheiro para trocar a tomada tinha que gastar o dinheiro no adaptador da tomada. ‘Jenial’, coisa de mulher sapiens.
Lembram a palhaçada do vereador curitibano, que encarece a conta dos restaurantes com o insumo da embalagem de papel e plástico para os talheres? Sérgio Souza, que faz carreira de baixo para cima, ainda se elege vereador em Curitiba. Plataforma, extintor; na propaganda, ‘Serginho do Posto’. Nada original. Como a lei do extintor.
Fof foc a quatro
O uol esbalda-se há três dias com a informação da filha de Fábio Júnior que experimentou sexo a três e sexo com algemas. A moça não detalha se usou algemas no sexo a três. Se usou, foi laboratório de estupro, aquilo de teatro, ensaio para cena realista.
Sexo a três, vantagem nenhuma. Quem leu a biografia de Bruna Surfistinha sabe do sexo a quatro, até a cinco – que tem nome na terminologia anglossexual, gangbang – foc foc de quadrilha, em tradução literal, ou suruba, na definição de nosso senador Romero Jucá.
Hoje todo mundo fala de sexo com naturalidade. No entanto, ninguém supera Gore Vidal, escritor norte-americano, quando disse que tinha experimentado tudo no sexo, menos crianças e animais, que absolutamente rejeitava. Porém abria a porta da esperança: “Me contaram que o reino vegetal oferece inúmeras possibilidades”.
Ainda teremos a trêfega e liberada atrizinha a revelar experiências a com a cenoura e a alcachofra, eventualmente uma dúzia de bananas para dar colorido e sabor. Como? Esperem, não demora. Não posso ajudar porque esqueci até como se faz sexo a um.
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional
Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos.O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.