Inverdades absolutas

Deve-se aos gregos a elaboração científica da gramática. “Dentro de uma perspectiva filosófica”, ensina a Wikipedia. Verdade. Aristóteles ensinou lógica adotando os conceitos de sujeito, predicado, objeto, por exemplo. Portanto, coisa tão óbvia quanto ignorada, o ato de escrever não passa de materialização do pensar. Tente explicar para essa gente nada bronzeada do Direito, amantes dos advérbios redundantes e escorregadios.

Penso no mais famoso de nossos juristas, o grande advogado que – diria ele – ‘toma assento na curul presidencial’. Michel Temer, o pensador que substituiu outra pensadora, tenta usar a gramática mineira, não a dos lógicos. A gramática mineira usa as palavras para esconder o pensamento; funcionou em outro Brasil, neste, não pega mais. No Brasil da Lava Jato, as palavras dos políticos são debulhadas como espigas de milho.

Sobre a última acusação de corrupção, uma das duas que o Supremo mandou na semana para a Câmara dos Deputados, Michel Temer responde à imprensa que “são inverdades absolutas”. Se dissesse ‘inverdade’, estaria de bom tamanho, pois verdade e inverdade são absolutas por si mesmas. Uma tautologia, segundo a lógica. Redundância, vinda de advogado de boa-fé, no esforço de defender o cliente.

Mas vindo de Michel Temer, a gente conclui: então tem alguma, ou toda, verdade nas acusações. Primeiro pelo conjunto da obra de Michel Temer (a política, pois ele tem na biografia as obras jurídicas, também versadas em português cauteloso, já auto defensivo). Segundo porque, ainda pela lógica, seria impossível inventar-se tanta mentira contra um político. Afinal, não é o que fazem com o probíssimo presidente Lula? Seria impossível, mas em absoluto (olha a influência de Temer) improvável. Improvável? Sim, na lógica da probabilidade e na jurídica da prova.

Rogério Distéfano

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Assoprando velinha

Sandra Solda e Benjamin, aniversário de Caroline Prado. © Caetano Solda

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Braço direito de Janot pode ser investigado, diz procurador

O procurador Sydney Madruga

Em conversa presenciada pela Folha, um integrante da equipe da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que a “tendência” do órgão é investigar Eduardo Pelella, ex-chefe de gabinete de Rodrigo Janot. Dodge tomou posse na segunda (18) em substituição a Janot. Ambos são adversários dentro da Procuradoria.

A Folha flagrou um diálogo entre o procurador Sidney Pessoa Madruga e uma mulher não identificada por mais de uma hora nesta quinta-feira (21) no restaurante Taypá, no Lago Sul, em Brasília. A reportagem estava na mesa ao lado da de Madruga.

Ele foi escolhido por Dodge para ser coordenador do Genafe (Grupo Executivo Nacional da Função Eleitoral).

No almoço desta quinta, Madruga se referia à atuação de Pelella, braço direito de Janot na Procuradoria, na negociação da delação da JBS.

Procurador da República, Pelella é mencionado em diálogos de delatores da JBS como um interlocutor da PGR. Ele teve reunião com um deles, o advogado Francisco Assis e Silva, dias antes do encontro, em 7 de março, entre Joesley Batista e o presidente Michel Temer no Jaburu. Janot e seu ex-assessor negam qualquer irregularidade.

“Não é para punir, é pra esclarecer”, disse Madruga. O procurador afirmou que é preciso entender “qual é o papel do Pelella nessa história toda, porque está todo mundo perguntando”.

A conversa entre Madruga e sua interlocutora começou por volta das 13h30 e se estendeu até 15h. Foram servidos uma entrada, prato principal, água e uma garrafa de vinho tinto.

A Folha ouviu Madruga afirmar que a nova gestão da PGR precisa construir outra relação com a força-tarefa dos procuradores da Lava Jato em Curitiba, com mais interlocução e controle do que a anterior. Ele chegou a criticar Janot por, em sua avaliação, deixar a força-tarefa muito solta.

Na conversa, Madruga questionou o papel de Pelella, que na função de chefe de gabinete, teria trabalhado intensamente nas investigações e acordos da Lava Jato. A frase foi dita no momento em que os dois presentes à mesa abordavam a atuação do ex-procurador Marcello Miller no caso da JBS.

Exonerado em abril, o ex-procurador é investigado por ter atuado para a empresa antes de se desligar do Ministério Público. A suspeita levou ao cancelamento do acordo de Joesley Batista e de Ricardo Saud, também delator do grupo, e à prisão de ambos.

Em relação a Miller, Madruga disse que a Procuradoria terá que investigar se “os 50” teriam chegado a ele, referindo-se a valores que o ex-procurador teria recebido.

Depois de meia hora de conversa, Madruga falou sobre a campanha de Janot contra a nomeação de Dodge. Afirmou que o ex-procurador “pegou pesado” na imprensa e que teria enviado um interlocutor duas vezes para falar com Temer sobre outro nome que estaria fora da lista tríplice de indicados pela categoria ao cargo.

Disse ainda que chegaram à equipe informações de que Janot iria ingressar em um escritório de advocacia.

Madruga abordou a situação do ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso em Brasília. “Em Salvador dizem que ele não se elegeu [ao governo do Estado] em 2010 porque bati muito nele lá”, afirmou, referindo-se ao período em que atuou como procurador eleitoral da Bahia (2009 a 2013). Segundo ele, o político “tem pavor de ser preso”.

OUTRO LADO

A Secretaria de Comunicação da Procuradoria-Geral da República disse que as afirmações do procurador Sidney Pessoa Madruga descritas na reportagem fazem parte de uma “conversa privada, de um procurador que atua em matéria eleitoral, no Rio, não tendo, portanto, nenhuma atuação criminal, na Operação Lava Jato”.

Afirmou também que “os questionamentos apresentados pela reportagem não refletem o teor do diálogo”. O jornal informou o procurador das frases ouvidas pela reportagem e fez algumas perguntas, como quem era sua interlocutora à mesa e a que se referia quando atribuiu “50” ao ex-procurador Marcello Miller.

Coordenador do Genafe (Grupo Executivo Nacional da Função Eleitoral), Madruga teve sua nomeação publicada no site da Procuradoria-Geral da República na terça-feira (19), um dia depois da posse de Raquel Dodge. Segundo informações da PGR, Madruga atuava até o momento como procurador regional eleitoral no Rio, tendo sido reeleito até 2019.

Folha de São Paulo

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Ídolo caído

© Roberto José da Silva

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República dos Bananas

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Permitam-me envergar um latinório. Duas razões. Uma, o texto escorreito de Célio Heitor Guimarães (escorreito quem ainda usa é o delegado Reinaldo de Almeida César para elogiar o povo do ZB). Outra, a sentença do juiz Marcelo Bretas, que condenou o ex-governador Sérgio Cabral a 45 anos de cadeia por roubalheira explícita, acintosa, obscena e agravada.

Latinório? Duas palavras, obiter dictum, no singular. Significa aquilo que se diz na condução de um raciocínio, que o reforça retoricamente sem ser elemento decisivo na conclusão. Os juízes usam-no a todo tempo, até falando o que não devem. Vide Gilmar Mendes. O que vem ao caso está na sentença do juiz Bretas, que nos obiter dicta, plural, afirmou, como segue.

Que a mulher de Sérgio Cabral, a advogada Adriana Ancelmo, era “mentora” da roubalheira do marido. Mais, que a ex-primeira dama extraiu “prazeres” do peculato. Precisamos entender o magistrado: ele é evangélico, leitor regular da Bíblia, que cita nos seus dicta. Mais um pouco e o juiz chamaria Adriana de Jezabel, a cortesã fenícia que corrompeu o rei Acabe, de Israel.

Ainda que não pareça, há tempo o juiz Bretas se põe como contraponto a Sérgio Moro, homólogo na toga e na cinematografia Lava Jato. Moro, um tipo Balas Zequinha; Bretas, o discreto herói que some depois de salvar a mocinha. Como tenho apenas alguns parágrafos para encerrar deixo estas obiter dicta.

O juiz Bretas manda um recato às mulheres que se servem dos maridos para aparecer: são mentoras de suas ações e extraem prazer na vida pública dos cônjuges. No tom evangélico, carregado no toque moralizante. Recado só para a doutora Adriana? Não, também para outra doutora, Rosângela Moro, a mulher do colega da Lava Jato primeira e referencial.

Não diria que Rosângela seja mentora do marido, exceto na roupa de mau gosto, visível contravenção estética. Mas frui prazer na morofilia, a começar pelo Facebook ‘Eu Moro com ele’, o trocadilho outra contravenção; o ‘eu’, indisfarçado narcisismo. Pior: a entrevista-capa da revista Cláudia! Como é que um juiz não tasca um interdito proibitório em casa?

Bretas tem suas razões extra evangélicas e extra judiciárias. Não consegui reproduzir a foto dos casais Bretas e Moro no lançamento do filme da Lava Jato. As fotos valem por mil palavras: a mulher de Moro em primeiro plano, sempre à frente do marido, roubava as cenas e os flashes do marido, do juiz Bretas e da mulher deste, Simone Bretas.

Simone é juíza federal. Uma bela mulher, alta, curvas exuberantes de carioca, elegância discreta, bem cuidados cabelos loiros de farmácia. Lembra Flávia Alessandra, a atriz que faz a delegada no filme. Preciso dizer mais? Uma coisa: na escada rolante do cinema, Simone dirige a Rosângela aquele olhar de despeito só encontrável nas mulheres rivais.

A doutora Rosângela Moro não precisa ser bela, nem do lar. Mas um certo recato ajudaria. Entre a mulher de César e a de Temer, Marcela é a referência no recato republicano. O juiz Marcelo Bretas, lá nos esconsos escaninhos do inconsciente evangélico, foi iluminado pelo profeta Elias. Quanto a mim, lembro as palavras do Senhor: “a letra salva e o espírito vivifica”. Amem. 

Rogério Distéfano

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Lá…

Patricia Basquiat. © Myskiciewicz

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As mentiras do populismo

Mentir para ludibriar a boa-fé é o que Lula e o PT fazem tentando antecipar a campanha.

Palanque é uma tribuna da qual o político fala diretamente ao povo em torno dele reunido. Nessas circunstâncias, é natural que seja usada uma linguagem coloquial, popular, acessível a todos. É uma questão de adaptar a mensagem, em sua forma, ao público-alvo. O conteúdo dessa mensagem, no entanto, independentemente da forma por meio da qual é transmitido, precisa ser verdadeiro. Mentir no palanque, na tentativa de conquistar apoio, é ludibriar a boa-fé do ouvinte. Pois é mentir para o povo o que Lula e o PT vêm fazendo desavergonhadamente na tentativa de antecipar a campanha presidencial.

“Desemprego bate recorde no Brasil. Falta de repasses fecha universidades. Temer corta milhares do Bolsa Família. Reformas dificultam aposentadorias e retiram direitos. Agora querem até retirar o seu direito de escolher um presidente.” Essas deslavadas mentiras, proclamadas em tom dramático por um locutor, estão no filmete de 30 segundos inserido pelo PT no horário político na TV. Ao final, surge a presidente nacional do partido nomeada por Lula, senadora Gleisi Hoffmann (PR): “O PT já demonstrou que é possível crescer com democracia, combatendo as desigualdades e gerando empregos. Vamos juntos defender o Brasil”.

O exemplo mais contundente da capacidade de proclamar mentiras, numa hábil e emotiva linguagem popular talhada para levar convertidos e desinformados ao delírio, foi dado no recente périplo eleitoral de Lula pelo Nordeste.

Lula no Recife, ao lado de Dilma Rousseff: “Eles querem acabar com o Bolsa Família. Querem acabar com o Minha Casa, Minha Vida. Querem vender a Petrobrás. Querem acabar com o BNDES. Querem vender o Banco do Brasil. Estão vendendo até a Casa da Moeda. (…) Se eles não sabem governar, por favor, deixem quem foi eleita pelo povo voltar e terminar o seu mandato”.

Lula em Altos, Piauí, contando que num comício seu havia um cidadão trabalhando com “uma maquininha de descascar laranja”: “Mandei comprar meia dúzia de laranjas e comecei a chupar laranja e jogava fora o bagaço. Foi quando vi que tinha umas crianças pegando os bagaços e comendo. Essa foi uma imagem que eu…”. Com a voz embargada, Lula começa a chorar e não termina a frase.

Lula recebendo o título de Doutor Honoris Causa na Universidade Federal do Piauí, em Teresina: “Tem uma coisa de que eu me orgulho, é o orgulho que o nordestino passou a ter de si mesmo depois que eu fui eleito presidente da República. (…) Nunca antes nesse país um presidente da República se reuniu com reitores. Eu, durante oito anos, todos os anos me reuni com todos os reitores das universidades juntos”.

No encerramento da excursão nordestina, na capital maranhense, São Luís, Lula já havia declarado, em evento anterior, que “um presidente precisa ter claro para quem governa”, surpreendendo quem imaginava que um presidente da República deve governar para todos. No comício final, caprichou na repetição de uma peça de retórica populista que invariavelmente deixa o público em êxtase. Após descrever detalhadamente a “apoteose” que viveu em cada uma das cidades visitadas, Lula fez uma pausa dramática e concluiu: “Estou cansado, mas estou feliz da vida. (…) Esse não é o cansaço da covardia. É o cansaço da batalha, da labuta. E estou aqui, cansado, para dizer para eles que se quiserem me derrotar que venham para a rua disputar voto”.

Fora do mundo da fantasia, tudo sugere que após a delação de Antonio Palocci e de seu próprio depoimento, pela segunda vez, perante o juiz Sergio Moro, quando se mostrou irritadiço e às vezes inseguro, num desempenho inconvincente, Lula talvez esteja começando a se convencer de que o melhor papel que poderá interpretar daqui para a frente será o de mártir. Poderá contar sempre, é claro, com a devoção daqueles em quem desperta a fé cega. Mas, se o caos político que ele legou ao País deixou muitos brasileiros perplexos quanto ao futuro, pelo menos ajudou-os a saber exatamente o que não querem mais.

Editorial|Estadão

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Patriarca dos Batistas abatia gado em campo aberto nos anos 1950

José Batista Sobrinho, fundador da JBS, que volta ao comando após prisão do filho Wesley

José Batista Sobrinho, 84, começou a comprar e vender gado nos anos 1950, em Anápolis (GO), onde ganhou o apelido de Zé Mineiro. Ele iniciou as operações de abate de bois no município, em 1953: um animal por dia. Pouco tempo depois, Zé Mineiro passou a ser o fornecedor de carne para toda Anápolis, que à época consumia de 25 a 30 bois diariamente. Os abates passaram a ocorrer no abatedouro municipal.

Em 1957, o movimento de construção de Brasília atraiu o jovem empresário que, sem condições de montar um abatedouro, matava os animais em campo aberto mesmo.

Zé Mineiro aproveitou o incentivo de Juscelino Kubitschek, que dava quatro anos de isenção fiscal a fornecedores, para ampliar sua atividade na nova capital.

Passou a fornecer às empresas que atuavam na construção da cidade, mantendo o fornecimento até 1966.

A partir daí, as coisas mudaram, inclusive com a chegada de carne de fora da região de Brasília e a exigência de frigorífico com SIF (Serviço de Inspeção Federal). Zé Mineiro comprou o seu primeiro frigorífico com SIF em 1969, em Formosa (GO).

“Daí para a frente, a coisa foi acontecendo e a meninada cresceu e foi tomando conta, disse o empresário em entrevista à Folha em 2012.

José Batista Júnior, filho mais velho, assumiu o frigorífico de Formosa, enquanto Wesley Batista, então com 15 anos, assumia outro em Luziânia (GO), que abatia 260 cabeças por dia.

O passo seguinte foi um frigorífico em Anápolis: 1.200 bois por dia. Depois vieram Barra do Garças (MT), Goiânia (GO) e muitos outros.

No início dos anos 2000, a empresa abatia cerca de 6.000 animais diariamente, capacidade ampliada poucos anos depois com a ajuda do BNDES, de onde saiu o suporte financeiro para a compra de vários frigoríficos.

Em 2005, a empresa passou a se chamar JBS (iniciais do nome de Zé Mineiro) e iniciou a internacionalização, com a compra da Swift Argentina. Em 2006, com 21 unidades no Brasil e 6 no exterior, a JBS tinha capacidade para abater 22 mil animais por dia.

Em 2007, abriu capital e continuou as aquisições internas e externas. Comprou a Swift & Company nos Estados EUA e na Austrália e entrou no segmento de carne suína.

Em 2009, a empresa surpreendeu o país com dois negócios: a incorporação do Bertin Ltda., o segundo maior frigorífico do país, e a entrada no segmento de lácteos. Ao mesmo tempo, comprou a americana Pilgrim’s Pride, que permitiu sua entrada no segmento de frangos no mercado dos EUA.

Nos últimos anos, Zé Mineiro estava distante do processamento de carnes, voltado mais para a pecuária -um serviço mais calmo, apesar de ainda cumprir expediente na empresa diariamente. Folha de São Paulo

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Mural da História

19 de setembro, 2009

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O outro general

Teatro, puro teatro, a entrevista do general Eduardo Villas Boas, comandante do Exército, na ‘Conversa com Bial’, da rede Globo. Claro que não veio do nada, foi resposta às declarações de Antônio Hamilton Mourão, outro general, que falou da possibilidade do golpe militar. O mais importante: o general Mourão não será punido, “a questão foi resolvida internamente” na corporação.

Se o general Mourão não é punido, questão não foi resolvida internamente no Exército. Havia razão objetiva, a quebra da disciplina, vital a qualquer força armada. O general fez pronunciamento político (1) na ativa e (2) sem o conhecimento de superiores. Vamos ler os sinais (1) o governo não tem autoridade moral para punir; (2) o general Mourão tem apoio na tropa.

Imaginem o general Mourão punido por dizer que há corrupção, seja no governo a que serve, seja nos anteriores a quem serviu. E que os políticos que ferem de morte os dois valores fundamentais dos militares – a moral pública e a nação – continuam impunes, soltos e até discursando na ONU. Ao não ser punido, general Mourão mostra mais força na tropa que seu chefe, general Villas Boas.

Ir à ‘Conversa com Bial’ pode ser jornalismo, dada a atualidade do assunto. Mas a rede Globo sempre foi palco de interesses mais dela e de quem representa do que dos brasileiros. Neste caso a estabilidade econômica, queridinha do empresariado, vocalizada nas reformas do governo Temer. Apenas leiamos os sinais: comandante do Exército em uniforme de campanha dá outra mensagem.

O general Mourão faz lembrar Nelson Jobim, quando ministro da Defesa, na pantomima de seu uniforme de campanha, exercendo atividade civil; se o general exerce função militar, naquele momento que viesse no traje de serviço interno da força. Não veio à televisão para comandar operação, real ou de treinamento. O traje de campanha fez o efeito contrário.

O general comandante em uniforme de campanha no horário nobre de programa de auditório revela uma disputa na tropa. O que Villas Boas refuta tem força ainda não testada, a moralidade primal da classe média brasileira. A que o general Mourão comanda se sustenta não na força de Michel Temer, o comandante-em-chefe, que é a do exército de Ali Baba, que ele frouxamente comanda.

O que mantém o Exército ainda silencioso é o valor essencial de qualquer corporação armada: a disciplina, que assegura a coesão e a cadeia de comando. Diga o general Mourão o que disser, a questão está longe de ser resolvida internamente quando substituiu a punição, regra da lei, pelo teatro midiático, regra do espetáculo. Na rede das novelas requentadas, essa já passou na rede Brasil.

Rogério Distéfano

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Benett

Revista Piauí

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Lula vira réu por ‘venda’ de MP a montadoras de veículos

O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, aceitou nesta terça-feira denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e colocou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela sétima vez no banco dos réus. O petista vai responder pelo crime de corrupção passiva por, supostamente, ter participado da “venda” da Medida Provisória (MP) 471, de 2009, que prorrogou os incentivos fiscais para montadoras instalavas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O caso é investigado na Operação Zelotes.

A denúncia recebida por Vallisney é assinada pelos procuradores Frederico Paiva e Hebert Mesquita e, além de Lula, acusa o ex-ministro Gilberto Carvalho, os lobistas Mauro Marcondes e Alexandre Paes dos Santos, o APS, o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva e os executivos Carlos Alberto de Oliveira Andrade e Paulo Arantes Ferraz em suposta corrupção na aprovação da medida provisória, editada no segundo mandato do ex-presidente e transformada em lei em 2010

Segundo o MPF, a empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos, de Mauro Marcondes, representava os interesses da CAOA (Hyundai) e da MMC Automotores (Mitsubishi do Brasil) e teria oferecido 6 milhões de reais a Lula e Carvalho. O dinheiro seria destinado ao financiamento de campanhas do PT. Como prova dos repasses indevidos, o MPF elencou uma série de troca de mensagens e anotações apreendidas com os alvos da Operação Zelotes.

Na decisão em que abriu a ação penal contra os acusados, o magistrado argumenta que “há plausibilidade” nas alegações dos procuradores do MPF e explica que a denúncia atende aos requisitos do Código do Processo Penal, descrevendo “de modo claro e objetivo” os fatos imputados aos denunciados. Ele ressaltou que não há, neste momento, “qualquer elemento probatório cabal” que enfraqueça a acusação dos investigadores. O juiz federal fixou prazo de dez dias para as defesas apresentarem questões preliminares e alegarem o que for de seu interesse, além de arrolarem testemunhas.

Lula é réu em outro processo da Operação Zelotes pelo crime de tráfico de influência por, supostamente, ter oferecido seu prestígio a empresas, com a promessa de viabilizar a compra de caças suecos pelo governo de Dilma Rousseff e a edição de outra MP, a 627, de 2013, que também beneficiou montadoras de veículos. O “serviço” teria sido pago com um repasse de 2,5 milhões de reais do escritório Marcondes e Mautoni a uma empresa de Luís Cláudio Lula da Silva, filho caçula do ex-presidente.

Lula é réu e ainda não foi julgado em outros quatro processos: três da Operação Lava Jato e um decorrente da Operação Janus. Em um sétimo processo, no caso do triplex do Guarujá, o petista já foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato em Curitiba. Há ainda duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR)que têm o petista entre os acusados, ainda sem decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a abertura de processos.

Defesa

Por meio de nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o petista, afirma que “a inocência do ex-presidente Lula deverá ser reconhecida também neste processo porque ele não praticou qualquer ilícito. A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal não tem materialidade e deve ser compreendida no contexto de lawfare que vem sendo praticado contra Lula, usando de processos e procedimentos jurídicos para fins de perseguição política”.

Revista Veja

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Nicolielo

Jornal de Bauru

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Caetano Veloso janta Deltan Dallagnol

Caetano Veloso publicou em O Globo o relato de seu jantar com Deltan Dallagnol. Mais do que um jantar, foi uma cilada contra o procurador da Lava Jato, em defesa de Lula. Leia um trecho:

“Não gostei quando o juiz Moro soltou a gravação do telefonema de Dilma pra Lula, depois do prazo estipulado, o que teve papel importante na resposta da opinião pública e deu força ao movimento pró-impeachment. E detestei a cena do power point. Dallagnol falou disso no encontro como tendo sido algo que não deu certo, embora desmentisse que tivesse dito não ter provas mas ter convicção (…).

Me lembro de ter falado com ênfase, no encontro com Deltan, sobre a importância histórica da figura de Lula e o significado de sua força política. Ao sair, ele se ofereceu para me responder a qualquer pergunta que futuramente me ocorresse.

É saudável que nós brasileiros fiquemos de orelha em pé para que movimentações importantes não venham a servir à manutenção das nossas desigualdades. Porque não somos campeões em corrupção mas somos campeões em desigualdade. É com tudo isso em mente que apoio, em meu íntimo, a Lava Jato.”

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