Mural da História

6 de março, 2009

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Hoje!

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Miopia, surdez e queixo duplo

Ruy Castro – Folha de São Paulo

O escritor Afonso Borges, meu amigo, é o sujeito mais ligado em tecnologia que conheço. É por ele que, há 30 anos, fico sabendo das novidades no setor. Era de Afonso, por exemplo, o primeiro carro que vi ser chamado por controle remoto e buzinar de volta ao ouvir a voz do dono. Ele foi também o primeiro a me dizer que teria uma “página” na internet. Anos depois, riu ao saber que eu ainda usava secretária eletrônica de fita. E, há pouco, doeram-lhe os ouvidos ao ter de ligar para um telefone fixo -o meu, o único que possuo.

Daí minha surpresa ao ler um recente artigo de Afonso no “Globo”, dizendo que o hábito de ler no celular pode provocar uma legião de gente torta e cegueta na praça. “Uma pesquisa mostrou que a inclinação de 60 graus no pescoço determina um peso de 27 quilos sobre a cervical”, escreveu. “Nada demais se fosse esporádico. Mas os adolescentes passam, em média, quatro horas por dia nesta posição. São entre 700 e 1.400 horas por ano inclinados.” E completou: “Outra pesquisa registrou um aumento de 30% de casos de miopia entre jovens”.

Bem, diante disso, já me animo a perguntá-lo sobre os rumores de que o celular também está produzindo uma geração de surdos, pelo hábito de seus usuários ouvirem música em alto volume com os fones grudados nos tímpanos. Ou sobre a incidência de acidentes -trombadas em postes, hidrantes e idosos- entre cidadãos que andam pelas ruas olhando para a maquininha.

Há também as velhas acusações de insociabilidade: as pessoas vão aos restaurantes e, em vez de conversar, ficam digitando besteiras. Sem falar num risco terrível: o queixo espetado ao peito enquanto se olha para a tela está condenando rapazes e moças ao queixo duplo.

Acho melhor poupar Afonso dessas perguntas. Ele pode começar a antipatizar com o celular.

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Mural da História

20 de julho, 2008

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Uma música por vez

Ruy Castro – Folha de São Paulo

RIO DE JANEIRO – Volta e meia leio que, para gáudio e delírio de milhões, o festejado cantor ou compositor tal está lançando uma música nova —”inédita”, como se diz— pelo streaming. Talvez em breve ele faça outras, que virão se juntar a esta e formar um, como também se diz, álbum. Ou não –quem sabe esta música não está destinada a uma carreira solo, avulsa, pelos céus da cibernética? Como um single dos velhos tempos.

Até 1948, todo o consumo de discos se dava através de singles —discos avulsos de 78 r.p.m., com uma faixa de cada lado— ou seja, duas músicas por disco. Um artista comum gravava dois discos, ou quatro músicas, por semestre; um artista de sucesso gravava um disco a cada dois meses; e os fenômenos, como Bing Crosby, nos EUA, ou Francisco Alves, no Brasil, gravavam dois discos por mês. Isto, nos anos 1930 e 1940.

As pessoas achavam natural consumir música aos poucos. Muitos artistas gravavam, mas a produção era a conta-gotas. Um disco era escutado inúmeras vezes, de um lado e de outro, e as duas músicas se impregnavam nos ouvidos.

Nos anos 50, surgiu o glorioso LP —o que hoje as pessoas chamam de álbum ou vinil—, com seis faixas de cada lado. Passou-se a ouvir muito mais música. Vieram os álbuns “conceituais”, como os de Frank Sinatra —12 ou 14 faixas obedecendo a um “conceito”. Às vezes, um álbum simples não era suficiente, daí os duplos ou triplos, como os songbooks de Ella Fitzgerald. Infelizmente, produzia-se também muito lixo –na verdade, poucos álbuns justificavam o vinil com que eram feitos. Do LP passamos para o CD nos anos 80, e essa relação não se alterou.

Mas, com o fim desses dois formatos, voltamos à cultura do single, agora sem o suporte físico. Isso não é de todo mau. À razão de uma música por vez, pode ser que a música em geral melhore.

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Padim Lula no Nordeste

© Ricardo Stuckert

Do Filósofo do Centro Cínico

Como o Lula está sendo santificado em sua caravana atual, é bom a turma da Lava Jato se antenar. Se ele for preso, não é o morro que vai descer, mas sim o Nordeste inteiro.

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Arquivo-bomba da Odebrecht chega às mãos de Moro

Mônica Bergamo – Folha de São Paulo

Um dos maiores mistérios que cercam a delação da Odebrecht, o sistema MyWebDay, que registra toda a contabilidade de propina da empresa e é considerado explosivo, começa a aparecer. Na quarta (23), o procurador Deltan Dallagnol informou ao juiz Sergio Moro que a empresa entregou cinco discos rígidos que conteriam cópia do material.

PRONTA ENTREGA
O conteúdo teria sido extraído por autoridades da Suíça em servidor da Odebrecht hospedado naquele país e repassado à empreiteira. A empresa entregou também, no dia 8 de agosto, segundo Dallagnol, cópia de dispositivos de acesso de usuários do sistema. Até então o material era tido como indevassável.

SÓ AGORA
Depois de instado pelo juiz Sergio Moro, que determinou comunicação imediata em caso de acesso ao arquivo-bomba, o Ministério Público Federal entregou o material. Os procuradores informaram ao magistrado que só recentemente receberam o seu conteúdo.

MUDO
Guiomar Mendes, mulher do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), diz estar inconformada com a exploração feita em torno do fato de o nome dela ter sido encontrado na agenda de telefones do empresário de ônibus Jacob Barata, solto por ordem do magistrado. “Cadê as ligações telefônicas? Cadê? Quantas vezes ele me ligou? E eu para ele? Nenhuma. Não tenho e nunca tive o menor contato com ele!”

AGENDA
Ela afirma ainda que já teve o número de Rodrigo Janot em sua agenda de telefones. “Mas nunca liguei para ele pelo mesmo motivo: não temos a menor intimidade.” O procurador-geral pediu a suspeição de Gilmar Mendes para julgar Barata alegando que os dois são próximos e têm relações familiares. A agenda do empresário seria um dos elementos de confirmação da hipótese.

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Son Salvador

O Estado de Minas

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POR FAVOR, relevem o confessionalismo, de falar coisa íntima e na primeira pessoa, mas não posso conter a indignação com nossa senadora Gleisi Hoffmann. Essa mulher já me levou à loucura com seu jeitinho espevitado, atrevido, evocativa da paixão que todos tivemos no ensino médio. Lembro Sirlene Pelizzari, a garota da carteira ao lado, para a qual jogávamos lápis, caneta, cadernos ao chão para contemplar-lhe as pernas.

Passei da idade e do peso do fingimento, paguei dívidas e pecados, tenho direito adquirido à nostalgia. Gleisi trouxe ainda meu imaginário da universidade, envolvido na sedução de Rosinha de Castro, a veterana de quem me despedia na entrada do aparelho comunista que ela frequentava – e dali nos despedimos para sempre, ela na clandestinidade, eu na frustração do amor inconcluso. Daí esta mania por mulheres que sobrepõem a política ao sexo.

Vivo sob angustiante ambivalência com Gleisi: gosto dela como mulher privada, não como mulher pública. Vinha toureando uma decepção com a senadora. Até que a decepção me abateu, com a força de um golpe da base aliada: o episódio da camisa rasgada no Paraguai, a hospedagem no hotel da Suíça, as viagens com Lula, sem o marido, pelo Nordeste. Tolices cabeludas de presidente do PT não contam, jeito da madeira.

Gleisi caiu na Lava Jato. A paulista, o lance do Custo Brasil, empréstimos consignados do ministério do Planejamento, o marido Paulo Bernardo na suposta maracutaia. Dizem PF e MP que tinha propina: o dinheiro entrava para o advogado curitibano como honorários e saía para o pagamento de contas do casal. Começava em Brasília e terminava em Curitiba. Por que, Gleisi? Por que não ficou na Lava Jato de casa, onde lavamos nossa roupa suja?

Rogério Distéfano

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O Bandido Que Sabia Latim

Curitiba, 24 de agosto de 1944 — Curitiba, 7 de junho de 1989 . Desenho de Fernandes

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Musas

Pilar López de Ayala, atriz de Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual – filme argentino de 2011, dirigido por Gustavo Taretto.  © Clarín

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Collor é reu desde 90

Ruth Bolognese – Contraponto

O Collor é réu desde os anos 90, na verdade.  A história de vida desse alagoano daria uma novela inacreditável, com paixões, traições,  doenças fatais, assassinatos e refúgio em Miami.

Mas é na política que tudo fica mais inacreditável ainda: o sujeito sofre o Impeachment  por corrupção,  não devolve nenhum centavo, nem perde nada do patrimônio e vive durante 8 anos em Miami como um brasileiro rico. Volta, se elege Senador e reincide nos mesmos crimes de sempre.

Agora vira réu de novo. E continua lá no Senado, com seus ternos impecáveis, o cabelo aprumadinho e fazendo discursos indignados.

Nem roteirista de série americana ousaria tanto.

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Son Salvador

O Estado de Minas

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Jerry e Lewis

Ruy Castro – Folha de São Paulo

RIO DE JANEIRO – Jerry Lewis precisou morrer, aos 91 anos, neste domingo (20), para nos lembrarmos de como ele nos proporcionou incomparável riso e prazer. Em poucas horas, a internet foi tomada por seus grandes momentos no cinema, tanto como o desastrado que arrasava os cenários pelos quais passasse quanto como o incrível mímico e dançarino que ele era. Esses trechos isolados, tirados dos filmes, têm uma vantagem. Neles só vemos o adorável Jerry. Somos poupados do ego monumental de Lewis.

Frank Tashlin (1913-1972), seu diretor em oito filmes, a quem ele deveu tanto e quase ausente dos obituários, disse certa vez que trabalhar com Jerry era irritante —ele não decorava falas, não seguia as marcações e não repetia takes. Só que fazia tudo genialmente e de uma vez. Mas, às vezes, essa overdose de prepotência vazava na tela, com Jerry insistindo em ser “profundo” e sendo apenas piegas.

Foi Tashlin quem convenceu Jerry a amenizar o personagem do idiota careteiro e a deixar que o absurdo acontecesse ao redor dele. Para isso, premiou-o com gags tiradas de sua experiência como diretor de desenhos animados. Duas sequências apocalípticas que se atribuem a Jerry —a destruição do shopping em “Errado pra Cachorro” (1964) e a maca que dispara pela cidade em “O Bagunceiro Arrumadinho” (1965) —eram de Tashlin. Assim como os quatro primeiros filmes de Jerry como diretor (“O Mensageiro Trapalhão”, 1960; “O Terror das Mulheres”, 1961; “Mocinho Encrenqueiro”, 1963; e “O Professor Aloprado”, 1964) eram grandes Tashlins sem Tashlin.

O artista Jerry era sublime, mas o homem Lewis, seccionado pelos biógrafos, era egoísta, vingativo, preconceituoso. Ele não era estimado como pessoa –nem seu pai gostava dele. E, segundo esses biógrafos, era só o que ele queria: ser gostado. Sua morte tornará isso possível.

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OS NORTE-AMERICANOS vivem a paranoia antiterrorista. Do terrorismo de fora, real ou imaginado. Não o interno, real, permanente, histórico. Como os constantes atentados em escolas, cometidos por nacionais, assegurados pela liberdade de venda e porte de armas. No entanto, isso lá não é dado como terrorismo; o uso de armas é garantia constitucional.

Em tempos de atentados, como o recente em Barcelona – e os da França e Alemanha, também próximos – surge a fobia contra os árabes, nascida no ataque às Torres Gêmeas, no 11 de setembro de 2002. Bastou alguém ser árabe, ou não sendo, com origem árabe, ou nome árabe, que o governo americano fica alerta. Deve existir um algoritmo que captura pelo nome.

Conheço o rapaz, nascido nos EUA, nacional de lá, criado no Brasil, que entrou no país, onde permanece a trabalho. Casou com brasileira, descendente de árabes. A mulher não recebeu visto de entrada; o casamento acabou na lua-de-mel. Nesta semana, Hussein Kalout, secretário de assuntos estratégicos do presidente Michel Temer passou por um escracho desses.

Hussein iria participar de solenidades nos EUA. Viajava com passaporte diplomático – o azul, que dá privilégios, e que os conectados no Brasil ganham, mesmo sem direito. Passou pela vistoria de saída: bagagem e conteúdo dos bolsos na bandeja dos raios x, do cinto aos sapatos, o corpo varejado por aparelhos eletrônicos. Foi poupado ao exame retal.

Na porta do avião, nova revista, a ele apenas, recusada por Hussein, que desembarcou. Estrago feito, desculpas posteriores da diplomacia dos EUA. Culpa do nome árabe. Fosse por pertencer ao governo Mechel Michel Temer Lulia, faria algum sentido. Não pela origem árabe do chefe, mas pela origem de seu governo, que comete atentados contra o Brasil. Aqui dentro, ainda que sem mortos.

Rogério Distéfano

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