Quando alguém falar de CPI, proteja a sua carteira

Elio Gaspari – Folha de São Paulo

O presidente do Senado, Eunício de Oliveira, autorizou a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigar a JBS. Ela tem direito à presunção da inocência, mas os antecedentes recomendam a presunção da culpa.

A memória nacional mal se recuperou do vexame da CPI Mista que investigou as atividades do contraventor Carlinhos Cachoeira. Instalada em 2012, durou oito meses e terminou em pizza fria. Tendo diante dos olhos os negócios da empreiteira Delta, os senadores e deputados conseguiram a proeza de não chamar o governador Sérgio Cabral para depor. O dono da Delta era Fernando Cavendish, aquele que cacifou o mimo de um anel de brilhantes para madame Adriana Ancelmo. A joia foi comprada na loja Van Cleef de Mônaco enquanto a CPI funcionava em Brasília. Sérgio Cabral está na tranca em Benfica, Adriana está no Leblon em prisão domiciliar e Cavendish, depois de passar alguns dias na cadeia, negocia uma difícil colaboração com o Ministério Público. Nada disso aconteceu por causa das investigações dos senadores ou dos deputados.

Depois do vexame da CPI mista de Carlinhos Cachoeira, o Congresso voltou a afrontar a boa fé do público. Em 2014 criou duas comissões para investigar a Petrobras. Um dos paladinos da iniciativa era o doutor Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara. Dois depoimentos, ambos destinados a proteger petrorroubalheiras, enrubescem quem os revisita. Num, a CPI Mista ouviu Paulo Roberto Costa, um ex-diretor da Petrobras que estivera preso. Num discurso heroico, ele mostrou que nada ocorrera de estranho na empresa. Disse até que guardava R$ 1,2 milhão em casa “para fazer pagamentos”. Semanas depois “Paulinho” voltou para Curitiba, fez um acordo com o Ministério Público, e deu no que deu.

Passou-se mais de um ano, a Lava Jato já encarcerara 112 maganos, entre eles Marcelo Odebrecht, e o príncipe das empreiteiras foi chamado para depor na CPI. Os parlamentares receberam-no como um potentado. Em seu depoimento o doutor desdenhou a conduta dos acusados que colaboravam com o Ministério Público. Àquela altura eram nove. Logo ele entraria no bloco.

Essas duas CPIs não foram simples fracassos, mas grandes vexames. Fracassos fazem parte da vida. Tanto em relação a Cachoeira como no caso da Petrobras, as CPIs destinaram-se a manipular os interessados e a iludir o público.

A nova CPI, que pretende investigar as traficâncias dos irmãos Batista, anuncia que examinará seus negócios com o BNDES. Isso é o que se diz. Noutra investigação financeira, a do Banco do Estado do Paraná, o Banestado, prevaleceram as conversas paralelas com outros papeleiros. Na CPI do Cachoeira, era falta de educação mencionar os negócios de Cavendish com Cabral. Na da Petrobras chegava a dar pena o desempenho de comissários procurando blindar larápios que meses depois contariam a verdade aos procuradores.

As empreiteiras e a JBS capitularam graças à honestidade e ao trabalho do Ministério Público e do Judiciário. Nada a ver com o Legislativo. Se o senador Eunício de Oliveira quiser ajudar, instala a CPI das CPIs. Os réus da Lava Jato têm muito a contar, começando pelo ex-senador Delcídio do Amaral.

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30º Salão Internacional de Humor do Piauí

Banner da mostra de Fernandes, Parnaíba, de 13 a 17 de novembro|2013.

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Pensando bem…

Paolla Oliveira é a coisa mais fofa do Brasil, quiçá da galáxia. Na sua atual novela é policial fodona: domina artes marciais, luta no MMC, atira com pontaria e faz amor com alegria. Um crítico percebeu que numa cena Paolla pega o telefone ao contrário. Purismo machista, de gente que vê a árvore e ignora a floresta. Paolla pode pegar como bem entender, seja de um lado, seja de outro.

Pelo sim e pelo também apostei que Michel Temer se safa no TSE.

Preso mais um ministro de Temer, desta vez Henrique Eduardo Alves, sátrapa do Rio Grande do Norte, estirpe dos coronéis Alves, ex-presidente da câmara federal e marido generoso com o chapéu da Viúva: no divórcio legou uma sinecura para a mulher. Um dia a boa notícia será a prisão de ministro, na ativa do ministério e do cambalacho. Mas isso apenas quando Michelzinho Temer for presidente e escolher na escola maternal a sua primeira-dama.

Eu queria ser as sandálias havaianas (ops!) que Dilma usa no chuveiro. Por favor, não maliciem, não é daquela música do Roberto, Cama e Mesa. Era só para ouvir os palavrões da presidenta durante o julgamento de sua chapa no TSE.

João Dória, o prefeito mauricinho de São Paulo, está proibido de dirigir automóveis, habilitação cassada. O carinha furava sinais e não respeitava limite de velocidade. Dória assumiu evacuando regras sobre a velocidade nas vias marginais, cujo limite aumentou. Quem manda São Paulo não ter pistas adequadas para seu Porsche Panamera?

A PF mandouquestionário de 84 perguntas a Michel Temer, investigação sobre a Friboi. Deu prazo curto. O presidente não tem tempo nem clareza de ideias para responder tanta pergunta. Bastava uma: Vossa Excelência cospe ou engole a picanha da Friboi?

Rodrigo Rocha Loures, ora preso pela PF, pede habeas capillus ao STF. Foram-se os anéis, que fiquem os dedos. Quer escapar da raspagem do cabelo, obrigatória para colegas como Eike Batista. O ex-deputado perdeu o foro privilegiado, mas insiste em conservar o cabelo privilegiado. Menino mimado, vaidoso. Até a rainha Maria Antonieta perdeu os cabelos quando foi para a guilhotina.

IDOS & FICADOS Cara leitora, estimado leitor, vocês alimentam lances saudosistas pelos amores da juventude, aquilo de sempre lembrar e esperar rever? Claro que sim, todos temos disso. O que poucos imaginam é a decepção que podem causar ou podem sentir. Sim, porque o amor antigo pode estar numa bem outra, feliz, resolvido, realizado (uso o masculino porque ‘amor’ é substantivo masculino, comum-de-dois. Se fosse dilmo-petista diria ‘amora’ para contentar as dilmo-leitoras). Como esse conhecido que me assediava para obter telefone da namorada dos dezesseis, que ele perdera de vista e eu vejo com regularidade.

Temente à etiqueta, consultei a ex-namorada, que me rogou por todos os santos para não atender o romeu, na pior da hipótese dizendo que ela morrera virgo et intacta. Nem precisei, ele descobriu sozinho, usando conexões suíças, esperto e caviloso precursor impune das lava-jatos da vida. Se o encontro aconteceu, não quero saber, antecipo decepções. Amor não resolvido deixa sequelas. Muito sérias, como no caso Ou caso pior, como o de meu amigo, paciente incurável do complexo de Peter Pan, que não aceita ser velho, gasto, gordo e careca. Insisti em vão, ‘não teime, viva a lembrança, nutra-se da saudade’, dei até exemplo, o meu.

A namorada vogava bissexta na minha lembrança. Nunca a procurei, os idos que ficassem com os idos – let the bygones be bygones, disse Shakespeare. Ela vive em outra cidade, outro estado, outro universo, com o cara rico que lhe deu tudo. Por uma dessas peraltices do acaso nos cruzamos no shopping. Se me reconheceu, não sei, não tentei saber. Mas sorriu, isso bastou. Os incidentes no percurso da vida amadureceram sua beleza, preservada nos vestígios dos inesquecíveis 18 anos. Um consolo, fiquei nos idos. Meta isso na cabeça do empreiteiro, que tenta comprar tudo e todos, até o passado.

Rogério Distéfano

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A vida como ela é

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Explícito

© Roberto José da Silva

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A chapa!

Finalmente encontrada, no porão do Palácio Jaburu, a famosa chapa Dilma|Temer, cujo julgamento pode resultar em vários cenários, inclusive a venda para o ferro velho.© Myskiciewicz

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“Ex-empresária pede a apreensão do passaporte de Rodriguinho”. Manchete do jornal Extra de domingo. Me deu um frio na barriga. Não por isso de apreender passaporte, nem que seja o de Rodriguinho, que para nós hoje em dia é um só, o moço que Michel Temer fez deputado e agora faz estragos na presidência do chefe.

O que me assustou foi o lance de “ex-empresária”. Essas coisas acontecem com quem lê notícias por alto, nas chamadas da internet, como acontece com o blogador. Pensei em voz alta, ‘agora tem empresário de traficante de influência?’ Sei que tem, mas em outro nível, de Eduardo Cunha e Sérgio Cabral, por exemplo.

Fui adiante, que alívio! Era outro Rodriguinho, mais antigo na carreira que o nosso Rodriguinho: o Rodriguinho do grupo “Os Travessos”, que foi embora para Miami após dar um beiço de R$ 1.800 mil na empresária. De mais a mais, o nosso Rodriguinho não fica com o dinheiro de ninguém: a PF exige, ele devolve, até o último centavo.

O PSDB desembarca do ministério conforme o julgamento da chapa Dilma/Temer no TSE. Não seria mais digno – e mais tucano – permanecer até o final? Sair se o julgamento for desfavorável ajuda a imagem do partido? Uma contribuição para o raciocínio: o maior defensor da permanência chama-se Aécio Neves, senador afastado pelo STF após o grampo da PF de sua conversa com Joesley Batista, da Friboi.

No habeas corpus impetrado em favor de Rodrigo Rocha Loures seus advogados argumentam que o cliente foi submetido a “coação ilegal”. Então tem mais que liberar o moço. Se a coação tivesse sido ‘legal’ seria outra conversa.

Marina Silva, líder do REDE e sempre candidata à presidência da república, foi internada com dores abdominais. Marina tem esse mérito, que falta aos políticos brasileiros: o estômago sensível. Nunca se ouve falar de úlcera, hérnia de hiato, indigestão, constipação, aqueles problemas de cólon como em Renan Calheiros, Romero Jucá, Paulo Maluf, Aécio Neves. Essa gente nasce com estômago de crocodilo, que mantém a presa na barriga até apodrecer lá dentro, e daí começa a digestão.

ANATOMIA DE GREY Meio-dia, ele me aborda na rua, atitude de quem pede informação. Paro, ainda que sob o risco da esmola, o centavo para inteirar a passagem, que se antecipa na atitude e nos faz passar reto. Outras vezes atende-se, pode ser o honesto pedido de informação. Alto, forte, roupas comuns, óculos, barba de dois dias, ele passaria fácil por funcionário do comércio. Cigarro aceso, fluente, prosódia perfeita, agradece minha “boa” educação ao parar.

A falta que faz o treinamento básico para tal tipo de abordagem, sempre igual, quando muito variando no enredo. Não queria informação, pressenti. Deixei correr, tributo à prosódia. Disse que acabara de ter alta no hospital – deu o nome –, cirurgia de desobstrução da aorta, apontou o lado esquerdo do peito. Pausa de microssegundos para a tragada. Cortei, “amigo, não adianta, fumando desse jeito você entope de novo a aorta e empacota”.

Rogério Distéfano

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Temer versus Temer

Bernardo Mello Franco – Folha de SãoPaulo

A defesa de Michel Temer quer convencer o país de que o presidente é vítima de uma conspiração. Ela envolveria um empresário espertalhão, a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e ministros de tribunais superiores. Todos teriam se unido à culpada de sempre, a imprensa, num ardiloso complô para derrubar o governo.

O primeiro alvo desse discurso foi o ministro Herman Benjamin. Ele é o relator do processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral. O caso deve ser retomado nesta terça, depois de mais de 900 dias sem julgamento.

No início, aliados de Temer propagaram que Benjamin estaria em busca de holofotes. Como a pressão não colou, passaram a atacar sua atuação na corte. O ministro teria praticado “ilicitudes” e “abuso de poder” para condenar o presidente.

O objetivo desses argumentos é desqualificar o juiz e induzir o TSE a descartar dezenas de provas de fraude na campanha de 2014. Isso significaria fazer de conta que a Lava Jato inexiste e que os depoimentos de Marcelo Odebrecht, João Santana e outros delatores nunca ocorreram.

Com o agravamento da crise, o governo diversificou os alvos. A estratégia foi radicalizada depois da prisão de Rodrigo Rocha Loures, o deputado da mala. Agora vale tudo para atingir o procurador Rodrigo Janot, o ministro Edson Fachin, os delegados da PF e o empresário Joesley Batista.

O dono da JBS, que tinha acesso livre à casa do presidente, virou um “bandido” e um “fanfarrão”. A PF, que flagrou a entrega de propina a um assessor de Temer, armou uma “cilada”. O sereno ministro Fachin se tornou um implacável inquisidor.

No domingo, o advogado do presidente declarou que Janot estaria prestes a divulgar uma gravação explosiva para “constranger” o TSE. Foi um tiro ousado, porque permitiu concluir que há outros áudios comprometedores contra o cliente dele. Pelo visto, até a defesa de Temer embarcou na conspiração contra Temer.

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Mural da História

Em algum lugar do passado

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Mural da História

Publicada em algum lugar do passado

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O custo do PT

O Estadão informa que o motoqueiro de Dilma Rousseff, Carlos Gabas, foi nomeado para cargo comissionado na minoria do Senado. Salário? 20.950,16 reais. O Custo PT é bem maior do que isso.

 

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Tempo

Cartaz para o Dia Internacional do Jazz. ©  César Marchesini

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Mural da História

15 de maio, 2010

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A senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR) é a primeira mulher a presidir um partido político no Brasil. Mas não é o primeiro réu a presidir partido político no Brasil. Na sua primeira entrevista, a senadora-presidente-ré afirma que os “petistas da Lava Jato não enriqueceram ilicitamente”.

Então enriqueceram licitamente? Não atenua nem absolve, pois cometeram outros crimes, como o de peculato, que não pressupõe enriquecimento. Quanto a isso de enriquecer, a senadora não empobrece por esperar. A senadora-presidente-ré nos promete boas piadas.

Nossas celebridades batem ponto em Portugal. Atores, promotores, atrizes e juízes vogam na ocidental praia lusitana. Sérgio Moro agitou Lisboa neste mês e os advogados alfacinhas já deitam a falar sobre ‘colaboração estimulada’.

Perguntei a Nuno Mocho Caparica, parceiro de pós em Coimbra, por que não chamam ‘delação premiada’. “Porque a gente toda ia dizer ‘falação’, que em português de sílabas engolidas pode confundir com ‘felação’. E felação cá em Portugal não pode ser premiada”.

Não renuncio, se quiserem que eu saia, terão que me matar”. A última bazófia de Michel Temer. Matar Michel Temer agora seria um crime: vilipêndio de cadáver.

Da rede. Contam ao senador que um dentista havia sido preso por tráfico de drogas. Surpreso, comenta, “estranho, sou cliente dele há mais de dez anos e nunca soube que era dentista”.

POR QUÊ? Nada contra, é cultural, metade do Brasil usa o erre retroflexo, o erre caipira dobrado, de porrta, carrne, por aí. Há estudos que mostram a origem indígena, o que não deixa de ser motivo de orgulho nacional. Aqui no Paraná, então, nem se discute sua existência; os amadores curiosos metem-se a pontuá-lo pela intensidade: para mim, o de Ponta Grossa, depois o de Matinhos, em seguida vem Cascavel, Londrina, por aí, conforme a sensibilidade e audição do analista. Eles mesmo, como os críticos em geral, também caem vez ou outra no retroflexo.

Tem pessoas, carentes da fonoaudiologia, que tentam superá-lo pelo próprio esforço. Uns conseguem, outros beiram o desastre, caso da linda mocinha de Ponta Grossa que em Curitiba se apresentava como ‘Gobeita’ – um gê e um i para disfarçar os erres de Roberta. Falando em mocinha bonita é aí que mora o problema: os puristas machistas mulherengos linguistas não toleram o erre retroflexo nas mulheres. Dou o exemplo com o qual convivo três vezes na semana, uma hora diária. Perdoem o complexo de Professor Higgins.

Garota linda, 1,75, esguia, atlética, loira natural, cabelos crespos – meu avô diria dela ogni riccio um capriccio, cada carrapicho, um capricho -, formas definidas em proporção, sem exageros mas eloquentes e sugestivas nos pontos unanimemente votados. Completa-se com o namorado atlético, morenão, fortão, ancestral absurdo da seleção natural. Vai tudo bem com a moça até que ela reclama com o personal trainer, “não tenho tanta forrça”. Nessa hora dá saudade das novelas, em que as mulheres falam com o mesmo sotaque.

Rogério Distéfano

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A propaganda é a alma do negócio

© Roberto José da Silva

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