A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, apresentará nesta quarta-feira (9), durante a reunião administrativa da Corte, a proposta de Orçamento do Judiciário para 2018. Cámen Lúcia decidiu não propor reajuste salarial.
Na reunião, a proposta orçamentária será discutida pelos demais ministros do STF, que poderão alterá-la. Os salários dos ministros do Supremo servem como teto do serviço público.
Nos últimos dias, houve movimentação no Ministério Público, e também de juízes e magistrados, por reajuste salarial no ano que vem.
O Ministério Público pediu aumento de 16% e a associação dos Magistrados, aumento de 41%, o que aconteceu, também, com a associação dos juízes.
Há, dentro do STF, defensores do reajuste para os ministros em 2018. O Orçamento da União deve ser encaminhado ao Congresso até 31 de agosto.
O argumento de Cármen Lúcia para não sugerir reajuste salarial é a grande repercussão de um aumento concedido ao Judiciário no Orçamento da União e, também, a crise econômica vivida pelo país que tem hoje algo como 13 milhões de desempregados.
Cármen Lúcia avalia que o Artigo 95 da Constituição impede a irredutibilidade dos salários de magistrados, mas, pela proposta dela, não haveria redução, e sim o não reajuste.
Além de Cármen Lúcia, os ministros Marco Aurélio Melo, Dias Toffoli e Gilmar Mendes também já manifestaram que este “não é o momento” para incluir reajuste no Orçamento. O ministro Ricardo Lewandowiski defende o reajuste.
Raquel Dodge foi flagrada chegando ao Palácio do Jaburu, ontem, por volta das 22h. O encontro não estava na agenda oficial da Presidência e foi registrado pela TV Globo. A futura PGR não entrou pela garagem.
RIO DE JANEIRO – Em 1952, um italiano, Alberico Campana, 25 anos, desceu de um navio no Rio. Deu uma volta pela praça Mauá e escutou, saindo de um alto-falante, o samba-canção “Se eu morresse amanhã”. Não entendeu a letra, mas encantou-se com a melodia (ambas, só depois saberia, de Antonio Maria) e com a cantora –Dircinha Batista. Por causa da música, decidiu ficar. Trabalhou de cozinheiro em restaurantes italianos e, dois anos depois, com sócios, abriu sua própria casa, o Little Club, num beco em Copacabana –o futuro Beco das Garrafas.
Pelo palco do Little Club em seus primeiros tempos, passaram Doris Monteiro, Tito Madi e a mulher pela qual Alberico se apaixonou: Dolores Duran. Alberico nunca se declarou a ela, nem precisava —Dolores sabia, mas fingia não saber, para não magoá-lo. Durante anos trabalharam juntos sob aquela atmosfera típica de um samba-canção. Dolores morreu em 1959 e nunca houve nada entre eles. Ao me falar dela, décadas depois, Alberico deixou escapar uma lágrima.
Por volta de 1960, outras vozes surgiram e Alberico estava atento: as da bossa nova. Comprou um restaurantinho ao lado do Little Club e fez dele o Bottles. O Beco era agora o feudo de feras como Johnny Alf, Sergio Mendes, Leny Andrade, Wilson Simonal e dos cobras do samba-jazz. Um dia, o Beco acabou e Alberico se espalhou pela cidade, abrindo e fechando casas que sempre serviam duas coisas: boa comida e boa música.
Por uma eternidade, foi o melhor amigo de Tom Jobim —viam-se todos os dias. Era também louco pelo Rio, de onde nunca mais saiu: “A paisagem, a cidade, o povo, tudo é generoso. Até a nossa esculhambação é generosa”.
Alberico, que morreu nesta segunda (7), aos 90 anos, era um exemplo dessa generosidade. Em suas casas, as “penduras” de alguns clientes tinham dois metros de comprimento.
“Traí todos os meus ex-namorados”, a confissão pungente de Deborah Secco, atriz da Globo. Nossa amada Bruna Surfistinha ressalva: “menos meu marido”. Se dissesse “meu futuro ex-marido” talvez chegasse à precisão. Não que esteja a trair a priori o futuro ex, ou que venha a trair o atual a posteriori. A tanto nos leva o pensamento vivo da musa. Seja-me dado recomendar ao marido que tome tento e envergue cornozeleira eletrônica. O senhor Secco não perde por esperar a futura entrevista na voz rouca e voluptuosa do doce veneno do escorpião.
Neste espaço espanco os atores que falam sem pensar e desventram suas intimidades, cada vez mais escabrosas. Nem todos, só os normais, que os excepcionais viram roteiristas, diretores, escritores; por estes, lembro Fernanda Torres. John Ford, cineasta do faroeste, comparava atores a animais. É algo paradoxal isso de atores, que conseguem transpor sensíveis e precisos traços no retratar os personagens, quando voltam ao natural lhes falta a fala inteligente do roteiro. É quando pensam, a realidade da tolice.
Culpa de quem? De nós, que alimentamos os tablóides que chafurdam nos lençóis das celebridades, que sustentamos os filmes que gastam vinte minutos na cena de sexo, outros dez na escatologia do banheiro sem que isso tenha a menor relevância no enredo, como se a vida real se desenrolasse na cama e na privada. Houve tempo em que o cinema – direcionado por Hollywood – seguia o Código Hayes, que só admitia a sugestão de cenas pesadas, sem perda de intensidade dramática. Na vida, os atores que fizessem o que bem entendessem, como faziam.
Deborah não será a derradeira celebridade a expor intimidades. Ainda ontem a cantora Ivete Sangalo contou que, na busca de mais um filho ‘furunfa’ todos os dias, informação que só vale pelo resgate do verbo. Juliana Paes, a morena global, aproveitou a semana para nos revelar que no sexo “só pega no tranco” – criando-nos o problema de imaginar o marido empurrando-a ladeira abaixo para soltar a embreagem e engrenar a marcha. Melhor seria se Ju nos informasse que veio de fábrica com injeção eletrônica, sensor de estacionamento e overdrive.
O presidente Michel Temer pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Uma petição foi entregue à corte nesta terça-feira (08) em meio ao inquérito do “quadrilhão” do PMDB.
“Já se tornou público e notório que a atuação do PGR, em casos envolvendo o presidente, vem extrapolando em muito os seus limites constitucionais e legais inerentes ao cargo que ocupa. Não estamos, evidentemente, diante de mera atuação institucional”, escreveu Antônio Cláudio Mariz, advogado de Temer, no pedido ao Supremo.
O advogado disse que “esta obstinada perseguição pela acusação” não faz parte da missão institucional do Ministério Público e que “uma série de ‘certezas’ foram lançadas, no afã de envolver o presidente pelo sr. procurador-geral que dificultaram uma análise isenta e desprovida de influências”.
Conforme antecipou a colunista da Folha Mônica Bergamo na segunda-feira (7), o objetivo da equipe de advogados do presidente é impedir que ele atue em ações contra Temer.
Para a defesa do presidente, a motivação de Janot é “pessoal”.
“Estamos assistindo a uma obsessiva conduta persecutória”, acrescentou Mariz.
O embate entre Temer e o procurador-geral teve início em maio deste ano, por causa da delação premiada de sete executivos da JBS.
Após as revelações feitas pelo grupo, Janot abriu investigações sobre Temer e o denunciou pelo crime de corrupção passiva –rejeitada pela Câmara dos Deputados.
Mais duas denúncias que têm o peemedebista como foco ainda são esperadas: de organização criminosa e obstrução de Justiça.
Para Mariz, o auge do conflito foi quando o procurador-geral pronunciou a frase “enquanto houver bambu, lá vai flecha”, em um congresso de jornalistas em São Paulo.
“Portanto, provar é de somenos, o importante é flechar”, disse Mariz.
“O alvo de seu arco é a pessoa do presidente da República, não importam os fatos”.
O advogado também questiona a ausência de adoção de “óbvias providências”, como a análise da gravação apresentada por Joesley –a perícia só foi feita depois de que a delação estava assinada e as investigações abertas.
Mariz voltou a dizer que o áudio não compromete o presidente, pois não tem nada de concreto sobre a atuação de Temer, o que ele chama de “meras deduções” do procurador-geral.
A defesa do presidente criticou por fim a escolha de Janot de um delegado específico para fazer as investigações, assim como a concessão de imunidade aos sete delatores.
Mariz chama de “delações suspeitíssimas” as da JBS.
O defensor de Temer acusou a Procuradoria de orientar os delatores como agir no processo da delação, inclusive em relação às gravações de áudios. Mariz questionou ainda o fato do ex-procurador da PGR Marcello Miller, que atuou em ao menos três delações da Lava Jato, ter participado na defesa da JBS após deixar o Ministério Público. “O conflito de interesses é gravíssimo”, disse.
A PGR ainda não se pronunciou.
QUADRILHÃO
Janot pediu no último dia 2 a Fachin para deslocar a apuração sobre Temer por suspeita de envolvimento em organização criminosa do inquérito da JBS, aberto em maio, para outro mais antigo, que investiga políticos do PMDB e aliados –o chamado “quadrilhão”.
O PMDB da Câmara é suspeito de ter atuado como uma organização criminosa que lesou a Petrobras e a Caixa. Para investigadores, Temer, que era deputado federal até assumir a Vice-Presidência em 2011, participava dos esquemas desse grupo.
O inquérito que apura o grupo foi aberto em outubro passado após uma cisão do “inquérito-mãe” da Lava Jato, que tratava do loteamento de cargos na direção da Petrobras por PP, PT e PMDB.
A parte do PMDB virou dois inquéritos: um do Senado e outro, da Câmara. Nesse, há 15 investigados, entre eles os ex-deputados Henrique Alves (RN) e Solange Almeida (RJ) e o deputado Aníbal Gomes (CE), todos do PMDB, além de Eduardo Cunha e do corretor Lúcio Funaro.
Com informações de diferentes operações, como Sépsis, Cui Bono e Greenfield, a investigação expandiu seu foco da Petrobras para a Caixa.
Segundo um resumo do inquérito assinado em junho pelo delegado Marlon Cajado, a PF reuniu indícios de que o grupo indicava vice-presidentes da Caixa para “vender facilidades” a grandes empresas que buscavam empréstimos. Em troca, ganhava um percentual.
“A partir das inquirições de Lúcio Funaro e Joesley Batista [da JBS], surgiram novos relatos confirmando as atuações do chamado ‘PMDB da Câmara’ junto à Caixa e citando o suposto envolvimento de outras pessoas […], sendo elas o presidente Michel Temer, o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco”, segundo a investigação da PF.
BRASÍLIA – Michel Temer resolveu inflar as ambições de João Doria. Nesta segunda, o presidente participou de uma solenidade na Prefeitura de São Paulo. Aproveitou apara afagar o ego do tucano, a quem chamou de “velho amigo” e “companheiro”.
O discurso já começou em clima de flerte. Temer quebrou o protocolo e saudou apenas o prefeito. “Algumas autoridades até foram esquecidas por um ou outro. Não pelo João Doria, naturalmente, que é rápido em todas as manifestações”, disse.
Foi a senha para uma longa sessão de elogios. “Há muito tempo eu verificava a fórmula do João trabalhar, que é de organização, horários rígidos e muita conciliação”, derramou-se o presidente. “Eu tenho orgulho, com a devida licença, de me equiparar às atitudes do João”, prosseguiu.
Para não deixar dúvidas, Temer disse que o prefeito não tem “uma visão apenas municipalista, mas uma visão nacional”. “Eu vejo que tenho um parceiro, um companheiro, alguém que compreende como ninguém os problemas do país”, exaltou.
O presidente ainda arriscou um trocadilho com o tema do encontro: a cessão de um terreno no Campo de Marte. “Sabemos todos quanto tempo os astronautas levaram para tentar chegar a Marte. E eu vejo que o João Doria em menos de sete meses chegou a Marte, não é?”, gracejou.
Até os habitantes de outros planetas sabem que Doria quer concorrer ao Planalto. Ao descrevê-lo como “um exemplo para a administração pública”, Temer alimenta o sonho do prefeito e sinaliza com um possível apoio do governo e do PMDB.
A força do presidente como cabo eleitoral é duvidosa. Com 5% de aprovação, ele tem tudo para se transformar num espantalho de votos em 2018. No entanto, a visita a Doria serviu ao menos para uma coisa: retaliar Geraldo Alckmin.
O Planalto culpa o tucano pelos 11 votos do PSDB paulista a favor da denúncia da Procuradoria. Ao encher o balão do prefeito, Temer ajuda a esvaziar o do governador.
Demorei para entender, menos que você, leitor. Meu portunhol quebra o galho na Tríplice Fronteira, mas fiquei vendido em Santander, cidadezinha da Cantábria, Espanha, onde nasceu o banco hoje importante no Brasil. O espanhol aqui é o clássico, pronúncia sofisticada, pouco importa seja no bar onde comemos tapas, seja nas lojas da Zara, orgulho nacional.
Por acaso estava justamente em sucursal da Zara, com nome de galã italiano, moda masculina, na fila do caixa para pagar o pacote de meias. Sim, eu com as minguadas meias e a família inteira de portugueses atravancando a bicha – como os portugueses de antigamente chamavam as filas. Pai, mãe, cinco miúdos, crianças em lusitano, e a sogra.
Atolados de pacotes, seguram a fila por bons vinte minutos, eu a maldizê-los pela espera, pela insignificância de minha compra e pela variedade do que levavam da loja, além da matalotagem de compras anteriores. Finalmente chega minha vez. Recebo do caixa o olhar piedoso e o comentário solidário: culo veo, culo quiero. Gente que quer tudo que vê. Se o culo agradar, querem levar.
MAIORES DETALHES você lê no uol.com. Resumo: Luciana Zaffalon, defensora pública do Estado de São Paulo, apresentou à Fundação Getúlio Vargas tese de doutorado sobre as relações entre o Poder Executivo, o Tribunal de Justiça e o Ministério Público do Estado em assuntos relacionados à fiscalização do primeiro pelo segundo e terceiro órgãos.
A tese é interessantíssima, apesar do título característico dos trabalhos acadêmicos: “Uma Espiral Elitista de Afirmação Corporativa: Blindagens e Criminalizações a Partir do Imbricamento das Disputas do Sistema de Justiça Paulista com as Disputas da Política Convencional”.
Luciana Zaffallon examina os temas que foram ou poderiam ser levados pelo Ministério Público ao TJ. Alguns não chegam; outros, o MP leva com intuito de pressionar. Os levados pelo Estado seja no interesse geral e público, seja no político eventual, partidário e menor, são julgados conforme o interesse corporativo do Judiciário, que pode levar à derrota ou à vitória.
A nota que mancha: os interesses corporativos de uma e outra instituições se sobrepõem às obrigações institucionais específicas – investigar e denunciar, pelo MP, e julgar com isenção, pelo TJ. A autora centra-se na volúpia remuneratória que se estabeleceu no Brasil a partir da dimensão adquirida pelo MP e pelo Judiciário na constituição de 1988.
As “imbricações” demonstram que o tônus do poder fiscalizatório do MP e o vigor das decisões do TJ se intensificam, reduzem ou sequer se manifestam quando os interesses corporativos dos dois órgãos são postos em cheque nos reajustes de vencimentos, agregação de vantagens como auxílio-moradia e outros auto-criados sem autorização legal.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, 59, diz que “colaborações em curso” podem ajudar nas investigações contra o presidente Michel Temer por suspeita de obstrução de Justiça e organização criminosa. Os inquéritos servem para embasar novas denúncias contra o peemedebista.
Janot diz que não pode confirmar as tratativas, mas questionado sobre o que um político como o ex-presidente da Câmara tem de entregar para fechar um acordo, ele respondeu: “O cara está neste nível aqui [faz um sinal com uma mão parada no ar], ele tem que entregar gente do andar para cima [mostra um nível acima com a outra mão]. Não adianta ele virar para baixo, não me interessa”.
O procurador-geral recebeu a Folha em sua casa no sábado (5), em Brasília, para uma entrevista. Indicou que prepara nova denúncia contra Temer, revelou que pedirá a anulação de uma delação e afirmou que a saída para o país não é “considerar bandido como político”.
Janot, cujo mandato na PGR termina em 17 de setembro, contou que pretende tirar férias acumuladas até abril e projeta se aposentar no meio do ano que vem.
Folha – Os bambus acabaram? Ainda restam flechas?
Rodrigo Janot – Restam flechas. A gente não faz uma investigação querendo prazo e pessoas. As investigações vão ficando maduras até que se possa chegar ao final. E várias estão bem no finalzinho. Eu diria que tem flecha.
Quais são?
A surpresa você vai deixar para mim, né?
Não foi um pouco de soberba ter falado em flecha (em um evento recente)?
Isso é brincadeira que a gente faz internamente desde a época do Cláudio Fonteles [2003-2005]. A gente dizia que temos que trabalhar, e a expressão dizia isso, enquanto houver bambu, lá vai flecha. Não é soberba nenhuma.
A Câmara barrou a denúncia por corrupção contra Temer. É frustrante ver o trabalho ser enterrado?
A Câmara não barrou a denúncia. A Câmara faz um julgamento político de conveniência sobre a época do processamento penal do presidente. Fiz meu papel, cada instituição tem que fazer o seu. A Câmara entendeu que não era convenientemente o momento para o processamento do presidente. Que a Câmara agora arque com as consequências. Agora, a denúncia continua íntegra, em suspenso esperando o final do mandato. Acabou o mandato, a denúncia volta e ele (Temer) será processado por esses fatos que estão ali imputados, que são gravíssimos.
Como fica a situação do ex-deputado Rocha Loures?
Vou pedir a cisão do processo, sim, e ele vai responder esses fatos.
A denúncia descreve roteiro plausível de crime de corrupção, mas não aponta que a mala de R$ 500 mil recebida por Loures da JBS foi para Temer. O sr. acha que a falta dessa ligação ajudou a segurar a denúncia?
Temos de entender que o crime de corrupção não precisa de você receber o dinheiro, é aceitar ou designar a proposta. Receber o dinheiro é a chapada do crime de corrupção. Se a gente não vive um país de carochinha, uma pessoa que designa um laranja para acertar acordo ilícito, que acerta a propina e recebe a mala, vou exigir que a pessoa que designou o laranja receba pessoalmente o dinheiro? Jamais alguém vai comprovar. Continue lendo →
Chevalier|Direção de Athina Rachel Tsangari|1h44m|2015|Grécia
Na ressaca das emancipações do século transacto o cinema contemporâneo tem-se vindo a colocar uma salutar questão: como pode o discriminador retratar o discriminado? Um exemplo. Veja-se o mais recente filme La academia de las musas (A Academia de Musas, 2015) onde o “truque” de José Luis Guerín e da sua academia (naquela as mulheres teriam uma função de “musa activa” para ajudar na reactivação da poesia do mundo; seja lá o que isso seja) foi visto por alguns como “machismo” encapotado. Mas toda esta questão se expande por outras tensões ante a noção de um filme como espaço de responsabilidade: de que forma podem os brancos falar dos negros? E os ricos dos pobres? Ou os heterossexuais dos homossexuais e os colonizadores dos colonizados? Neste campo a história ameniza a preocupação que poderia ter a grega Athina Rachel Tsangari quando decidiu “explorar” a masculinidade competitiva de meia dúzia de homens de meia-idade durante uma viagem veraneante de iate.
Já que falamos de história pensemos na do cinema que nos ensinou que os homens falam dos homens (Ford, Peckinpah, tantos outros), os homens falam das mulheres (Cukor, Minnelli, Sirk) e, quando muito, as mulheres falam das mulheres (Akerman, Martel, Arzner). Agora, mulheres aventurando-se no mundo da poeira, do suor e da testosterona já não é tão comum. Bom… talvez Bigelow e Reichardt mas não muitas mais. Athina, depois da habitual história de crescimento com o seu filme anterior Attenberg (2010), resolveu satirizar alguns dos elementos que a sociedade valoriza hoje como símbolos de um homem forte e de sucesso.
Há uns tempos a cantora islandesa Björk disse que normalmente quando se viam mulheres no cinema estas pareciam estar encerradas numa jaula composta por energia masculina. Interessante que com Chevalier parece acontecer o oposto. Estes homens – cavaleiros contemporâneos no seu torneio medieval: o prémio para o vencedor é um anel, símbolo de orgulho e distinção – parecem batalhar rodeados de energia feminina. Um deles, já descontrolado acaba mesmo a perguntar por telefone à esposa se acha que ele tem as pernas gordas. Mas o olhar de Atina, feminilizando um pouco o jogo másculo das suas personagens (a atenção ao detalhe do outro como estereótipo do feminino) acaba por resistir à tentação de tornar as coisas espalhafatosas à medida que o jogo avança e a rivalidade aumenta. Aliás, é o final do filme, em tom suave (com os planos de despedida dos amigos à noite da doca, quando o barco chega ao porto e com o mero vislumbre do vencedor), o que permite ao espectador ávido de alegorias parar para pensar na condição de um país que, estando em crise, eleva os valores da rivalidade entre os seus, para perceber quem é o melhor ou o menos culpado de toda esta pseudo-ruína financeira.Nessa dita viagem de iate, para combater o tédio, seis amigos resolvem jogar a um jogo: quem será o melhor homem? As regras são flutuantes e tudo conta. Quem roe as unhas ou ressona? Quem monta mais rápido um móvel do Ikea, tem menos colesterol no sangue ou a pila maior? Nesta comédia de amizade e competição masculina, o barco devém ringue e torre de espionagem. Interessa, claro, observar a mínima falta no outro para sair vencedor.
Outra energia, mais vaga, não deixa de pairar nesta comédia com diálogos sobre responsabilidade por toques de telemóvel ridículos ou sobre a melhor forma de grelhar lulas. Formulações como: “deixa-me fazer-te uma pergunta” ao que o outro responde “com prazer”, ou interrogações como “não seria óptimo estar sempre de férias?” fazem parte de uma cadência de diálogos de revelação em caminho de uma descoberta da verdade, que a história grega sempre encenou, pelo menos a partir dos famosos diálogos socráticos. Essa cadência da argumentação, das refeições em conjunto, da filiação masculina já faziam parte de um ideal de competição e sobretudo de melhoramento do corpo e da alma do homem grego. É precisamente esta energia, se lhe quisermos chamar filosófica, que envolve Chevalier e que ajuda a transportar o filme de uma batalha de géneros (uma mulher a satirizar os homens) para um exercício de maiêutica individual e, como alguns nele viram, nacional.
Aldemir Bendine deu de cara com seu algoz, Marcelo Odebrecht, quando chegou à sede da Polícia Federal, nesta quinta (27), em Curitiba. O ex-presidente do Banco do Brasil começou a ser investigado depois que foi delatado pelo empreiteiro, que diz ter pago a ele propina de R$ 3 milhões.
Marcelo, que está preso na PF, fazia reunião com seus advogados quando Cobra, apelido de Bendine nas planilhas da Odebrecht, chegou. O ex-presidente do BB olhou duro para o empreiteiro. E passou reto.
“As convicções políticas de Barros parecem tão sólidas quanto prego em pudim”. A frase tem dono e merece registro em cartório. O dono é Rafael Moro Martins, em artigo sobre os planos de hegemonia do clã Barros – Ricardo, Cida e Maria Victória. Merece registro porque a compulsão de se apropriar dela é invencível. Rafael foi perfeito na matéria da última edição da revista Piauí (‘O céu é o limite’).
A matéria reproduz momentos do casamento da delfina do casal Borghetti – Barros. Nada disso é novidade. Novidade é Rafael Moro Martins. Fui procurar: é jornalista em Curitiba, aqui graduado e formado. Está na equipe do livre.jor.org, (valioso) jornal virtual que acompanha a prefeitura e a câmara municipal. O site traz outros trabalhos de Rafael, que também trabalhou na defunta Gazeta do Povo.
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