Deem uma passada no buzzfeed.com e leiam uma das conversas entre Aécio Neves e Joesley Batista. Banditismo puro, conversa de bafon (bas fond para os puristas). Aécio só fala em apagar rastros de crimes da Lava Jato, pressionar os presidentes da câmara e do senado para votar anistia para os atuais e futuros pendurados na Justiça.

A linguagem, como a de presidiários grampeados pela polícia, marcada pelos palavrões, erros gramaticais – nem Dilma fala aquele português capenga -, ofensas a ministros e parlamentares. Alguém mais afoito diria que o senador tinha tomado todas, lembrava Lula em seus momentos de exaltação. Nada, nem um tico de aceno republicano. Só o tirar da reta.

“Tem que ser um que a gente mata antes de fazer a delação” – Aécio Neves responde assim a Joesley Batista, da Friboi, sobre o destinatário dos R$ 2 milhões que pedia ao empresário (capa do Estadão de ontem). Mais um pouco mandaria passar o delator pelo moedor de carne, como na máfia dos EUA.

Ainda diremos muito obrigado pelas mentiras de Dilma, aquelas com as quais venceu no segundo turno. João Santana um dia será herói histórico por inventar as mentiras. Graças às mentiras e aos mentirosos livramo-nos de ter Aécio Neves como presidente.

Se Aécio viesse (deu rima!) a governar como negociou com o homem da Friboi, teríamos no Planalto um filhote de Stálin. Ao contrário dos alemães do tempo de Bismarck, os brasileiros sabem como são feitas as leis e as linguiças. E nem assim perdem o sono.

Aí já é demais, é cuspir na cara do brasileiro. Michel Temer diz a interlocutores que sua conversa com Joesley Batista, na qual trata de dinheiro para o ex-deputado Eduardo Cunha, foi com intenção humanitária, que a família de Cunha “passa necessidade”, já que tem os bens bloqueados na Justiça. E os milhões de brasileiros que “passam necessidade”? O que Temer faz para estes? Nem um naco de acém, a carne de segunda, ele pede para a Friboi?

Temer decidiu se enforcar com o pescoço de Rodrigo Rocha Loures. Daí dizer que Rodriguinho terá que assumir a responsabilidade pelo pedido de dinheiro ao dono da Friboi. Ah, bom, então Rodriguinho enganou o amigo e chefe Temer. E aquele trecho da conversa em que Temer manda o dono da Friboi combinar o que for necessário com Rodriguinho?

É muito cinismo. Fernando Collor aproveita o momento para recomendar serenidade institucional neste momento pelo qual passa o país. O que significa essa serenidade? Deixar a nau da roubalheira levar Ali Baba a porto seguro?

Os políticos querem eleição para presidente, agora inevitável, seja Michel Temer legalmente inocente, seja moralmente culpado. Recomendam que antes se faça um pacto político. Pacto entre políticos sabem no que dá, o povo paga o pacto e o pato. O único que nos tira do buraco é deixar fora os suspeitos, os agitadores e os trapalhões de sempre, ou seja, Lula, José Serra, Bolsonaro, Ciro Gomes. Não funciona. O poço é bem fundo, nem vimos a água lá embaixo.

Falando nos caras da Friboi, eles merecem a imunidade que receberam, plena e absoluta contra processos (até pelos empréstimos do BNDES?). Um deles gravou e fotografou o procurador da República que repassava informações sobre investigação da qual participava. O procurador foi preso ontem. Tanta facilidade para meter a mão no dinheiro público mexe com os mais feros defensores da lei.

“Brazil President Endorsed Businessman’s Bribes in Secret Tapes, Newspaper Says”, o presidente do Brasil gravado ao autorizar empresário a pagar propinas. Manchete do The New York Times, um dos poucos jornais internacionais que noticiou a última tragicomédia brasileira. A manchete, igual a tantas de nossos jornais, está em inglês, nossa segunda língua mal falada. Mas no inglês fica tão bonita. A manchete, não a notícia.

O QUE ACONTECE com esse povo, os políticos? Não deram um intervalo de descanso na corrupção. Apostam que não serão descobertos, como se vê no lance recente de pedir propina no mês de março de 2017, auge das delações da Lava Jato. Não precisam ser honestos, políticos nunca foram, jamais serão honestos.

O que se espera dos políticos é o saudável, tradicional fingimento, a doce hipocrisia que homenageia a virtude. Basta dar um tempo, deixar a poeira baixar, recolher-se ao aprisco. Um tempo na venda de leis e favorecimento de negócios com o governo. Só um tempinho. Depois voltem, como sempre.

Rogério Distéfano

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Acróstico caótico para Juraci Pires de Camargo

Retícula sobre foto de Gusravo Rayel Jr.

Jigante pela própria natureza
Unânime é impávido colosso
Refulge em seu futuro essa grandeza
A glória de ter saído do fundo do poço
Comilão como convém a quem pensa
Indulgente quando a carne é de pescoço

Porém se o apetite lhe é penoso
Investe com tamanha sutileza
Reclamando uma porção de tremoços
Enquanto, incrédulo, balança a cabeça
Senhor de si, do jantar e do almoço

(Difícil iludir sua balança
Estes quilos não o mostram mais tão moço)

Claro, quando o prato é uma beleza
Apetite voraz não consulta bolso
Mandando ver rápido pra mesa
Acepipes com e sem caroço
Rosbife, rabada e calabresa
Gnocchi, vitela e audacioso
Orgulho de quem não recusa sobremesa

Curitiba|25|5|1990 – Turma da Umuarama Publicidade

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Um zumbi no Planalto

Bernardo Mello Franco – Folha de São Paulo

Temer, o presidente sem votos, agora quer ser presidente sem governo. Flagrado numa trama de corrupção e obstrução da Justiça, ele vê sua autoridade se esfarelar em praça pública. Mesmo assim, insiste em se agarrar à cadeira.

O governo começou a respirar por aparelhos na noite de quarta. Assim que o diálogo com o dono da JBS foi divulgado, aliados passaram a discutir procedimentos para desligar as máquinas. As conversas avançaram pela madrugada de Brasília.

Na residência do presidente da Câmara, quatro ministros discutiram as exéquias do chefe. Todos trataram Temer como um cadáver político. Restaram divergências sobre a forma de removê-lo do palácio: renúncia, impeachment ou cassação no TSE.

A situação se agravaria nas horas seguintes. O Supremo autorizou a abertura de inquérito criminal contra o presidente. A OAB falou em fatos “estarrecedores, repugnantes e gravíssimos”. A Bolsa despencou, o dólar disparou e o mercado passou a cobrar um desfecho rápido para a crise.

Temer ouviu de vários aliados que chegou ao fim da linha, mas decidiu resistir, mesmo que seja na condição de zumbi. Seguiu o conselho de aliados que dependem do foro privilegiado para não embarcar no próximo voo da Polícia Federal para Curitiba.

Em vez de demonstrar força, o discurso do “fico” forneceu um atestado de fraqueza política. Em tom irritadiço, o presidente esbravejou e elevou a voz, mas não esclareceu nenhuma das suspeitas que o cercam.

Temer apostou tudo na estratégia do terrorismo econômico. Sugeriu que sem ele o Brasil mergulhará no caos e o esforço pela retomada será jogado no “lixo da história”. Quando disse que não iria renunciar, ouviu aplausos tímidos e constrangidos.

Ao prolongar a agonia de um governo cambaleante, o presidente mostrou que está menos preocupado com o país do que com o próprio destino. Talvez não tenha entendido que este pode ser o caminho mais curto para a lata de lixo.

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Mural da História

República dos Bananas – 25 de novembro|2016

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Óinc!

República dos Bananas

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Mural da História

25 de novembro, 2010

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Salteadores trapalhões

Michel Temer avisa que não vai cair. Vasculhem os anteriores: foi sempre assim, o aviso da não-queda é o início da sim-queda.

Temer só cai via renúncia, cansado da sangria pela falta de apoio político e popular. Impiche demora e da cassação via TSE cabe recurso. A bomba ainda estoura nas mãos da ministra Cármen Lúcia, presidente do STF. Sim, porque os da ordem de substituição a Temer até a eleição seguinte estão mais sujos que pau de galinheiro: Rodrigo Maia, o genro de Moreira Franco, presidente da câmara, e Eunício Oliveira, do senado, como o agravante do peripaque de dias atrás, irritado com denúncia até amena. A história se repete como farsa; aconteceu coisa quase igual com o presidente Café Filho. A diferença de hoje é que a presidente do STF não é nepotista como José Linhares, presidente do STF na época.

Já rolam na rede: a foto de Michel Temer com vestido ‘tomara que caia’ e o lamento de que Marcela Temer possa ser traveco. Como se diz em S. João do Triunfo, “essa gente não perdoam”.

Qual a diferença entre Hermas Camacho, o Marcola, chefe do PCC primeiro comando da capital, e Eduardo Cunha, chefe do PCC primeiro comando do Cunha? O juiz, só o juiz. No mais tudo igual. Os dois estão em prisão especial, comandam o crime de dentro da cadeia e recebem dízimo da quadrilha. Pensando bem, Marcola sai mais barato para o orçamento, pois não assalta o governo.

Temer caiu. Só a ficha que está entalada no seu gogó. O beijo da morte veio com William Bonner, do Jornal Nacional, quando o chamou de ex-presidente.

De onde os corruptos do PT, PSDB, PMDB e outros tiram dinheiro para pagar advogados? Ou os doutores trabalham de graça, o que é de duvidar, ou sobrou grana depois das delações premiadas, algo escondido num colchão do Caribe, ou tem gente que entrega embutido honesto – diferente dessa gente da Friboi, que contou que Aécio Neves pediu R$ 2 m para pagar advogados.

Eduardo Cunha estava muito quieto, perigosamente quieto, sem delação e sem a autobiografia. Por que tanta demora para mandar a fatura para Michel Temer? Tempo gasto para fechar o cálculo. Agora se entende o atraso e a semanada de R$ 500 mil por vinte anos.

A República de Curitiba já tem seu cônsul em Brasília. Chama-se Edson Fachin, instalado no STF. Leva vantagem sobre o presidente da República daqui: não fica passeando pelo mundo a trocar sorrisos e risadinhas com Michel Temer e Aécio Neves. Será que o presidente Moro vai aprender alguma coisa com o exemplo de Fachin? Difícil.

Renan Calheiros, o nosso Frank Underwood, está rindo, feliz da vida. Os amadores caíram de maduros e ele ganha sobrevida, nem precisa mais criar dificuldades para vender as facilidades. O estrondo do último escândalo criou uma densa cortina de fumaça sobre ele.

Rogério Distéfano

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Fraga

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E ainda pode piorar muito…

Eliane Cantanhêde  – O Estado de S. Paulo

O presidente Temer despenca no escuro, deixando o País sem presente e sem futuro

O Brasil, pobre Brasil, acaba de dar mais uma cambalhota mortal. Após uma   semana de boas notícias na economia, com as reformas andando e justamente a 20 dias do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Michel Temer despenca no escuro, deixando o País sem presente e sem futuro.

Temer foi estupidamente flagrado estimulando a compra do silêncio do ex-deputado e atual preso Eduardo Cunha e favorecendo a JBS com benesses de governo, enquanto um assessor direto, o deputado Rocha Loures, é filmado recolhendo uma mala com dinheiro vivo.

Não bastasse, a Polícia Federal também filmou o senador tucano Aécio Neves, presidente de um partido-chave na sustentação política de Temer, pedindo R$ 2 milhões para Joesley Batista, da JBS. E mais: os policiais puseram um chip na dinheirama e descobriram que ela foi parar nas contas do também senador Zezé Perrella (PMDB), de Minas.

Não bastasse, o filme de terror fica ainda mais assustador quando se lembra que Perrella é um velho personagem das páginas policiais, sobretudo quando um avião de propriedade de sua família foi capturado carregando cocaína.

Tudo parece tão absurdo, tão realismo fantástico, que o mínimo que se pode dizer é que a realidade está superando a ficção no Brasil, que já passou pelo impeachment de Fernando Collor e acaba de sair do impeachment de Dilma Rousseff em meio à maior crise econômica da história.

A nota do Planalto para reagir a tudo isso lembra alguém tentando combater um incêndio de grandes proporções com um copo d’água. Ficam, portanto, três sérias ameaças a Temer, além dos gritos de renúncia que ecoam: uma guinada do TSE rumo à cassação do mandato, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), acatar o pedido de impeachment ou, simplesmente, a PGR e o Supremo processarem o presidente.

Pela Constituição, presidentes só não podem ser processados por crimes alheios e anteriores ao mandato, o que não é o caso. E, também pela Constituição, se Temer cair agora, o presidente da Câmara assume e convoca eleições indiretas. Sabe o que significa? Que os deputados que elegeram Eduardo Cunha para a presidência da Câmara e os senadores que içaram Renan Calheiros para a do Senado vão eleger o novo presidente da República. Só rezando…

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Bem que gostaria de começar estas linhas dizendo ‘prometo não mais tocar no assunto’. O assunto, a Operação Lava Jato e o protagonismo do juiz e dos procuradores baseados em Curitiba. É impossível. Somos cercados o tempo todo por gente a comentar os desdobramentos, assediados nas redes sociais com opiniões que vão do cretino ao brilhante. Paciência, a irracionalidade e a estupidez são atributos humanos. Ponto.

O que venho captando é a fina percepção de que o juiz Sérgio Moro não foi a brastemp sonhada no interrogatório do ex-presidente Lula. Analista de peso, Clóvis Rossi, na Folha de S. Paulo, deu-se ao trabalho de levantar questões que o juiz deveria ter apresentado a Lula e não o fez. E nelas se vê que fariam o contraponto adequado às evasivas do réu. Não há espaço aqui para analisar o interrogatório. Basta ficar num momento dele.

É o momento em que Moro pergunta a Lula se este se ‘sente’ responsável pelos fatos da Lava Jato. Pergunta subjetiva, irrelevante, inócua para a apuração da verdade – a verdade real, buscada no processo. Na hora lembrei dos júris do cinema norte-americano, nos quais esse tipo de pergunta é indeferido pelos juízes, exato pelo seu marcado subjetivismo. Em outras palavras, faltou objetividade no interrogatório de Lula.

A audiência de Lula resgata-me uma conclusão, extraída na advocacia: os juízes federais não são bons interrogadores como os juízes do trabalho e os juízes estaduais das áreas cível e criminal. Os federais trabalham preponderantemente com matérias com pouca ou nenhuma necessidade das provas orais, a testemunhal e o depoimento pessoal. Já os outros fazem isso como rotina; vão direto ao ponto central, o cerne do processo.

Rogério Distéfano

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O fogo amigo do marqueteiro

Bernardo Mello Franco – Folha de São Paulo

BRASÍLIA – João Santana é um personagem central na história do PT no poder. Quando a crise do mensalão ameaçou varrer o partido do mapa, Lula recorreu a ele para reconstruir sua imagem. O marqueteiro bolou um slogan sob medida para calar os críticos. Com o mote “Deixa o homem trabalhar”, o petista superou o desgaste e se reelegeu.

No segundo mandato, Santana recebeu uma missão impossível. Precisava transformar uma ministra de nome difícil, com fama de turrona, em herdeira da popularidade do chefe. Sem ter disputado uma eleição na vida, Dilma Rousseff chegou lá.

O mago das campanhas ganhou prestígio e virou eminência parda do governo. Passou a opinar sobre tudo e foi apelidado de “40º ministro”. Quando Dilma recebeu a notícia de que podia comemorar a reeleição, voltou a pedir o seu socorro: “Vou com roupa de que cor?”

Santana caiu em desgraça junto com o petismo. Virou alvo colateral da Lava Jato, que rastreou pagamentos secretos à sua empresa. Em fevereiro de 2016, ele foi preso com a mulher, Mônica Moura. Depois de uma temporada na cadeia, o casal de marqueteiros assinou acordo de delação. Nesta quinta (11), o Supremo liberou os depoimentos.

Santana disse que Lula dava a “palavra final” no esquema de caixa dois. Mônica contou que Dilma usou um e-mail secreto para vazar investigações. As delações não são atestado de culpa, mas agravam muito a situação dos ex-presidentes.

Em 2014, Aécio Neves e Marina Silva atribuíram suas derrotas ao bombardeio do publicitário. O que eles sofreram não se compara ao dano que o fogo amigo de Santana promete causar a Lula e Dilma. O mago que recuperou a imagem do petismo agora ajuda a desconstruí-la.

Michel Temer festeja um ano no cargo com uma proeza: aprovado por 9%, é mais impopular que a antecessora às vésperas do impeachment.

 

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Solitária criança

© Ricardo Silva

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Hoje

Segundo a jornalista Adélia Maria Lopes, o “Nosso Senhor da Luz dos Pinhais”.

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Tchans!

Tales of Talena. © Jean Rodrigues

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Todo dia é dia

tinta-vermelha

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