Mural da História

O EX-TADO DO PARANÁ 2

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Quando o fígado supera o cérebro, o país afunda em um mar de bile

Clovis Rossi – Folha de São Paulo

Michelle Goldberg, colunista da “Slate”, reclama, em artigo para o “New York Times”, de “como a esquerda aprendeu a odiar como a direita”. Ela é liberal, o máximo de esquerdismo a que se permitem os americanos, e naturalmente culpa os republicanos por terem inaugurado o ódio com sua rejeição frontal a Barack Obama.

Mas lamenta que a reação dos liberais a Donald Trump seja igualmente rancorosa.

Proponho um exercício, talvez inútil e ingênuo, de trazer para o Brasil o raciocínio de Michelle. Aqui também, o ódio instalou-se no ambiente político e social. Não adianta discutir se quem instalou o ódio foram os “coxinhas” ou os “mortadelas”, mas ele está aí, forte.Faz no final do artigo uma observação preciosa: “O ódio oblitera a nuance e estimula teorias conspiratórias (…). Provavelmente não é bom para a América que toda eleição pareça-se a uma batalha pelo futuro da civilização”.

Odeia-se o PSDB ou o PT, assim como se odeia o juiz Sergio Moro ou Luiz Inácio Lula da Silva. No mundo político, só há um amor ecumênico: pela Odebrecht, OAS e demais empreiteiras, que irrigam todos os lados que amam odiar-se.

É um jogo que, de fato, “oblitera a nuance”. Pegue-se, por exemplo, o caso da libertação de José Dirceu, decidida por três dos ministros do STF. O ódio faz com que se diga que são traidores da pátria, pelo lado contrário a Dirceu, ou que a pátria foi salva das garras da República de Curitiba, pelo outro lado.

Fica perdida uma nuance importante: o STF não revogou a condenação de Dirceu; apenas determinou que ele fique em liberdade até o julgamento definitivo ou até que uma nova condenação, em outro caso, o leve de volta a Curitiba.

A condenação original, lá atrás, já produziu efeitos: Dirceu perdeu o mandato e teve sua carreira política truncada, provavelmente para sempre. Era, lembra-se?, potencial candidato à Presidência da República e, hoje, nem seus defensores exacerbados pensam nele para vereador.

Pulemos para outro exemplo: as reformas trabalhista e da Previdência. De novo, como escreveu Michelle Goldberg, fica parecendo, pela fúria com que cada lado ataca ou defende os projetos, que está em jogo o futuro da civilização.

Não creio que nem o futuro do Brasil, menos ainda o da civilização, estará assegurado ou perdido, caso passem ambas as reformas ou sejam ambas rejeitadas no fim das contas.

A nuance que se perde, a meu ver, é que nem o “status quo”, que os adversários das reformas acabam defendendo, nem as mudanças propostas estabelecem o paraíso na Terra. Se não houvesse essa carga toda de ódio, talvez se pudesse discutir reformas —que todos admitem serem necessárias— que tornassem os projetos mais aceitáveis.

Aí entra um conceito, o de “superioridade moral”, citado em “El País” desta quarta-feira (3) por Félix Ovejero, professor da Universidade de Barcelona: “Se alguém se sente essencialmente melhor, não acredita que deva explicações aos que não julga à sua altura”.

E assim vamos afogando em um mar de bile.

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Pensando bem…

© Myskiciewicz

Michele Pinto, pobre Michele, não poderá fruir seus cem anos de perdão. Sim, aquele mesmo, a indulgência moral do ladrão que rouba de ladrão. Aliás e em tempo, para evitar processo por calúnia, não afirmo nem considero Michele ladra. Ainda que alguma vez tivesse – atentem para o condicional – furtado, vejo nela a atenuante moral de quem serviu a outro, este sim com folha corrida no cartório criminal.

Outro, não, outra, no caso a empregadora de Michele, nada mais nada menos que Adriana Ancelmo, ex-primeira dama e primeira cúmplice no governo peculatário do marido Sérgio Cabral. Importante lembrar que governador e primeira dama estão presos por ordem da justiça federal (a estadual não autoriza prisão de nababos, e só os condena uma semana antes da prescrição impedir a prisão – nem dá tempo para o trânsito em julgado).

Pois é, Michele é processada e escrachada por Adriana. Diz esta que Michele abusou de sua confiança nos dez anos de emprego: desviou dinheiro com os cheques em branco, assinados pela patroa, usou os cartões de crédito desta (por que gente de governo e família usa tanto cartão?), essas coisas que a sharia autoriza cortar a mão de quem faz. Não daria para usar a sharia – rima e solução – porque Adriana também estaria sem mãos.

Tem advogado esperto por trás disso de Adriana levar Michele para a delegacia, imputada de crime contra o seu – dela Adriana – patrimônio. Michele não deixou barato e entregou o sistema de carga e descarga de dinheiro vivo no escritório de Adriana, sala envidraçada, em frente à sua: R$ 200, 300 mil semanais, trazidos em mochila por auxiliar do marido; idas e vindas de gente da joalheria H. Stern trazendo ouro, pedras, colares e braceletes para a primeira dama.

O imbróglio entre as duas assumiu contornos de suspense, espionagem. No último dia de trabalho Michele deixou a bolsa sobre sua mesa e foi se despedir dos advogados do escritório. Chegando na rua percebeu que o pendrive onde levava provas dos malfeitos da primeira dama, bem assim a agenda de idas e vindas, fora surrupiada de sua bolsa. Ao chegar em casa, seu telefone celular teve a memória apagada à distância.

Crime convida ao crime, Michele via o dinheiro brotar, mensal e fácil, sem fonte legítima, torrencial, como declarou aos juízes: R$ 800 na conta menor, R$ 1.200 na maior. Dele saíam salários do escritório (8) e da residência do casal Cabral (17). De 2005 a 2015 Michele assistiu a multiplicação dos pães e dos dólares. Cúmplice involuntária, decidiu compartilhar: a mochila-família para Adriana, bolsa-família para ela.

Rogério Distéfano

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O poeta viu 2 palavras ameaçadoras: BRUTAMONTES e FACÍNORA

Reinaldo Figueiredo – Folha de São Paulo

“Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.”
Carlos Drummond de Andrade

O poeta queria escrever um poema denso e intenso, que causasse uma forte impressão no leitor. Seguindo as orientações de Edgar Allan Poe, escolheu para cenário um local soturno e lúgubre, um beco escuro, perto de um cemitério. E a hora seria a madrugada, bem depois da meia-noite. Mas o poeta, como todo poeta, era meio desligado e não percebeu que o local era muito perigoso e pouco policiado.

Enquanto ainda estava escolhendo cuidadosamente a métrica e as rimas que usaria no poema, o poeta viu, no fundo do beco escuro, duas palavras de aspecto ameaçador. Uma era BRUTAMONTES e a outra era FACÍNORA.

Aparentemente sem qualquer motivo, o brutamontes partiu para cima dele, furioso, com os punhos cerrados. O poeta, por instinto, se desviou e conseguiu evitar o golpe. Quando o brutamontes, ainda mais raivoso, voltou para uma segunda investida, o poeta deu-lhe um pontapé no saco, atingindo com toda a força o escroto. Quer dizer, o poeta ficou satisfeito por ter atingido o escroto com duplo sentido: o escroto, a bolsa escrotal, e também aquele cara escroto, no sentido de indivíduo sem escrúpulos e desprezível.

Mas aí o poeta observou que estava tergiversando, que também é uma palavra perigosa. Não era prudente ficar se distraindo com o verbo tergiversar —que também significa virar de costas— porque atrás dele, o facínora se preparava para atacá-lo com uma barra de ferro.

Nesse momento, o poeta se lembrou de que tinha trazido um Dicionário Houaiss, com capa dura, um volume medindo 31 x 22 x 9 cm e pesando 3 quilos e 700 gramas. Antes que o facínora se aproximasse, o poeta arremessou o volume. Ele pensou na hora que poderia ter tacado, jogado ou lançado o dicionário. Mas preferiu arremessar.

E fez bem, porque o tijolaço atingiu com violência um dos olhos do facínora, e o supercílio começou a sangrar imediatamente. Supercílio também é uma palavra traiçoeira, pensou o poeta. Será que é assim mesmo que se escreve? Ao mesmo tempo em que pensava isso, o poeta viu que o brutamontes e o facínora ainda estavam atordoados e aproveitou para fugir dali.

No dia seguinte, inspirado pelos acontecimentos daquela noite, o poeta se inscreveu num curso de MMA, já sonhando em entrar para a Academia Brasileira de Artes Marciais.

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Dirceu volta para prisão em breve, dizem amigos e advogados

Monica Bergamo – Folha de São Paulo

A notícia de que José Dirceu seria libertado foi recebida nesta terça (2) com alegria moderada pelos familiares e amigos do ex-ministro. Eles acreditam que em breve o petista deve voltar à prisão de Curitiba (PR).

SINAIS
Advogados ligados a Dirceu também fazem a mesma análise. Eles acreditam que a libertação, determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), deve apressar a condenação do ex-ministro no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Depois disso, já sentenciado em segunda instância, ele voltaria à prisão.

SINAIS 2
A iniciativa dos procuradores de Curitiba, de oferecer nova denúncia contra Dirceu no mesmo dia em que ele seria julgado pelo STF, reforça a impressão do círculo mais próximo de Dirceu de que a alegria da liberdade deve ser passageira.

NO VERMELHO
E os mesmos amigos relatam que, depois que Dirceu foi preso, os recursos para ele e para familiares secaram. Duas das filhas do ex-ministro seguiriam inclusive viajando de ônibus quando querem visitá-lo em Curitiba. A mulher dele, Simone, vai ver o marido em geral a cada quinze dias, com a filha, Antonia, de 5 anos.

POSITIVO
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, calcula que em setembro o desemprego no Brasil começará a ceder. Ou seja, serão criadas mais vagas do que o número de postos formais fechados no país.

DOIS PONTOS
Três dias depois de ouvir o depoimento de Lula, no dia 10, o juiz Sergio Moro vai debater o papel do poder judiciário com o ex-ministro e advogado José Eduardo Cardozo. Os dois vão falar na mesma mesa no dia 13 de maio no Brazil Forum UK, na London School of Economics and Political Science, em Londres. O ministro do STJ Ricardo Villas Bôas Cueva e o advogado José Alexandre Buaiz, sócio do escritório Pinheiro Neto, participam da mesma discussão.

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Com Aécio e Alckmin na frigideira, PSDB vai a Doria: mas quem é ele?

Elio Gaspari – Folha de São Paulo

Tucano tem uma peculiaridade. Quando alguém discorda dele, o doutor repete o que acabou de dizer. Afinal, sua sabedoria é tamanha que, se alguém discorda, isso é sinal de que não entendeu.

Mesmo aceitando-se essa superioridade intelectual, a última pesquisa do Datafolha mostrou que chegou a hora de o tucanato entender que Aécio Neves e Geraldo Alckmin estão na frigideira.

Geraldo Alckmin, o cidadão que por mais tempo ocupou o governo de São Paulo desde os tempos coloniais, foi candidato a presidente em 2006. Sua rejeição pulou de 17% para 28%, enquanto as intenções de voto em seu beneficio caíram de 8% para 6%.Presidente do PSDB, o neto de Tancredo Neves governou Minas Gerais durante oito anos, elegeu seu sucessor, teve 51 milhões de votos na eleição de 2014 e hoje tem 8% das intenções de voto. Em alta, só a sua rejeição (44%), disputando com Lula (45%).

Só a propensão a repetir a proposta quando o interlocutor discorda (no caso, o eleitorado brasileiro) pode explicar que o tucanato ficasse preso na bola de ferro do dilema Aécio-Alckmin.

Atribuir a fritura dos dois às nuvens que a Odebrecht colocou em suas biografias é um exagero. Ambos estão em queda desde dezembro. Os dois foram corroídos pela ferrugem do tucanato e pela radioatividade que Michel Temer transmite aos seus aliados. Os sábios do PSDB também não podem reclamar da plataforma plutófila do presidente, pois ela se parece mais com a alma tucana do que com a esperteza do PMDB.

O instinto de sobrevivência do PSDB arrasta os tucanos para o colo do prefeito paulistano, João Doria. O que ele representa ninguém sabe e, pela sua conduta política, pode vir a representar qualquer coisa. Intitula-se um “gestor”, linda palavra, uma das favoritas de Sérgio Cabral quando assumiu o governo do Rio.

Capaz de encantar um conservadorismo órfão, Doria terá um ano para mostrar serviço. Alguns de seus tiques assustam. Em certos momentos, seu sorriso lembra o de Jack Nicholson na inesquecível cena do museu de Gotham City, quando o “Joker” salva um quadro de Francis Bacon.

Doria oscila entre boas iniciativas e o mundo da lua. Com o Corujão da Saúde, descongestionou a fila de exames médicos da cidade. Acabou com o tratamento de “excelência” nos documentos oficiais e extinguiu a edição em papel do “Diário Oficial”. Quando vai para mundo da lua, aumenta a velocidade permitida em vias expressas ou tenta transformar o Uber num instrumento a serviço de fura-greves.

Joia de sua coroa, o diretor da biblioteca municipal resolveu encrencar com o samba, logo com o samba. O desenho final de seu projeto de privatizações, sobretudo a do autódromo de Interlagos, mostrará se ele tem a cabeça de um Carlos Lacerda, criando o aterro do Flamengo, ou de um Eduardo Paes, tentando entregar a marina da Glória ao empresário Eike Batista.

Há um aspecto triste na ferrugem tucana. O partido de Franco Montoro, Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso não formou quadros políticos. (Foi uma verdadeira usina de gênios, mas eles foram todos para bem sucedidas carreiras no mercado financeiro). Obcecado pela figura de Lula, o PSDB fez-lhe tamanha oposição que se esqueceu de cuidar da própria identidade.

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Mural da História

1º de fevereiro, 2009

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Elas

Fernanda Lima. © Alê de Souza

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Mural da História

25 de abril, 2009

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Caretiba

Retta Rettamozo, caretiba gaúcho, 2005, no Bazar do ACT. © Beto Bruel, caretiba da Lapa

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Eike pagou dívida de campanha de Haddad, diz mulher de João Santana

Fernando Haddad

A mulher do marqueteiro João Santana, Mônica Moura, afirmou em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral que o empresário Eike Batista quitou, por meio de caixa dois, uma dívida de R$ 5 milhões da campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo, em 2012.

A afirmação foi feita no dia 24 ao ministro Herman Benjamin, que colheu depoimento do casal em Salvador no processo que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.

A Folha teve acesso ao depoimento, que ainda está sob sigilo.

De acordo com a transcrição da fala de Mônica Moura, ela afirmou que nunca viu nem conhece Eike, mas que o pagamento foi acertado pelo então tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Haddad foi eleito naquele ano, mas acabou não conseguindo a reeleição em 2016.

A mulher de Santana disse que sempre imaginou que a Odebrecht tinha interesses no governo ao fazer doações oficiais aos candidatos e por meio de caixa dois –que é o dinheiro por fora, não declarado à Justiça Eleitoral–, incluindo superfaturamento de obras.

Mas, no caso de Eike, não soube dizer qual seria a contrapartida pretendida pelo empresário ao quitar a dívida da campanha de Haddad.

“Eu não tinha menor noção de qual tipo de negócio eles poderiam ter que interessasse a ele pagar uma campanha do Haddad. Na verdade, ele nem sabia que estava pagando a campanha do Haddad, ele estava pagando uma dívida do PT.”

Santana foi o responsável pelo marketing das principais campanhas nacionais do PT nos últimos anos, incluindo a de Haddad, que foi a grande aposta do partido em 2012.

Mônica Moura afirmou ainda que o pagamento foi feito pelo braço direito de Eike, Flávio Godinho. E que para mascarar a real finalidade da transação, Santana elaborou para o empresário uma consultoria sobre Venezuela e Angola.

“Essa história é engraçada”, disse Mônica no depoimento. “Esse trabalho existiu, no fim das contas, porque o João fez um trabalho primoroso, modéstia a parte, é meu marido. mas eu posso falar porque é um trabalho primoroso de pesquisa e contextualização de uma empresa que o Eike queria montar na Venezuela, em Angola, ligada a petróleo, emergia e tal.”

Ela afirmou que o estudo do marido teve umas trezentas páginas. “O João tinha muito conhecimento sobre a Venezuela e sobre Angola.”

Eike estava preso em decorrência da Operação Eficiência, um dos desdobramentos da Lava Jato, mas acabou solto na semana passada por ordem do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

OUTRO LADO

A assessoria de Fernando Haddad afirmou, por meio de nota, que João Santana e Mônica Moura nunca cobraram da campanha valores que não estejam declarados à Justiça Eleitoral.

“Como reiterado anteriormente, João Santana e Mônica Moura jamais cobraram da ampanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo qualquer valor além do contrato cujo saldo, ao final da campanha, foi assumido pelo Partido dos Trabalhadores”, diz a nota.

“Quanto ao senhor Eike Batista, nem ele, nem nenhum de seus prepostos jamais entrou em contato com Fernando Haddad, nem com o tesoureiro da sua campanha. O ex-prefeito desconhece completamente quaisquer interesses do empresário na cidade de São Paulo.” Folha de São Paulo

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Pensando bem

O carro para no semáforo, o ciclista se aproxima, maço de margaridas na mão e entrega ao passageiro, a quem dirige algumas palavras. O passageiro recusa o presente; o ciclista prende as flores no limpador de parabrisa, como fazem os chatos que nos empurram doces e folhetos, também nos semáforos. O passageiro xinga o ciclista, arranca as margaridas e as joga na rua. Abre o sinal, carro e passageiro seguem seu destino.

Cena corriqueira, cotidiana, todos, motoristas ou passageiros, passamos por ela praticamente todos os dias, a maioria aceitaria as flores, poucos, pouquíssimos, altercariam com o ciclista, ninguém jogaria fora, na rua – por menos que isso aconteceram mortes no cruzamento. Como ficamos? O passageiro estava num mau dia.

Esse passageiro não era qualquer passageiro, era o prefeito de São Paulo, João Dória. O ciclista não era qualquer ciclista, era ativista do ciclismo. Nesse dia, os ciclistas protestavam contra a morte de ciclistas nas vias marginais da cidade, nas quais o prefeito aumentou o limite de velocidade para automóveis – o que elevou o limite das mortes. As flores vinham com ironia, agradecimento ao prefeito, daí sua contrariedade, recusar e lançar fora as flores.

O saber convencional diz que o político tem que afetar paciência, tolerância de monge budista, aos desaforos do cidadão. É próprio da profissão, quando não do caráter do político – frio, impassível, focado no objetivo, distante, quando não oposto, do interesse do cidadão. Alguns, menos frios, mas igualmente focados etc, etc, recusam o desaforo, como o governador do Paraná que sugeriu a sojicultores o autoempalamento com faixas de protesto.

João Dória não tem a resistência do cangaceiro Renan Calheiros, que não permite que a emoção ou a contrariedade alterem suas feições, sua voz, seu comportamento, mais impassível que Michel Temer, coisa praticamente impossível. Está longe do paradigma de todos, José Sarney, que transformou os percalços da política em elixir da longa vida. Chovem críticas ao comportamento de Dória – a pior, o riquinho mimado, cheio de vontades.

Sejamos tolerantes com o prefeito. Pouco, poucochinho. Demonstro. 1. Por justa que seja a causa dos ciclistas, eles são chatos, de resto como no geral os ativistas de semáforo. 2. O prefeito está embalado na glória de sua esmagadora eleição, primeiro turno. 3. Não é por ser prefeito que deve levar desaforo para a prefeitura. Onde errou? Simples, no jogar as flores na rua. Afinal, não foi ele o prefeito que se vestiu de gari no dia da posse?

Rogério Distéfano

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Pensando bem…

Rita Lobo – Divulgação

O ministro Edson Fachin despachou para o STJ o inquérito sobre “doações indevidas” da Odebrecht ao governador Beto Richa. Protesto! Nada é indevido em se tratando de Beto Richa. Melhor dizendo, tudo lhe é devido.

Sempre a Odebrecht. O governador Geraldo Alckmin, tucano como Beto Richa, teria usado o cunhado para receber R$ 10,5 mi por fora. Nada contra a propina ou o que seja, caixa dois, por exemplo. Tudo contra usar o cunhado, que nem é parente.

Oitenta políticos, incluída a cúpula de câmara e senado, 29 senadores, 42 deputados, os governadores mais em evidência, todos denunciados na Lava Jato. Fazer o quê? Nesse ritmo daqui a pouco não teremos mais em quem votar. Solução, só uma: passar uma borracha nos títulos de eleitor dos brasileiros. E só dar direito de voto ao pessoal que está na cadeia. E por os petroleiros em prisão preventiva para falar nos programas eleitorais.

O morticínio do Carandiru rendeu 111 detentos mortos, havia rios de sangue nos corredores. Os 74 policiais militares foram condenados pelo crime de 1992. Vinte e cinco anos depois o processo é anulado e agora volta a julgamento. No passo da Justiça brasileira podemos prever outros 25 anos. O mesmo acontecerá com os 80 políticos que mamaram nas opíparas tetas da Odebrecht: cinquenta anos de perdão. Ladrão que rouba de ladrão é assim.

Tem o burro e tem o ignorante. O primeiro merece compaixão, porque não tem tem cura. O segundo, não, pois pode ser curado mas insiste em continuar ignorante. Como esse Sean Spicer, secretário de imprensa da Casa Branca, que criticou as armas químicas usadas por Bashar Assad na Síria dizendo que nem Hitler fizera isso. Quando soube das câmaras de gás nazistas, pediu desculpas. Devia mais é pedir demissão.

Quer um momento de beleza e alegria? Sintonize no GNT, canal a cabo, programa de Rita Lobo sobre culinária. Moça linda, Rita conduz o programa de forma relaxada, natural, voz e sorriso convidativos como a comida que produz. Além de produtora e apresentadora do programa, Rita é autora de best seller e dona de restaurante. Na beleza, presença em cena e talento bate a maioria das atrizes de novela – excetuada sempre Débora Falabella. Rita leva nosso sorriso no sorriso dela.  

Rogério Distéfano

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Vem aí o sexto livro de contos de Marcio Renato dos Santos

Hoje acontece o lançamento de Outras dezessete noites, o sexto livro de contos de Marcio Renato dos Santos. O evento tem início às 19h30 na Livrarias Curitiba do Shopping Estação com um bate-papo com o autor mediado pela fotógrafa Ale Moretti e pelo jornalista Reinaldo Bessa, da Gazeta do Povo. Em seguida, sessão de autógrafos. Publicado pela Tulipas Negras, Outras dezessete noites tem 124 páginas e custa R$ 40. A entrada é franca.

A obra traz 17 narrativas contemporâneas inéditas nas quais aparecem questões como envelhecimento, difamação, nonsense do cotidiano, amor, disputa pelo poder, miséria e vingança. Notadamente, há presença de mulheres nas narrativas, apresentadas e discutidas a partir do olhar de personagens masculinos e femininos.

“A voz que prevalece nos textos, de Outras dezessete noites, é aquela de incisiva crítica da cena contemporânea”, explica Luci Collin, poeta, ficcionista e professora da UFPR. Luci, que assina o texto de apresentação, afirma que o livro do contista curitibano estimula o leitor ao flagrante de raras emoções. “Esses contos-situações-limite nos colocam frente a frente com nossas fragilidades”, comenta Luci.

As narrativas, de acordo com Marcio Renato dos Santos, dialogam com o Livro das mil e uma noites, uma vez que Outras dezessete noite traz contos interligados, mas as 17 ficções também estabelecem pontos de contato com uma série de contos de autores como Jorge Luis Borges, Murilo Rubião, Júlio Cortázar, Anton Tchekhov, Julio Ramón Ribeyro, Machado de Assis, Antonio Carlos Viana, Sergio Faraco e Luci Collin.

O contista curitibano acrescenta que, além de literatura, Outras dezessete noites traz referências, nem sempre perceptíveis, mas presentes mesmo nas entrelinhas, de poesia, rock and roll, cinema, artes visuais, redes sociais e televisão.

“Este livro faz parte de uma obra em progresso que começou a ser publicada em 2010, mas que venho pensando, escrevendo e reescrevendo faz tempo”, diz o autor dos livros de contos Minda-au (Record, 2010), Golegolegolegolegah! (Travessa dos Editores, 2013), 2,99 (Tulipas Negras, 2014), Mais laiquis (Tulipas Negras, 2015) e Finalmente hoje (Tulipas Negras, 2016).

Serviço: Lançamento de Outras dezessete noites, livro de contos de Marcio Renato dos Santos. Dia 12 de abril (quarta-feira), a partir das 19h30, na Livrarias Curitiba do Shopping Estação (Av. Sete de Setembro, 2.775 — no centro da capital paranaense). Bate-papo com o autor mediado pela fotógrafa Ale Moretti e pelo jornalista Reinaldo Bessa (Gazeta do Povo), seguido de sessão de autógrafos. Publicado pela Tulipas Negras, o livro tem 124 páginas e custa R$ 40. Entrada franca

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