Angelo Vanhoni
Duda Mendonça também contou que foi orientado por Antonio Palocci a procurar Emílio Odebrecht para quitar uma dívida de R$ 15 milhões das campanhas de Marta Suplicy, Fernando Pimentel, João Paulo e Angelo Vanhoni.
Angelo Vanhoni
Duda Mendonça também contou que foi orientado por Antonio Palocci a procurar Emílio Odebrecht para quitar uma dívida de R$ 15 milhões das campanhas de Marta Suplicy, Fernando Pimentel, João Paulo e Angelo Vanhoni.
© Vera Solda
Blog do Josias de Souza – UOL
Em jantar encerrado na madrugada desta quarta-feira, Renan Calheiros comparou Michel Temer a Dilma Rousseff. Enxerga no governo atual a mesma “falta de rumo” que via no anterior. “A diferença é que a Dilma não sabia para onde ir. E o Michel não tem para onde ir”, disse o pajé do PMDB do Senado, rodeado por outros caciques do partido do presidente. Para Renan, não resta a Temer senão a alternativa de negociar um abrandamento da sua reforma da Previdência —sob pena de perder o apoio do seu próprio partido.
A refeição foi servida na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), ex-ministra da Agricultura de Dilma. Terminou por volta das 2h. Compareceram algo como 15 pessoas. O blog conversou com duas delas. Os comensais de Kátia serviram-se de uma iguaria: fritada de Aratu, um tipo de caranguejo. Enquanto se deliciavam, compartiharam a avaliação de Renan segundo a qual Temer mastigará o pão que o diabo amassou se não ajustar sua ambição por reformas às conveniências eleitorais dos seus aliados.
Para desassossego de Temer, não se ouviu na casa de Kátia Abreu nada que pudesse ser entendido como uma defesa do presidente. Quem não ecoou as queixas de Renan ficou em silêncio. Lá estavam, entre outros peemedebistas, José Sarney, sua filha Roseana Sarney, Romero Jucá (RR), Jader Barbalho (PA), Marta Suplicy (SP) e Roberto Requião (PR). Participaram também dois ministros que representam o PMDB na Esplanada: Dyogo Oliveira (Planejamento) e Helder Barbalho (Integração Nacional).
Mencionou-se durante o jantar a peregrinação que o líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), realiza no Senado. Ele vai de gabinete em gabinete. Pede apoio para a mexida previdenciária. Sustenta que Temer, sem ambições políticas para 2018, quer deixar como parte do seu “legado” uma reforma da Previdência tão abrangente quanto possível.
O curioso, realçou um dos presentes ao jantar, é que Temer se esquece de que os congressistas não estão rasgando votos. Terão de se entender com os eleitores no ano que vem. Sobraram críticas para os dois principais auxiliares do presidente, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
“O Temer não pensa em 2018 e os membros do núcleo central do governo não têm mandato, não têm voto nem projeto eleitoral. E querem que os parlamentares se afundem junto com eles com eles”, disse outra voz que destilou acidez na residência de Kátia Abreu.
O jantar da noite passada fez lembrar os repastos que Temer oferecia à caciquia do PMDB no Palácio do Jaburu na época em que ocupava a poltrona de vice-presidente. Alguns dos protagonistas eram os mesmos: Renan, Jucá, Jáder, Sarney… Nesses encontros, os pajés do PMDB dedicavam-se a espinafrar a presidente petista. Ironizavam sua célebre inabilidade política. Hoje, cultivam o mesmo esporte. Só que o alvo passou a ser Temer, cujo traquejo político parece não funcionar no próprio quintal.
Pantomima. Este é o nome que se deve dar ao que ocorreu na segunda-feira, dia 3, com a peculiar “condenação” de Ezequias Moreira – o amigo da família e auxiliar do governador Beto Richa que, durante uma década, manteve a sogra como funcionária fantasma da Assembleia Legislativa para locupletar-se pessoalmente com os salários – isto é, dinheiro público – depositados religiosa e mensalmente em conta por ele aberta. A história ficou conhecida como o “caso da sogra fantasma”.
O Ministério Público Estadual moveu contra Ezequias duas ações: uma cível, outra criminal. Flagrado na irregularidade, Ezequias livrou-se da condenação na primeira ao, voluntariamente, devolver aos cofres da Assembleia quase R$ 539 mil em valor vigente em 2008. A devolução, no entanto, não o desobrigou de responder a processo que, desde a mesma época, tramitava na Justiça criminal, com inescapável chance de vir a ser condenado em razão de sua condição de réu confesso.
Em 2013, como diretor da Sanepar, mas sem prerrogativa de foro, Ezequias parecia prestes a ser condenado em primeira instância. O que se fez? Poucos dias antes de uma audiência na qual a sentença poderia ser proferida, o governador nomeou o amigo para a secretaria de Estado de Cerimonial, dando-lhe foro privilegiado – a partir de então, Ezequias só poderia responder perante o Tribunal de Justiça. A providência, na prática, equivalia a reiniciar todo o processo que tramitara na 5.ª Vara Criminal de Curitiba durante anos.
Sobrevieram novos truques procrastinatórios, com a visível intenção de levar o caso à prescrição. O relator levou nada menos de três anos para encaminhar o processo ao Órgão Especial – única instância de julgamento de agentes públicos com foro privilegiado, onde sucessivos pedidos de vistas prolongaram os prazos até onde era possível.
Eis as circunstâncias que contribuíram para que se chegasse, tantos anos depois, ao julgamento do Órgão Especial, que, mesmo tendo reconhecido o cometimento do crime, eximiu Ezequias das penas cabíveis sob o manto da prescrição. Isso porque o secretário foi condenado a multa, perda de cargo público e seis anos e oito meses de prisão, dos quais quatro anos são a “pena-base” por peculato. De acordo com os artigos 109 e 110 do Código Penal, com o instrumento da “prescrição retroativa”, o prazo de prescrição no caso de Ezequias caiu de 16 para oito anos. Como o tempo decorrido entre o recebimento da denúncia e o veredito superou esse intervalo, Ezequias livrou-se de cumprir a pena a que tinha sido condenado. E passa a conviver com a sociedade honesta como se dela fizesse parte.
No fim, todos terminam bem: o Tribunal de Justiça salva as aparências, pois cumpriu a função de julgar e condenou Ezequias, que por sua vez escapa das penas – nem mesmo deixa de ser réu primário. Louve-se a disposição dos desembargadores que, durante o julgamento, alertaram para o enorme risco moral que haveria ao condenar Ezequias deixando-o impune – um único dia a mais na pena-base teria sido suficiente para evitar a prescrição. Infelizmente, prevaleceu a suposta importância política e consequente intocabilidade do acusado, levando a Justiça do Paraná a dar mau exemplo a uma sociedade cada vez mais consciente e ávida por medidas justas que levem à restauração da ética e da moralidade no setor público.
Mau exemplo, aliás, que causa preocupação a respeito de outro caso de grande repercussão: o do deputado e ex-presidente da Assembleia Nelson Justus, acusado de ter acoitado desvios milionários no Legislativo, e cujo processo também caminha com a lentidão necessária para levar à prescrição dos crimes que lhe foram atribuídos desde a eclosão, em 2010, do escândalo dos Diários Secretos.
O Ministério Público já anunciou a intenção de recorrer da decisão do Órgão Especial, levando o caso para instâncias superiores. Se justiça não se fez agora, que ela venha no futuro mais breve possível.
Editorial, Gazeta do Povo
Mercedes Gameiro dedilha o violão, em algum lugar do passado. © Myskiciewicz
Josias de Souza – UOL
O procurador-geral da República Rodrigo Janot participa nesta segunda-feira de audiência pública sobre o projeto de abuso de autoridade. A proposta é de autoria do senador Renan Calheiros, investigado em 12 inquéritos, nove dos quais relacionados à Lava Jato. O debate com Janot ocorre na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. É presidida por Edison Lobão, acusado de receber propinas extraídas de contratos da Petrobras. Integram também o colegiado uma dezena de senadores encrencados no petrolão.
É a segunda vez que Janot vai ao Congresso para tratar da proposta em que o multi-investigado Renan sugere o endurecimento das penas para magistrados, procuradores e delegados que cometerem abuso de autoridade. Na semana passada, em visita aos presidentes da Câmara e do Senado —Rodrigo Maia e Eunício Oliveira—, ambos delatados na colaboraçãoo judicial da Odebrecht, o procurador-geral entregara uma proposta alternativa à de Renan.
A proposta de Janot excluiu uma das prioridades de Renan: o chamado crime de hermenêutica, que permite punir juízes por divergência de interpretação das leis. Entretando, menos de 24 horas depois da visita de Janot, o senador Roberto Requião, relator do projeto apresentado por Renan, deu de ombros para o texto alternativo de Janot ao ler seu relatório na comissão presidida pelo investigado Lobão.
Além de Janot, devem participar da audiência sobre abuso de autoridade, entre outros convidados: Carlos Ayres Brito, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal; Antonio José Maffezoli Leite, presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos; e Jairo Martins Oliveira Neto, presidente da Associação dos Magistrados do Brasil. Desafeto de Janot, o ministro do Supremo e presidente do TSE Gilmar Mendes também foi convidado. Mas não deve dar as caras. Viajará para São Paulo.
O debate prosseguirá nesta terça-feira, com outros convidados. Entre eles o ex-presidente do Supremo Joaquim Barbosa e o diretor-geral da Polícia Federal Leandro Daielo.
Filmete na Uol: Jair Bolsonaro armou uma cena para ser documentado a cumprimentar Sérgio Moro. O juiz deu no pinote, apenas um sorrisinho menor que o de sempre. Já imaginaram o deleite da rede social mortadela se as duas mãos se estreitassem exato no dia 31 de março?
Os paraguaios incendiaram seu senado em protesto contra a aprovação da reeleição, feita no atropelo e à sorrelfa, sob encomenda do presidente Horácio Cartes. Reeleição para o presidente no cargo está no DNA latino-americano, entre outros FHC e Evo Morales, no governo desde 2006 graças a sucessivas reeleições.
A constituição paraguaia, marcada pela ditadura de Alfredo Stroessner (1954/1989), veda a reeleição. Veremos isso no Brasil? Não. Os paraguaios são diferentes, levaram uma guerra contra o Brasil, Argentina e Uruguai de 1864 a 1870, cinco anos e meio. Lutaram até o último homem, o país paga até hoje o preço da guerra.
Galã de novela é acusado de assédio sexual por figurinista da Globo. Por fas ou por nefas, foi afastado, “para descansar a imagem”. Assédio sexual é abominável, até quem pratica concorda. Ficam interrogações: (1) com tanta atriz linda disponível, por que assediar logo a figurinista? (2) se a figurinista é muito bonita, como as palavras do suposto assédio confirmam, por que a Globo não promoveu a moça para atriz?
Luciano Huck, o apresentador de tevê, não exclui de seu futuro a presidência da República. Tem direito; é eleitor, contribuinte e cheio de Ibope. Mira-se em Donald Trump e João Dória, que se lançaram pela plataforma da televisão. Mas precisa combinar com zagueiros, volantes, goleiro e com o presidente do clube.
Bernardo Mello Franco – Folha de São Paulo
BRASÍLIA – “Quem avisa amigo é. Se o governo continuar deixando que certos jornalistas falem em eleições; se o governo continuar deixando que determinados jornais façam restrições à sua política financeira; se o governo continuar deixando que alguns políticos teimem em manter suas candidaturas; se o governo continuar deixando que algumas pessoas pensem por sua própria cabeça (…), dentro em breve estaremos caindo numa democracia.”
A advertência foi feita por Millôr Fernandes no oitavo número do “Pif Paf”, em agosto de 1964. O governo não achou graça: fechou a revista.
Na segunda-feira (27), o país completou cinco anos sem Millôr. Poucos brasileiros incomodaram o poder durante tanto tempo e com tanto humor, sob regimes militares ou civis.
Sua mira era precisa. Às vezes, bastava-lhe uma frase contra o presidente da vez. Sobre FHC: “Fernando Henrique Cardoso acha que essas são as três palavras mais bonitas do mundo”. Sobre Lula: “A ignorância lhe subiu à cabeça”. Sobre Collor: “Deu ao povo uma coroa de espinhos e ainda ficou com os 30 dinheiros”.
Millôr tinha predileção por políticos que se julgam escritores. Quando Sarney lançou “Brejal dos Guajas”, sentenciou: “Não é caso de crítica literária. É caso de impeachment”.
Ele desprezava a censura e não confiava em imprensa a favor. “Todo governante se compõe de 3% de Lincoln e 97% de Pinochet”, dizia. Seu lema: “Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.
Na terça (28), o presidente Temer expôs ideias diferentes. Ele elogiou a “imprensa livre”, mas cobrou que os fatos sejam relatados “convenientemente”. Em fevereiro, o Planalto pediu censura judicial a uma reportagem que citava a primeira-dama.
Quando Millôr morreu, Temer ainda era apenas um “vice decorativo”. Azar nosso. Seria divertido ler sua crítica aos poemas do presidente.
Volto à coluna em maio. Até lá.
A Verve e o Verbo, de Luiz Geraldo Mazza. Hoje. Local: Bar da Brahma (Avenida Pres. Getúlio Vargas, 234 – Rebouças, Curitiba – PR) Horário: a partir das 19 horas.
Ruy Castro – Folha de São Paulo
Diante da crise, que não poupa nem a libido, os motéis brasileiros estão tendo de inovar. Nada de oferecer aos casais, por exemplo, previsíveis réplicas de Versalhes, do Taj Mahal ou das Mil e Uma Noites. Em vez disso, alguns têm suítes em forma de quarto de hospital (com uma fantasia de enfermeira no armário), cabine de avião (idem, com a de aeromoça) ou sala de tortura (com capuzes, chicotes de veludo e maquininha de dar choque). Já um motel em Brasília, o Altana, inspirou uma de suas suítes na Operação Lava Jato.
Deu na Folha na semana passada. Antes de penetrar na suíte propriamente dita, o casal passa por um corredor com paredes revestidas de cimento, adornadas por recortes de jornais e fotos dos ex-presidentes Lula e Dilma, do ex-deputado Eduardo Cunha e de outras estrelas da operação. A cama é cercada por grades, como as celas que abrigam os hóspedes da Polícia Federal. A decoração visa a atender os que têm um fetiche por fazer sexo sentindo-se aprisionados.
Em breve será possível organizar excursões turísticas inspiradas na ação da Lava Jato. Uma das atrações, como sugeri aqui outro dia, seria uma ida ao posto de gasolina em Brasília, o Posto da Torre, onde nasceu a investigação.
Outra visita obrigatória, esta em São Paulo, seria ao famoso tríplex que não pertence a Lula, numa praia do Guarujá habitada pela elite que ele sabidamente odeia, e ao sítio que também não lhe pertence, em Atibaia. Como são propriedades particulares, o turista não poderá conhecê-las por dentro, mas a imprensa já as descreveu fartamente.
E, numa vinda ao Rio, no intervalo entre as subidas ao Pão de Açúcar e ao Corcovado, um programa favorito tem sido tirar selfies diante do prédio do ex-governador Sérgio Cabral e de sua mulher, Adriana Ancelmo, no Leblon. Todos os taxistas cariocas sabem onde fica.
República dos Bananas