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Benett

Gazeta do Povo – © Benett

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Mural da História

18 de março, 2015

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Mural da História

28 de agosto, 2008

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Debilidade de Temer eleva apetite de fisiológicos

Blog do Josias – UOL

A discrepância entre o discurso ameaçador do Planalto e a suavidade no trato com os parlamentares infiéis leva a plateia a duvidar da seriedade da cena. Michel Temer fica em posição comparável à do sujeito que diz que vai quebrar a cara do outro, mas demora tanto tempo para lenvantar da cadeira que vira motivo de chacota. A situação legislativa do presidente é mais precária do que faz supor a retórica oficial. Os supostos aliados é que ameaçam o governo, não o contrário. Intimados a concluir a votação das reformas de Temer, governistas acenam com a hipótese de dar uma coça no Planalto se os seus apetites fisiológicos não forem saciados.

No plenário da Câmara, os traidores do governo foram contados na casa das sete dezenas na votação da reforma trabalhista. E o número de deputados que sofreram retaliações não preenche os dedos de uma mão. No momento, a articulação política do governo parece sofrer de esquizofrenia. No Senado, pisa no acelerador para tentar apressar a votação final da reforma da CLT. Na Câmara, puxa o freio de mão para retardar a tramitação das mexidas na Previdência, pois faltam-lhe votos. A contragosto, Temer convive com o risco real de ver a tramitação legislativa de suas reformas escorregar para o segundo semestre.

Neste domingo, Temer discutiu as trapaças da conjuntura com o relator da reforma previdenciária na Câmara, Arthur Maia (PPS-BA), e três ministros: Henrique Meirelles (Fazenda), Antonio Imbassahy (Coordenação Política) e Moreira Franco (Secretária-Geral da Presidência). Rodopiaram ao redor das inquietações de sempre: no Senado, a lentidão e as emboscadas de Renan Calheiros. Na Câmara, a inanição de votos e o risco de novas concessões que desfigurem ainda mais os ajustes  no sistema de aposentadorias. Na reforma trabalhista, a ansiedade pela fixação da data de votação. Na reformulação da Previdência, a necessiade de adiar o embate.

O Planato precisa de pelo menos 308 votos para aprovar a reforma da Previdência no plenário da Câmara. O blog perguntou a um líder partidário e a um ministro quantos votos faltam para alcançar essa marca. O ministro recursou-se a responder. O líder estimou que, para enfrentar a votação com uma pequena sobra que evite surpresas, o Planalto precisará seduzir algo entre 60 e 70 deputados. Daí a hesitação do governo em promover exonerações em massa de apadrinhados de deputados traidores. Algo que estimula os parlamentares leais ao governo a elevar o valor de sua fidelidade na apreciação de reformas rejeitadas pela grossa maioria do eleitorado.

A despeito das dificuldades, pouca gente aposta na rejeição das reformas. Mas tornou-se difícil prever quando, como e a que custo as mudanças nas legislação trabalhista e previdenciária se converterão em realidade. A aposta na aprovação é alta porque todo mundo sabe que Temer hipotecará a alma, se for necessário, para alcançar esse objetivo. No limite, terá de fazer novas concessões. A essa altura, é melhor ter reformas desfiguradas do que não ter nenhuma reforma. Uma derrota converteria a gestão Temer num governo, por assim dizer, vegetativo.

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O aloprado-mor

Sintomático a anúncio de João Pedro Stédile sobre a chegada de 20 mil integrantes do MST em Curitiba para acompanhar o interrogatório que Lula da Silva será submetido ao juiz federal Sergio Moro. Stédile é aloprado. Se viesse sozinho, junto com a caravana de políticos do PT que vão prestar solidariedade ao líder, tudo bem – mas ele arrasta multidões que não sabem o que estão fazendo. Depois, tem o seguinte: que tipo de pressão podem fazer para modificar o que vai ser perguntado, respondido, analisado e julgado? Se partirem para o quebra-quebra, quem sai perdendo? O fato é que será montado um esquema gigante de segurança, com forças federais e estaduais, e isso, se é que não sabem, sai do bolso da ninguenzada, cuja maioria está, sim, envergonhada com tanta falcatrua e espetáculo triste e vagabundo. Zé Beto

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Procuradores respondem ao “mando prender” de Lula

A Associação Nacional dos Procuradores da República divulgou a seguinte nota sobre o “mando prender” de Lula:

Em resposta às críticas do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva à Operação Lava Jato, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem a público informar que as investigações da Operação Lava Jato são sérias, técnicas e impessoais.

Se prova precisasse disso, é só observar que o discurso do ex-presidente Lula é exatamente o mesmo de dirigentes de outros partidos políticos também investigados e processados na Lava-Jato.

O argumento de que há uma grande conspiração universal contra o ex-presidente Lula não se sustenta em fatos, muito menos uma conspiração, a que a cada testemunho de um ex-aliado com conhecimento interno da matéria a defesa e o ex-presidente acusam de também participar.

Todos, segundo a defesa, mentem. Apenas o ex-presidente falaria a verdade.

A ampla defesa permite todos os argumentos, é direito de qualquer réu alegar o que quiser. A justiça – independente e técnica – decidirá.

De resto, apenas lamentar a frase, que soa como ameaça, de que – supõe-se legitimamente que depois de mais uma vez eleito presidente – irá mandar prender os que investigam. Isto não irá deter qualquer agente de estado ou a marcha serena e impessoal da Justiça, mas não é uma declaração digna de quem por oito anos foi o supremo mandatário do país.

O ex-presidente sabe muito bem que chefes do Executivo não “mandam prender” ninguém em um estado de direito. A justiça é que o faz.”

José Robalinho Cavalcanti – Presidente da ANPR

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Tchans!

Cle. © IShotMySelf

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Benett

© Benett – Gazeta do Povo

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Onde vamos parar? É a expressão comum entre uma das quatro categorias do brasileiro diante da crise atual: econômica, social, institucional e acima de tudo política. Fiquemos na política, que engloba todas. Quem se pergunta e nos pergunta ‘onde vamos parar’? É a categoria que chamo de depressivo cívico, daquele que se sente esmagado pelos escândalos e pelo cinismo dos homens públicos – com ajuda e cumplicidade de homens privados. Esse depressivo abate-se diariamente com o noticiário, não sente a mais remota possibilidade de melhoria. Derrotado, o Brasil pesa-lhe aos ombros, como a vida para os depressivos em geral.

Falei em ‘categorias. Nestas não vige abatimento, desânimo, dúvida ou quebrantamento.. São três, a saber: os órfãos de Lula, os afilhados de Bolsonaro, e os indiferentes. Os dois primeiros se parecem, vistos no plano bíblico poderíamos chamá-los de irmãos, como Caim e Abel, os irmãos que venderam José ao Egito e destilam uns aos outros aquele rancor só possível entre irmãos. Não têm depressão, mas vivem alimentados e fortalecidos pelo ódio: os órfãos de Lula odeiam os afilhados de Bolsonaro e vice-versa. Buscam a volta de seus líderes com métodos iguais: Lula diz que ainda prenderá os rapazes da Lava Jato; Bolsonaro quer o retorno da ditadura militar.

Órfãos e afilhados sabem o que querem: destruir um ao outro. O ódio conduz a isso, por ser alimentado todos os dias, seja pelo que entendem como calúnias, seja pela própria frustração por aquilo que perderam ou pelo que podem ser impedidos de ter ou recuperar. E há os indiferentes, de matizes que vão da alienação completa à atitude contemplativa do espetáculo. Os contemplativos interessam aqui. Porque não agem, seja pela índole indolente, seja pelo ceticismo com a natureza humana, que para eles subsistiu e chegou aqui na disputa desigual entre a barbárie e a civilização. Para eles a batalha final será vencida pela barbárie.

Rogério Distéfano

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O país dos direitos dos maiorais

Eike Batista – © Myskiciewicz

Sempre se soube no Brasil do tratamento que diferencia os direitos de ricos e pobres envolvidos em crimes, a começar pela conhecida impunidade que gozam os primeiros e a facilidade da prisão rápida para quem não tem dinheiro. Pobres são enfiados em prisões lotadas e maltratados pela polícia e pelos próprios presos ligados aos grupos criminosos que dominam o sistema prisional pelo terror. Até a imprensa participa do esculacho. Já os ricos e poderosos são conduzidos educadamente pela polícia, gozam de privilégios que na tragédia carcerária brasileira até o direito de dormir em uma cama e não sofrer tratamento cruel já é um benefício e tanto.

Porém, mesmo essa diferença só vem sendo notada recentemente. No Brasil, ver rico na cadeia sempre foi algo raro, quase como aquela história de camelo passar pelo buraco de agulha. A punição para a classe que manda no país só começou a existir recentemente, com a novidade trazida pelo trabalho do Ministério Público, da Polícia Federal e no rigor da aplicação da lei por juízes federais. No entanto, parece que as castas que até agora mantinham a impunidade procuram recompor suas forças. Estão passando por cima inclusive de suas diferenças para brecar e talvez até fazer retroceder a limpeza ética que vem acontecendo.

Mas os ricos e poderosos mantém seus privilégios mesmo quando não é possível comprar a impunidade e a prisão torna-se inevitável. A verdade e que os ricos e poderosos se dão bem em qualquer circunstância, como se viu agora na liberdade concedida a José Dirceu. O ex-ministro de Lula comandou um primeiro esquema, o do mensalão, pelo qual foi condenado. E enquanto cumpria a pena deu seguimento a um segundo esquema de corrupção, desta vez o maior da história brasileira e provavelmente do mundo. Pois Dirceu foi solto, como todo mundo sabe, sob o argumento de constrangimento ilegal. E isso com o líder petista já com duas condenações e uma terceira denúncia em andamento pela Lava Jato.

Bem, pelo argumento que deu liberdade a Dirceu, mais de 200 mil brasileiros teriam de sair das cadeias junto com ele. O número exato é de 221 mil presos provisórios. Segundo o Conselho Nacional de Justiça são os brasileiros que estão na cadeia à espera de julgamento. É óbvio que muitos estão lá por roubos menores, sem consequências trágicas sobre a vida de ninguém, bem diferente dos crimes de Dirceu e seus companheiros da cúpula do PT, além dos aliados políticos de peso. Só nesta terceira denúncia da Lava Jato, a propina foi de R$ 2,4 milhões e se refere ao saque destrutivo à Petrobras e à economia do país.

No Brasil, os maiorais se dão bem e isso é coisa antiga e de caráter permanente, com alguma diferença apenas nesses últimos tempos, como eu já disse, em razão de uma nova geração de profissionais da polícia e do Judiciário que resolveu trabalhar direito. Porém, muita mamata foi mantida. Até um privilégio novo apareceu agora, com este contra-ataque à ética que vem de cima. Essa novidade apareceu no habeas corpus que deu início à abertura de celas de corruptos, concedido ao empresário que simboliza o projeto econômico petista, Eike Batista. O ex-bilionário, mas ainda dono de muita grana e grandes segredos, deixou a cadeia e foi para prisão domiciliar. Só que Eike cumprirá esta pena em sua mansão, com todo luxo e conforto e cercado de segurança própria, sem nenhum dos perigos e do desconforto de um preso pobre. É claro que depois de ter conseguido por algum milagre o benefício, a prisão domiciliar de um pobre seria num barraco, com o risco dele ser rapidamente assassinado.

José Pires

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O Che e o anti-Guevara

Josias de Souza – UOL

… Em outubro de 1968, quando foi preso pelas forças da ditadura, José Dirceu, à época com tenros 22 anos, considerava-se um projeto de Che Guevara à brasileira. Hoje, 71 anos, três condenações criminais sobre os ombros —uma do mensalão e duas do petrolão—, à espera de um veredicto de segunda instância que deve confirmar os seus 32 anos e um mês de cana, o ex-líder estudantil consolidou-se como um anti-Guevara.

No livro ”Abaixo a Ditadura” (Ed. Garamond, 1998), que tem Vladimir Palmeira como coautor, Dirceu anotou: ”É difícil reproduzir o que foi o espírito de 68, mas posso dizer que havia uma poderosa força simbólica impulsionando a juventude (…). O mundo parecia estar explodindo. Na política, no comportamento, nas artes, na maneira de viver e de encarar a vida, tudo precisava ser virado pelo avesso. Para nós, o movimento estudantil era um verdadeiro assalto aos céus”.

É fácil reproduzir o espírito dos dias atuais. Uma poderosa força monetária revelou que o idealismo de outrora era apenas uma versão do patrimonialismo que ainda não tinha chegado ao poder. O mundo parece estar implodindo. Ruiu toda a noção de ética que possa ter existido um dia. Na política, no comportamento, na maneira de viver e de encarar a vida, tudo foi virado do avesso. Assaltaram-se não os céus, mas os cofres públicos.

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Doce mulher, a Luci. Casada muito jovem, aos 17, numa época em que às mulheres não tinham cotas para casamento; era pegar o primeiro que aparecia, ainda que não fosse a maravilha dos sonhos adolescentes. Luci teve sorte, Lauro era bonitão, bem falante, bem nascido. Dizer que era machista e controlador seria redundância, avaliação ex post facto, julgar o passado com valores do presente, vetada pela epistemologia da História: naquela época os homens eram dominadores e as mulheres submissas, resguardadas as exceções, tão raras quanto honrosas.

Como também mandava o figurino, Luci teve cinco filhos de enfiada (antes de maliciar, dê um gugle: significa um atrás do outro). Ela só voltou a estudar quando os filhos passaram da adolescência, colega da filha na universidade. Se isso foi negociado com Lauro, só às paredes confessaram, de minha parte palpito que sim. O pudor me impede aqui de reproduzir o que Lauro pensava das mulheres, aliás, a mens media de seu tempo. Luci, fique claro, não era oprimida. As mulheres de sua geração usavam armas sutis e negociavam com inteligência.

Naquela negociação, no entanto, Luci acabou vencida. Homiziada na praia com os filhos, férias de verão, Lauro chegava na sexta e voltava no domingo, sempre fim da tarde, livre na semana como um beija-flor. Lazer para Luci eram o mar e as amigas em igual situação. Leituras, as da moda, como Sidney Sheldon, que pediu para Lauro trazer na arribada seguinte. “Que qué isso, Luci? Tem o Guerra Junqueiro lá em casa”. Segue amostrinha do poeta português do século XIX. Luci não leu Guerra, e desconfio que Lauro nunca passou da lombada do Junqueiro.

Morena

Não negues, confessa/Que tens certa pena/Que as mais raparigas/Te chamem morena. Pois eu não gostava,/Parece-me a mim,/De ver o teu rosto/Da cor do jasmim. Eu não… mas enfim/É fraca a razão,/Pois pouco te importaQue eu goste ou que não. Mas olha as violetas/Que, sendo umas pretas,/O cheiro que têm!/Vê lá que seria,/Se Deus as fizesse/Morenas também

Rogério Distéfano

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Dirceu descobre que ser libertado não é ser livre

Josias de Souza – UOL

Libertado por três dos cinco votos disponíveis na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, José Dirceu imaginou-se um homem totalmente livre. Os fatos talvez o convençam do contrário. Arrastando uma tornozeleira, Dirceu viajou até São Paulo. Dali, rumou para Brasília. Ao chegar no prédio onde decidiu morar, ouviu uma barulheira que o fez ter saudades do silêncio da carceragem de Curitiba.

Cerca de 50 pessoas recepcionaram Dirceu. A exemplo dos membros da força-tarefa da Lava Jato, a multidão parecia convencida de que a liberdade do ex-chefe da Casa Civil de Lula é apenas um lastimável equívoco das togas do Supremo. Ouviram-se palavras hostis. “Bandido”, gritaram alguns. “Dirceu ladrão, seu lugar é na prisão”, entoaram outros. Parte dos manifestantes invadiu a garagem do prédio de Dirceu.

A presença de 15 policiais militares, convocados para conter os ânimos, mostrou a Dirceu que o habeas corpus do Supremo pode não ser suficiente nem para lhe garantir uma ida à padaria da esquina. A curiosidade dos repórteres deve ter aguçado em Dirceu o apreço pela liberdade de imprensa —sua utopia naquele instante era se ver livre da imprensa.

Em outubro de 1968, quando foi preso pelas forças da ditadura, Dirceu, à época com tenros 22 anos, considerava-se um projeto de Che Guevara à brasileira. Hoje, 71 anos, três condenações criminais sobre os ombros —uma do mensalão e duas do petrolão—, à espera de um veredicto de segunda instância que deve confirmar os seus 32 anos e um mês de cana, o ex-líder estudantil consolidou-se como um anti-Guevara.

No livro ”Abaixo a Ditadura” (Ed. Garamond, 1998), que tem Vladimir Palmeira como coautor, Dirceu anotou: ”É difícil reproduzir o que foi o espírito de 68, mas posso dizer que havia uma poderosa força simbólica impulsionando a juventude (…). O mundo parecia estar explodindo. Na política, no comportamento, nas artes, na maneira de viver e de encarar a vida, tudo precisava ser virado pelo avesso. Para nós, o movimento estudantil era um verdadeiro assalto aos céus”.

É fácil reproduzir o espírito dos dias atuais. Uma poderosa força monetária revelou que o idealismo de outrora era apenas uma versão do patrimonialismo que ainda não tinha chegado ao poder. O mundo parece estar implodindo. Ruiu toda a noção de ética que possa ter existido um dia. Na política, no comportamento, na maneira de viver e de encarar a vida, tudo foi virado do avesso. Assaltaram-se não os céus, mas os cofres públicos.

A prisão da versão estudantil de Dirceu, capturada num sítio em Ibiúna (SP) durante o célebre congresso da UNE, foi contornada com uma ousadia. Junto com outros colegas, Dirceu foi trocado pelo embaixador americano Charles Elbrick, sequestrado por companheiros de luta. Encontrou na cladestinidade a liberdade que a ditadura lhe sonegava.

A prisão do projeto frustrado de Guevara, agora reduzido à condição de protagonista do mensalão e do petrolão, os dois maiores escândalos de corrupção da história republicana, não é tão simples de ser resolvida. Ao chegar a Brasília, José Dirceu descobriu da pior maneira que, no seu caso, ser libertado pela Suprema Corte não é sinônimo de ser livre.

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