Temer substituiu o ‘não sabia’ pelo ‘nada a ver’

Blog do Josias de Souza -UOL

Michel Temer não tem nada a ver com os R$ 10 milhões que a Odebrecht deu ao PMDB por baixo da mesa em 2014, como não teve nada a ver com o rateio do dinheiro. Marcelo Odebrecht, o provedor dos recursos, foi recebido em jantar no Jaburu. Seu funcionário Cláudio Melo Filho acertou a distribuição do dinheiro com o atual chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, amigo do presidente há três décadas. Mas Michel Temer não tem nada a ver com isso.

Diz-se que parte do dinheiro (R$ 6 milhões) foi para a campanha de Paulo Skaf, que era o candidato de Temer ao governo de São Paulo em 2014. Informa-se que coube a Padilha fazer a divisão do que sobrou (R$ 4 milhões). Mas Michel Temer não tem nada a ver com isso.

O delator Cláudio Melo diz que um dos endereços onde mandou entregar dinheiro vivo foi o escritório paulistano do advogado José Yunes. Amigo de Temer há 50 anos, Yunes demitiu-se da assessoria especial do Planalto quando a revelação ganhou as manchetes. Mas isso não tem nada a ver com o presidente.

Com um atraso de quase três meses, José Yunes levou os lábios ao trombone para admitir que, a pedido de Eliseu Padilha, recebera em seu escritório um ”pacote” das mãos do notório doleiro Lúcio Funaro. Entregou a encomenda para alguém cujo nome não se lembra. O barulho de Yunes e o mutismo de Padilha se parecem muito com uma operação para blindar o amigo-presidente. Michel Temer, obviamente, não tem nada a ver com isso também.

As contas da campanha presidencial de 2014 estão apodrecidas. O departamento de propinas da Odebrecht enfiou dinheiro roubado da Petrobras e adjacências dentro da caixa registradora do comitê eleitoral. Michel Temer não tem nada a ver com isso. Nada a ver também com os pagamentos ilegais que a Odebrecht fez ao marqueteiro João Santana no estrangeiro. O vice virou presidente graças aos mesmos 54 milhões de votos dados pelo eleitorado à antecessora deposta. Mas por que diabos Michel Temer teria alguma coisa a ver com isso?

O ‘nada a ver’ é uma adaptação de Michel Temer ao ‘não sabia’ de Lula e Dilma. Permite que ele governe sem que nenhuma revelação abale o seu otimismo. Muita gente acredita em Temer porque sua desculpa tem lógica. O presidente deveria mandar tatuar na testa a frase: “Eu não tenho nada a ver com isso.” Pouparia o papel e a tinta das notas oficiais.

Hoje, Michel Temer está licenciado da presidência do PMDB. Mas comandou a legenda por 15 anos. Se durante todo esse período não teve nada a ver com descalabros como a sociedade que seu partido firmou com o PT para assaltar a Petrobras e converter obras como Belo Monte em usinas de propinas, por que Michel Temer teria algo a ver com qualquer coisa agora? Melhor indultá-lo preventivamente com uma amnésia coletiva fingida. Do contrário, seria necessário concluir que o Brasil está sendo presidido por um tolo.

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Pensando bem…

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A CÂMARA dos Deputados decidirá se a vaquejada pode continuar. A festa popular em que bovinos são maltratados por cavaleiros e peões está sendo discutida na comissão especial da vaquejada, onde 20 dos 25 integrantes não veem crueldade contra os animais. A coisa vai andar pelo Senado e depois Michel Temer decidirá se sanciona ou veta a lei, para ele sempre uma dúvida, mais cruel que a vaquejada. Enquanto isso, a câmara funciona a pleno vapor com o plenário da gatarada, que não sofrem maus tratos e são resistentes: têm imunidade, 14 vidas, as 7 de gatos e outras 7 de políticos.

O SENADOR JOSÉ SERRA deixou o ministério Temer para se tratar. “Problema de saúde”, segundo os jornais – os mesmos jornais que há anos escrevem “risco de morte”, abolindo o consagrado “risco de vida”. Não tem Enem para jornal.

“SE a reforma da Previdência não sair, tchau Bolsa-Família” – a campanha-ultimato do PMDB. Então que saia; assim teremos o “tchau PMDB”. O Brasil ganha mais livrando-se do PMDB que mantendo os programas sociais. Porque sem as mordidas do PMDB sobra dinheiro para os programas.

ENTÃO o Italiano das propinas da Odebrecht era ex-ministro Antonio Palocci! E a gente jurando que era Lula – afinal, ele tem passaporte italiano desde que Marisa Letícia fez a dupla cidadania.

TEM ESSA pesquisa da Gazeta que o ZB replica no blog, a da satisfação com o prefeito Rafael Greca. As classes pesquisadas estão a caminho da metade do alfabeto. Sessenta dias de mandato e o prefeito só agrada a uma pessoa, diria uma família, a dos Gulin, do patriarca Donato, seu comensal no Country Club (que os sócios tradicionais chamam “clube”, ou “Graciosa” e os que querem entrar ou só entram quando convidados chamam “cáuntri).

Os de cima são aquela gente sempre reclamona, os que chiam porque Greca tem gato e porque não tem gato. Tem sim, Greca chama MinhaMargarita de “gata”. Gostaram que ele lavou a rua XV e não gostaram porque não tirou a erva daninha das calçadas. A periferia não gostou do aumento da passagem de ônibus. Bem feito aos da classe D, que preferiram Greca a Ney Leprevost: este os transportaria de Über.

Os pesquisadores não apareceram aqui em casa. Aparecessem, Greca levaria dois pontos de aprovação, um na minha pessoa física, outro na jurídica. Aprovo Greca por um motivo muito pessoal, não levado em conta na pesquisa: ao contrário da expectativa geral, ele não está falando muito – gostaria de dizer que está falando pouco. Sonho com o dia em que será como Gustavo Fruet, quieto como uma carmelita descalça. Atenção. Carmelita.

Rogério Distéfano

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Bate-papo com o jornalista Ruy Castro, exposição com ilustrações do jornal Cândido e show de música instrumental marcam o aniversário da BPP

Ruy Castro – Divulgação

A Biblioteca Pública do Paraná (BPP) completa hoje 160 anos  e promove uma programação especial durante todo o dia. As atividades começam às 10h30, com a abertura da exposição Retrato de um Artista, que reúne ilustrações publicadas no Cândido, o jornal mensal da BPP. A partir das 16h, o grupo Hélio Brandão Trio toca clássicos do jazz e da MPB no hall térreo. E às 19h30, o jornalista e biógrafo Ruy Castro abre a temporada 2017 do projeto Um Escritor na Biblioteca. Todos os eventos são gratuitos.

Com obras de 20 ilustradores brasileiros, a mostra Retratos de um Artista resgata trabalhos produzidos originalmente para a seção homônima do jornal Cândido. São 30 desenhos de escritores consagrados da literatura nacional e mundial (de Miguel de Cervantes a Ernest Hemingway, passando por Mário de Andrade, Hilda Hilst, Dalton Trevisan), assinados por nomes como Allan Sieber, Bennet, André Ducci e Pedro Franz, entre outros. O evento também marca o lançamento de um livro com as ilustrações, editado pelo selo Biblioteca Paraná, da Secretaria de Estado da Cultura.

Música e literatura

Músico experiente da cena curitibana, o saxofonista Hélio Brandão se apresenta acompanhado do guitarrista Mário Conde e do contrabaixista Thiago Duarte. No repertório, uma seleção de standards do jazz e temas conhecidos da música popular brasileira. O trio toca em clima informal, no hall térreo, até o início da noite.

Encerrando a programação de aniversário, Ruy Castro conversa com o público na abertura de mais uma temporada da série Um Escritor na Biblioteca. Com mais de 20 livros lançados — entre eles as biografias de Nelson Rodrigues, Garrincha, Carmen Miranda —, ele fala sobre sua trajetória como leitor, autor e jornalista. O encontro acontece no auditório, que reabre após um período de reformas. As comemorações dos 160 anos continuam durante todo o mês, com oficinas, atividades para o público infantil e um bate-papo, no dia 25, com o escritor argentino Alberto Manguel, diretor da Biblioteca Nacional da Argentina.

Modernização

Criada em 1857, a Biblioteca Pública trocou de sede 12 vezes até ser transferida para o prédio de número 133 da Rua Cândido Lopes, no centro de Curitiba — onde está instalada desde 1954. A partir de 2011, a instituição iniciou um intenso processo de reformulação, com os objetivos de melhorar as instalações, aperfeiçoar o atendimento e ampliar os serviços oferecidos. As mudanças transformaram a BPP em um verdadeiro espaço de artes e convivência, por onde passam, diariamente, cerca de 2,5 mil pessoas.

Consolidada como centro cultural, a Biblioteca começou, no final de 2016, uma ampla reforma, concebida pelo arquiteto Manoel Coelho e viabilizada com recursos da Renault. O projeto incluiu do auditório aos banheiros, passando pelo guarda-volumes, o hall do segundo andar (que ganhou novo mobiliário) e a seção de empréstimos (remanejada para dar lugar a um café), entre outros espaços. A inauguração oficial da obra está prevista para o dia 16 de março.

“Com as obras de modernização, teremos uma biblioteca ainda mais preparada para receber a população paranaense e continuar seu trabalho de excelência no atendimento ao público”, afirma o secretário de Estado da Cultura, João Luiz Fiani.

Para o diretor da BPP, Rogério Pereira, a instituição está cumprindo o papel das bibliotecas modernas, que é atuar além do empréstimo de livros e apostar na multiplicidade. “Hoje também abrimos espaço para música, cinema, teatro, dança, contação de histórias, oficinas. O processo de reforma, além de proporcionar um espaço ainda mais agradável, vai possibilitar a criação de vários novos projetos culturais”, diz.

Serviço
Programação 160 anos da Biblioteca Pública do Paraná
10h30 (Hall Térreo) | Abertura da exposição e lançamento do livro Retrato de um Artista
16h (Hall Térreo) | Música na Biblioteca, com Hélio Brandão Trio
19h30 (Auditório) | Um Escritor na Biblioteca, com Ruy Castro
Biblioteca Pública do Paraná (Rua Cândido Lopes, 133, Centro)
Informações: 3221-4917 – Gratuito

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Uma das causas da caretice 3.0 é a criação da noção de jovem crítico

Luiz Felipe Pondé – Folha de São Paulo

Tem coisa mais brega do que colocar números depois de palavras ou conceitos, como marketing 3.0? Vamos embarcar nessa breguice geral e propor a caretice 3.0. Aquela presente na geração chamada milênio ou Y (e, ao que tudo indica, na Z, mais careta ainda).

Primeiro, vamos esclarecer para quem não sabe: milênio ou Y são jovens nascidos entre 1983 e 2000 (mais ou menos) e “bem de vida”. A partir daí viriam os chamados Z. Outra coisa: trabalho com jovens entre 18 e 20 há quase 20 anos e posso dizer com razoável certeza que eles chegam à universidade cada vez mais caretas.

O que confunde é que certos marcadores como liberdade sexual, fumar maconha, ausência de preconceitos, roupas descoladas e posturas políticas progressistas, classicamente considerados índices de comportamento não careta, aparecem nos jovens de hoje de forma bastante evidente. E isso parece indicar que não seriam caretas. Ledo engano. A caretice 3.0 é justamente esta: ela aparece ali onde se imaginava que jamais estaria por causa desses marcadores históricos. O que nos ensina isso?

Antes de tudo, que a caretice não é um traço que se refere ao conteúdo de uma opinião ou atitude, mas à forma com que essa opinião ou atitude se manifesta. E é justamente na forma que aparece a caretice 3.0 nos mais jovens.

Caretice se refere, antes de tudo, à rigidez associada à autoafirmação moral. Os jovens são cada vez mais rígidos e certos de sua pureza moral. E rigidez, como se sabe, é fruto de sofrimento psicológico. Nunca as famílias foram mais disfuncionais e solúveis em água. Pais tontos e melosos querendo ser mães, mães solitárias e estressadas pelas jornadas triplas. As redes sociais e seu debate histérico são muito mais tóxicas do que a televisão jamais foi.

Essa rigidez se revela no fato de que os jovens nunca se levaram tão a sério como os de hoje. Eles têm opiniões claras sobre tudo.

Aborto, sexo, política, Oriente Médio, cinema iraniano, teoria crítica adorniana, sistemas complexos de economia, relação cosmologia-cosmética trans, uso de medicação tarja preta, amor com outras espécies animais, química da lactose, como alimentar sete bilhões de pessoas com hortas caseiras, a eliminação absoluta do sofrimento na vida dos frangos, como alocar um milhão de sírios na Alemanha, sistemas políticos democráticos para o Iêmen, calotas glaciais, formas de vida sob opressão em Marte, como educar filhos que não existem, métodos democráticos de avaliação escolar, fóruns com crianças de cinco anos para votar as leis de mercado, enfim, toda um gama de temas abertos a opiniões rígidas, porque evidentemente simples e facilmente resolvidos numa aula de filosofia contemporânea a partir de Deleuze e Foucault.

Os jovens estão reduzidos a um manual produzido por professores pregadores e mídias sociais furiosas.

No que concerne à relação com os pais, ou esses aderem à caretice 3.0 (quando não são eles mesmos uma das causas dessa caretice 3.0 devido às suas próprias opiniões corretinhas), submetendo-se à pregação no café da manhã, ou abrem uma frente contínua de polêmicas que sempre chegam ao mesmo lugar: a definitiva desqualificação de qualquer forma de consistência argumentativa em favor da preguiça intelectual e afetiva.

Além da calça jeans, o mercado da caretice 3.0 é um dos efeitos evidentes da contracultura dos anos 1960.

Uma das causas mais interessantes desse fenômeno é a criação da noção de jovem crítico. Ser crítico é, talvez, uma das coisas mais fáceis na vida (facilidade essa pouco pensada por todos os pensadores que criaram esse fetiche da crítica): basta você falar mal de tudo o que não gosta de forma arrogante e estar seguro de que você representa o avanço social e político.

A ideia de que fazer a crítica de algo implica um largo repertório intelectual e afetivo de experiências revelou-se falsa. O caminho mais curto para a não-educação é tornar pessoas de 15 anos críticas. Nunca mais arrumarão o quarto delas justificando essa atitude, agora, na estupidez do Trump.

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Benett

Gazeta do Povo. © Benett

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Para salvar Michel Temer, TSE terá de se matar

Blog do Josias de Souza

Arma-se no Tribunal Superior Eleitoral uma grande encenação. Envolve o processo sobre a reeleição de Dilma Rousseff e Michel Temer. Suas páginas estão apinhadas de provas do uso de recursos ilícitos na campanha vitoriosa de 2014. As evidências tocam fogo na Presidência-tampão de Temer. Para ocultar as manobras que visam salvar o mandato do subsituto de Dilma, ninguém grita incêndio dentro do teatro. Mas a inclusão dos depoimentos de delatores da Odebrecht no processo mostra que, às vezes, torna-se inevitável gritar teatro dentro do incêndio.

Nesta segunda-feira, o ministro Herman Benjamin, relator do processo, interrogará mais dois ex-executivos da Odebrecht: Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos de Alencar. Com isso, Benjamin fecha a série de cinco oitivas de colabores da empreiteira. Os depoimentos forneceram dados que complicam a vida da turma do deixa-disso. Agora, quem quiser se fingir de cego para livrar Temer da cassação terá de fechar os olhos para as propinas que ajudaram a reelegê-lo.

Ao julgar o processo, o TSE não decidirá somente contra ou a favor da interrupção do governo Temer ou da inelegibilidade de Dilma. Os ministros votarão para saber de que matéria-prima é feita a Justiça Eleitoral. Prevalecendo o conchavo, os colegas de Benjamin terão de fazer contorcionismo retórico para justificar um incômodo paradoxo: depois de transformar a auditoria nas contas da chapa Dilma—Temer num marco histórico, o TSE jogará o trabalho no lixo. Em nome da etabilidade da República, manterá a tradição de cassar apenas vereadores, prefeitos e governadores de Estados periféricos.

Inicialmente, tramava-se a separação das contas de Dilma e Temer, sob o pretexto de que apenas as arcas da campanha de madame receberam verbas sujas. Como os votos que o eleitorado deu para Dilma são os mesmos que fizeram de Temer seu substituto constitucional, aceitar a tese da segregação das contas poderia levar à desmoralização. Ficaria claro que, sob o exterior meio idiota de um magistrado disposto a engolir esse lero-lero, se esconde um débil mental completo.

Dentro e fora do TSE, os operadores de Temer agarraram-se a um novo lema: “Nunca deixe para amanhã o que você pode deixar hoje.” Trabalha-se agora para enviar o julgamento às calendas. Algo que talvez leve a plateia a se perguntar: para que serve a Justiça Eleitoral? Se o TSE chegar a esse ponto, como parece provável, potencializará a impressão de ter perdido a sua função.

Os partidários do resgate de Temer alegam que o TSE não pode ficar alheio à conjuntura política e econômica. O risco de mergulhar o país numa turbulência que ameaçaria a tímida recuperação da economia justificaria um olhar atenuatório sobre as culpas e as omissõers de Temer.

Recorda-se, de resto, que a cassação de Temer desaguaria numa eleição indireta para a escolha do seu substituto. Como prevê a Constituição, caberia ao Congresso, abarrotado de parlamentares enrolados no petrolão, apontar o nome do próximo presidente. Paradoxo supremo: para fugir da lama congressual, finge-se que a podridão da campanha não existiu.

Se a sensibilidade auditiva fosse transportada para o nariz, as pessoas, ao ouvir o burburinho por trás das portas de certos gabinetes brasilienses, sentiria um mau cheiro insuportável. É um odor típico dos processos de decomposição. Para salvar Michel Temer, o Tribunal Superior Eleitoral terá de se matar.

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Ostras Parábolas

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Exit only!

exitonlydois

© Myskiciewicz

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Cândido celebra os 160 anos da Biblioteca Pública

A edição 68 do jornal Cândido, editado pela Biblioteca Pública do Paraná, destaca os 160 anos da BPP — instituição fundada em 7 de março de 1857. Uma grande reportagem resgata a trajetória da Biblioteca e discute seu papel diante das mudanças socioculturais e tecnológicas de nosso tempo.

 Desde 2011, a BPP passou a promover uma diversificada programação cultural. A reportagem assinada pelo jornalista Marcio Renato dos Santos traz relatos de pessoas envolvidas e impactadas nessas ações. A referência da Seção Braille no atendimento a pessoas com deficiência visual e a importância das ações de integração e diálogo com as bibliotecas municipais do Estado também têm destaque no especial.

Atualmente, a Biblioteca recebe cerca de 2,5 mil pessoas e realiza 1,3 mil empréstimos por dia. Em comemoração ao aniversário da instituição, foi realizado um amplo processo de modernização do prédio, com reforma do auditório, banheiros e iluminação, além da mudança na Seção de Inscrição e Empréstimo, que dará espaço a um café.

“A modernização é um passo decisivo na trajetória desta instituição que preserva a memória e a história do Paraná. Acreditamos que ao reformar uma biblioteca, estamos ajudando no fortalecimento da cidadania, abrindo novas oportunidades, oferecendo um refúgio neste mundo tão agitado e apressado e, muitas vezes, arredio ao silêncio e à contemplação”, escreve o diretor Rogério Pereira no editorial.

 O desafio das bibliotecas

Outro destaque da edição é a entrevista com Alberto Manguel, diretor da Biblioteca Nacional da Argentina — cargo já ocupado por Jorge Luis Borges. Autor de diversos livros sobre a importância da leitura, ele considera o ato de ler uma experiência primordial. Durante a entrevista, o escritor ainda fala sobre o futuro das bibliotecas e expõe suas ressalvas em relação à internet. No dia 25 de março, Manguel fará uma palestra na BPP em comemoração aos 160 anos da BPP.

Já o ex-diretor da Biblioteca Nacional, Affonso Romano de Sant’Anna, em um texto de memória, lembra os desafios que enfrentou quando esteve à frente da maior biblioteca do país, entre 1990 e 1996. “Tudo que acontecia com a literatura brasileira e com o livro interessava a Biblioteca Nacional”, diz Sant’Anna.

A seção de inéditos traz crônica de Ronaldo Correia de Brito, poemas de Ana Martins Marques e Andrey Luna Giron, além de contos de Luci Collin, Julie Fank e Bruno Cobalchini Mattos — este último selecionado para integrar uma coletânea que será publicada no primeiro semestre de 2017 pelo selo Biblioteca Paraná. O premiado fotógrafo Orlando Azevedo é convidado da seção Cliques em Curitiba.

Serviço
O Cândido tem tiragem mensal de 10 mil exemplares e é distribuído gratuitamente na Biblioteca Pública do Paraná e em diversos pontos de cultura de Curitiba. O jornal também circula em todas as bibliotecas públicas e escolas de ensino médio do Estado. É enviado, via correio, para assinantes a diversas partes do Brasil. É possível ler a versão online do jornal em www.candido.bpp.pr.gov.br. O site também traz conteúdo exclusivo, como entrevistas, vídeos e inéditos.

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Todo dia é dia

Patrícia Poeta Pfingstag, jornalista, nasceu em São Jerônimo (RS).

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Gramática

República dos Bananas

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Soy loco por Teresina!

Orlando Pedroso serve Maria isabel ao cartunista que vos digita e Albert Piauí finge não está nem aí. Salão Internacional de Humor do Piauí, mil novecentos e dercy gonçalves . © Vera Solda

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A corrupção está disseminada, mas o ‘Estado-Odebrecht’ veio de Lula

Demétrio Magnoli – Folha de São Paulo

“A direita brasileira precisa se decidir sobre Temer; abandoná-lo é colocar em risco as reformas de mercado, apoiá-lo é colocar-se no centro do alvo da Lava Jato”. Celso de Barros, autor da disjuntiva (Folha, 1º/3), tende a ser uma voz ponderada. Quando mesmo ele cede ao sectarismo, temos a dimensão do esgarçamento da nossa praça de debate.

A “nova direita”, na expressão de Barros, só tem relevância para almas viciadas nas guerrilhas crônicas das redes sociais. O governo Temer, obviamente, tem a sua importância, mas o dilema de fundo, entre as reformas de mercado e a Lava Jato, diz respeito à nação inteira, não só aos governistas ou à tal “direita brasileira”. A pergunta é: como se situa frente a ele a “esquerda brasileira”, da qual Barros faz parte?

As “reformas de mercado” não emergem no vácuo histórico, mas como uma solução possível para a devastação das contas públicas e dos balanços das estatais pelos governos da “esquerda brasileira”. Não há meios de deflagrar uma discussão honesta sobre elas sem, previamente, fazer um diagnóstico da política econômica que conduziu à maior depressão registrada no país desde o colapso cafeeiro. Para não reformar-se a si mesmo, o PT foge desesperadamente desse tema. Como não lastimar que os intelectuais de esquerda contribuam com a fuga, empregando o álibi de apontar impasses nas igrejinhas histéricas da direita?

A Lava Jato também não é um raio no céu claro. A corrupção, tão velha quanto o Brasil, está disseminada por todos os partidos, mas o “Estado-Odebrecht” nasceu sob as asas de Lula. A “esquerda brasileira” centralizou os esquemas de captura privada do poder público, convertendo-os em ferramenta política estratégica. No “centro da Lava Jato”, encontram-se os que detinham as chaves das portas das empresas estatais durante os 13 gloriosos anos do verde-amarelismo lulopetista. Mas, em exercícios de hipocrisia extrema, os intelectuais de esquerda comemoram os inquéritos que atingem o círculo de Temer enquanto denunciam uma suposta “perseguição de Moro” contra seu idolatrado ex-presidente. Como não lastimar isso?

Temer pode cair, fulminado pelo TSE ou pela Lava Jato. Seria substituído por um presidente de transição, escolhido pelo Congresso. Nesse cenário, a Lava Jato permaneceria na cena, sustentada pela independência do Judiciário. As reformas de mercado tampouco evaporariam, pois contam com respaldo da maioria parlamentar. O Brasil não está obrigado a escolher entre a devassa judicial da corrupção e as reformas de mercado, pois nenhuma lei de ferro da lógica binária impede que tenha as duas. A pergunta é: será que, como sugerem os ataques lulistas à Lava Jato e a resistência do PT às reformas econômicas, a “esquerda brasileira” preferiria bloquear as duas?

O PT passou suas duas décadas iniciais denunciando a captura do Estado pelos interesses privados. No seu primeiro mandato, Lula ensaiou uma reforma da Previdência e especulou sobre a necessidade de uma reforma trabalhista. Durante os meses agônicos de Joaquim Levy, Dilma explicou que seria preciso aumentar a idade de aposentadoria. Hoje, de volta à oposição, o lulopetismo recolhe-se à caverna do populismo e do capitalismo de Estado, enfeitando-a com delinquentes invectivas contra o Judiciário. Na esperança de um 2018 “sem medo de ser feliz”, investe no caos político e no prolongamento da depressão econômica que produziu. Os intelectuais “companheiros de viagem” dão sua contribuição, esvaziando de sentido o debate público.

No texto de Barros, os rumos da economia e a natureza do Estado surgem como cascas de banana na calçada por onde transitam seitas apopléticas de “liberais” adoradores de Bolsonaro e Trump. É uma forma de ocultar que essas duas facetas da crise nacional representam o enigma que a “esquerda brasileira” precisa decifrar.

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Gilberto Gil

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© Jorge Bispo

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Mural da História

29 de setembro, 2010 

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