Fumando, espero…

Modelo. O olhar erótico de © Helmut Newton

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Aproximação incômoda

A direção nacional do PSDB tem sinalizado certa insatisfação com o comando da sigla no Maranhão, devido à aproximação com o governo estadual do PSB e, indiretamente, com o governo federal, do PT.

Quem comanda a legenda no estado é Sebastião Madeira, secretário-chefe da Casa Civil do governador Carlos Brandão (PSB). A proximidade entre ambos é antiga, Brandão presidiu o PSDB estadual por um tempo.

É possível que os partidos caminhem juntos em algumas eleições municipais do ano que vem. Em São Luís, o PSB optou pelo deputado federal Duarte Jr, aliado próximo do ministro Flávio Dino. O PSDB, que apostava no presidente da Câmara dos Vereadores de São Luís, Paulo Victor, viu seu candidato desistir.

Outro problema, na avaliação de dirigentes da executiva nacional tucana, será o pleito de 2026. Brandão deve sair ao Senado e o vice, Felipe Camarão, do PT, ao governo do estado.

O presidente do PSDB no estado já garantiu que o partido apoiará Brandão para senador. A direção nacional, que planeja ter candidato a presidente em 2026, quer se manter na oposição e evitar qualquer aproximação com o PT.

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Os tagarelas

“É difícil viver com os homens, porque é tão difícil o silêncio. Especialmente para um tagarela”   –  Assim falou Zaratustra

Os tagarelas
Abriam e fechavam a boca
Exaustivamente
E riam sacudindo o corpo
De modo deselegante
Expulsando como demônios
Todo arsenal de chistes
Reservado em dias
de intensa solidão
Para esbanjar ali
Uma disputa louca
E deprimente
Terrivelmente deprimente
Eu sei porque estive com eles
Eu sei porque sou um deles

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Peço vista

Essa história dos grampos feitos pelo governo do Estado… Agora se sabe qual o equipamento e até o local onde funcionava, que recebeu identificação da parede, segundo o blog do Zé Beto. Se foi assim, há perguntas responder. Melhor, haveria se na assembleia legislativa existissem deputados comprometidos – independente de sua vinculação com o governo – com os direitos fundamentais do cidadão, a dita privacidade, tão malbaratada no Brasil. Outra pergunta, como constou no orçamento a despesa para a compra do equipamento? E quem e quantos o operavam e para quais fins?

Formulo as perguntas  no condicional, pois a transparência, dever do Estado, é mistério cabalístico para o cidadão. As instituições de defesa da cidadania o que pensam, em especial o Ministério Público e a OAB? A nós cidadãos, como os juízes nos tribunais só nos resta requerer vista para saber o que, por que, quando e em qual circunstância fomos eventualmente grampeados. Este escrutínio foi liberado nos arquivos da Stasi, a polícia política da Alemanha comunista, depois da queda do Muro de Berlim. Caso indefiram meu pedido de vista, será que minha mulher pode pedir? Ela tem mais legitimidade que o governo para me investigar.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
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Cochabamba

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Cochabamba – A Cor do Som

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Um adeus para “tia” Vera

Curitiba, o Paraná e o Brasil perderam, na sexta-feira 29/10, uma das maiores e mais queridas educadoras deste país: Vera Miraglia. A “tia” Vera, como gostava de ser chamada, faleceu nesta Capital, aos 91 anos de idade, depois de quase 60 anos de destacada atuação no ramo educacional.

Carioca de nascimento, Vera Maria Lacombe Miraglia pertencia a uma tradicional família de educadores. Chegou em Curitiba em 1962, onde atuou inicialmente num pequeno jardim de infância, denominado Jean Piaget, em homenagem a seu amigo pessoal. Depois, nos anos 70, foi a idealizadora e fundadora da escola Anjo da Guarda, que se tornaria uma das maiores referências do ensino paranaense – “um oásis do bom ensino”, como definiu alguém –, com aulas do maternal ao 3º ano do Ensino Médio.

Vera seguia uma linha educacional criativa, construtiva e transformadora, influenciada por Piaget. Além do que, por ser gentil e carinhosa com seus alunos, sem deixar de ser rigorosa quando necessário, tornou-se querida e respeitada por todos. Meu filho Carlos Eduardo, que frequentou o Anjo da Guarda desde o maternal, era um de seus admiradores.

Pessoalmente, eu também respeitava e queria bem Vera Miraglia. E jamais me esqueci de duas passagens ocorridas em uma reunião de pais e mestres organizada por Vera, da qual participei. A primeira envolveu o laureado publicitário Sergio Reis, que disse querer fazer apenas uma pergunta: “Aqui, meu filho será programado ou aprenderá a pensar?” “Com certeza, aprenderá a pensar” foi a resposta.

A segunda passagem envolveu a mãe de um aluno, que reclamou do piso irregular, com desníveis, e de árvores no pátio da escola. Resposta de Vera: “E você acha que o piso da vida que as crianças vão enfrentar será liso como uma lousa? A existência de árvores também faz parte do aprendizado”.

Vera achava que o educador tem de ser “um contador de histórias”. O pensamento era compartilhado pelo escritor moçambicano Mia Couto, para quem o ensino é baseado na imaginação, ou seja, há que se ensinar a norma culta, mas com espaço para a imaginação nas escolas.

Os mais de 50 anos de interação com os alunos e professores dentro e fora da sala de aula, levaram Vera Miraglia a defender sete passos necessários na organização do trabalho com as crianças e também com os alunos maiores. Enumerou-os em entrevista concedida, em 2015, à Revista Latinoamericana de Educação Infantil – Reladei:

– Exploração do material, é um. Depois, vem a situação problema: o que a gente vai fazer com esse material. Como vamos resolver essa situação problema? O problema é o uso daquilo que eles receberam. Às vezes, eles dão palpite e eu também, mas eles têm que dar solução do que podem fazer. O terceiro são as relações, relações com a vida. Por exemplo: Para que serve o quadrado? Usa na Geografia? Usa na História? A história do quadrado. Quando eu digo para vocês quem não é quadrado se vira, porque será? O que isto quer dizer? E o quarto é o vocabulário: o vocabulário não é para dar definições exatas. Lógico que não! Por exemplo, o quadrado, o que será um quadrado, tem lado? Quantos lados? Pode ser grande ou pequeno? Verde ou vermelho? O quinto é tomar consciência de que tem um conhecimento: por exemplo, no quadro de matemática tem escrito quadrado. Ele não vai definir, mas, ele vai saber que ele já sabe o que é um quadrado. Isso é a posse desse vocabulário. Isso que mostra para ele uma coisa fantástica, ele sabe uma coisa! Essa ideia do saber é que a gente explora pouco. Ele tem que acima de tudo se convencer que ele está na escola para saber coisas. Isso que é a filosofia do negócio. Ele tem que tomar conhecimento que ele sabe coisas. Agora ele é importante porque ele tem um conhecimento. Uma coisa fantástica, ele tem o poder de saber e que o saber ninguém tira e o que sabe pode até dividir com alguém. (…) Outro passo, o sexto, é pedir que o que o aluno diga o que mais gostou, é explorar o gosto do aluno. Cada um faz no papel aquilo que ele mais gostou. (…) Essa ideia de você gostar das coisas é uma coisa interessante, ele sabe uma coisa e ele gosta dessa coisa. (…) O sétimo passo é a fixação. A fixação, sem chateação.

E aí remete-se outra vez a Mia Couto: os romances do escritor apresentam, normalmente, mestres e educadores que servem de referência aos personagens. A maioria ensina saberes que ultrapassam aqueles aprendidos na escola; são sabedorias que servem para toda a vida. Tal qual fazia a educadora Vera Miraglia.

Em 2018, a Escola Anjo da Guarda passou a funcionar em associação com o Colégio Marista, depois de mais de meio século de atividades.

No final de setembro de 2022, a “tia” Vera completou 90 anos. Em uma festa promovida pelo “novo” Colégio Marista Anjo da Guarda, a instituição destacou a marca criativa que a educadora deixou em cada “anjo” que conviveu com ela.

“Tia” Vera Maria Lacombe Miraglia, além de milhares de “sobrinhos”, está deixando muita saudade.

Publicado em Célio Heitor Guimarães | Deixar um comentário
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As delícias do Céu que tem perto de casa

Dante imaginou o Inferno como um lago gelado onde todos os sentimentos morrem. Sartre pintou o Inferno como lugar exíguo, fechado, com duas mulheres e um homem. Inferno é o sufoco de uma relação. Imagino Inferno como Sufoco Gelado. Não tem espadas de fogo, línguas flamejantes, espetos incandescentes, nem carrancas expelindo pus, rios de lavas, gritos de horror. Nenhuma imundície rolando ou membros arrancados, pestilências e água escaldante ou câmaras de podridão ou tortura. Tudo isso é muito humano.

Calculo o Inferno apenas como Sufoco Gelado subindo dos pés à cabeça. Sinistramente, silenciosamente, congelante. Depois, nada. Silêncio e névoa.

Se dizem que o Paraíso é o dolce far niente, o nirvana… o Inferno é o não poder fazer. Querer e não poder. Paralisia gelada. A indiferença do outro lado.

Vá procurar os caminhos do Céu e do Inferno em todas as gravuras e pinturas antigas. Bosch fica parecendo jardim de infância perto das orgias dos sites da internet. Bruegel é santo padre. Nos sites tudo muito colorido, explosivo e humano

Pobre Corão que descreve o Céu como lugar onde abundam jardins, fontes, vinho e virgens encantadoras. Tudo é permitido, mas tudo isso é muito humano. Apenas delícias que eram proibidas aqui na Terra. Permitir lá, num lugar onde ninguém tem inveja, é pregar no deserto. No Inferno, encontrar demônios alados é apenas figura de retórica. Aqui já temos todos os demônios. O nosso Céu é pegar o proibido aqui mesmo. Quem quer ser Caronte e receber a moeda da boca do cadáver? No entanto, a Felicidade na Terra é essa. Cada moeda que pegamos para nós, vem da boca de um morto.

O Apocalipse mesmo é muito humano. Um homem-bomba com carga suficiente para detonar a Terra inteira. Mas o sussurro do gelo sufocando é imbatível. Articulações enregeladas, alma dura, pensamentos formando estalactites. O frio, o frio, o frio… e o nada.

*Rui Werneck de Capistrano é entregador de gelo em barras

Publicado em rui werneck de capistrano | Deixar um comentário
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Padrelladas

Era uma mulher séria. Mas ria de qualquer piada tola.

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Pra Mim Chega

Capa do livro “A biografia de Torquato Neto”, de Toninho Vaz, não aprovada pela Editora Alta Books, 2023. Bah!

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Mensagem das chamas

Chego ao Rio depois de uma longa viagem: ônibus em chamas, densas nuvens de fumaça pairando sobre a Zona Oeste. Apesar do cansaço, detenho-me ouvindo os debates. Sábios conselhos para combater as milícias. Concordo com todos.

Nem adianta acrescentar mais um tópico à receita de segurança. Preciso talvez responder a uma questão: se o problema não começou ontem, por que ao longo destes anos não foi resolvido?

Há 15 anos, formulamos numa campanha política o mapa do controle territorial do Rio pelas milícias e pelo tráfico de drogas. De lá para cá, muita coisa mudou: traficantes compraram territórios das milícias, houve fusões e um crescimento para o interior, sobretudo cidades médias, como Macaé e Angra dos Reis.

O problema parecia mais fácil há 15 anos. Hoje, reconheço uma variável espinhosa: novas comunidades surgem, e as velhas também são assediadas por gente que vem de fora. O Estado precisa estar presente, mas sua estrutura e crescimento simplesmente não dão conta do processo caótico de urbanização. O cobertor é curto demais.

Além disso, há o entrelaçamento de problemas policiais, políticos e jurídicos, tudo combinando para que o crime organizado se fortaleça. O governador eleito em primeiro turno é pateticamente despreparado.

Quando analisou a situação do estado, o então secretário nacional de Segurança, Raul Jungmann, afirmou que o Rio — com polícia, políticos e juízes comprometidos — era o coração das trevas, imagem do romancista Joseph Conrad. Somos a única cidade do mundo que tem uma área chamada Faixa de Gaza: 95 quilômetros, 33 bairros, 1 milhão de habitantes, da Pavuna ao Caju, passando pelo Jacarezinho e pelo Complexo do Alemão.

Sinceramente, hesito sobre a pergunta principal. Como sair dessa maré? Por que nunca saímos dessa maré?

No passado, viajei para Medellín, com outros objetivos, mas também para observar a maneira como reduziram a violência. Há exemplos no mundo de lugares onde o tráfico de drogas existe, mas não ocupa territórios. Pelo menos isso, teoricamente, está ao alcance de um esforço nacional.

Digo esforço nacional porque falamos e gastamos muita energia para defender o sistema democrático. Acontece que ele não existe nas áreas ocupadas do Rio. Lutamos por liberdade de expressão, processos legais, direito do consumidor. Que direito tem o consumidor forçado a comprar gás e inúmeros outros serviços dos milicianos? Como realizar eleições realmente livres numa capital cujo território é dominado pelo crime e os candidatos não podem visitar?

Se a questão do Rio de Janeiro for vista como uma lacuna na democracia brasileira, poderíamos mobilizar todas as forças para abordá-la. Isso é anterior a um plano. Tenho dezenas de ideias para um plano, mas de que adianta um plano apenas no papel?

As pessoas que se contentam com a democracia circunscrita a uma parte do território não imaginam como isso envenena o horizonte e como, num futuro não muito longínquo, a barbárie chegará às suas portas.

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Publicado em Fernando Gabeira - O Globo | Deixar um comentário
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Rir é o melhor placebo

Retícula sobre foto de Dulce Heifer.

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