Sem novos figurantes

Ivan Schmidt

A política paranaense como se apresenta hoje, a julgar pelo desempenho de seus protagonistas e sua presença continuada num debate que não dá espaço para novos figurantes, quase nada mudou em relação aos anos 80 do século passado.

Com o final do ciclo dos governadores nomeados por Brasília (Leon Peres, Canet Junior e Nei Braga) e com a volta da eleição direta o ex-prefeito de Londrina José Richa seria eleito governador, suplantando o então candidato da situação, Saul Raiz, que havia sido prefeito nomeado de Curitiba e secretário estadual do governo Nei.

A rigor, o único dos caciques paranaenses a não deixar sucessor à altura de seu prestígio e relevância política foi o governador Nei Braga, hoje um nome totalmente alheio num debate em que despontam os sobrenomes recorrentes Richa, Dias, Requião, Lerner e Greca de Macedo.

Além de uns poucos que se firmaram como reprodutores mais ou menos autorizados do pensamento político de seus mentores, se é que a atribuição faz justiça a figuras do porte de Hélio Duque, Luiz Carlos Hauly, Rubens Bueno, Valdir Pugliesi, Hermas Brandão, Caito Quintana, Valdir Rossoni e Ademar Traiano, o primeiro deles já afastado há anos das lides partidárias e da disputa eleitoral, mas ainda se manifestando por meio da imprensa.

Faltam ainda cerca de dois anos para a próxima eleição de presidente, governadores e deputados, mas esse é o assunto predominante em qualquer roda praticamente desde a eleição anterior. Não se sabe a quem debitar a estranha compulsão, que em muito se assemelha ao traço esquizofrênico de querer ver pelas costas aquele que acabou de ser eleito.

O exemplo paranaense é claro. Já se discute quem será o sucessor do governador Beto Richa desde o início do primeiro mandato, e foram tantas as composições políticas sugeridas pela fértil imaginação das pitonisas de plantão, inflando por antecipação as virtuais candidaturas da vice-governadora Cida Borgheti e do secretário Ratinho Junior, que, no entanto, já não dispõem do espaço adequado para suas evoluções.

Cida, embora tudo ainda esteja no terreno da especulação, poderá ser compelida a rever o planejamento pessoal e familiar de estabelecer-se com mandato próprio no Palácio Iguaçu, diante do balão de ensaio atribuído ao governador de cumprir o mandato até o último dia.

Essa eventualidade, contudo, propõe um adendo importante à discussão, qual seja o potencial eleitoral do ministro Ricardo Barros e sua influência em várias regiões do Estado, até como um fator inibitório a um plano que se julga inabalável.

Sem o cargo a vice-governadora terá aumentado o grau de dificuldade para levar adiante seu empenho, mas não impedirá, segundo ela, o lançamento de sua candidatura à sucessão. Obviamente ela teria muito mais desenvoltura exercendo o mandato, embora não faltem aqueles que esbanjam a certeza de que Beto vai gastar tudo o que estiver a seu alcance (caso esteja blefando na questão da renúncia), limando os cofres antes de sair.

Ao que se diz para disputar uma das duas vagas que se abrem no Senado em 2018, em condições absolutamente favoráveis.

Aliás, esse seria o complemento da engenharia política em fase de construção com interesse direto do Palácio Iguaçu, cuja meta mais ambiciosa seria a formação de uma chapa que tivesse como candidato a governador o ex-senador Osmar Dias e na vice, o secretário Ratinho Junior.

Ocorre que no caldeirão em que fervem as perspectivas abertas para 2018, tratando-se do governo estadual, aparece também o nome do senador Álvaro Dias, mais prestigiado do que nunca e considerado imbatível nesse confronto. Se esse for o rumo imposto pelas circunstâncias e pelo vento favorável os bem informados opinam que Osmar voltaria a disputar uma cadeira no Senado ao lado do próprio Beto.

Contudo, há os que não abrem mão de supor que depois de tantos anos dedicados à vida pública, o senador Álvaro Dias será mesmo candidato à presidência da República pelo Partido Verde.

A julgar pelo tom enfático de suas falas no espaço reservado à legenda nos meios de comunicação, a intenção do senador ficou claramente colocada, embora alguns observadores cheguem a arriscar o palpite de que a negociação para a vice-presidência numa forte aliança não estaria descartada. Assim como a expectativa de retornar ao Iguaçu se apresente como uma pule de dez.

O exposto até aqui nos leva a cogitar numa extrema competência política do governador, algo que muita gente desconhecia e que surpreende, na condução das conversas sobre o que se pretende para 2018. Herdeiro de José Richa, um dos políticos mais admirados e respeitados do Paraná, que teve entre seus principais conselheiros homens da estirpe de Euclides Scalco, Oto Bracarense, Deny Schwartz e Antenor Bonfim, é de se imaginar que Beto também se valha das ponderações feitas por um grupo de auxiliares próximos, em que a meu juízo pontificam Ivan Bonilha, Deonilson Roldo e Valdir Rossoni, os mais badalados luas pretas da Praça Nossa Senhora de Salete.

No andar da carruagem, o herdeiro do velho Richa vai aos poucos destravando o caminho – ainda longo – para as eleições de 2018, afastando com luvas de pelica ou deixando que a inabilidade de uns e outros acabe enxotando os candidatos de si mesmos à sucessão estadual. Sem precisar entrar em atrito com ninguém e, pior, ver-se obrigado a apoiar alguém que não está em seus planos.

Contra si, Beto tem o indigesto passivo dos baixos teores de aprovação popular, agravado pelo franco descontentamento do funcionalismo público com seu estilo autoritário de governar, sobretudo pela ação altamente organizada da APP Sindicato, muito mais forte do que toda a oposição reunida.

Os tempos eram outros, mas os atores principais da cena política paranaense de então ainda estão por aí. Os mais importantes como os ex-governadores Álvaro Dias e Roberto Requião e o ex-senador Osmar Dias, eram componentes importantes da frente de apoio ao governador José Richa, contra o qual se voltaram na primeira eleição de Requião para o governo.

Requião é carta fora desse baralho, mas os irmãos Dias – ao que tudo leva a crer – serão recebidos com fanfarra na armação de uma chapa apta a eleger de lavada o senador, o governador e, de quebra, grandes bancadas de parlamentares federais e estaduais. Isso é política.

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Amado Batista declara apoio a Bolsonaro para Brasil retroceder à época em que ele fazia sucesso

© Myskiciewicz

Em entrevista a uma rádio da cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, o cantor Amado Batista declarou apoio a Jair Bolsonaro para as eleições de 2018. Ele afirmou que o Brasil precisa de um político de “pulso firme e democrático”.

O que Amado Batista esqueceu de mencionar na rádio é que o motivo de seu apoio a Bolsonaro é um desejo que o país retroceda aos tempos em que sua música fazia sucesso.

“Ele sente saudades daquela época do Brasil e por isso tem essa atração tão grande pelo Bolsonaro”, explicou o psicólogo Alberto Esteves Dias.

Apesar da opinião polêmica omitida, os ouvintes ficaram contentes que a menos Amado Batista não tenha cantado na rádio, apenas falado. “Estamos acostumados a ouvir porcaria por aqui, hoje em dia só tem isso nas rádios”, disse o ouvinte Jorge dos Santos. “Depois dessa, eu tenho mais medo de um futuro jingle de campanha do Amado Batista que da própria possível vitória do Bolsonaro nas eleições”, afirmou.

Especialistas em política e música foram procurados pelo Sensacionalista para dar uma opinião sobre o assunto e chegaram à conclusão de que, como comentarista de política, Amado Batista é um péssimo cantor também.

Sensacionalista

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Má notícia para os corruptos: deu Edson Fachin

© Jose Cruz|ABr

“Sem sorte, não se chupa nem um Chica-bon”, dizia Nelson Rodrigues. “Você pode engasgar com o palito ou ser atropelado pela carrocinha” de sorvete. O Brasil teve sorte. Deu Edson Fachin no sorteio eletrônico do Supremo Tribunal Federal que definiu o nome do novo relator da Lava Jato.

Fachin está sujeito a erros, como todo ser humano. Entretanto, já demonstrou ter consciência de que não foi indicado à Suprema Corte para fazer favores, mas para julgar segundo as leis. Fez isso ao relatar ação do PCdoB contra o rito fixado por Eduardo Cunha para a tramitação do impeachment de Dilma Rousseff.

Indicado por Dilma, para quem pedira votos em 2010, Fachin votou pela manutenção do rito definido por Cunha. Seu colega Luís Roberto Barroso inaugurou uma divergência, seguida pela maioria da Suprema Corte. A Câmara foi compelida a seguir não o rito de Cunha, mas as regras que embalaram o processo de impedimento de Fernando Collor, em 1992. Vencido, Fachin anexou à sua biografia de magistrado um certificado de independência.

Fachin voltou a compor a minoria na sessão em que o Supremo decidiu que o réu Renan Calheiros não podia assumir a Presidência da República, mas tinha o direito de permanecer na presidência do Senado. Vencido, o novo relator da Lava Jato apegou-se ao voto que já havia proferido em sessão anterior. Recusou-se a abandonar a tese segundo a qual  os réus devem ser expurgados dos cargos que ficam na linha de sucessão do Planalto.

Para desassossego dos corruptos, Fachin juntou-se à maioria do Supremo no julgamento em que ficou assentado que condenados em segunda instância devem aguardar pelo julgamento de eventuais recursos atrás das grades. Nessa matéria, fez mais: guerreou pela preservação da coerência da Suprema Corte.

No exercício do plantão durante um recesso do Judiciário, o então presidente Ricardo Lewandowski mandou soltar José Vieira da Silva. Alegou que era preciso “prestigiar o princípio da presunção da inocência”. Prefeito de Marizópolis, cidade dos fundões da Paraíba, Vieira da Silva fora condenado por um tribunal de segunda instância.

Terminadas as férias, Fachin ordenou que o prefeito fosse recolhido novamente ao xadrez. Para justificar a revisão do despacho de Lewandowski, sustentou a necessidade de prestigiar a “estabilidade” dos entendimentos fixados em decisões da Suprema Corte. O novo relator da Lava Jato é um cultor da jurisprudência.

Se a escolha aleatória do computador do Supremo Tribunal Federal tivesse recaído sobre uma toga da linha Lewandowski, um palito de sorvete seria atravessado na traqueia dos membros da força-tarefa da Lava Jato. Delatados, investigados, denunciados e réus chupariam sorvetes até a eternidade. Com Fachin, os Deuses da aleatoriedade deram uma chance à sorte.

Josias de Souza

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Marisa Letícia tem morte cerebral, e família autoriza doação de órgãos

© Leonardo Soares|Agência-Estado

A ex-primeira-dama e mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia Lula da Silva, 66, teve morte cerebral nesta quinta-feira (2) em razão de complicações causadas por um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico. A ex-primeira-dama e mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia Lula da Silva, 66, teve morte cerebral nesta quinta-feira (2) em razão de complicações causadas por um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico.

Lula e sua família autorizaram o procedimento de doação de órgãos após constatação de “ausência de fluxo cerebral”. Em post no Facebook, o ex-presidente agradeceu às “manifestações de carinho e solidariedade”.

Lula e sua família autorizaram o procedimento de doação de órgãos após constatação de “ausência de fluxo cerebral”. Em post no Facebook, o ex-presidente agradeceu às “manifestações de carinho e solidariedade”. UOL

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Fraga

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O Fies é uma Fiesta de maganos

Elio Gaspari – Folha de São Paulo

Sérgio Cabral via em Eike Batista “um homem de visão fordiana, stevejobsiana”. Ambos estão na cadeia. Para Cabral, Eike simbolizava o “Brasil de Lula e de Dilma”. Ele encarnava também um aspecto do capitalismo brasileiro.

Numa das listas de bilionários (em dólares) da revista “Forbes”, estrelada por Eike até 2011, Pindorama tinha três empresários do setor educacional. Estranha situação, porque, entre os 1.694 bilionários americanos, havia só um nesse mercado. O Brasil não tem bons indicadores educacionais, mas tem a maior empresa privada do mundo, a Kroton.

No “Brasil de Lula e de Dilma”, o Fundo de Financiamento Estudantil, Fies, foi transformado em girafa pedagógica e financeira. O estudante conseguia o financiamento da Viúva mesmo que tivesse tirado zero na prova de redação. Quando Dilma Rousseff mudou essa maluquice, exigindo um mínimo de 450 pontos na prova do Enem, donos de faculdades privadas protestaram.

A girafa financeira permitiu que as empresas que operam nesse setor transferissem para a caixa do Fies o risco da inadimplência de seus estudantes. Num ano ruim ele ficava em torno de 25%. Afrouxaram as exigências para os fiadores e aquilo que podia parecer um programa de incentivo aos jovens virou um programa de estatização dos riscos das empresas. Uma delas tornou-se a maior receptora de dinheiro da Viúva, superando até mesmo a Odebrecht.

O repórter Paulo Saldaña informa que numa carteira de 562 mil contratos, a taxa de inadimplência do Fies está em 53%. Um terço dos caloteiros não paga suas prestações há mais de um ano. A explosão era pedra cantada. A taxa de inadimplência do programa que o antecedeu, hospedado na Caixa Econômica, era de 70%.

Saldaña estava na equipe que ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo de 2015 com uma reportagem sobre as loucuras do Fies. O analista de investimentos Tiago Ring batizara o sistema de Fiesta.

A Fiesta envolve uma carteira de um milhão de contratos e um ervanário de R$ 55,5 bilhões (o deficit do Rio de Janeiro é de apenas R$ 17 bilhões). O Ministério da Educação diz que não dispõe de estudos ou informações sobre os calotes no Fies, mas oferece boa parolagem: “Medidas mitigadoras dos atuais níveis de inadimplência, como também voltadas à reformulação do Fies ora em estudo, pretendem equacionar a sustentabilidade do programa”.

Pura empulhação, eles sabem o tamanho da encrenca e, no escurinho da esplanada, estão estudando um Fies 2.0.

José Janguiê Diniz, um dos bilionários da “Forbes”, dono do maior grupo educacional do Norte e Nordeste, defende a lassitude na concessão de financiamentos a estudantes com desempenho abaixo dos 450 pontos do Enem: “A gente acredita que o programa precisa colocar na universidade quem precisa e não pode pagar. E quem não tem nota é exatamente quem mais precisa”. Não faz sentido, quem não tem nota nota não tem.

O Fies enriqueceu o andar de cima e está desmoralizando o sistema de financiamento público para o andar de baixo.

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‘Libertas et justitia’

No curso de minha vida funcional na Secretaria do Tribunal de Justiça do Estado, combinei com alguns colegas escrever o Livro Negro do Poder Judiciário. Nele, reuniríamos alguns dos inúmeros episódios protagonizados pelas excelências de toga. Talvez um volume fosse insuficiente.

Contaríamos, por exemplo, o caso daquele eminente desembargador que, flagrado de cuecas, sapatos e meias com ligas, atrás das cortinas de seu gabinete de trabalho, justificou que fazia ali a sua “higiene pessoal”… Ou daquele outro, então com assento no Tribunal de Alçada, que, sendo reiteradamente rejeitado na composição da lista tríplice de acesso ao Tribunal de Justiça, ameaçou atirar-se do 10º andar do Palácio da Justiça. Constaria também o episódio daquele funcionário do egrégio que, tendo sido alçado ao cargo de desembargador por influência política, ao despedir-se dos antigos colegas de sala, pediu-lhes que, doravante, o chamassem de desembargador e excelência.

Haveria muito por contar, mas o livro ficou apenas no projeto, por motivos óbvios, ainda que as histórias continuem sendo repetidas oralmente entre os antigos servidores da Corte. Há uma, porém, que eu posso publicar porque já constou de uma seleção de escritos reunida em um modesto volume caseiro, que denominei “Disparos ao Entardecer”. Além do que, demonstra como funcionam as coisas nos bastidores dos poderosos, incluindo a imprensa, e é uma homenagem a uma das mais íntegras e competentes pessoas das quais tive a honra de ser colega de trabalho, o meu caro Mário Montanha Teixeira Filho.

Mário, então diretor de divulgação do Sindijus – Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Paraná, enviou um release aos órgão da imprensa curitibana dando conta da intenção daquela entidade de classe de protocolar na Secretaria do TJ, em nome de seus associados, pedido de pagamento de parcela salarial que lhes fora assegurada por decisão do Supremo Tribunal Federal.

No dia seguinte, um tenebroso sábado de muito frio e muita chuva, lá pelas 22 horas, Mário foi tirado da cama por um telefonema. Do outro lado da linha, fazendo eco aos raios e trovões que marcavam a noite, um apoplético desembargador, então presidente do egrégio Tribunal de Justiça – que sempre se destacara pela afabilidade, elegância de modos e esmerada educação, incluindo um leve sotaque francês – despejou sobre o jovem líder sindical um sortido volume de impropérios e ameaças. Perdera por completo a compostura e se mostrava incontrolável. Somente algum tempo depois, quando fez uma rápida pausa para retomar o fôlego, é que o estupefato Mário teve a oportunidade que indagar por que afinal se tornara merecedor daquele destrato todo. Soube, então, que se devia àquele até então inocente e rotineiro release.

– Mas, o senhor o leu? – atreveu-se a indagar o sindicalista.

– Não, mas o Francisco me contou! – foi a resposta.

“Francisco” queria dizer o diretor daquele que orgulhosamente se intitulava “o jornal da família paranaense”.

Seguiram-se momentos do mais autêntico non sense, nos quais um até então tido como atrevido e irresponsável dirigente sindical procurou acalmar uma tida até então como comedida e equilibrada autoridade pública, chefe de um Poder que se caracteriza (ou deveria caracterizar-se) pela serenidade, isenção e bom senso, fazendo-a ver que não se tratava de nada daquilo que lhe fora passado, que a nota endereçada à imprensa era inofensiva, rotineira e tinha apenas o propósito de informar.

O eminente mandatário ainda teve forças para uma derradeira investida:

– Mas você poderia, ao menos, ter esperado passar as eleições!… – como se o fato tivesse alguma ligação com o pleito político que se avizinhava e lhe coubesse a missão de aplainar o caminho do então governador do Estado rumo à pleiteada reeleição…

Algum tempo depois, já recomposto, embora sem esboçar a intenção de nenhum pedido de desculpas pelo gratuito, equivocado e intempestivo procedimento, o insigne magistrado despediu-se do estupefato Mário com uma máxima final:

– É, eu só queria mesmo desabafar!…

Célio Heitor Guimarães

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O esguicho do amor

© Antonio More|Gazeta do Povo

Governar é tão simples, tão elementar. E no entanto, tantos, a esmagadora maioria dos governantes erra, faz bobagem, pisa na bola. A esmagadora maioria, não a esmagadora minoria de que fazem parte Rafael Greca e João Dória, prefeitos de Curitiba e São Paulo. Vasculho a história do Brasil e só encontro um parâmetro para os dois: Washington Luís, o presidente derrubado na Revolução de Trinta. Ele resumia sua visão numa frase simples: “Governar é abrir estradas”. Não abriu tantas estradas quanto o Brasil precisava – e continua a precisar.

Greca e Dória são prefeitos faxineiros. Para eles, governar a cidade é limpar a cidade. Varrer ruas, com ou sem fantasia de gari, lavar ruas esguichando nos garis, cobrir de tinta grafitis e pichações, erradicar ervas daninhas das calçadas, deixar o centro nos trinques. E a periferia? Até agora não houve – como é a palavra da moda? – intervenção. Lavar as ruas é compromisso de amor com a cidade, disse o prefeito Greca, de novo a seduzir Curitiba, por quem se exalta em desvarios sensuais. Lavar é compromisso de amor. Amar é lavar – até parece Washington Luís.

Como o prefeito Greca já alcança neste blog a unanimidade de um apoiador, ingresso – hoje e só por hoje – na matilha do vira-lata que o defende com dentes e patas nesta. Meu aplauso pela declaração de amor, hígida e asseada. Aplauso por não se fantasiar de gari – “Não tem uniforme no meu tamanho”, disse o prefeito. Tem sim, Vossa Rafaelência, na Camisaria Varca, na rua da prefeitura. Só não imite João Dória no limite da velocidade das marginais. Tem muito marginal ao volante. Viria bem um chega-pra-lá no IPPUC na criação dos binários, que só ajudam os shoppings.

Rogério Distéfano

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Escreva uma carta, por favor!

© Roberto José da Silva

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Eduardo Cunha teme que rebeliões cheguem ao presídio onde está detido

Mônica Bergamo – Folha de São Paulo

Eduardo Cunha está inquieto na prisão. O ex-presidente da Câmara dos Deputados teme que a onda de rebeliões em presídios chegue ao Paraná, onde está detido.

PEITO ABERTO

Cunha acredita que ele e os demais presos da Operação Lava Jato que estão no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, como José Dirceu, correm sério risco em caso de motim no presídio.

TÔ SÓ ESPERANDO

O ex-parlamentar está ansioso também com o julgamento de seu caso no STF (Supremo Tribunal Federal). Agitado, demonstra a outros presos que tem grande esperança de ser solto. Deixa a impressão de que, se isso não ocorrer, se considerará definitivamente abandonado pelo universo político e poderá enfim aderir à delação.

EXPORTAÇÃO

A OAS foi intimada a prestar esclarecimentos em inquérito aberto no Chile para apurar a participação da empresa em campanhas eleitorais. Os depoimentos serão prestados no Brasil.

EXPORTAÇÃO 2

O inquérito apura o empréstimo de um avião e outros eventuais financiamentos para a campanha de Marco Enríquez-Ominami, candidato de oposição à Presidência em 2013.

CONTO TUDO

A investigação ainda não apura oficialmente eventual participação da OAS na campanha de Michelle Bachelet, já que a informação, feita por Duda Mendonça numa negociação para fazer delação premiada no Brasil, só se tornou pública nesta semana. A empreiteira pretende colaborar com as apurações.

EM MOVIMENTO

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, se encontrou no shopping Iguatemi no fim de semana com José Yunes, advogado, ex-assessor e um dos melhores amigos do presidente Michel Temer. Ele é um dos candidatos ao STF que mais têm se movimentado em busca de apoio para o cargo, com o qual sonha há vários anos.

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Gente de Teresina

Amaral, quadrinista e artista plástico. © M. de Moura Filho

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Tusquinha

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Revendo

O fotógrafo profissional Thomas não viu nada – e viu tudo. Ampliações de fotos que ele tirou secretamente de um casal no parque revelam um assassinato em progresso. Revelam mesmo? Ganhador dos prêmios de Melhor Filme e Diretor em 1966 pela National Society of Film Critics, “Depois Daquele Beijo” de Michelangelo Antonioni é um influente e estiloso estudo sobre a paranóia e a desorientação.

É também uma cápsula do tempo para Londres, mostrando o que era moda na época, como o amor livre, as festas intermináveis, a música (Herbie Hancock escreveu a trilha e The Yardbirds tocam em um clube) e os ritmos. David Hemmings interpreta o fotógrafo cansado estimulado pelo mistério de suas fotografias. Vanessa Redgrave é a mulher evasiva mostrada nas fotos. Mas cabe a você resolver o que há de verdade naquilo que você vê, naquilo que você não vê e aquilo que só a câmera consegue enxergar.

Blow-Up – Depois Daquele Beijo, Vanessa Redgrave, David Hemmings, Jane Birkin. Edição remasterizada, 111 minutos, Michelangelo Antonioni, 1966, Inglaterra|Itália. 

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Playboy – Anos 60

1966|Kelly Burke. Playboy Centerfold

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Elas

Winnifred Jacqueline Fraser-Bisset.   © Reuters

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