Célio Heitor Guimarães

© Myskiciewicz

Com certeza este início de ano está sendo o mais insípido das últimas décadas. Insípido nos seus variados significados: sem sabor, sem interesse, sem atrativos, monótono, enfadonho e sem graça. E isso tudo talvez se reduza a uma única carência, sofrida pelo ser humano em geral e pelos brasileiros em particular: a esperança.

2017 nasceu sem grande esperança para o mundo em que se vive. O Brasil derrete no tórrido verão de janeiro, asfixiado pela falta de governo e falta de autoridade, com um Executivo atarantado, composto de meliantes e subserviente a um Legislativo repleto de parlamentares ávidos por poder e com interesses escusos saindo pelo ladrão (a correlação da expressão é proposital). Ao lado, o Judiciário patina na centenária lerdeza, às vezes se apresenta como legislador e invade a esfera de outro poder, enquanto egos afloram e maculam togas e becas.

Já se teve esperança com FHC e com Lula da Silva. Nem tanto com Dilma. Temer assumiu porque tinha de assumir. Infelizmente, porém, não existem mais no horizonte homens como Ulysses Guimarães, que recusou o poder para consolidar a democracia, como bem disse a trovadora Fafá de Belém.

O resto do mundo, por seu turno, prende a respiração na expectativa de um desmiolado “mauricião”, falastrão e irresponsável, surpreendentemente eleito, assumir o controle do arsenal bélico do império norte-americano.

Não há a expectativa de utopias no curso de 2017. A civilização dificilmente galgará patamares mais elevados. Ao contrário, tem tudo para exibir uma lamentável regressão política, cultural, social e econômica. A tecnologia se expande, mas o ser humano perde humanidade. Às vezes, surge aqui e ali um lampejo de fraternidade, solidariedade e – vá lá! – esperança. Mas nada que não possa ser logo sufocado por um terrorista enlouquecido, um ensandecido “justiceiro” com uma pistola na mão ou um abarrotado depósito de presos desprezado pelo poder público e sob o controle de facções criminosas que, com espantosa desenvoltura, dominam o sistema prisional brasileiro.

Vieira, o padre, dizia que a esperança é o derradeiro remédio deixado pela natureza para todos os males. Já Shakespeare, o escritor, achava que a esperança é o único remédio para os desesperados. Prefiro a lucidez do meu saudoso Rubem Alves, segundo o qual “perder a esperança é ter a coragem para reconhecer que o que está morto realmente morreu”.

Com este sintético texto e o beneplácito do comandante Zé Beto, peço licença ao Grupo dos 13, que hoje constitui o universo de leitores desta coluna, para retirar-me de cena por duas ou três semanas. Vou aproveitar o tempo para submeter-me a um necessário tratamento de ânimo. Se o resultado for positivo e, depois disso, o inepto Temer, os lulistas infiltrados nas universidades, nos sindicatos e nos presídios e a assombração Trump não tiverem acabado com o Brasil e com o mundo, é possível que eu volte. Até. Aqui!

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BPP lança coleção de calendários

A Biblioteca Pública do Paraná acaba de lançar sua primeira coleção de calendários. São três tamanhos e suportes diferentes: o calendário de parede (grande), de mesa (médio) e um calendário-marcador de página (pequeno).

Todos os modelos contam com retratos de célebres escritores brasileiros e estrangeiros, desenhados por 20 ilustradores. Os produtos podem ser adquiridos na BPP e custam R$ 35 (kit com os três calendários). A renda arrecadada será revertida para a realização de ações da Seção Infantil da Biblioteca.

Os desenhos que ilustram os calendários foram publicados originalmente em edições do jornal Cândido, na seção “Retrato de Um Artista”, em que cada ilustrador teve liberdade para fazer uma leitura particular do autor sugerido. Foram retratados autores como Mário de Andrade, José Saramago, J.D. Salinger, Hilda Hilst, Dalton Trevisan, Miguel de Cervantes, Charles Bukowski, Caio Fernando Abreu, Jorge Luis Borges e Francis Scott Fitzgerald.

Os retratos, realizados por alguns dos principais artistas gráficos, cartunistas e ilustradores do país, apresentam uma grande pluralidade de estilos. Os artistas são: Allan Sieber, André Ducci, Benett, DW Ribatski, Fellipe Canalli, Heitor Yida, José Marconi, Klaus Koti, Leo Gibran, Manuel Depetris, Marina Moraes, Orlandeli, Pedro Franz, Renato Faccini, Ricardo Humberto, Rogério Coelho, Rômolo D’Hipolito, Samuel Casal, Theo Szczpanski e Weberson Santiago.

Serviço: Coleção BPP de Calendários 2017. R$ 35 (kit com agendas em 3 formatos). Biblioteca Pública do Paraná. À venda na direção, 3° andar, Cândido Lopes, 133.

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Estados Unidos do Trumpstão

Meryl Trump e amiga. Uia! © Myskiciewicz

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Orlando Pedroso

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

França, 1930. Violette Nozière (Isabelle Huppert) é uma garota de 18 anos que se prostitui sem a família saber. Começa a namorar um malandro, comete pequenos furtos em casa para satisfazer o amado e, ao descobrir-se doente, encontra uma maneira de se livrar da mãe e do pai de maneira cruel. Baseado em uma história real que chocou a França em 1933. Direção de Claude Chabrol, Canadá e França, 2h10m. 1978

Festival de Cannes 1978: Melhor Atriz – Isabelle Huppert (empatada com Jill Clayburgh por Uma Mulher Descasada) Cesar, 1978. Melhor Atriz Coadjuvante – Stephane Audran. Indicações: Melhor Atriz – Isabelle Huppert. Melhor Música e Melhor Direção de Arte. Não é, Sérgio Sade? 

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Tempo

Lela Carvalho, Kedma Alencar, Albert Piauí, Zélio, Fred Ozanan e Mino, em Teresina, Salão de Humor do Piauí, mil novecentos e bolinha.  © Solda

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Sinpes – Sindicato dos Professores do Ensino Superior

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Mesmas coisas

Manoel Carlos Karam. Retícula sobre foto de Glória Flüggel

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Renan, o proctologista

A sessão do STF que preservou Renan na presidência do Senado me fez lembrar a história do proctologista de Itu (SP) que organizou uma homenagem a Anselmo Duarte tão logo este, nascido na cidade, recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Orador na solenidade, o proctologista não conseguia falar corretamente o nome do homenageado… No discurso, disparou intermináveis gargalhadas na plateia ao dizer “o Ansermo”, e, corrigindo-se, “o Anselmo….Dualte”.

Vingou-se com revelações de seus segredos de consultório: “… você aí tá rindo, mas eu já enfiei o dedo no seu c…, no seu também, e no seu também….” A impressão que deu é que Renan já havia examinado a próstata de todos aqueles homens sisudos de toga…

Grande parte dos crimes cometidos por Lula já é razoavelmente conhecida, mas ainda, como Renan Calheiros, ele canta de galo, desafia a Justiça – já chamou ministros do poderoso STF de covardes – e batalha para derrubar o que ele chama de “República de Curitiba”, o conjunto de procuradores, policiais federais sob comando de Sérgio Moro. Lula é hoje um insulto à Sociedade Brasileira, um acinte, um escárnio…

Dirceu Pio

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Um estadista português

Bernardo Mello Franco – Folha de São Paulo

BRASÍLIA – Mário Soares, o ex-presidente de Portugal que morreu no sábado, estava entre os raros políticos que merecem o título de estadista. Combatente sem armas, ajudou a derrubar a ditadura de quase cinco décadas que mantinha seu país preso a uma bolha de atraso.

O jornal “Público” definiu o socialista como o “rosto maior da democracia portuguesa”. Mas ele também deixou sua marca no exterior: acelerou a libertação das colônias africanas e deu impulso ao projeto de integração da Europa.

Advogado de presos políticos, Soares se tornou um deles ao contestar o regime de Salazar. Passou 12 vezes pela cadeia até ser deportado, sem julgamento, para a longínqua ilha de São Tomé, na África. Depois se exilou na França, onde articulou a fundação do Partido Socialista.

Era um defensor intransigente do “socialismo em liberdade”. “Antes de ser socialista, sou democrata”, repetia, quando colegas da esquerda sonhavam em replicar o modelo soviético. Depois da Revolução dos Cravos, em 1974, enfrentou os comunistas para impedir que Portugal virasse uma ditadura alinhada a Moscou. Vitorioso, tornou-se o primeiro premiê escolhido nas urnas e o primeiro civil na Presidência desde 1926.

Soares passou uma década no Palácio de Belém. Conquistou o segundo mandato com mais de 70% dos votos. Era o reconhecimento dos portugueses a seu esforço para reduzir as diferenças que separavam o antigo império do resto do continente.

Nos últimos anos, equilibrava-se entre a defesa do projeto europeu e a crítica à hegemonia da Alemanha no bloco. Defendia suas ideias com ênfase, mas sem perder o humor.

 

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Hoje!

© Lineu Filho

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Fraga

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Mural da História

Em algum lugar do passado.

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Outra bolsa família

Durante a campanha eleitoral, o candidato Fábio Gentil (PRB) criticou Léo Coutinho (PSB), prefeito de Caxias (MA), pela colocação de parentes em postos de destaque na administração municipal. “Isso não é legal nem é direito. A prefeitura é do povo, não de uma família só”, afirmou em sua propaganda.

Tendo sido eleito, o novo alcaide encontrou uma maneira engenhosa de dar sentido a suas palavras. Transformou sua mulher, um irmão e uma prima em secretários da cidade de Caxias, atestando que de fato a prefeitura não era de uma só família —saíram os Coutinho, entraram os Gentil.

Em Santana (AP), o prefeito Ofirney Sadala (PSDC) também venceu a disputa com promessas de moralização, mas já nomeou dois irmãos para secretarias municipais.

A contradição flagrante entre o discurso e a prática é uma demonstração pouco usual de desfaçatez por parte de políticos que não hesitam em usar cargos públicos para obter benefícios privados; mais comuns são as tentativas manhosas de negar o óbvio.

Tome-se o caso do prefeito de Montadas (PB), Jonas de Souza (PSD). Sua mulher, três irmãos, um tio e dois primos ocupam sete das nove secretarias da cidade.

Nepotismo condenável? Não para Souza: “É meu nome que está em jogo. Busquei pessoas capacitadas em quem eu realmente confio”.

Situações desse tipo se multiplicam país afora. Gestões municipais —e mesmo nos governos estaduais— aproveitam o limbo jurídico em que repousam nomeações dessa natureza para desafiar os órgãos de fiscalização.

É que, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a restrição à nomeação de cônjuge e parentes não adquire caráter absoluto na esfera pública. Quando se trata de cargos políticos, como o são os do primeiro escalão municipal, o veto ao nepotismo não se aplica necessariamente.

Daí não decorre, porém, que inexistam condições para a ocupação desses postos. Decisões do STF sobre o tema já deixaram claro que deve ser feita uma análise caso a caso, com vistas a verificar se houve troca de favores, fraude à lei, inequívoca falta de razoabilidade ou ausência de qualificação técnica, por exemplo.

Enquanto o Ministério Público e a Justiça não se mostrarem capazes de responder com celeridade a esse tipo de abuso, políticos velhacos insistirão nessa versão deplorável de bolsa família.

Editorial – Folha de São Paulo

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Mural da História

2 de agosto, 2008

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