Álbum

Foto acervo Beto Bruel

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Lógica

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Risonomia

© Myskiciewicz

Ronilson Marcílio Alves foi empossado vereador de Caratinga, MG, na última terça-feira. Até aí morreu Neves, como se diz por lá. O peculiar está nas circunstâncias: Ronilson tomou posse algemado, envergando o macacão vermelho da prisāo e sob escolta policial. Empossado, assegurados o mandato e o subsídio de R$ 9 mil mensais, voltou ao xilindró.

Para sorte do bom povo de Caratinga, o delito que provocou a prisão não atingiu o erário; Ronilson à época não era vereador. Foi coisa menor, até prosaica: ele e parceiros extorquiram R$ 200 mil do padre filmado em cabriolas sexuais. Em termos de Igreja atual tanto a extorsão quanto as cabriolas seriam pecados veniais, sanáveis com dois Pais Nossos e três Aves Marias.

Surpreende? Não. A cada dia mais políticos são presos. O prefeito eleito de Osasco, importante cidade paulista, deixou a cadeia sob habeas corpus para assumir o cargo.

Espero que nesta vida ainda vejamos a isonomia, a igualdade perante a cadeia. Sem foro privilegiado para ocupantes de cargos públicos e prisão especial para diplomados em universidade – são tantos em uma e outra situaçōes que logo chegaremos à superpopulação carcerária especial e – por que não? – às facçōes no complexo penitenciário da República de Curitiba. Rogério Distéfano

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Flagrantes da vida real

Denise Roman, indo e vindo. © Maringas Maciel

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Crivella quer ver a caixa do IPTU

Elio Gaspari – Folha de São Paulo

O prefeito Marcelo Crivella assumiu a Prefeitura do Rio com o pé direito, o que é alguma coisa, mas pode ser pouco, até nada. Governando a cidade do Carnaval, não se fantasiou de gari, como o doutor João Doria, de São Paulo. Para felicidade dos povos, anunciou a revisão da política de corso imposta ao Erário da cidade pelas isenções tributárias concedidas por mais de uma década.

O Rio de Janeiro tem 2 milhões de imóveis cadastrados. Seis em cada dez não pagam o Imposto Predial e Territorial Urbano, o IPTU. (Nada a ver com residências de favelas, comunidades ou coisas do gênero.) Essa estatística resulta da montagem de uma girafa com corcova de camelo e cabeça de tartaruga.

Na base esteve a ideia de isentar de IPTU os aposentados que tivessem mais de sessenta anos, apenas um imóvel com menos de 80 metros quadrados e renda inferior a dois salários mínimos. Vá lá. Depois entraram os teatros, escolas, clubes esportivos, sindicatos, associações de moradores, edificações de empresas agrícolas e editoras.

O que uma próspera editora tem a ver com um aposentado sexagenário que vive num pequeno apartamento de subúrbio, não se sabe. Mesmo com essa distorção genérica, é impossível chegar-se a 1,4 milhão de residências isentas de IPTU. Há gatos nessa tuba, dos gordos. (A decisão de Crivella, se for adiante, nada tem a ver com aumento de IPTU, será simplesmente a expressão de uma vontade de cobrar a quem deveria pagar, num Estado falido.)

Noutra gaveta estão as isenções de pagamento do Imposto sobre Serviços, o ISS, cobrado às empresas de ônibus. A prefeitura cobrava 2% sobre as receitas brutas e baixou o tributo para 0,01%. Foi um presente para a capitania do doutor Jacob Barata e sua corte da Fetranspor.

Ao conceder o mimo, a prefeitura argumentou que com essa ajuda as empresas poderiam moderar seus aumentos tarifários. Infelizmente, os donatários dos ônibus do Rio não conseguem oferecer os serviços que prometem. Metade da frota ainda circula sem ar refrigerado e 20% dela roda com vistorias vencidas. O mimo custa ao tesouro da cidade R$ 72,7 milhões anuais.

No seu primeiro dia de serviço, Crivella mostrou-se disposto a cobrar R$ 500 milhões de ISS às operadoras de planos de saúde. Esse é um caso diferente, pois enquanto os ônibus ganharam um mimo com o abatimento de um imposto devido, as operadoras sustentam nos tribunais que a cobrança é indevida. O prefeito Crivella abriu o caminho para um escambo tributário: “Se eles não podem pagar tudo, que nos ajudem com consultas, especialistas, exames e cirurgias de baixa complexidade”.

O Rio de Janeiro está onde está porque pedalou na bicicleta da criatividade tributária. Ajudou empresas perdoando impostos, derrubou a arrecadação e arruinou a rede de serviços públicos. Se os planos de saúde devem o ISS, têm que pagar.

Quem “não pode pagar” é a turma que está na fila dos ambulatórios públicos e o Brasil é o país com maior numero de bilionários produzidos pela rede privada de saúde. Se as operadoras não devem à prefeitura, Crivella precisa buscar recursos em outro lugar, deixando-as em paz.

Empresas ajudando o Estado e o Estado alterando normas para ajudar empresas é coisa que só acontece depois de boas conversas que, mais tarde, acabam em encrenca.

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Panelaço

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Lançamento do livro de traduções Os Catalépticos, 1992, Bibioteca Pública do Paraná. Da esquerda para a direita: Thadeu Wojciechowski, Sérgio Viralobos, Marcos Prado e Roberto Prado de Oliveira. Foto arquivo da família 

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Prefeito paciente

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Tchans!

amigos-do-peito-21amigosdopeito

© Myskiciewicz

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Mural da História

25 de dezembro, 2010

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Mentirólogo

© Myskiciewicz

Requalificação da proposta. Entenderam? Duvido. Ao tropeçar nessa abstração fui adiante para entender: trata-se de tapa na cara do eleitor paulistano. A expressão foi produzida e divulgada em 2 de janeiro, dia seguinte ao da posse do novo prefeito, para escapar de uma das promessas de campanha: zerar a demanda de vagas nas creches. Ao saber do número – 120 mil -, o prefeito João Dória desbastou a promessa, reduzindo-a para 66 mil.

A isso inventivamente chamou “requalificação”. A promessa, de seu lado, virou “proposta”. Nada gratuito, coisa cozida em caldeirão de marqueteiro: promessa é compromisso, faz fronteira com o sagrado; proposta ė jargão de comerciante, o freguês aceita ou deixa na prateleira.

Mas o que significa “requalificação”? Não faz sinônimo com ‘reduzir’, ‘rever’, ‘readequar’ ou qualquer outro eufemismo de plantão. Dória não irá instalar as crianças no zoológico ou em motéis – isso seria “requalificação”.

Sejamos claros, objetivos, não paguemos tributo à ofensa do marqueteiro à nossa inteligência: requalificação houve, sem dúvida. Seja da promessa de campanha, seja do eufemismo da proposta. Se requalificar significa dar outra qualidade, aquilo que João Dória prometeu – ou propôs – na campanha passa a se chamar mentira, engodo, empulhação. E se o código penal autorizasse, estelionato eleitoral. Rogério Distéfano

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Rui Werneck de Capistrano

Como insistiu Ortega y Gasset, “eu sou eu e minhas circunstâncias”. Eu, como ser humano, vou indo aos truques e barracos. Agora, as circunstâncias estão de um jeito que ninguém mais dá jeito. Em tudo tem gente que sabe mais do que eu, entende mais e tem poder de dispor as coisas do jeito que bem entende. E tudo isso são minhas circunstâncias. Que sacada, heim? Valeu, Ortega y Gasset!

Veja, por exemplo, o que são minhas circunstâncias de escritor. Vivemos num mundo atulhado de livros. Milhões de escritores. Aí, publiquei um — é sempre filho de parto anormal que vem ao mundo… cheio de esperanças. Ó, mundo cruel!  Parto anormal quer dizer “feito sem grana de editoras”.

Daí, começou a grande valsa da distribuição do livro — veeeende aquiiii, veeeeende aliiiiii… Aí, por amor aos nobres leitores com menos dinheiro, levei alguns exemplares como doação à Biblioteca Pública. No caso, livros de ficção. Bondosa alma, né?

Claro que se deve dar e esquecer, fazer o bem sem olhar a quem — e todos os chavões de autoajuda milenar. Mas sempre bate uma curiosidade autoral — vaidades das… Então, fui à Biblioteca e procurei os livros.

No fichário, está lá PR B869.35 C 2436 NEM. Eu, enfim, catalogado. Pra completar, diria “morto e sepultado”.

Por quê?

Perguntei onde estava o livro e me disseram que era no segundo andar, setor de Documentação Paranaense. Cheguei lá e tentei me aproximar das estantes pra procurar e fui interpelado pelo atendente. Ele perguntou o que eu procurava. Mostrei a sequência escrita da ficha catalográfica e ele me pediu que esperasse. Ele ia buscar o livro. Aí, li na estante que só se podia entrar acompanhado por um atendente. Danger! No trespass! Esperei e ele me trouxe o livro. Abri pra ver se alguém o havia emprestado. O atendente me disse que era só pra consulta local. Nada de empréstimo! Deixei o livro em cima da mesa e me mandei.

“Mandar é sentar-se”, glosava Ortega y Gasset. Um trono, uma cadeira de espaldar alto… e tem-se alguém com poder. Alguém que lá do alto olhou meus livros e decretou ‘Setor de Documentação Paranaense’. E lá se foram os pobres… pro ostracismo. Fiquei triste, mas tenho que respeitar as circunstâncias, né?

Um dia, quando o mundo acabar, o Setor de Documentação Paranaense vai permanecer de pé — pronto pra receber alienígenas e mostra a eles que aqui viveu um escritor, publicou livros que não deviam ser levados pra casa. “Talvez um escritor maldito!” — pensarão os alienígenas. Será que vão ficar curiosos e ler?

Rui Werneck de Capistrano autor de Nem Bobo Nem Nada, Ovos do Ofício,
Tal de Tal de Tanto e Tal…, O Conselho,  etc. e tchau!

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Curtam cartum

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A última vez que vi Manoel Carlos Karam

No Ateliê de Criação Teatral, leitura de Cebola. Eu disse a ele: “Esse seu gorro marrokino é ducaralho”. E Karam respondeu: “Foi o Bruno quem me emprestou. Quando eu melhorar, você pode usar de vez em quando”. E eu fui embora, muito triste. Retícula sobre foto de Glória Flúggel

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Juiz que foi a presídio de matança em Manaus discute com internauta

© Edmar Barros|Futura Press|Folha Press

Parentes aguardam informações na entrada do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus

O juiz Luís Carlos Valois, de Manaus, que disse jamais ter visto “nada igual na minha vida” sobre os mortos na rebelião do presídio local, contestou internauta que afirmou, no Facebook, que ele deveria pensar “positivo”: “São 50 a menos pra nos roubar, violentar nossas filhas ou esposas e levar pânico para as pessoas de bem!”.

O juiz respondeu: “Os que morreram eram bucha de canhão, os menores, os frágeis do sistema… O problema são os que mataram, que ficaram mais violentos, psicopatas, e um dia voltam para a rua”.

PONTO FINAL

O internauta, identificado como Brício Marley, respondeu: “Nada melhor do que a PM entrar e resolver de uma vez, não é?”. O juiz então disse: “Resolver para mim é aplicar a lei meu amigo, fora isso é crime inclusive de quem incita!!”. Brício Marley não respondeu mais nada e a conversa foi encerrada.

Mônica Bergamo – Folha de São Paulo

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Promessa de campanha

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