Mural da História

Gláucia Taborda, Nireu Teixeira, Paulo Vitola, Iara Teixeira, Dóris Teixeira e Ubiratan de Oliveira, no Bazar do Solda, em mil novecentos e dercy gonçalves. © Vera Solda

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O Povo de Lula

“O Povo de Lula”: uma imersão inédita na intimidade do protagonismo popular

De Curitiba para o mundo, livro de fotorreportagem dos paranaenses Leandro Taques e José Carlos Fernandes retrata com precisão e sensibilidade quem foram as pessoas e o que arrastou uma multidão de brasileiros a Brasília para participar da posse presidencial.

De valores histórico e cultural inestimáveis, chega ao grande público o esperado livro de fotorreportagem “O Povo de Lula”, assinado pelo talento dos paranaenses Leandro Taques e José Carlos Fernandes. O lançamento da obra acontecerá na próxima terça-feira (31), a partir das 19h, no Bek´s Bar – Rua Brasílio Itiberê, 3445, Água Verde -, e, lá, os autores recepcionarão amigos e admiradores em noite de autógrafos para festejarem mais esta conquista.

“O Povo de Lula” retrata o olhar e a sensibilidade desses dois paranaenses na captação de imagens e na leitura de fatos que arrastaram uma multidão, oriunda dos quatro cantos do país, para lotar as largas avenidas do Plano Piloto, na capital federal, em 1º de janeiro de 2023, e dar posse ao atual presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Provoca uma verdadeira imersão na intimidade do protagonismo popular.

As cenas desse dia que todos facilmente guardam na memória são as da subida da rampa pelo presidente e a primeira-dama, ao lado de fortes representações do povo brasileiro, comumente excluídos das festas da sociedade, mas que nesse dia roubaram a cena: o indígena, a criança negra, o professor, a vigilante, a mulher com deficiência, o artista, o metalúrgico, o idoso, a catadora de materiais recicláveis e até a cachorra Resistência.

Taques e Fernandes viveram também os dias e instantes que antecederam à simbólica subida da rampa e puderam conversar de perto, olho no olho, ouvir, interagir com a multidão acampada em Brasília naquela semana, para esmiuçar suas histórias de vida, sua emoção, sua dura realidade, sua simplicidade, grandeza, e toda a carga de sentimentos à luz de um Sol escaldante na Praça dos Três Poderes e também no acampamento improvisado no estádio nacional Mané Garrincha.

Os textos refletem o profissionalismo e o olhar de um narrador atento a detalhes, mas que é igualmente generoso em estilos do mais fino bom gosto literário, o que torna único e rico esse registro da história contemporânea. A obra é a quarta no estilo fotorreportagem assinada por Leandro Taques, autor também de “O Retrato da Paz” (2007), “San Lázaro Babalu Ayè” (2015) e “Yo Soy Fidel” (2017). “O Povo de Lula” é mais um título da autoria de José Carlos Fernandes, que já lançou “Um lugar chamado Cocaco” (2022) e “Na Brasílio com a Ângelo” (2020), das coletâneas “Pequenas e grandes histórias de quem tem o que dizer” (2011) e “A vida é perto – perfis…” (2015).

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A divisão da Caixa

Os principais entraves do acordo entre o governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre as 12 vice-presidências da Caixa se arrastam há meses e seguem os mesmos.

Mesmo com a troca no comando do banco estatal, o governo quer manter dois postos: Inês Magalhães, indicada pelo PT, na vice-presidência de Habitação, e Marcelo Bonfim, aliado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), vice-presidente de governo.

O problema é que estava acordado entre Lira e o centrão que as duas vagas seriam do União Brasil, em indicações que envolvem Antônio Rueda e Fernando Maringoni, dirigentes do partido.

Uma liderança do PT disse ao Bastidor que as negociações serão retomadas, mas não assegurou se a divisão das vice-presidências entre PP, União e outras legendas do centrão será mantida.

Há duas versões principais: Lira, que está irredutível devido ao compromisso que assumiu com aliados em dividir os cargos, disse que as vice-presidências eram parte do acordo. Petistas afirmam que o acerto valeria se a presidência continuasse com Rita Serrano ou alguém indicado pelo partido.

Como mostrou o Bastidor, lideranças do Congresso usarão a tramitação do projeto de lei que regulamenta a isenção tributária para créditos fiscais de investimentos feitos com ICMS, matéria prioritária para o governo, para trocar por postos que já haviam sido prometidos pela articulação política.

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Flagrantes da vida real

Penso, logo, existo.  © Maringas Maciel

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Vendo King Kang com Fritz Long

A dislexia digital é deliberada. Rio de Janeiro, março de 1969. Escapei por um triz de me ensopar no Copacabana Palace – o maluco do Polanski arremessou a Jane Birkin na piscina e eu estava na rota de colisão. Editor de Artes e Espetáculos da Veja, eu fazia a cobertura do 2º FIC. Quem ganhou foi Martin Fierro, um hermano, muito frio para mim.

O bebê de Rosemary já atraia para Polanski as bad vibes de agosto em Los Angeles, quando a “família” de Charles Manson chacinou Sharon Tate, mulher do cineasta, e o bebê na barriga, mais convidados e o caseiro. Polanski também estaria lá naquele sábado, mas ficou em Nova York para assinar um contrato na segunda-feira. Um filme me tocou no festival: The Swimmer/O enigma de uma vida, de Frank Perry, baseado num conto de John Cheever. Burt Lancaster, genial numa história de fracasso vitoriosa.

Mas imaginem só quem estava no pedaço também? Fritz Lang e seu tapa-olho, 79 anos, cineasta desde 1921: o expressionismo alemão, Metropolis, M/O vampiro de Dusseldorf, Dr. Mabuse, as dezenas de noirs nos Estados Unidos. Só apelando para o clichê mesmo: uma lenda viva. E lá fomos nós, com Fritz Lang, numa tarde daquele março de 1969 ao centro do Rio para uma projeção, no auditório da Maison de France, de King Kong, o primeiro e único, de 1933. Cinéfilos alienados, num momento em que a ditadura pós-AI5 torturava e matava implacavelmente.

Fiquei imaginando o que se passaria na cabeça do velho Fritz ao rever aquele filme, do ano em que Hitler subiu ao poder para aprontar toda aquela carnificina. Só me restou parafrasear o bordão simiesco do Tarzã com a Jane: “Me Lang, you Kong.

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Mural da História – 2019

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Janones nega uso de fake news: “Eu manipulo a informação”

Deputado federal diz que seus métodos são, sim, “questionáveis” e “eticamente duvidosos”.

O deputado federal André Janones (foto; Avante) negou que tenha admitido uso de fake news em seu livro “Janonismo cultural: o uso das redes sociais e a batalha pela democracia no Brasil”.

“Eu manipulo a informação, disse o parlamentar ao Poder 360. “Antes de dar a informação, eu faço um jogo de palavras para levar o eleitor a entender que estou dizendo algo, mas estou dizendo outra coisa”, acrescentou.

Janones disse ainda que seus métodos são, sim, “eticamente duvidosos”.

“Meus métodos são questionáveis? Sim. Eticamente duvidosos? Sim. Fake news? Não. Fake news é uma notícia falsa. Blefe não é uma notícia.”

O caso veio à tona depois que o jornal O Globo publicou uma matéria sobre a obra intitulada: “Em livro, Janones narra atuação na campanha de Lula e admite uso de fake news para ‘desestabilizar Bolsonaro’”.

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Já foi pra Academia hoje?

Luiz Rettamozo, 1975, no Teatro Paiol,  exposição 12 Desenhistas de Humor.

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Minha orelha

“Ora direis ouvir orelhas…”

Seja breve, diz a música de Noel Rosa. Seja longo, extenso, mas seja breve. Se você se estende demais na orelha de algum livro não ouvirão o que você quer dizer. E lembrando um ditado que trouxe de Itararé, a minha Caicó – Quem fala demais acaba dando bom dia pra cavalo.

Imagina-te, Clódia, encontrei uma mulher inimaginável, belíssima. Ela é de Caicó. Jamais pensei que uma caicoense pudesse ter tais atributos. É tudo tão longe, não é? E a gente nem sabe direito onde é Caicó. E se existe. Pois existe e muito! A mulher é inteira existente. Existe em maravilha da cabeça aos pés. Não te preocupes, mas balancei um bocado. É alta, loira, letrada! Conhece literatura de cabo a rabo. O marido, o professor Gutemberg, viajou anteontem para um lugarzinho perto daqui chamado Muriaé. Não deu outra. Já sabes. Mas a mulher tem tamanhas qualidades que fiquei tímido, lasso, brocha e despeitado. E ontem, odiento, mandei-lhe o primeiro poema aí de cima, Pois imagina-te, hoje me respondeu com o aí de baixo. Estou mal, prostrado. Manda-me algumas palavrinhas; Caicó, meu Deus! Vou comprar hoje mesmo um mapa desse Brasil bandalho. Que surpresas! Que país! Que grelos insolentes e cultivados tão de repente! Eu fedo, Clodinha? Manda-me carícias e um fio do teu pentelho. Ela se chama Líria. (Contos D’Escárnio. Textos Grotescos, de Hilda Hilst)

Fui convidado pela Nara para escrever a orelha deste livro. Pensei em começar mais ou menos assim: Assionara Souza é uma molécula, menínula sapécula que anda de biciclétula atrás das palavras, para apanhá-las pelo rabo, pela cauda, e encaixar, uma por uma, no cotidiano dos seus personagens, que sempre existiram, e ela as usa na medida exata, na rua, aqui, ali e em todo lugar, sempre, sem tirar nem por.

Assionara mencionou que eu podia ser sincero, apesar da difícil função de escrevinhador de orelhas. Enfim, escrevo esta orelha de ouvido, porém atento ao que ela manifestou em seus livros, que sempre leio bem-humorado, apesar de ser um sujeito já nem tanto. Não é meu hábito tecer loas a ninguém, que fique bem claro. Também não acredito que o curitibano “só fala bem dos outros pelas costas”.

Ela confessa ter matado aula na graduação para continuar lendo Contos D’Escárnio, Textos Grotescos, de Hilda Hilst, citado acima, justamente pela cidade de Caicó, no Rio Grande do Norte, onde nasceu Assionara.  Bom pra ela e ótimo para nós. Quando deixamos de fazer coisas obrigatórias, acabamos fazendo o indispensável. Caicó é aqui e agora, tão perto de nós.  A vida tira as pessoas de Caicó, mas nada tira Caicó das pessoas.

Nara é doutoranda em Estudos Literários pela UFPR e adotou Curitiba para viver, para nossa alegria e felicidade.  De fala mansa e gentil, essa menina descarta o desnecessário e mostra que o excesso não faz falta, quando o simples, exatamente o simples, pode explicar tudo. Assim são as imagens e sugestões na literatura refinada e na poesia da escritora.

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Flagrantes da vida real

© Maringas Maciel

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Mural da História – 2010

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Leminski, por Ernani Buchmann

© Alberto Melo Viana

Não sei bem se Paulo Leminski podia ser chamado de publicitário. Ele mesmo não se considerava. Nunca escondeu que escrevia anúncios para sobreviver, como muitos escritores. Aqui no Brasil, Domingos Pellegrini, Luis Fernando Verissimo, João Ubaldo Ribeiro, Antônio Torres, Ricardo Ramos, entre outros. O Polaco era um agitador, isso sim.

Enlouquecia a criação das agências em que trabalhou, polemizando sobre qualquer assunto. Isso desde a PAZ, no início dos anos 70 à Exclam, até o final de 1987. Era um redator diferente. Não criava para televisão, por exemplo. No máximo, escrevia textos para locução em off. Sobre a idéia do filme, nada: alguém que tivesse uma. Já com relação à mídia impressa, sua especialidade, matava a pau. Foi assim ao criar o título que considerava sua melhor sacada publicitária: A Galvão acha fácil o imóvel que você acha difícil. O sentido duplo do verbo, criando o jogo de palavras, é a cara dele. Nos últimos tempos, já admitia que não conseguia mais se concentrar.

Escrevia em pé, como se estivesse de passagem pela máquina de escrever, naquela época em que ainda não se trabalhava em computadores. Iam longe os anos em que trabalhava em casa, ao lado da Alice – ambos redatores, cada um criando para uma agência diferente. Era assim que se sentia melhor, sem precisar cumprir o doloroso ritual do expediente. Nas agências pelas quais passou sempre conseguiu impor sua vontade de não trabalhar pela manhã, até o mercado exigir período integral.

Foi quando o chamei para dizer que a direção da agência havia exigido que passasse a chegar cedo. No dia seguinte, fiquei comovido. Ao entrar na minha sala, ainda com as janelas cerradas, luz apagada, em pleno inverno, vi um vulto. O vulto e a brasa do cigarro. Era ele, pouco depois das 8h. Deu aquela risadona mostrando os cacos dos dentes quando acendi a luz e berrou como se estivesse num bar – Leminski falava muitos decibéis acima: – Lá em casa o toque da alvorada é cedo! Em seguida, puxou aquele chumaço de papel jornal com a produção poética da madrugada. Era a rotina: passava o dia entregando seus mais recentes poemas para avaliação, fosse quem fosse o interlocutor.

Deu conta do expediente matinal por um ou dois meses. Então desistiu. Já sofrendo com a cirrose que viria matá-lo, nem sempre passava bem. Não era para menos. O Polaco bebia em turnos de 24 por 24 horas, dormindo nos intervalos. Na noite em que morreu, havia uma multidão na ante-sala da UTI. Quando veio a notícia, fui ao orelhão do corredor, ligar para algumas pessoas. Comecei pelo Solda. Não consegui falar. Nem eu disse nada, nem ele perguntou. Não precisava. Ficamos em silêncio, acho que deixei o telefone lá pendurado. Mesmo porque pendurados ficamos todos.

Este texto é uma homenagem que o Clube de Criação do Paraná prestou ao Paulo, publicado na edição do Anuário de 2006.

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Valeria Bruni Tedeschi, também grafado como Bruni-Tedeschi, atriz, roteirista e cineasta ítalo-francesa. Irmã de Carla Bruni. Dirigiu e atuou e diversos filmes, entre eles, Um Castelo Na Itália, Capital Humano, O Amor em Cinco Tempo, Atrizes, Viva Liberdade, entre outros. © Reuters

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Anatomia de Uma Queda

Grande vencedor da Palma de Ouro em Cannes neste ano de 2023, ANATOMIA DE UMA QUEDA, francês, de Justine Triet, rompeu paradigmas. Foi apenas a terceira vez em que uma diretora venceu a Palma. As outras vezes foram Jane Campion (1993), por “O Piano” e Julia Ducornau (2021) por “Titane”. É uma obra excepcional, para dizer o mínimo.

Descrevendo a minúcias a investigação da morte de um escritor e a acusação de que tenha sido assassinado por sua mulher, Justine Triet e Arthur Harari escrevem um dos roteiros mais perfeitos dos últimos anos, com diálogos de uma profundidade e inteligência tão precisos, capazes de fazer qualquer plateia pensar e repensar os desígnios da vida enquanto descrevem a subjetividade do que é viver e julgar e o quanto as duas coisas podem se distanciar conforme as palavras que se usa para uma coisa ou outra.

Sandra Huller, a protagonista, é talentosíssima em construir uma personalidade mais do que humana, com todos os conflitos e contradições que uma verdadeira construção exige. Como disse um dia Fernanda Montenegro: “Para cada frase dita, pelo menos três subtextos”! E um menino, Milo Machado Graner, vivendo o filho enredado entre uma mãe acusada de assassinato e um pai morto, oferece um show de interpretação, conduzindo o roteiro com profundidade e nunca emoções fáceis.

ANATOMIA DE UMA QUEDA já é, de cara, um dos grandes filmes do ano. Diretora com domínio completo da narrativa, Justine Triet domina cada acontecimento com precisão e assertividade. Uma aula. A força da narrativa prende o espectador (Eu) na poltrona e avança para dentro das vísceras da alma, com dramaticidade e lógica. Um estudo profundo da natureza humana através de um filme policial que rompe qualquer conceito de gênero cinematográfico. Uma maravilha! Como disse um crítico: “De tirar o fôlego”!

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