Chile, 1973. Mario (Alfredo Castro), um solitário funcionário do necrotério, é apaixonado por sua vizinha Nancy (Antonia Zegers), uma dançarina de cabaré. Quando ela desaparece misteriosamente em 11 de setembro, ele passa a procurá-la em meios aos corpos das vítimas do golpe de Augusto Pinochet.
México, Chile e Espanha. Direção de Pablo Larraín. 2010
Ora, ora, ora! Pensei que eu era o único idiota com opinião tão absurda. Sempre fui contra motos, detesto motos e se fosse presidente do mundo, o primeiro (ou segundo – o primeiro seria a extinção do dinheiro) ato que tomaria seria a proibição do uso de motocicletas – uma temeridade no trânsito nosso de cada dia. Para os transeuntes, motoristas e motoqueiros.
Agora, sou surpreendido com a opinião do engenheiro e sociólogo Eduardo Alcântara Vasconcellos, especialista de dados sobre o trânsito das cidades, no UOL, provedor de internet e versão online do jornal A Folha de S.Paulo:
– É difícil encontrar na história do Brasil, fora a escravidão, um fenômeno social tão destrutivo quanto a motocicleta.
Só faltou o ponto de exclamação no final da frase.
Autor do recém-lançado livro “Risco no trânsito, omissão e calamidade” (ed. Annablume), Vasconcellos se refere às mortes registradas em acidentes de motos. E cita que, em 2015, 74% dos pedidos de indenização por morte ou invalidez no trânsito de São Paulo se originaram de acidentes com motocicletas, que representam apenas 19% da frota de veículos no Estado.
Outro ponto de exclamação ficou faltando no final da frase.
O especialista vai em frente, provando que contra fatos não há argumentos:
“Desde a introdução da motocicleta no Brasil, pelo menos 220 mil pessoas morreram e 1,6 milhão ficaram permanentemente inválidas devido a quedas e colisões com as motos, conforme levantamento da seguradora Líder, responsável pelo DPVAT (seguro obrigatório), totalizando 1,8 milhão de acidentes”.
Mais um ponto de exclamação poderia muito bem encerrar a frase acima.
Mestre e doutor em política pública pela USP, com pós-doutorado na Universidade de Cornell (EUA), Eduardo Alcântara Vasconcellos analisa as políticas públicas que incentivaram a disseminação de motocicletas pelo país, assinalando que, entre 2012 e 2014, o governo federal adotou a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a indústria automotiva, reduzindo o custo de automóveis e aumentando a frota de veículos no trânsito, enquanto fabricantes de motocicletas instalados na Zona Franca de Manaus se beneficiavam com a isenção do imposto.
Resultado: desde 1990, o número de motos aumentou de 1 milhão para 20 milhões e só entre 2011 e 2014 o número de acidentes anuais saltou de 194 mil para 497 mil – alta de 156%.
Aqui o uso de pelo menos três pontos de exclamação seriam adequados.
O sociólogo vai além e conclui que “em 300 anos de escravidão no Brasil, estima-se que cerca de 640 mil negros morreram durante o deslocamento transatlântico forçado por traficantes, segundo um levantamento feito por pesquisadores da Universidade Emory, em Atlanta, nos EUA”. Quer dizer: foram 640 mil mortes em 300 anos. Em apenas três anos, 497 mil brasileiros perderam a vida ou ficaram inutilizados por montar em uma motocicleta!!!
E as exclamações fecham a frase porque eu as coloquei e calham à fiveleta.
Ah, as motos são necessárias, atendem à população de menor renda, além de representar enorme sucesso financeiro? Argumentos furados, inaceitáveis para Vasconcellos. Estou com ele. Nenhuma dessas alegações justifica o custo social de um meio de transporte de enorme risco e nenhuma segurança.
Vasconcellos concorda que, fora da rua, a motocicleta é um veículo conveniente: “É barato, consome pouco combustível e você consegue estacionar com facilidade. Mas critica veementemente a forma como ele foi introduzido no trânsito, ou seja, sem os devidos cuidados”.
Ele garante que a moto chegou sem a devida preparação. E não só dos motociclistas como dos demais participantes do trânsito: os pedestres, que sofrem atropelamentos nos cruzamentos porque não sabem enfrentar um veículo superágil, que arranca assim que o sinal verde abre; os motoristas de carros, ônibus e caminhões, cujos espelhos retrovisores não conseguem focalizar a moto que se aproxima; e, sobretudo, a grande maioria dos motociclistas que dirige sem nenhum cuidado e não respeita as leis do trânsito.
Alcântara Vasconcellos acha que ainda se poderá salvar a motocicleta, se restringir-se o seu uso, não permitir a circulação entre os carros e reduzir os limites de velocidade. Como eu não acredito que isso venha a acontecer, pessoalmente acho que os pontos de exclamação continuarão sendo usados enquanto as motocicletas não forem abolidas das ruas das cidades!!!
P.S. – Que venham as bordoadas, mas com argumentos, por favor!
Ampliando o olhar deste espaço sobre o debate da BAND entre os candidatos a prefeito de Curitiba, de segunda-feira, chego a algumas novas conclusões. Dessa forma, vou além do factual registrado na data de ontem, 24, quando mostrei ‘flashes’ do programa da Bandeirantes.
Neles, captei só alguns “momentums”. Hoje analiso aspectos subentendidos de certos desempenhos. E outros, meridianamente diretos, mas que havia omitido.
Assim, revendo a gravação do debate, me é impossível não registrar que, se o prefeito Gustavo Fruet foi o “preferido” alvo de todos os candidatos, e por isso, não se saiu bem nas respostas, açodado pela ânsia de ser preciso, acredito que o ‘troféu teatral’ da noite ficou com Rafael Greca de Macedo.
Os maldosos dizem que a Greca caberia o “troféu clown”. Pode ser.
Mas digo teatral sem deixar de reconhecer – e até por isso – a enorme habilidade com que esse engenheiro, ex-prefeito, ex-deputado, trabalha a memória das falas altissonantes, retumbantes, a palavra apropriada para cada situação, tudo como se estivesse possuído por uma entidade engraçada, ou o espírito daqueles personagens medievais que divertiam as festas regadas a Baco e comilanças.
Provocando com constâncias seus possíveis mais fortes adversários – Fruet e Ney Leprevost – Greca de Macedo derreteu-se, não foi surpresa, diante do filho de seu ex-chefe e patrão, o senador Requião (afinal, ele não esteve lotado no gabinete de RR?), o jovem Requião Filho.
Nisso estaria de olho, é claro, numa possível aliança com o PMDB de RR num eventual segundo turno. Quer assegurar, desde já, o ‘placet’ do partido do qual afastou, o PMDB, com o temor (justificado) de que seria preterido pelo velho senador Requião no frigir dos ovos.
Ney Leprevost, que não é um candidato de se matar com a unha, foi capital, quando respondeu a uma das tantas ‘maldosas’ perguntas de Greca. Uma delas: – “seu pai foi da Copel”. (“Quanto a Copel repassa por mês à Prefeitura de Curitiba”, indagou Greca).
Leprevost foi impiedoso na resposta, dizendo que ele, Greca, com as gracinhas e pegadinhas que vinha distribuindo, num momento tão sério para se debater Curitiba, era então “candidato a substituir Jô Soares”.
Lembrem: Jô Soares está aposentado e deixando o “talk show” da Globo.
Veneri, o candidato do PT – que se saiu com boa performance no programa – fez a pergunta que qualquer ser pensante faria depois de ler o programa de governo de Greca: será possível asfaltar 3 mil quilômetros de ruas de Curitiba? Greca disse que sim.
LONGE DE LERNER
Em dissertações saudosistas, em “verdes” imersões no passado, em obras e marcas que não são exatamente suas, como a do Vale Creche (criado por Jaime Lerner e tocado por Fani Lerner), Greca em nenhum momento explicou direito as questões que assolam sua candidatura. Uma delas, a aposentadoria do IPPUC, onde não há registro de suas ações (se é que existiram) nem no tempo em que ganhou dos cofres da Prefeitura para o dolce far niente nos gabinetes de Requião e Renan Calheiros no Senado.
Claro que Greca não mencionou Lerner. O urbanista não quer saber do ex-pupilo. Tem seus motivos fortes e irrefutáveis. Mas Greca deu um jeito de citar Fani Lerner, como sua ex-secretária da Criança.
Gustavo Fruet tratou de livrar-se (e com todo direito) da acusação que a candidata Xênia, do PSOL anunciara: ela se disse única dentre os candidatos que não está vinculada à Lava Jato (nem seu partido).
O prefeito disse que nem ele. Lembrou foi com a ação dele, na CPI dos Correios e depois no Mensalão, que se gerou a Lava Jato.
O prefeito não poderia ser mais sincero do que foi : nada prometeu, além de que continuará – disse – a investir muito, e bem, em educação e saúde.
De perspectivas de sua administração, Gustavo anunciou, para setembro, a chamada Manifestação de Interesse, instrumento oficial que precederá a concorrência para o VLT, o veículo leve sobre trilhos, uma parceria público-privada. Importante para a mobilidade urbana.
BRASÍLIA – A crise entre o Ministério Público e o Supremo alcançou um novo patamar nesta terça (23). A água que esquentava desde o fim de semana atingiu o ponto de ebulição. Coube ao ministro Gilmar Mendes soprar o apito. Ele atacou os procuradores da Lava Jato, a quem acusou de vazar uma pré-delação para constranger o tribunal.
Gilmar abriu o verbo depois de a operação esbarrar na proximidade entre o empreiteiro Léo Pinheiro e o ministro Dias Toffoli. Ele sugeriu à colunista Mônica Bergamo que os procuradores seriam movidos a “delírios totalitários”. “Me parece que [eles] estão possuídos de um tipo de teoria absolutista de combate ao crime a qualquer preço”, afirmou.
Mais tarde, ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o ministro disse que “é preciso colocar freios” nos investigadores, que se sentiriam “onipotentes”. Sem apresentar provas, ele disse que os procuradores “decidiram vazar a delação” para fazer um “acerto de contas” com seu colega.O procurador Rodrigo Janot aderiu ao bate-boca. Depois de suspender a delação sem explicar suas razões, ele disse que a menção a Toffoli teria sido inventada. Em seguida, num recado a Gilmar, questionou: “A Lava Jato está incomodando tanto? A quem e por quê?”
O ministro tem certa razão ao pedir que os procuradores calcem as “sandálias da humildade”, embora ele nunca tenha encontrado um par do seu número. Desde o início da Lava Jato, é comum ver investigadores exagerando na autopromoção e no ativismo político. No entanto, chama a atenção que Gilmar tenha resolvido protestar quando a operação ameaça atingir um de seus colegas.
Os ministros do Supremo merecem respeito, mas não podem ser tratados como indivíduos acima da lei. Em março, quando a Lava Jato divulgou gravação de Lula e Dilma Rousseff, Gilmar não manifestou a mesma indignação com o vazamento. Na época, o que importava para ele era discutir “o conteúdo” do grampo.
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