A direita não acredita em ideias e acha que intelectual é animador de festa

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Luiz Felipe Pondé – Folha de São Paulo

Sim, a direita é meio tosca mesmo. E não me refiro à direita horrorosa a favor da ditadura militar. Refiro-me à direita liberal, a favor da sociedade de mercado. Ela ainda acha que pensar é arroz de festa.

Alguns anos atrás escrevi uma coluna que falava de uma outra dificuldade estrutural da direita liberal no Brasil: não sabe pegar mulher. Na época, me referia a necessidade da direita liberal jovem deixar de ser chata e criar uma “direita festiva”. Não saber pegar mulher é uma coisa muita séria para um homem. Saber pegar mulher é um traço adaptativo importante na história do Sapiens.

Nelson Rodrigues dizia que um homem com menos de 18 anos não devia nem dizer “bom dia” para uma mulher porque só diria besteiras.

Um jovem liberal deveria, antes de falar com uma mulher, observar como os jovens de esquerda se movem de forma competente quando se trata de pegar mulher. Sabem conversar sobre filmes, livros, sentimentos. Arriscaria dizer que mesmo liberais de mais de quarenta anos continuam bobos diante de uma mulher e acabam por falar coisas grosseiras e idiotas. Nunca se deve menosprezar a importância de saber pegar mulher quando se trata do futuro da humanidade em jogo.

Mas, há uma outra dificuldade estrutural da direita liberal: só acredita em economia e não acredita em ideias, por isso nunca investe nelas e considera um intelectual um animador de festa e jantares. Acredita mesmo que tudo pode ser comprado e aí apanha da esquerda, que tem uma visão mais abrangente do Sapiens, mesmo que a use para mentir ou criar mundos absurdos. Falta à direita um repertório humanista, por isso é meio tosca.

Isso pode parecer uma questão de detalhe, mas não é. Claro que não se trata de uma regra geral, mas, diria, se trata de um caso quase perdido. A direita liberal acha que o pragmatismo econômico é a única forma de ação que existe no homem. Aqui já aparece sua pobreza de espírito: deixa para a esquerda toda a rica reflexão acerca da humanidade e do “cuidado” para com nosso sofrimento, agonia e inseguranças. A falta de compreensão para com o sofrimento humano é uma das piores faces que a direita liberal apresenta para o mundo. E isso cria a reserva do “mercado humanista” para a esquerda.

A “mania econômica” da direita liberal a cega para o fato que muito já se produziu em matéria de reflexão sobre a humanidade ao longo dos séculos, e, com isso, condena os mais jovens às inutilidades do humanismo raso da esquerda, nascido do ressentimento.

Por isso, essa direita será sempre incapaz de enfrentar a esquerda no plano das ideias. Contará sempre com partidos fisiológicos para lidar com a inquestionável hegemonia intelectual da esquerda no país. E nunca terá interlocução no mundo da produção de conteúdo porque, exatamente, não acredita na inteligência.

No fundo, é a velha mesquinharia característica de quem vê a vida a partir do “livro-caixa da loja”. Falta uma certa coragem espiritual à direita liberal, o que, reconheçamos, não falta à esquerda em geral. Não consegue entender que, se a vida é em grande parte uma cadeia produtiva sem garantia ou piedade, ela é, também, uma narrativa sobre esse sentimento asfixiante de contingência, abandono e solidão que acomete o Sapiens há milênios.

Narramos nossa vida e nossas experiências porque precisamos dessas narrativas. Na falta de certezas sobre o sentido maior das coisas, aprendemos, ao longo dos milênios, a sentar ao redor do fogo para contar histórias, experiências, medos e projetos de como superá-los.

A direita não acredita na importância das narrativas sobre a vida, sobre nossas vitórias e sobre nossas derrotas. E quando olha para esses assuntos, o faz, sempre e unicamente, com os olhos do marketing. E o pecado do marketing é sua estrutural contradição para com a ideia de autenticidade. E todos, inclusive quem trabalha com o marketing, sabe desse abismo que o separa da ânsia de verdade que nos assola desde o Paleolítico. Falta à direita liberal humildade para aprender com nossas sombras. Falta a ela reverência pelo fracasso.

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Benett

© Benett

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Dezembro – 20 anos sem Marcos Prado

Retícula sobre foto de Pablito Pereira

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Jean Galvão

Folha de São Paulo

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Propinocracia

República dos Bananas

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Vai lá!

Aqui!

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Lula vai ser preso? “Sem comentários”, diz Moro

Sérgio Moro estava nos Estados Unidos na última quarta-feira, dia em que os procuradores da força-tarefa de Curitiba divulgaram a denúncia em que Lula foi tachado de “comandante máximo” do esquema de corrupção que implantou no Brasil uma “propinocracia”. O juiz da Lava Jato voara na véspera para a Filadélfia, onde se apresentaria como principal convidado de um seminário organizado pela escola de Direito da Universidade da Pensilvânia sobre a formação de líderes íntegros e a difusão de bons valores na vida pública.

O repórter Rodrigo Rangel, que acompanhou a viagem de Moro, entrevistou-o rapidamente ao final da palestra. O magistrado declarou que nem ele sabe “aonde a Lava Jato vai chegar.” Inquirido sobre a prisão de Lula, foi sucinto: “Sem comentários.” Nos próximos dias, Moro terá de se pronunciar sobre a denúncia da Procuradoria. Acatando-a, converterá Lula em réu. Veiculada na última edição de Veja, a conversa com Moro vai reproduzida abaixo:

— A Lava Jato já prendeu alguns dos maiores empresários do país e alcançou dezenas de políticos dos mais importantes. O que ainda falta? Não tenho ideia. Nem eu sei aonde a Lava Jato vai chegar.

— Como enxerga a crítica de que a Lava Jato tem atropelado direitos dos investigados? Somos muito zelosos com o devido processo legal. A gente segue a lei e outros seguem a política.

— Que outros? Aí fica para sua interpretação.

— Dias atrás, o ex-advogado-geral da União disse que o atual governo quer abafar a Lava Jato. A exemplo do que ocorreu na Operação Mãos Limpas, o senhor vê a política operando para limitar as investigações? Não vejo nenhum movimento do atual governo no sentido de abafar as investigações.

— Vou repetir a pergunta que o senhor mais ouve na rua: o ex-presidente Lula será preso? Sem comentários.

Na palestra, Moro fez um resumo didático da Lava Jato. Defendeu a operação. Mencionou a dificuldade da Justiça brasileira em lidar com processos que envolvem autoridades. Realçou que os protestos de rua representaram um importante suporte da sociedade às investigações.

Moro tratou a Lava Jato como um escândalo, por assim dizer, de dois gumes. “Há um lado negro, por revelar tanta corrupção, mas também um lado luminoso, porque mostra que o Brasil está enfrentando seus problemas e quer se tornar um país melhor, menos corrupto.”

Na fase em que se submeteu às perguntas da plateia, Moro foi instado a comentar a relação da Lava Jato com a crise política brasileira, eletrificada pelas denúncias contra Lula e pela deposição de Dilma Rousseff. O juiz procurou tomar distância da política. Indagado um par de vezes sobre a queda de Dilma, Moro declarou: “Impeachment não é o meu negócio. Posso falar sobre corrupção na Petrobras.”

Josias de Souza

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Beijo AA Força

Beijo AA Força, banda que entortou nossos pés pela primeira vez em 1983. Para resumir sua história com apenas um lançamento: “Sem suingue”, de 1995, só não ocupa os primeiros lugares nas listas dos melhores discos de todos os tempos da música popular brasileira por causa desse distanciamento torto que o resto do país mantém com a produção cultural de Curitiba, (Leminski ou Trevisan são casos bem excepcionais). Preciso deixar bem claro (a nova audição reconfirmou esta impressão antiga): “Sem suingue” não deixa nada a dever se comparado com “Acabou chorare” ou com “Samba esquema novo”. Na minha humilde opinião leva até vantagens, pois reflete bem minha experiência de geração e meus interesses diante do mundo pop atual. Isso só parece exagero porque quase ninguém ouviu a obra-prima curitibana. Quem escutar agora vai pensar que é gravação nova, de tão atual e original (ou não original, já que abusa do sampler).

Tem “Filhos de Gdanski”, mas também “Pedra que rolou”, clássico de Pedro Caetano, e a mulher falando “nossa, como esse Milton Nascimento é engraçado” em “Eu odeio jazz Brasil (more noise, please)”. Tem “Crueldade mental” e sua versão instrumental (com “guitarra Morricone” e “piano Liberace”) precocemente intitulada “Estupidez interativa”. Minha preferida talvez seja a versão de “Negro blues” de Jorge Mautner, com arranjo digno de Jerry Dammers e complemento da letra no encarte com homenagem até para o barulho japonês dos Boredoms (em 1995!). Pode haver disco melhor?

Hermano Vianna|O GLOBO

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Calúnia social

No bota-fora da Tonica (ainda!) no Caveira Dourada (ex-Lino’s Bar), do Edmundo san: Célia Hosoume, João Alceu e Adélia Lopes, Lucilia Guimarães, Alberto Melo Viana, o  Baiano, Beto Bruel e Ars Magoo (lá atrás).  © Academia Paranaense de Letraset

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Flagrantes da vida real

Ranieri Gonzales e Giovana Soar.  © Maringas Maciel

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Vistam camisa vermelha!

© Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em  prantos, pediu  aos brasileiros que usem camisas vermelhas, em protesto contra a Operação Lava Jato. O tiro pode sair pela culatra.

A história recente do Brasil mostra que convocar a população para ir às ruas vestindo esta ou aquela cor nem sempre é uma boa ideia. No dia 13 de agosto de 1992, o então presidente Fernando Collor de Mello, que era alvo de uma CPI no Congresso, usou uma solenidade com taxistas no Palácio do Planalto para, aos gritos e socos no púlpito, convocar “todo o Brasil” a ir às ruas, no domingo seguinte, dia 16, vestido com as cores da bandeira do país para mostrar que os defensores do impeachment estavam em minoria. “A minoria atrapalha, a maioria trabalha. Vamos mostrar que já é hora de dar um basta a tudo isso. Vamos inundar o Brasil de verde e amarelo”, disse Collor, em referência aos que defendiam o seu afastamento.

O apelo foi reforçado em um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão dois dias depois. Mas o tiro saiu pela culatra. Em várias cidades do país, as pessoas adotaram o preto, com roupas e bandeiras nas fachadas das casas e dos prédios. A reação popular impulsionou a movimento pelo impeachment. No dia 29 de setembro, a Câmara aprovou por 441 votos a favor e 33 contra a abertura do processo contra o então presidente. O processo de impeachment foi instaurado no Senado e, no dia 2 de outubro, Collor foi afastado da Presidência da República, sendo substituído por Itamar Franco. Em dezembro, antes de o Senado aprovar a perda de seu mandato, Collor renunciou ao cargo para o qual havia sido eleito em 1989.

O Globo

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Provas?

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Mural da História

10 de janeiro, 2009 

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Clic!

Rio Apa.  © Lina Faria

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Guerra de mentiras

Deltan Dallagnol não é político nem marqueteiro, mas entendeu bem o que está por trás da tentativa de avacalhar a denúncia do MPF contra Lula e, por tabela, a Lava Jato:

“Não foi dita a frase: ‘Não temos provas, mas temos convicção’. Essa frase foi inventada contra a Lava Jato, num contexto de guerra de comunicação. Em diversos momentos, o que a Força Tarefa afirmou é que a acusação está baseada em amplas provas”, escreveu o procurador, em seu perfil no Facebook.

o antagonista

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