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© AbiGraf
Calma que o pombo é manso!
© Roberto José da Silva
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“Hoje é um dia feliz”
Do taxista que está levando o Antagonista para o Congresso:
“Hoje é um dia feliz, senhor. Eu vou lhe dizer: sou pobre, de família pobre, e que o esse PT fez foi estimular um país de preguiçosos. Sou pobre, mas quero trabalhar, sou trabalhador. Não quero ficar vivendo de bolsa. Eles blefaram esse tempo todo falando que iriam salvar os pobres. Fizeram foi um mal enorme ao país.”
Pela segunda vez, PMDB conquista a Presidência sem o batismo das urnas
O PMDB demonstrou que um raio cai duas vezes no mesmo lugar. Pela segunda vez em três décadas, o partido chega à Presidência da República sem passar pela pia batismal das urnas. Em 1985, prevaleceu com Tancredo Neves na eleição indireta do Colégio Eleitoral. Decorridos 31 anos, vai ao trono com Michel Temer graças à vontade dos senadores que decidiram encurtar o mandato de Dilma Rousseff.
No caso de Tancredo, o vento da rua soprava a favor. Frustradas com a rejeição da emenda das Diretas Já, as multidões avalizavam o representante do PMDB como a melhor alternativa para livrar o país da ditadura. Mal comparando, Temer está mais para José Sarney, o vice que herdou o Planalto depois da morte de Tancredo. Assim como Sarney, Temer não viraria chefe do Executivo se dependesse do voto.
Temer chegou à Câmara em 1987. Mas só se elegeu com suas próprias pernas em 1995. Nas duas eleições anteriores –1986 e 1990— seus votos só lhe renderam a suplência. Foi a Brasília porque os titulares deixaram os cargos. Em 2006, ano de sua última eleição para deputado, Temer amealhou cerca de 99 mil votos. Voltou à Câmara graças ao socorro do chamado quociente eleitoral, índice que contabiliza sobras das urnas da coligação partidária.
Temer expressa-se em português requintado —com mesóclises e sem nomes feios. Tem uma dificuldade quase fonoaudiológica de elevar a voz. É lhano nos modos e cerimonioso no trato. Cavalgando essas características, chega à Presidência como líder partidário, não como líder popular. Presidiu a Câmara três vezes. Tem trânsito fácil em todas as legendas. Possui densidade política, não eleitoral.
Na certidão de nascimento, o PMDB era apenas MDB. Veio à luz em 1966, quando o governo militar decidiu dissolver a penca de partidos e autorizar o funcionamento de apenas dois —um a favor e outro contra. Em 50 anos de existência, a legenda disputou a Presidência da República em eleições diretas apenas duas vezes.
Numa, em 1989, Ulysses Guimarães amealhou irrisórios 4,7% dos votos válidos. Noutra, em 1994, Orestes Quércia arrebanhou ínfimos 4,4%. Desde então, o PMDB é prisioneiro de um paradoxo: maior partido do país, optara por ser subalterno. Há mais de duas décadas que não lança um candidato à Presidência da República. Virou sócio minoritário de presidências do PSDB e do PT.
No início do seu segundo mandato, Dilma encantou-se com um conselho do petista Aloizio Mercadante. Encomendou a dois ministros —Gilberto Kassab (Cidades) e Cid Gomes (Educação)— a costura de uma nova maioria congressual que não fosse tão dependente do PMDB. E instigou o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) a disputar o comando da Câmara com Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Deu no que deu.
Especializada numa modalidade pessoal de esporte, o tiro ao pé, Dilma inaugurou um novo sistema de governo: o presidencialismo sem presidente. Como poder vazio é algo que não existe, Eduardo Cunha ocupou os espaços. E a pupila de Lula foi apresentada a uma fatalidade histórica: no Brasil pós-redemocratização, sempre que um presidente achou que poderia engolir o PMDB, foi mastigado.
Quando joga a favor, a legenda fornece estabilidade congressual. Contra, vira uma força desestabilizadora. Temer virou presidente interino. Mercadante foi ao olho da rua. Kassab traiu Dilma, demitiu-se do ministério, jogou o seu PSD na trincheira do impeachment e voltou à Esplanada sob Temer. Cid Gomes virou pó bem antes, em março de 2015, numa queda de braço com Eduardo Cunha.
Lula tentou pacificar o PMDB. Mas Mercadante dinamitou a iniciativa. Aconselhada por seu padrinho politico, Dilma terceirizou a coordenação política do seu governo a Temer. Entretanto, esquerceu de retirar Mercadante do caminho do vice (ou lembrou de mantê-lo como estorvo). Temer deu por encerrada sua missão, endereçou uma carta desaforada a Dilma e trancou-se em seus rancores.
“…Sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção”, anotou Temer em sua carta. Escrita em dezembro de 2015, essa carta funcionou como um spray de gasolina na fogueira do impedimento. Em oito meses, o PMDB triturou a presidência de Dilma. É golpe, gritam o PT e seus súditos. É o remédio constitucional, respondem Temer e Cia..
Blog do Josias
Canalhice!
© Enéas Lour & Solda
O senador Roberto Requião (PMDB) falando, como orador do apocalipse, para todo o Brasil, em canalhice do Congresso para tirar Dilma Rousseff do poder, sempre faz lembrar o ato dele de inventar, em 1990, um matador de aluguel da família de José Carlos Martinez, seu adversário na eleição ao governo do Paraná. Colocou no ar a produção na propaganda da campanha e ganhou sua primeira eleição para o Executivo. Uma atitude de gente finíssima! Zé Beto
Hoje!
Roberto Prado lavando louça, no tempo em que fumava e não tinha barba. © Vera Solda
Produtores usam documentos falsos para aprovar ‘Maysa’ na Lei Rouanet
Maysa. © FolhaPress
Com orçamento de R$ 15,7 milhões, o projeto “Maysa”, feito em parceria pelas produtoras Fidellio e Brancalyone para captar verbas de isenção fiscal na Lei Rouanet, tramita no Ministério da Cultura com documentação falsificada.
Com direção geral de Jayme Monjardim, filho de Maysa, e previsto para circular por três capitais, o projeto propunha 88 apresentações de um musical baseado na vida da cantora, além de exposição de itens pessoais.
A Folha apurou que, entre os meses de maio —quando a Cnic (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura) aprovou “Maysa”— e agosto, as duas produtoras responsáveis pelo projeto utilizaram quatro orçamentos forjados para justificar gastos de R$ 2,5 milhões com aluguel de aparelhos de ar-condicionado.
O primeiro, anexado ao projeto em fevereiro, traz a marca da Loca Energy, empresa localizada em Embu das Artes (SP). Datado de 3 de agosto de 2015, o documento traz logotipo e informações da empresa, mas o proprietário Joaquim Carlos Aranha afirma nunca ter feito esse orçamento.
“Esse papel timbrado, essas informações, é tudo falso”, diz. “E na história da minha empresa, nunca fiz orçamento que se aproximasse sequer de R$ 500 mil.”
Aranha aponta precariedade nas especificações do orçamento forjado, “algo que só quem não conhece faria”. Por exemplo, a utilização de BTU (sigla de unidade térmica britânica, usada em aparelhos de pequeno porte) ao invés de TR (tonelada de refrigeração, cuja unidade corresponde a 12.000 BTUs).
No orçamento fabricado, as produtoras pedem valor para a locação de 20 aparelhos de ar-condicionado, com potência de 170.000 BTUs, durante 180 dias. O documento sugere preço de R$ 700 ao dia por aparelho, chegando assim ao total de pouco mais de R$ 2,5 milhões.
Na sexta (26) —seis meses depois da apresentação do orçamento falsificado e três meses depois da aprovação na Cnic—, um segundo documento com a marca da Loca Energy apareceu incorporado a “Maysa”. Ele trazia especificações e valor semelhantes ao do primeiro, mas a data de 23 de agosto de 2016. Tinha ainda uma assinatura de Aranha —que, segundo ele, é falsa.
Além desse, foram juntados outros dois orçamentos: um da empresa Nautika —no valor de R$ 2,2 milhões— e outro com a assinatura d’A Geradora —R$ 2,6 milhões. Assim como Aranha, representantes das duas empresas negam terem feito tais orçamentos.
Felipe Assunção, gerente comercial da Nautika, diz que a proposta encaminhada “não consta em nosso sistema” e as assinaturas dele e de Marcio Pela, consultor de eventos, não pertencem a eles.
A Geradora, por meio de sua assessoria, afirma que “o orçamento apresentado não foi emitido pela empresa”, e que “fará um boletim de ocorrência e tomará as medidas judiciais necessárias”.
Depois que a reportagem entrou em contato com o MinC para ter informações sobre o projeto “Maysa”, o ministério suspendeu a aprovação da Cnic, impossibilitando que o trâmite continuasse
OUTRO LADO
Edinho Rodrigues, sócio da Brancalyone, confirmou na terça (30) que as falsificações partiram de sua produtora. Ele afirma que um funcionário, sem seu conhecimento, forjou os documentos para que fossem usados no projeto.
A confirmação veio um dia depois de Rodrigues enviar nota em que afirmava: “A empresa que represento é parceira da Fidellio, que é a responsável pelo projeto”.
Também por meio de nota, Deco Gedeon, produtor da Fidellio, disse que a responsabilidade pelos orçamentos era da Brancalyone. Afirmou que entraria com notificação extrajudicial para que Rodrigues pudesse explicar o ocorrido e, “diante de eventual silêncio (…), todas as medidas judiciais serão tomadas.”
Jayme Monjardim, diretor de “Maysa”, disse que não sabia que a Fidellio -com quem havia acordado o projeto- mantinha parceria com outra produtora. Ele afirma que não lidou com orçamentos.
José Paulo Soares Martins, secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, ressaltou que os produtores são responsáveis pela veracidade das informações enviadas. “Nós não temos estrutura e nem seria papel do ministério fazer checagem de todo orçamento apresentado.” O secretário diz que a fiscalização ocorre durante a execução e na prestação de contas.
Agora, o MinC deve encaminhar o caso à área jurídica. Confirmada a falsidade, os proponentes responderão ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
Folha de SãoPaulo
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Advogado de defesa
A notoriedade do advogado de defesa aumenta na medida em que faz voltar à circulação, com atestado de homens de bem, os piores assassinos, ladrões e contraventores. Millôr Fernandes – Millôr Definitivo
Quero-queros
© Ricardo Silva
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Com a tag alagoas, fotas, palmeira dos índios, ricardo silva, zé rico
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Por que Dilma e Lula discursam aos berros?
© Myskiciewicz
Para quem não conheceu João Zelesny, lá vai.
Era um daqueles padres que, mesmo depois do Concílio Vaticano II, continuou enfatiotado numa batina negra e esvoaçante – nunca lavada, segundo a maldade dos alunos. Um iugoslavo da gema, nascido no Brasil, que lecionou Filosofia (preferia se dizer professor de Metafísica) na então Faculdade Católica do Paraná, hoje PUC/PR. Era um sujeito grande, afobado, suarento, que dava a impressão de estar sempre atrasado para um encontro importantíssimo. Nisso lembrava o Coelho da Alice no país das maravilhas. Aliás, tinha um relógio enorme dependurado numa corrente, que puxava do bolso da batina num só golpe – agitado, mal o olhava, tornava a enfiá-lo no bolso. Se alguém lhe perguntasse que horas eram, ele precisava olhar o relógio de novo. Como um mágico, retirava lenços encardidos da manga da batina, enxugava o rosto encharcado de suor e despejava sobre nós, alunos de filosofia, os ensinamentos de São Thomás de Aquino.
Passava pelos corredores da Católica, que ficava na esquina da XV com a Tibagi, numa velocidade de atleta profissional, carregando uma maleta preta, gorda, de onde era capaz de retirar livros de filosofia em grande quantidade, lenços encardidos, eventualmente uma dentadura, além de uma bíblia reluzente, não de limpeza, mas de tão gasta pelo uso.
Pois um dia vou escrever mais sobre ele. É um personagem notável. Hoje apenas registro algo que ele disse em sala de aula, não sei a que propósito, a respeito de pessoas que falam aos berros:
– São inseguros. Por isso simulam a segurança do berro.
Pois hoje, cada vez que sou obrigado a ouvir os discursos – vamos chamá-los assim, por falta de palavra melhor – da presidente Dilma, me lembro de Padre João e de sua análise dos berradores.
Ao falar, ela oscila de um lado para outro e berra, pouco importando a ocasião ou a plateia que enfrente. Nem a potência dos microfones. Não acredita em botões de volume.
É com certeza uma criatura muito insegura. Confusa e insegura. Teme que não acreditem em seus poderes porque ela mesma duvida deles. Tal como seu criador, que se disse o inventor do poste, está sempre nos limites da apoplexia.
Duas criaturas que foram guindadas a postos que jamais imaginaram e para os quais não estavam talhadas.
E dá-lhe berreiro, sobrancelhas desencontradas, gestos desconexos, balanços aflitos, concordâncias gramaticais inéditas, metáforas constrangedoras.
PS: para não ser injusto, lembro que muitos políticos discursam aos berros; uma insegurança própria do bando.
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
Publicado em Sem categoria
Com a tag © Myskiciewicz, dilma rousseff, luiz inácio lula da silva, roberto gomes
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A defesa de Dilma
A presidente afastada Dilma Rousseff (PT), ao comparecer perante o Senado Federal convertido em júri do processo de impeachment, ofereceu ao país, de própria voz, a defesa mais minuciosa e firme de sua conduta na Presidência.
O centro de gravidade da participação esteve no discurso de abertura, pois as respostas dadas às questões dos senadores servem mais para reiterar as conhecidas limitações em matéria de eloquência. Já na leitura da peça inicial, defendeu-se com brilho oratório inusual e passagens de genuína emoção.
Não que tenha surpreendido na forma e no conteúdo dos argumentos jurídicos e políticos. Após quase nove meses de processo e pleno exercício do direito de defesa, não havia ângulos novos a iluminar nem revelações capazes de alterar o desfecho do julgamento.
Ainda assim, Dilma Rousseff teve momentos notáveis em seu pronunciamento final, “para a história”. Os pontos altos vieram quando equiparou o impeachment a uma pena de morte política e afirmou que o julgamento por seu “conjunto da obra” só poderia ser feito pela população, em eleições.
São formulações em tudo adequadas à gravidade que esta Folha sempre atribuiu à deposição constitucional de um presidente da República, evento que nada tem nem pode ter de trivial. Revogar o mandato presidencial conferido pelo desejo manifesto dos eleitores exige fatos e evidências excepcionais sobre o envolvimento direto do chefe do Executivo em irregularidade inequivocamente tipificada como crime de responsabilidade.
Ainda que haja farta base factual nas tais pedaladas fiscais, esteio principal da acusação, muitos dos que não estão familiarizados com as tecnicalidades enxergarão aí a “frágil retórica jurídica” para cassar-lhe o mandato denunciada pela presidente afastada.
No entanto, mesmo sendo questionáveis as alegações, não há como negar que os senadores estão plena e constitucionalmente investidos da autoridade para decidir se elas recaem sob a figura do crime de responsabilidade. Por isso se diz que o processo é a um só tempo jurídico e político.
No plano da política, aliás, ao deixar a defesa para ir ao ataque, o discurso da presidente afastada reincidiu nos vícios antigos. Insistiu num paralelo entre seu impedimento e golpes de Estado tão insustentável quanto sua aspiração a perfilar-se como um Getúlio Vargas ou um Juscelino Kubitschek.
Após lançar a economia do país numa de suas piores recessões, façanha pela qual nunca se penitenciou, resta a Dilma Rousseff apenas almejar que a história do Brasil a reconheça como vítima —jamais como a estadista que nunca foi.
Editorial – Folha de São Paulo
Depois da queda, a caçada
Para PT, queda de Dilma é penúltimo passo antes de ‘caçada final’ a Lula
O PT vive o impeachment de Dilma Rousseff como o penúltimo capítulo de uma saga que pode terminar com a condenação e até, no limite, com a prisão do ex-presidente Lula.
Senadores do partido e interlocutores do petista faziam reservadamente essa análise. Depois da queda final da presidente, começará o que eles consideram uma tentativa de “caçada final” a Lula, para impedi-lo de concorrer à Presidência em 2018.
Repetem, assim, diagnóstico feito por José Dirceu quando foi condenado pelo mensalão, em 2012. Ele dizia que seria o primeiro a cair, e que em seguida viriam Dilma e Lula. Reclamava que alertava o PT, mas que o partido não dava a menor bola.
Mônica Bergamo – Folha de São Paulo
Publicado em Sem categoria
Com a tag luiz inácio lula da silva, Monica Bergamo - Folha de São Paulo
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