Olimpíada, um fracasso anunciado

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SÃO PAULO – O futuro é incerto? Eu apostaria que sim. O demônio de Laplace, isto é, a ideia de que um intelecto superpoderoso que conhecesse as leis da física e as posições atuais de todos os átomos do Universo saberia automaticamente o passado e o futuro de tudo, perdeu popularidade do século 19 para cá.

Não apenas não nos é possível na prática reunir tamanho conhecimento como, diante do inegável sucesso da mecânica quântica, há motivos para acreditar num Universo menos determinista, que traz algum grau de incerteza inscrito em seu âmago.

Apesar desses problemas intratáveis, há situações em que é relativamente fácil prever o futuro. A percepção de que a Rio-2016 se revelaria um péssimo investimento entra nessa categoria. Em 2009 escrevi a coluna “Pesadelo olímpico”, na qual antecipava algumas das encrencas fiscais agora evidentes. Dois anos antes, por ocasião do Pan, já anunciava, no texto “Entregando o ouro”, meu receio pelo buraco financeiro que contrataríamos caso o Rio viesse a ser escolhido para sediar os Jogos.

Obviamente, não tenho parte com o demônio de Laplace. Minhas previsões eram fáceis por uma razão bastante simples: no agregado, pessoas e governos se comportam de modo muito semelhante. A esmagadora maioria das cidades que hospedaram uma Olimpíada, quando fizeram as contas na ponta do lápis, constataram que haviam feito um péssimo negócio. A tendência é tão saliente que os economistas já haviam até cunhado a expressão “maldição olímpica” para designar o fenômeno. E, se nem países desenvolvidos se deram bem nesse jogo, no caso do Brasil o sensato a fazer era multiplicar por “n” o tamanho do prejuízo.

Há aí uma lição para a vida. Nunca confie em projeções interessadas e nem mesmo em como sua imaginação pinta o futuro. Se você quer um guia um pouco menos incerto, verifique como se encontram aqueles que já passaram pela situação.

Hélio Schwartsman – Folha de São Paulo

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Que fulô!!!

© Roberto José da Silva

 

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Fraga

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Teresina

© Orlando Pedroso

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Aviso aos navegantes

Meu circo foi à falência depois que o anão começou a crescer.

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Gleisi pede fim de processo de impeachment contra Dilma

© Lula Marques

Em discurso nesta sexta-feira (22), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) pediu o fim do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, frente à manifestação do Ministério Público pela inexistência de crime de responsabilidade nos atrasos das subvenções do Plano Safra em 2015, as chamadas pedaladas fiscais.

“Essa decisão do Ministério Público enterra de vez o processo de impeachment aqui no Senado da República. Não tem justificativa os senadores avaliarem relatório que possa vir a condenar a presidenta”,  afirmou.

Como afirmou a senadora, o órgão constatou que os atrasos não configuram operação de crédito de banco público à União, não havendo, portanto, crime de responsabilidade.

“Como o Senado vai julgar o impedimento da presidenta Dilma, se não tem crime? Nós não podemos permitir a retomada dos trabalhos na Comissão Especial de Impeachment, sem antes ouvir o Procurador Ivan Cláudio Marx. Não podemos fazê-lo. Ele tem de vir a esta Casa para falar como foi instaurado o procedimento penal, por que ele tomou essa decisão, por que não configura crime e por que esse processo foi arquivado” , questionou Gleisi.

Sobre a denúncia de crime na edição de três decretos de crédito suplementar sem a autorização do Congresso, ela afirmou que os atos foram embasados por pareceres técnicos assegurando que não feriam a legislação.

Auxílio-doença

Em seu discurso, a senadora também criticou recentes medidas adotadas pelo governo federal, como a Medida Provisória 739/2016, em análise no Congresso Nacional, que prevê a revisão de auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez.

“A medida provisória que o governo interino do Michel Temer mandou para cá sobre o auxílio-doença do INSS é uma ‘pérola’. Você só pode ficar doente por quatro meses. Se, em quatro meses, não melhorou, corta-se o auxílio. Como que essa gente faz uma coisa dessa? Será que não tem noção da realidade do povo brasileiro?, protestou Gleisi.

Da assessoria de imprensa da senadora Gleisi Hoffmann|ZéBeto

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Piada

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Barata mecânica

© Roberto José da Silva

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A astróloga que perdeu a coluna

© Myskiciewicz

Na onda de demissões da imprensa brasileira, tivemos na última segunda-feira a demissão de Barbara Abramo, da Folha de S. Paulo. E quem é Barbara Abramo? Ora, ela foi astróloga da Folha por 16 anos. Sim, senhores e senhoras, os jornais brasileiros publicam horóscopo até hoje, mas é verdade que publicam coisas bem mais inacreditáveis, como os resumos das novelas de TV ou as colunas sociais. Ah, mas alguém logo vai dizer que tem muita gente que acredita em horóscopo. E não sou eu quem vai contradizer uma afirmação dessas, mas devo avisar que os que acreditam em horóscopo certamente não deveriam desperdiçar sua crença lendo horóscopo em jornal.

Não sei como a astróloga da Folha fazia a coluna dela, que, aliás, nas vezes em que dei uma sapeada me pareceu ter literatices demais, que é coisa bem comum em astrólogos moderninhos — no entanto, pode ser que eu tenha esta opinião por ser de aquário. Mas o que sei é que ninguém deveria levar a sério os horóscopos que saem na imprensa. Pelo que vi em várias redações, a publicação de horóscopo pelos jornais é um hábito difícil de eliminar, assim como também vai-se levando a coisa sem respeito algum pelo assunto. No longo tempo que trabalhei na imprensa vi várias vezes o editor pegando qualquer horóscopo na gaveta de sua escrivaninha, entre dezenas que ficavam prontos para publicação. Era comum também que o próprio diagramador escolhesse o que ia ser publicado na edição.

Mas que ninguém se desespere, pois a Folha não vai acabar com a coluna que cuida dos signos de seus leitores. Barbara Abramo saiu e entrou outra pessoa em seu lugar. O jornal não explicou o motivo da demissão, mas hoje em dia não é preciso ter bola de cristal para adiantar que deve estar ocorrendo o que é previsível num enxugamento de custo, que é a troca de alguém que ganha um pouco melhor por outro que aceita fazer por menos. A astróloga também não deu sinais de ter previsto o bilhete azul, o que é até uma pena. Poderíamos ter tido uma coluna sensacional há uma ou duas semanas atrás, com ela falando da própria demissão no futuro. Mas não foi dessa vez que este milagre aconteceu.

E como a internet hoje em dia permite que a gente possa ampliar com rapidez o conhecimento sobre os assuntos que caem na nossa frente, fui xeretar a vida da astróloga demitida e deu logo para ver que seu passado não era muito promissor. Numa entrevista ao site “Portal Imprensa”, em agosto de 2014, Barbara dizia que “o Brasil viverá um momento bom até 2018”. Aqui do futuro, podemos sentir a barbeiragem feia da astróloga. E o mais chato pra ela é que na época da previsão errada, os dados políticos e econômicos diziam o contrário. Até o Aécio Neves já estava avisando que a coisa não iria ficar boa no Brasil. Eu mesmo, sem nenhum mapa astral à mão, escrevia que o futuro iria bagunçar a vida de todo brasileiro.

E falando no Aécio, Barbara dizia nessa mesma entrevista que o mapa astral dele estava “bem detonado” e que o de Dilma Rousseff “também não está bom, mas ela tem uma grande porcentagem e grande aceitação”. Os astros não avisaram que Dilma iria pedalar. Mas o pior de tudo foi o que a astróloga demitida disse sobre outro político, o pernambucano Eduardo Campos. Não sou especialista no ramo, mas o mapa dele devia estar de ponta-cabeça. “O Eduardo Campos tem um mapa interessante. Ele vai ter uma expressividade maior”, ela disse. O presidenciável, como todo mundo sabe, morreu numa queda de avião antes da eleição. Pois então, é como eu disse: a demissão da astróloga da Folha deve ter pegado ela de surpresa.

José Pires|Brasil Limpeza

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Irmãs siamesas, criadas por freiras num orfanato, são finalmente separadas depois de vários anos vivendo literalmente unidas. Mas a separação causa um transtorno irreparável e as irmãs passa a rivalizar uma com a outra. É nesse cenário que surge um assassinato, e uma das gêmeas está diretamente ligada ao crime. Suspense|Brian De Palma|92 minutos|Estados Unidos|1973

Sisters é em muitos aspectos um novo “primeiro-filme” para Brian de Palma. Seus filmes anteriores, em que conte um nível de qualidade impressionante, ainda são elaborados exercícios para se saber aonde ir no cinema, como funciona essa máquina de ficção, quais são os efeitos expressivos que se pode tirar dela. Sisters é o primeiro esforço consciente (e, importante, auto-consciente) do diretor em juntar tudo aquilo que aprendeu, colocar num formato que lhe seria especialmente caro daí para a frente – o suspense –, e estabelecer seu trabalho sob a égide da citação e da referência. Pois Brian de Palma foi um dos primeiros cineastas a problematizar em seus filmes o fato de que o cinema já tinha passado de sua “era de ouro” (Griffith, as vanguardas), de seu período clássico (Ford, Chaplin) e também da época moderna (seja ela via Welles, Rossellini, Godard, Antonioni…). Aquilo que Alain Bergala apontava em 1985 a respeito do cinema maneirista1 – [o que une esses cineastas tão diversos] é a consciência de, pelo menos quando eles fazem esses planos, que o cinema já tem 90 anos (…) e que isso pesa fortemente no desejo e na dificuldade de inventar um plano de cinema hoje – já estava plenamente presente no pensamento de Brian de Palma quando ele faz Irmãs Diabólicas. Ainda que seus outros filmes já o indicassem em uma ou outra passagem, um ou outro plano ou referência, é nesse filme a primeira vez em que De Palma faz seu primeiro manifesto de cinema como a arte da re-escritura, da excelência artística como diálogo entre criadores, da visualidade como elemento motor do cinema acima da narratividade e dos mecanismos de contigüidade (a montagem paralela, o split-screen, os monitores de segurança) para criar suspense e tensão física no espectador. Continue lendo

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Comida

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Venezuelanos estão viajando dois dias para comprar comida no Brasil. Carregam maços de dinheiro porque um bolívar vale menos que um centavo de real. Aguarda-se um pronunciamento do senador brasileiro Roberto Requião, ferrenho defensor do governo bolivariano do presidente Nicolás Maduro. Se a opção preferencial pelos pobres que tanto divulga for essa, seria bom ele explicar o que seria a opção preferencial pelos ricos.

Zé Beto

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Futilidades

Carlos Castelo – República dos Bananas

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Marcos Prado

No Teatro de Bolso, que ficava na Praça Rui Barbosa, arrendado pelo Teatro Margem, cujo mentor era Manoel Carlos Karam, em 1973, quando a ditadura deitava e rolava formávamos uma comunidade. Manoel Carlos Karam, Dante Mendonça, eu, Lauro de Godoy e Baby, Esmeralda Silveira, Alberto Centurião – já nessa época namorando Ione Prado -, Beto Bruel, Luiz Antônio Karam, Kito Pereira, Valdete Peixoto, Denise Assunção, Ricardo Mello, Roxane Leão, Dulce Mara Gaio e mais uma porção de pessoas que por lá passaram, sentiram o gostinho bom do teatro experimental e não sei onde foram parar. Todos faziam de tudo. Éramos atores, autores, sonoplastas, faxineiros, pintores de painéis, bilheteiros, cartunistas, músicos, diretores e até platéia. Na mesma época do Asdrúbal Trouxe o Trombone.

Junto com as peças experimentais, a maioria de Karam, havia um grupo que resolveu fazer teatro para crianças, liderado por Alberto Centurião, que levava para o teatro toda a criançada dos participantes do Teatro Margem, entre elas os irmãos e irmãs de Ione Prado, sua musa até hoje. Aí é que entra em cena Marcos Prado. Atuou na peça “Banho de Lua”, peça infanto-juvenil dirigida Centurião. Tinha, na época, 12 anos. Roberto Prado, também ator, 14 anos. E Carmen Silvia, 10 anos. O Sexto já era um autêntico contrabandista de armas.

ione nasceu depois da guerra

douglas veio belo e pronto

à luz, vinha vera, esperta

e um pedro ao nosso encontro

no dia em que apareceu roberto

já se previa lá vem marcos

e tem carmem por perto

nadyr conta os pratos

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Olimpíadas

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Procuradoria reitera acusação de que Lula e Delcídio obstruíram Lava Jato

Luiz Inácio Lula da Silva. ©Diego Padgurschi/Folhapress

A Procuradoria da República no Distrito Federal reiterou nesta quinta-feira (21), na Justiça de Brasília, denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais seis pessoas por tentativa de obstrução à Justiça.

Eles são acusados de envolvimento numa trama para comprar a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

A acusação contra o ex-presidente foi apresentada no início do ano ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O caso tramitava no tribunal porque na época o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) tinha foro privilegiado, portanto, só poderia ser alvo de investigação com aval do STF.

Mas após se tornar delator da Lava Jato, Delcídio acabou cassado e perdeu o foro. Com isso, o STF enviou para a Justiça de Brasília a acusação. Diante da mudança de instância na Justiça, o MPF foi acionado e precisou confirmar a acusação.

Também foram denunciados o pecuarista José Carlos Bumlai, seu filho, Maurício Bumlai, o banqueiro André Santos Esteves, Diogo Ferreira Rodriguez, ex-assessor de Delcídio, Edson Siqueira Ribeiro Filho, que atuou na defesa de Cerveró.

O procurador da República no DF Ivan Cláudio Marx fez acréscimos à peça inicial para ampliar a descrição dos fatos e as provas que envolvem os acusados. O chamado aditamento é mantido sob sigilo.

Ao confirmar a denúncia, o procurador da República no DF Ivan Cláudio Marx fez acréscimos à peça inicial para ampliar a descrição dos fatos e as provas que envolvem os acusados.

O TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região ainda vai definir o juiz responsável pelo caso. Isso porque a denúncia tinha ficado com o juiz Ricardo Leite, que protagonizou polêmica na Operação Zelotes, mas a defesa pediu redistribuição porque a ele é responsável sobre casos envolvendo lavagem de dinheiro.

O juiz será responsável por aceitar ou não a acusação e decidir se transformará Lula e os outros acusados em réus por tentativa de obstrução de Justiça.

Segundo a PGR, eles teriam atuado para comprar por R$ 250 mil o silêncio de Cerveró.

A PGR afirmou ao STF que Lula “impediu e ou embaraçou investigação criminal que envolve organização criminosa, ocupando papel central, determinando e dirigindo a atividade criminosa praticada por Delcídio do Amaral, André Santos Esteves, Edson de Siqueira Ribeiro, Diogo Ferreira Rodrigues, José Carlos Bumlai, e Maurício de Barros Bumlai”, e pede a condenação de todos por obstrução da Justiça.

Os investigadores analisaram e-mail, extratos bancários, telefônicos, passagens aéreas e diárias de hotéis.

OUTRO LADO

Em depoimento à PGR, Lula disse que jamais discutiu com Delcídio a tentativa de obstruir a delação de Cerveró. A defesa de José Carlos Bumlai tem negado acusações. A defesa de André Esteves declarou que ele não cometeu nenhuma irregularidade.

Segundo o advogado do banqueiro, Antônio Carlos de Almeida Castro, a confirmação da denúncia “era tecnicamente esperada”, embora a defesa do André tivesse a expectativa de que fosse excluído da denúncia, já que outras pessoas foram denunciadas como pretensas participantes da alegada trama no lugar de agentes financeiros. “Mantemos a expectativa do não recebimento da denúncia em relação ao André Esteves”, disse.

A defesa de José Carlos Bumlai afirmou que já esperava a ratificação da denúncia e que o cliente “nega peremptoriamente que tenha dado qualquer quantia em dinheiro ao então senador Delcídio para comprar o silêncio de Nestor Cerveró, até mesmo porque este nada teria a dizer que o prejudicasse, como se comprovou, inclusive, na instrução da ação penal em Curitiba”.

A defesa de Maurício Bumlai disse que não poderia se pronunciar porque não teve acesso à denúncia.

Folha de São Paulo

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