BRASÍLIA – A delação de Sérgio Machado instalou a bomba da Lava Jato sob a cadeira de Michel Temer. Depois de uma estreia tumultuada, o governo começava a desviar as nuvens negras da crise para o Congresso. Agora o tempo volta a se fechar sobre o Planalto, com uma acusação grave e direta ao presidente interino.
O ex-presidente da Transpetro afirma que Temer pediu dinheiro de propina para a campanha do afilhado Gabriel Chalita. Segundo o delator, a conta foi empurrada à Queiroz Galvão, uma das empreiteiras mais comprometidas no petrolão.
“O contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial”, afirma a delação de Machado.
O ex-senador diz que a negociação aconteceu na base aérea de Brasília, um cenário que o interino costuma usar para conversas reservadas. Temer já havia sido citado por outros delatores, mas esta é a primeira vez que ele é diretamente acusado de pedir dinheiro ilegal para campanhas.
Em nota, o presidente afirmou que o relato é “absolutamente inverídico” e que “sempre respeitou estritamente os limites legais para buscar recursos”. É impossível não ouvir o eco do discurso de outros políticos encrencados na Lava Jato.
A delação de Machado também complica o governo interino ao agravar a instabilidade da aliança que o sustenta no Congresso. Toda a cúpula do PMDB foi atingida, dos senadores Renan Calheiros e Romero Jucá ao ex-presidente José Sarney.
Os presidentes do PSDB, Aécio Neves, e do DEM, José Agripino, também entraram na mira. Os dois ajudaram a articular o impeachment e participaram da montagem do ministério de Temer. O caso do tucano parece o mais grave. Ao acusá-lo de financiar cerca de 50 deputados para comandar a Câmara, Machado sugere que Eduardo Cunha não inventou nada —foi apenas um aprendiz.
Sonhos em Movimento: nos passos de Pina Bausch| (Tanzträume)
Pouco antes de sua morte, a coreógrafa Pina Bausch decide fazer uma nova apresentação de seu célebre famoso espetáculo Kontakthof. Entretanto, ao invés de trabalhar com sua trupe habitual, ela escolhe como bailarinos um grupo de adolescentes entre 14 e 18 anos, que nunca dançaram nem sequer subiram nos palcos. Este documentário apresenta os treinos e as experiências vividas durante este projeto inusitado.
A diretora explica como esse projeto de documentário começou a ser desenvolvido: “Kontakthof, a obra de Pina Bausch de 1978, sempre foi um dos meus espetáculos preferidos. Eu assisti umas doze vezes. Assim que eu soube, em 2007, que a coreógrafa pretendia fazer essa obra com jovens de mais de 14 anos, eu me interessei profundamente! Eu imediatamente pensei que isso era material para um filme”.
Pina Bausch criou o espetáculo Kontakthof em 1978. Em 1999, ela retomou essa obra, pela primeira vez, com um grupo de amadores. Essa versão ficou conhecida como: “Kontakthof com senhores e senhoras de mais de 65 anos”. Esse espetáculo é, até hoje, um sucesso mundial. A terceira versão foi Kontakthof com adolescentes.
Anne Linsel acompanha o trabalho de Pina Bausch desde 1973. A confiança entre dançarina e diretora foi fundamental para a realização do filme, ambas compreendiam que seria necessário proteger os jovens do espetáculo. Por essa razão, nenhuma outra equipe de filmagens foi autorizada a acompanhar os ensaios.
No total, 46 alunos de diferentes escolas repetiram a performance de Pina Bausch. Durante um ano, os adolescentes realizaram a mesma coreografia, com os mesmos figurinos e cenários da primeira versão, de 30 anos antes.
Os dançarinos da versão anterior de Konthaktof deram conselhos e dicas para os jovens da nova versão. No dia da estreia, Pina Bausch solicitou um momento sem filmagens para conversar com os adolescentes e agradecê-los por transmitir a sua criação mundo afora.
Em 1982, Pina Bausch atuou no filme E La Nave Va (E la nave va), de Federico Fellini. Em 2001, ela dançou na abertura do filme Fale com Ela (Hable con ella), de seu amigo Pedro Almodóvar. Este é o último filme que a dançarina Pina Bausch aparece. Ela faleceu um ano antes do lançamento do documentario de Anne Linsel.
Genero: Documentário, Dança|Direção: Rainer Hoffmann, Anne Linsel|Duração: 89 minutos|Ano de Lançamento: 2010|País de Origem: Alemanha|Idioma do Áudio: Alemão
Foi ele que trouxe os heróis e os super-heróis de papel para o Brasil. Flash Gordon, Fantasma Voador, Mandrake, Tarzan, Super-Homem, Batman, Zorro (The Lone Ranger), Homem-Aranha, Homem de Ferro, Demolidor, Mickey, Pato Donald, Coelho Pernalonga… e vários outros ilustres personagens dos quadrinhos aqui chegaram pelas mãos do editor que lhes deu fama e prestígio.
Estive uma única vez com Adolfo Aizen na sua Editora Brasil-América Ltda., “O Reino Encantado das Histórias-em-Quadrinhos”, como a denominavam milhares de leitores em todo o país. Era um gentleman, até com um obscuro paranaense que ousou visitá-lo, sem aviso, em São Cristovão, no Rio de Janeiro, na mitológica EBAL, ao lado do estádio de futebol do Vasco da Gama. Levou-me a conhecer – juntamente com o então estagiário Otacílio Costa d’Assunção Barros, hoje Ota, cartunista e editor – toda a sua casa-editora em pleno vapor, incluindo o departamento de arte, montagem e acabamento, os arquivos e as oficinas. Apresentou-me a seus dois filhos, Paulo Adolfo e Naumin, que o auxiliavam no trabalho. Também nos correspondemos durante algum tempo e dele apenas recebi atenção e cordialidade.
Se vivo fosse, Adolfo Aizen teria completado, no último dia 10, 99 anos. Era um jornalista baiano (de Juazeiro) – na verdade, viera bebê da Ucrânia –, radicado no Rio de Janeiro, com uma visão extraordinária e o espírito empreendedor dos grandes homens. Fez muito pela cultura nacional, não apenas por haver povoado a imaginação infantil de gerações de brasileiros, mas, sobretudo, por haver levado ensinamento aos jovens, incentivando o aprendizado da nossa história, tradição, arte e literatura, e semeado o conhecimento em centenas de publicações, por mais de meio século.
Em 1933, Aizen era o redator-chefe de O Malho e de O Tico-Tico. A convite do Comitê de Imprensa do Touring Club do Brasil, viajou aos Estados Unidos. Ali, visitou as redações dos principais jornais. No Daily News, do Grupo Hearst, conheceu o King Features Syndicate, o maior distribuidor de tiras em quadrinhos do mundo e ficou encantado com a novidade. Segundo suas próprias palavras:
– Chegando lá, encontrei Flash Gordon em grande forma e logo me ocorreu a ideia de publicar as suas histórias no Brasil. De volta, procurei o Luís Peixoto e lhe pedi para que me levasse ao João Alberto, dono do jornal A Nação.
Resultado: em 14 de março de 1934, A Nação trouxe encartado um Suplemento Infantil, editado pelo Grande Consórcio de Suplementos Nacionais. Já o primeiro número estampou capa de J. Carlos (José Carlos de Brito e Cunha, 1884-1950), que viria a ser o maior ilustrador da América Latina. Na última página, Os Exploradores da Atlântida ou As Aventuras de Roberto Sorocaba, de A. Monteiro Filho, considerada a primeira HQ brasileira com a técnica então usada nos EUA.
A Editora Brasil-America Ltda. nasceu em maio de 1945, em meio à euforia geral pelo término da guerra. Sediava-se, então, no centro do Rio, na Av. Rio Branco. Seleções Coloridas, impressa na Argentina, com os personagens de Disney, foi a primeira publicação. Dois anos depois, Aizen lançou a primeira revista brasileira com aventuras completas: O Herói, impressa em rotogravura na Imprensa Nacional. Em seguida, vieram Superman, Idílio, Edição Maravilhosa e Epopeia.
A essa altura, a EBAL já contava com sede e oficinas próprias, no bairro de São Cristóvão. E novos lançamentos foram se sucedendo: Aí, Mocinho!, Tarzan, Mindinho, Reis do Faroeste, Quem Foi? Zorro, Super X, Pequenina, Batman, Ciência em Quadrinhos, Série Sagrada, Roy Rogers, Popeye, Pinduca, Cinemin…
Houve meses em que a Brasil-América chegou a colocar no mercado cinquenta revistas diferentes, com tiragens de mais de 100 mil exemplares.
Mas Aizen não se dedicou apenas aos super-heróis e a mocinhos importados. Ele foi o responsável pela quadrinização dos maiores clássicos da literatura brasileira; foi quem primeiro editou a Bíblia, a História do Brasil, e a vida de grandes vultos em quadrinhos; e foi ele quem descobriu e projetou jovens artistas e abriu a picada para a vitoriosa caminhada das HQs nacionais.
Aizen faleceu a 10 de maio de 1991, um mês antes de completar 84 anos. E embora tenha sido agraciado com inúmeros troféus, entre os quais o Prêmio Yellow Kid – Uma Vida Dedicada aos Quadrinhos (Lucca, Itália, 1975), ainda está por receber a devida homenagem.
O Brasil deve muito a Adolfo Aizen e não pode se esquecer disso.
Machado diz que Temer acertou propina para campanha de Chalita
Folha.com
Em seu acordo de delação premiada, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou que o presidente interino Michel Temer negociou com ele o repasse de R$ 1,5 milhão de propina para a campanha de Gabriel Chalita (ex-PMDB) à Prefeitura de São Paulo, em 2012.
Machado afirmou que o acerto do repasse ocorreu em setembro daquele ano e foi pago por meio de doação eleitoral pela empreiteira Queiroz Galvão, contratada da Transpetro.
Segundo o delator, Temer pediu ajuda porque a campanha de Chalita estava com dificuldades financeiras. A conversa teria ocorrido numa sala reservada da base aérea de Brasília.
“Michel Temer então disse que estava com problema no financiamento da candidatura do Chalita e perguntou se o depoente poderia ajudar; então o depoente disse que faria um repasse através de uma doação oficial”, diz o documento de sua delação.
Machado disse que alugou um carro e que se identificou ao entrar na base aérea. As falas de Machado citadas na delação são uma explicação do delator sobre um diálogo gravado com o ex-presidente José Sarney, quando tratou do tema (veja transcrição abaixo).”[De acordo com Machado,] o contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita”, continua.
Na prestação de contas da campanha de Chalita de 2012, não há registro de doações diretas da Queiroz Galvão.
A empreiteira, no entanto, fez naquele ano doações que somaram R$ 11,8 milhões para a direção nacional do PMDB, que foi a principal financiadora da campanha de Chalita.
Aos investigadores, Machado afirmou ainda que Temer retomou à Presidência do PMDB depois de um desentendimento sobre doações da JBS para os peemedebistas do Senado.
Machado disse que o PT pediu que a JBS fizesse doações no valor de R$ 40 milhões à bancado do Senado do PMDB. Segundo ele, seriam beneficiados nomes como Renan Calheiros, Romero Jucá, Eduardo Braga, Vital do Rego (atual ministro do TCU), Roberto Requião.
“Que o depoente ouviu de diversos senadores nas reuniões na casa do Renan que o grupo JBS iria fazer doações ao PMDB, a pedido do PT, na ordem de R$ 40 milhões. Que essa informação foi posteriormente confirmada ao depoente pelo diretor de Relações Institucionais da JBS, ou seja, que este grupo empresarial”.
“Que essa informação chegou ao conhecimento da bancada do PMDB na Câmara. Que a bancada da Câmara foi se queixou a Michel Temer, que esse fato fez com que Michel Temer reassumisse a presidência do PMDB visando controlar a destinação dos recursos do partido”.
Machado afirmou ainda que “o depoente não sabe dizer se o grupo JBS obteve algum favorecimento em troca dessa doação”.
OUTRO LADO
Na época da divulgação do áudio em maio, o presidente interino Michel Temer negou que tenha pedido doação a Sérgio Machado para a campanha de Gabriel Chalita. Ele disse também que não foi candidato nas eleições municipais de 2012 e não recebeu nenhuma contribuição. Michel Temer disse também que nunca se encontrou em lugar inapropriado com Sérgio Machado.Continue lendo →
Sabe o Dr. Jekyll e o Mr. Hyde? Não foi tão radical assim, mas algo houve com o Marcio Renato dos Santos, ou pelo menos com o autor de Golegolegolegolegah!, de 2013. Sabe-se, nem sempre a pessoa e o escritor são a mesma criatura. Às vezes um é apenas a sombra do outro — e rosnando no meio da noite. Quero dizer que o autor de Golegolegolegolegah! não é o mesmo de 2, 99, de 2014, nem o de Mais laiquis, de 2015. Nem, é claro, o de Finalmente hoje. Deixo o mistério da mudança — uma poção, um transplante de célula tronco, uma pancada na cabeça? — para a pesquisa científica. O mais misterioso nisso é que talvez nenhum dos dois autores se pareça com Marcio Renato dos Santos. Marcio Renato dos Santos pode ser um terceiro apreciando a movimentação.
Em Golegolegolegolegah!, nos deparamos com um mundo cinzento, angustiante, vago — quero ver você localizá-lo em algum mapa. Ao leitor sobra apenas um apoio: o drama dos personagens. Como esse drama é quase sempre meio fora do esquadro, ao fim fica uma sensação de estranhamento. Dr. Jekyll, digamos, esteve muito preocupado com as tristezas de seu coração.
Nos próximos volumes, Mr. Hyde toma as rédeas da carruagem e chicoteia sem dó nem piedade os cavalos. Agora o mundo é o mesmo que vemos de nossa janela, mas colorido pelo olhar de uma caricatura feroz. Mas, em seus melhores momentos, Marcio Renato deixa a sátira em segundo plano e podemos entrever os indivíduos.
Em Finalmente hoje, temos de novo o satirista implacável, mas ao dissimular mais o seu riso, ele se torna mais eficaz. Talvez seja duro engolir a burrice e o ridículo de certos personagens, em alguns contos, só que eles são tão humanos, tão nós mesmos, que são melancólicos. Em contos como “Pimenteira” ou “Finalmente hoje”, por exemplo, Marcio Renato dos Santos consegue um feito raro em termos de humor: ele deixa o leitor no meio do proverbial silêncio ensurdecedor.
Dr. Jekyll e Mr. Hyde se encaminham para um acordo. Cuidado, isso é muito perigoso.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que nomeações de ministros para atender aliados do PMDB e a distribuição de cargos ao PSDB pelo presidente interino Michel Temer integravam um plano para encerrar a Lava Jato.
A avaliação de Janot consta no pedido de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e que foi negado pelo Supremo, a partir das gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
Para Janot, as indicações faziam parte da “solução Michel”, que tinha objetivo de “construir uma ampla base de apoio político para conseguir, pelo menos, aprovar três medidas de alteração do ordenamento jurídico em favor da organização criminosa”: a proibição de acordos de colaboração premiada com investigados ou réus presos; a proibição de execução provisória da sentença penal e a alteração do regramento dos acordos de leniência.
A Procuradoria cita a nomeação de três ministros: Jucá para o Planejamento, José Sarney Filho para Meio Ambiente e Fabiano Silveira para a Transparência.
“Pode-se inferir destes áudios que certamente fez parte dessa negociação [plano contra Lava Jato] a nomeação de Jucá para pasta do Ministério do Planejamento, além da nomeação do filho de Sarney, para o Ministério do Meio Ambiente, e de Fabiano Silveira, ligado a Calheiros, para o Ministério que substituiu a Controladoria-Geral da União, além dos cargos já mencionados para o PSDB”, afirmou o procurador-geral.
Jucá e Silveira deixaram os cargos após a divulgação dos áudios. O pedido de prisão dos peemedebistas foi entregue ao Supremo no dia 23 de maio, quando a Folha revelou que ele discutia um pacto para frear a sangria.
“O que está por trás da trama criminosa – com a fantasia mambembe de processo legislativo – voltada para engessar o regime jurídico da colaboração premiada é apenas o interesse de parcela da classe política, que se encontra enredada na Operação Lava Jato, em especial os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá e o ex-presidente José Sarney, em evitar acordos dessa estirpe que revelem a corrupção endêmica em que incorrem continuadamente por anos e anos a fio (que admitem e comentam sem reservas nas conversas gravadas)”, afirmou Janot.
Para Teori, no entanto, o pedido de prisão foi embasado “em presunção de que os requeridos, pelo teor das conversas gravadas, poderão utilizar da força política que possuem para causar interferências nas investigações, sem, contudo, apresentar atos ou elementos concretos nesse sentido”.
A tradição gráfica de Curitiba é o tema de capa da 59ª edição do jornal Cândido, publicado pela Biblioteca Pública do Paraná. O jornal traça um panorama com os principais nomes das artes gráficas curitibana, que ajudaram a cidade a ser celebrada pelas publicações culturais desde a fundação jornal Dezenove de Dezembro, em 1854, considerado o marco zero da imprensa paranaense.
Além da trajetória pessoal de artistas — de Alceu Chichorro a Poty Lazzarotto, de Rogério Dias a Rettamozo —, a reportagem resgata a história de diversos jornais (Nicolau), revistas (Maria erótica) e iniciativas, como a Gibiteca de Curitiba e editora Grafipar, que nos anos 1970 se tornou referência nacional ao publicar quadrinhos que misturavam erotismo com outros gêneros, como terror, ficção científica, folclore e policial.
O especial ainda apresenta um perfil de Cláudio Seto, um dos mitos do desenho em Curitiba. Multiartista, Seto trabalhou em diversas redações de jornais na cidade, além de ter contribuído de forma decisiva para o sucesso da Grafipar. É creditada a ele também uma inusitada mistura entre o mangá e o quadrinho tipicamente brasileiro, que resultou em um desenho muito singular. Luiz Solda, outro nome fundamental da história gráfica de Curitiba, assina a capa da edição.
Outros conteúdos
Entre os outros conteúdos do Cândido, destaque para texto de Miguel Sanches Neto, que diretamente de Portugal, onde mora atualmente, relembra o convívio que teve com o escritor catarinense Salim Miguel, morto no último mês de abril, aos 92 anos.
Já o autor curitibano Antonio Cescatto publica ensaio sobre a obra de Karl Ove Knausgaard. Fenômeno mundial, o norueguês é autor da série de romance autobiográficos “Minha Luta”. Após cancelar sua presença em anos anteriores na Festa Literária Internacional de Paraty, o escritor está confirmado no evento que tem início no final deste mês.
Os 70 anos da publicação de Sagarana são lembrados em reportagem especial de Marcio Renato dos Santos. O jornalista ouviu alguns dos maiores especialistas na obra de João Guimarães Rosa, como o professor da Universidade de São Paulo (USP) Luiz Roncari, para explicar por que o livro de contos do escritor mineiro é um marco na literatura brasileira.
Entre os inéditos, destaque para os poemas do paranaense Sérgio Viralobos e do baiano Ruy Espinheira Filho.
Serviço: O Cândido tem tiragem mensal de 10 mil exemplares e é distribuído gratuitamente na Biblioteca Pública do Paraná e em diversos pontos de cultura de Curitiba. O jornal também circula em todas as bibliotecas públicas e escolas de ensino médio do Estado. É enviado, via correio, para assinantes a diversas partes do Brasil. É possível ler a versão online do jornal em www.candido.bpp.pr.gov.br. O site também traz conteúdo exclusivo, como entrevistas, vídeos e inéditos.
O Millôr disse que o homem, como espécie, foi um fiasco retumbante. Mas que alguns indivíduos deram certo. Concordo inteiramente.
Há dias em que, sem modéstia nenhuma, me sinto na lista dos que deram certo. Em outros me sinto apenas mais um dígito perdido na massa disforme da espécie. A verdade, como sempre, é mais complicada do que sonegação fiscal de assalariado. Quero dizer, talvez o indivíduo dê certo por instantes. No fim, somando esses instantes, pode ser que ele tenha dado certo por uma semana durante a vida toda, ou um dia, ou uma tarde, ou algumas horas. Sem falarmos que um acerto de meio minuto pode ser glorioso, como quando o Newton se deu conta de que a maçã que cai e a lua que não cai obedecem à mesma lei, embora a gente saiba que por trás desse meio minuto havia uma vida toda de treino. Isso também vale pros erros. Há erros tão monstruosos que seria melhor a gente nem falar. Pense no instante em que o cara pensou no uso do forno a gás pra fazer uma limpeza étnica, por exemplo.
Pode parecer esquisito, mas meu ceticismo não me impede de viver alegremente – devo ter algum distúrbio glandular. Mas, claro, sempre há uma hora em que me sinto cabisbaixo nos dois sentidos, como dizia o Campos de Carvalho, com o que vivo e testemunho. É nessa hora que me lembro do apito para chamar marreca-piadeira.
Há quem desfralde a bandeira dos gênios literários: Sófocles, Shakespeare, Cervantes, Rabelais. Eles justificariam a espécie. Pode ser. Mas, confesso: bem no fundo, não me impressionam. É muito besta de minha parte, sei, mas não me impressionam. É como se esse tipo de genialidade fosse esperado.
Me impressiona mesmo é o apito pra chamar marreca-piadeira. Tento imaginar o primeiro homem que pensou em fazer esse apito, nas horas que gastou cortando um pedaço de madeira, no instante em que deu o primeiro sopro e se ouviu o canto falso de uma marreca-piadeira. Isso sim é fantástico. Não me encha com Hamlet. O Édipo que vá catar coquinho na ladeira. Queria era estar na mente do homem que inventou o apito pra chamar marreca-piadeira no instante fatal da realização. Uma espécie que produziu um indivíduo capaz de bolar um apito pra chamar marreca-piadeira merecia um destino melhor. É ou não é?
Poderíamos ter sido gloriosos.
Ernani Ssó é escritor, vive em Porto Alegre. Colabora com os sites Coletiva Net e Sul21, e virou colaborador fixo do Seguinte:
A Fundação Cultural de Curitiba apresenta a partir da próxima semana a série “Dramaturgias Curitibanas – Leituras Dramáticas 2016”. O projeto é o resultado artístico do edital Oraci Gembra – Fomento em Literatura Dramática do Fundo Municipal da Cultura. Serão apresentadas, de 15 a 19 de junho, no Teatro Novelas Curitibanas, cinco leituras selecionadas pelo edital. As apresentações são seguidas de bate-papo com os realizadores.
Os textos que compõem as leituras são “Oscar o Sopro e a Curva”, de Fátima Ortiz; “Outros sons”, de Ligia Oliveira; “Coração”, de Olga Nenevê; “A Solitária Possessão de Penelope Serena”, de Paulo Biscaia e “Dora Desabalada”, de Enéas Lour.
Confira a programação:
15 de junho – Oscar o Sopro e a Curva: Um grupo de amigos vai ao MON para brincar e pesquisar. Lá encontram O velho Oscar que surgiu das nuvens com os seus desenhos trazendo suas lembranças. As coisas inventadas por ele são contadas, cantadas e dançadas por todos até o momento que surge um menino só, que também quer entrar na brincadeira e fazer parte da história. O olho do museu acolhe na sua pupila o garoto que ali canta feliz, adormece e sonha. Quando os amigos se despedem o velho Oscar sambando volta para as nuvens.
FÁTIMA ORTIZ é atriz, diretora teatral, diretora de produção, arte educadora e damaturga. Criadora e diretora do espaço cultural Pé no Palco em Curitiba. Graduada em Educação Artística pela Universidade Federal do Paraná em 1978, tem especialização em Educação Fundamentada na Arte pela Universidade Tuiuti do Paraná.
16 de junho – Outros sons: O que significa o som de uma criança chorando? Fome? Sono? Dores? A falta de seus pais? O medo do escuro? Ou da falta de luz? Qual o é som que significa o medo de amar?
LÍGIA SOUZA OLIVEIRA, natural de Paranavaí (PR), é dramaturga e pesquisadora. Doutoranda em Artes Cênicas pela USP, é mestre em Estudos Literários pela UFPR e bacharel em Artes Cênicas pela FAP-PR. É autora dos livros Encontros Diários editada pela Fundação Cultural de Curitiba e Personne pela Editora SESI-SP.
17 de junho – Coração: Na peça os afetos de três figuras misturam suas capacidades de ação e de não ação, como forma simbólica de preservarem suas vidas. Graça, uma mulher de aproximadamente 35 anos, costureira, que perde a visão repentinamente; Salvador, um oleiro de 70 anos, que está com uma doença terminal e uma Velha solitária despertam umas sobre as outras a vontade de entrar em labirintos existenciais e processos de autoconhecimento.
OLGA NENEVÊ é bacharel em Artes Cênicas pela PUC-PR; arte educadora com licenciatura em Artes Plásticas pela UFPR e especialista em Teatro pela FAP-PR. Fundadora do Grupo Obragem de Teatro junto com o artista Eduardo Giacomini, atua como dramaturga, atriz e diretora de espetáculos de teatro para adultos e crianças.
18 de junho – A Solitária Possessão de Penelope Serena: Em uma metrópole na noite do dia 31 de dezembro de 1959, Penelope Serena está sozinha no quartinho da pensão para moças da Sra. Mitchell. Todos, inclusive a própria Sra. Mitchell, haviam saído para celebrar a virada para a nova e promissora década. Penelope preferiu ficar. Em sua noite de réveillon solitária ela terá a visita de demônios reais e imaginários que desenharão marcas enterras em seu corpo e sua alma.
PAULO BISCAIA, graduado em Artes Cênicas pela PUC-PR e mestre em Artes pela Royal Holloway University of London. Professor dos cursos de Teatro e Cinema da Faculdade de Artes do Paraná. Durante 9 anos trabalhou na Cinemateca de Curitiba como programador e coordenador. Atua também como diretor, roteirista e editor de audiovisuais e diretor e dramaturgo de montagens cênicas pela companhia Vigor Mortis.
19 de junho – Dora Desabalada de ENÉAS LOUR, ator, autor, diretor, cenógrafo e produtor teatral. Tem mais de 40 anos de atuação profissional no teatro paranaense. Autor de 44 peças teatrais e detentor de oito Troféus Gralha Azul, seis Prêmios Poty Lazzarotto e dois Prêmios SNT/FUNARTE, como melhor dramaturgo do Paraná, além de outras várias indicações recebidas para diversas premiações.
Serviço: Leituras dramáticas do edital Oraci Gemba. Local: Teatro Novelas Curitibanas – R. Carlos Cavalcanti, 1.222. Datas e horário: de 15 a 19 de junho de 2016 (quarta-feira a domingo), às 19h. Ingresso: gratuito
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